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6.1 – Ação Renovatória / Renovação Compulsória: (arts. 71 a 75, Lei de Locação 8.245/91): Caso não haja acordo para renovação do contrato de locação, caberá ao empresário / locatário requerer judicialmente a Ação Renovatória (renovação compulsória) para exercer o seu direito de inerência ao Ponto, onde terá que demonstrar que possui cumulativamente os seguintes requisitos: 6.2 – Requisitos da Ação Renovatória: (arts. 51 e 55, Lei de Locação) 6.2.1. Requisitos Formais (art. 51, I e 55, Lei de Locação): O contrato seja de locação não residencial (art. 55), ou seja, o locatário for pessoa jurídica e o imóvel destinar ao uso de seus titulares, sócios, diretores, empregados; O contrato que ele pretende renovar seja por escrito e por tempo determinado. (art. 51, I) O contrato por prazo determinado cessa de pleno direito, independente de aviso ou notificação. (art. 56) EX: Ao final do 48º mês o contrato termina sem haver necessidade de comunicar o locatário. Contudo, se costuma sempre notificar o locatário de que seu contrato está para vencer e que se objetiva retomar o imóvel. Se ele não desocupar, no primeiro dia após o vencimento, já se pode ajuizar ação de despejo. Se vencido o contrato por prazo determinado o locador permanecer no imóvel por mais 30 dias, sem oposição do locador (Ação de Despejo ajuizada), presume-se renovado o contrato por prazo indeterminado e poderá ser denunciado, por escrito, pelo locador, dando-se o prazo de 30 dias para a desocupação. (art. 57) O contrato verbal é sempre por prazo indeterminado. 6.2.2. Requisito Temporal (art. 51, II, Lei de Locação): O prazo mínimo do contrato que ele quer renovar seja de 5 anos, ou então a soma ininterrupta dos contratos anteriores sejam de no mínimo cinco anos. (art. 51, II) 6.2.3. Requisito Material (art. 51, III, Lei de Locação): Que o empresário / locatário esteja explorando a mesma atividade há pelo menos 3 anos ininterruptos. (art. 51, III) O que costumeiramente se encontra, são contratos com o prazo de 48 meses, ou seja, 4 anos, porque daí o locador poderá requerer o despejo assim que findo o contrato. No próximo dia ele já poderá ajuizar Ação de Despejo com o fundamento no término do Contrato. 6.3 – Cláusula de Prorrogação Automática: Gildo dos Santos defende que se no contrato tiver cláusula de Prorrogação Automática dizendo que se renova por igual prazo e se estiver estipulado qual será o novo valor do aluguel, considera-se renovado o contrato pela própria vontade das partes. A jurisprudência endossa esse pensamento. A lei não fala nada. 6.4 – Prazo da Ação Renovatória (art. 51, § 5º, Lei de Locação): PRAZO DECADENCIAL. Decadência: extinção do direito Prescrição: extinção de uma ação judicial No máximo 1 ano antes do término do contrato e no mínimo 6 meses antes do término do contrato em vigor. Se proposta antes de 1 ano a ação será extinta sem julgamento do mérito por falta de interesse processual (arts. 267 e 295, III, CPC). Se proposta depois de 6 meses a ação será extinta com julgamento do mérito, pronunciando-se a decadência (art. 269, IV, CPC). 6.5 - Mérito da Contestação na Renovatória: (art. 72, Lei Locação) O locador poderá se defender sob 3 fundamentos: a) falta de atendimento a algum dos requisitos da ação renovatória (arts. 51 + 71 + 72, I, LL); Ex: ausência de contrato escrito e por tempo determinado; tempo mínimo do contrato seja de 5 anos, ou então a sua soma; exploração da mesma atividade por 3 anos ininterruptos; b) perda do prazo decadencial (art. 51, § 5º); c) exceção de retomada (art. 72, II, III e IV); 6.6 – Exceção de Retomada / Direito de Propriedade: (arts. 52 e 72, II e III, Lei de Locação) O direito do locatário / empresário de inerência ao Ponto Empresarial NÃO se sobrepõe ao direito de propriedade do locador que é constitucionalmente garantido (art. 5º, XXII). Se a renovação compulsória importar na impossibilidade do locador exercer plenamente o seu direito de propriedade, esta renovação não pode ocorrer. Sempre que houver conflito entre os direitos do locatário (renovação compulsória) e do locador (exceção de retomada), prevalecerá o fundado no texto constitucional, em detrimento do previsto na legislação ordinária. Os arts. 52 e 72, II e III da Lei de Locação (8.245/91) traz as situações em que o locador poderá exercer o seu direito de propriedade (Exceção de Retomada): a) Quando o Poder Público exigir obras no imóvel que importem sua radical transformação (art. 52, I, parte inicial); Ex: perigo de desabamento; rede elétrica; restauração da fachada; b) Quando o locador pretender fazer reformas no imóvel que o valorizem (art. 52, I, parte final); c) uso próprio (art. 52, II, parte incial); d) Quando o locador desejar transferir para aquele imóvel um Estabelecimento Empresarial que exista há mais de um ano, que o pertença, ou que pertença ao seu cônjuge, ascendente, descendente, ou à sociedade de que ele é sócio (art. 52, II, parte final); e) Quando na Ação Renovatória o locatário / empresário não conseguir cumprir todos os requisitos exigidos, ou seja, forem insuficientes (art. 72, I); f) Quando surgir proposta melhor de terceiros, ou seja, o terceiro interessado oferece um valor muito maior de aluguel (art. 72, III); Se o atual locatário cobrir a proposta do terceiro ele ficará no imóvel, agora se a proposta do terceiro for muito alta e ele não conseguir cobrir, ele deverá sair do imóvel; Quando o locador retomar o prédio para transferir um Estabelecimento Empresarial ou para uso próprio, não poderá explorar naquele prédio atividade econômica igual ao do locatário/empresário. (art. 52, § 1º, Lei de Locação). A doutrina não fala por quanto tempo o locador ficará proibido de exercer a mesma atividade. Fazendo-se uma analogia com a venda do Estabelecimento empresarial, onde o alienante fica proibido de praticar a mesma atividade empresarial pelo prazo de 5 anos (art. 1.147, CC), aqui também poderá ser aplicado analogicamente este artigo. Salvo se tiver alugado de “porteira fechada”. Para Fábio Ulhoa Coelho esta proibição é inconstitucional, pois esbarra no direito de propriedade garantido constitucionalmente. 6.7 – Indenização pela perda do Ponto Empresarial: O locatário / empresário que perder seu Ponto Empresarial, por exceção de retomada apresentada pelo locador, poderá ser indenizado, pois ele terá que se instalar em outro lugar, onde terá gastos. Esta indenização também é para pagar eventual perda de lucro, com a mudança de local. Talvez onde ele estivesse anteriormente era o local mais apropriado para a sua atividade e agora não está situado num local tão bom assim. 6.7.1 – Hipóteses de Indenização: (art. 52, § 3º, Lei de Locação e Princípios Gerais do direito) a) se a exceção de retomada NÃO foi a existência de proposta melhor de terceiro (art. 52, § 3º, art. 72, III Lei de Locação); OBS: se foi ele não será indenizado; b) se o locador demorou mais de 3 meses, contados da entrega do imóvel, para dar-lhe o destino alegado na exceção de retomada; Ex: realização de obras no imóvel, transferência de estabelecimento de descendente (art. 52, § 3º, Lei de Locação); c) exploração da mesma atividade do locatário (decorre dos princípiosgerais do direito que veda o enriquecimento indevido e tutela a boa-fé); tem que esperar 5 anos – art. 1.147, CC - analogia d) insinceridade da exceção de retomada (decorre dos princípios gerais do direito que veda o enriquecimento indevido e tutela a boa-fé); OBS: Quando o imóvel for retomado por término do contrato, não vai ensejar indenização, pois o locatário estava ciente de que quando terminasse o contrato, o locador simplesmente poderia requisitá-lo. Aqui o locador não precisa nem avisar o locatário de que vai retomar o imóvel, pois em tese o locatário já sabe que no próximo dia do término, ele deve estar com o imóvel desocupado (art. 56, LL). Contudo, na prática, o locador notifica o locatário para que desocupe o imóvel no término do contrato, apenas como um lembrete. Se o imóvel não for desocupado, no próximo dia ao término do contrato, o locador deverá ajuizar Despejo (por término de contrato), porque se o locatário permanecer no imóvel por mais 30 dias sem a oposição do locador, o contrato vai se renovar por prazo indeterminado. (art. 56, par. ún., Lei de Locação). 6.8 – Hospitais, unidades sanitárias oficiais, asilos e afins (art. 53, Lei de Locação): * Hospitais; * Unidades Sanitárias Oficiais: (prestação de serviços à população) EX: Pronto Socorro; 24 horas; Não se enquadram aqui farmácias, laboratórios, clínicas médicas, odontológicas, fisioterapêuticas, fonoaudiólogas. * Asilos (sem fins lucrativos); EX: Lar São Vicente de Paula; Abrigo de Menores; * Estabelecimentos de ensino autorizados pelo Poder Público; EX: cursos regulares de 1º, 2º e 3º graus, supletivo e profissionalizantes; As pré-escolas não se enquadram aqui, pois não são submetidas à fiscalização Governamental. Escola de idiomas, academia de ballet, ginástica, patinação, arte em geral, música, computação, datilografia, auto-escola, cursinhos preparatórios para vestibular e concursos, também não se enquadram. * Entidades religiosas, devidamente registradas; Ex: As igrejas evangélicas são sociedades civis, possuem Contrato Social, CNPJ/MF, bem como são registradas / inscritas no Registro das Sociedades Civis. Geralmente alugam seus imóveis. As Entidades acima citadas desocuparão o imóvel somente se: TEM PRIVILÉGIOS a) hipóteses do art. 9º (art. 53, I); - acordo entre locador e locatário; - falta de pagamento de aluguel; - descumprimento de cláusula contratual; b) demolição (art. 53, II); c) edificação ou reforma que aumente em 50% a área útil do imóvel (art. 53, II); Não importa se possuem contrato por prazo determinado ou indeterminado, aqui tanto faz, pois têm o seu direito de inerência no imóvel garantido pelo art. 53, da Lei de Locação. 6.9 – Imóveis em Shopping (art. 52, § 2º, Lei de Locação): São contratos atípicos, mas que não perdem a sua característica de locação. Geralmente, paga-se um aluguel fixo e mais um valor mensal sobre o faturamento. Este valor se dá pelo plus, status de se estar estabelecido em um shopping – respeita-se o contrato. Quem se estabelece em um shopping já tem um Fundo de Empresa garantido. A Lei de Locação (art. 52, § 2º) protege o imóvel localizado em shopping pela renovação compulsória. O locatário / empresário deverá ter todos os requisitos exigidos para a ação Renovatória. O locador NÃO poderá alegar em Exceção de Retomada (art. 52, II e § 2º): BLINDAGEM a) uso próprio; b) transferência de Estabelecimento Empresarial existente há mais de um ano, que seja de propriedade do locador, cônjuge, ascendente ou descendente; O locador poderá alegar em Exceção de Retomada: a) que a renovação lhe importa prejuízo, devendo prová-lo; O locador tem que administrar o shopping e quais são as lojas que lhe traz mais retorno, desta forma poderá não renovar o contrato se lhe importar prejuízo ao empreendimento. Esta questão deverá ser provada pelo empresário titular do shopping. 6.10 – Cobrança de Luvas (art. 45, Lei de Locação): A cobrança de Luvas não é ilegal. O que é ilegal é a sua cobrança condicionada à renovação do contrato não residencial. A lei fala que é nula de pleno direito a cláusula que imponha obrigação pecuniária para a renovação – art. 45, LL. Quando o locatário entra pela primeira vez no imóvel, é lícita a cobrança de Luvas. Este pagamento é feito como indenização ao Ponto Empresarial, pela sua ótima localização e também pela garantia de nele permanecer por tantos anos. Na prática é muito comum se cobrar as Luvas na entrada do locatário no imóvel, bem como nas renovações contratuais, como condicionante. Doutrinas utilizadas: Fábio Ulhoa Coelho e Rubens Requião.
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