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ARTIGO – Dança Criativa A dança: comunicação através do movimento Dança pode ser um salto de alegria, uma série de passos seguindo uma música, um ritual religioso, ou uma obra de arte. Dança pode ser o imitar de um pássaro voando ou a representação da "Morte do Cisne" da Pavlova. A linguagem da dança é movimento e o instrumento é o corpo humano. As pessoas dançam socialmente, dançam por diversão e também para comunicar seus mais profundos sentimentos. Dançarinos desenvolvem habilidades e tornam-se experts em executar seqüências de passos, mas, a menos que saibam se expressar pelo movimento, sua arte estará incompleta. As crianças intuitivamente dançam quando pulam poças de água no caminho da casa para a Escola ou quando saltam obstáculos, às vezes imaginários, em seu caminho. Elas adoram pular e saltar, pois sentem que brincar com o corpo em movimento é uma atividade prazerosa. Quando grupos de crianças juntam-se para fazer jogos de repetição com gestos e movimentos pré-combinados, elas estão intuitivamente fazendo uma criação coreográfica. A Dança Criativa pretende recuperar essa relação artística e lúdica que todos temos com nosso corpo em suas possibilidades de movimentar-se expressivamente. O que é a Dança Criativa? A Dança Criativa, como é conhecida em diversos países onde vem sendo pesquisada e praticada, é uma atividade em que o movimento físico não é usado de uma maneira funcional, e sim como uma expressão pessoal. Isso significa que, na Dança Criativa, o movimento corporal transcende o mero exercício físico, se apresentando como uma linguagem de exteriorização de sentimentos, idéias e emoções. A Dança Criativa não pretende apenas preparar a criança para uma bela apresentação em cena, mas principalmente prepará-la para a vida. Onde surgiu a Dança Criativa? A Dança Criativa, com esta denominação, me foi apresentada em uma oficina ministrada pela professora Mary Joyce, no Departamento de Artes Cênicas da New York University, no final dos anos 70. Joyce era professora da Universidade de Ohio em Athens/USA e professora de crianças por mais de 20 anos. Todo o seu trabalho baseou- se nos ensinamentos do analista do movimento Rudolf Laban e, mais tarde, em seus seguidores, responsáveis pelo uso da dança como meio de educação através da vivência criativa do movimento. Ao estudo do método de Laban, Mary Joyce acrescentou os resultados dos seus experimentos com crianças de diferentes idades, criando um método próprio. Vale mencionar que outros estudiosos do Sistema Laban também usaram o mesmo nome - Dança Criativa - para denominar a aplicação dos resultados das suas pesquisas, em diferentes faixas etárias e diferentes contextos. Onde se aprende Dança Criativa? Não há muitas escolas de dança que incluem esse método no seu rol de ofertas. Porém, se pensarmos no ensino de dança para crianças até os seis anos e na recém falada "dança-educação" (dança a ser aplicada nas escolas de ensino regular), a Dança Criativa seria não só o melhor, mas o único caminho a ser indicado. Quem pode ensinar Dança Criativa? Qualquer professor criativo, com algum conhecimento em dança e muita experiência com crianças, poderá ensinar Dança Criativa. A missão desse professor será conduzir os alunos na direção que lhes permitam descobrir por si mesmos a experiência da dança. Apesar do professor não precisar ter uma grande experiência no ensino da dança, como uma técnica determinada, é necessário saber que estará estimulando no aluno não só o desenvolvimento motor e a criatividade, mas também a educação em arte. Assim, estará propiciando o desenvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências pessoais. Os alunos também deverão estar ampliando sua sensibilidade, sua percepção, sua reflexão e sua imaginação. De todo modo, pode-se observar com que satisfação e entrega as crianças participam de uma aula de Dança Criativa. Em qualquer parte da aula, se elas forem estimuladas na estruturação das suas idéias, aprenderão muito mais. Esta é a função do professor: ensinar à criança a ser algo em vez de fazê-la fingir ser algo. E, para fazer isso, você deve aprender a ser o encorajador, o líder, o questionador, o motivador, o desafiador, o organizador. O professor tem obrigação de fornecer oportunidades para experimentação e crescimento da criança. A habilidade de liderar e guiar é, então, mais importante do que a habilidade de dançar. Você não tem que ser necessariamente um dançarino para ensinar Dança Criativa, mas deve ser um professor com claros objetivos. Você, professor, verá dois sentimentos que lhe darão certeza de que as crianças estão no caminho do crescimento: alegria e envolvimento. Qual a idade para se fazer Dança Criativa? A Dança Criativa pode ser praticada tanto por crianças quanto por adultos. Não há uma idade limite, nem maior nem menor. Por quê? A Dança Criativa organiza os elementos que serão trabalhados na aula. Esta sim deve ser adaptada para a faixa etária desejada, através da escolha da linguagem e dos estímulos apropriados. Qual o objetivo da Dança Criativa? O principal objetivo da Dança Criativa é a comunicação através do movimento. A Dança Criativa conduz a criança ao uso criativo e combinado dos elementos da dança através da exploração e experimentação, compreensão e controle. As crianças, em geral, mostram mais satisfação em uma dança que envolva a descoberta de seus corpos e de suas mentes e que utilize múltiplas linguagens, pensamentos, imaginação e idéias. Com a Dança Criativa, as crianças aprendem o que o seu corpo pode fazer, como se estrutura, que força e energia ele tem, e assim, tomam conhecimento de si, do tempo, do ritmo, do espaço, etc. Por que não ensinar às crianças a irem além e até usarem a força e ritmo de seus corpos e o espaço ao seu redor, em todas suas possibilidades? Isso é Dança Criativa. Você poderá usar sugestão e questionamento, interferência e estruturação das idéias delas. Quais os benefícios da Dança Criativa para a criança? A experiência com dança ensina às crianças a consciência e o controle do movimento, e elas usam essas habilidades para jogos, disputas e no dia-a -dia da vida. A prática da dança ajuda também na compreensão de outras artes. Isto se dá com a descoberta de que os elementos da dança estão presentes na pintura através da percepção de linhas, desenhos, massas e formas; na música através da percepção de melodia, harmonia, ritmo e frases musicais; e também na literatura, através do fluir do imaginário nos textos escritos. Com a dança, as crianças aprendem como falar através dos seus corpos pela conscientização da linguagem corporal em suas relações com as palavras. Desenvolvem também, com a dança, a concentração, a disciplina e responsabilidade. E todo esse aprendizado é muito importante no crescimento das crianças e em suas mudanças, assim como na construção de sua personalidade. O "eu" da criança não é só o corpo, só a mente, só os sentimentos, mas uma unidade que integra essas três instâncias. As teorias de desenvolvimento nos mostram que o ser humano só pode crescer por si mesmo, sem ajuda, em um grau muito pequeno. Nós somos seres que dependemos de alguém que, em nossos primeiros anos de vida, nos ensine como nos relacionar com o ambiente. Esse processo de aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento e integração harmônica dessas três instâncias constitutivas do ser humano: corpo, mente e sentimentos. A atividade da dança, especialmente para as crianças, é um meioriquíssimo de estimular esse crescimento de maneira rica e equilibrada. A dança auxiliando a aprendizagem de conteúdos escolares A experiência com amplos movimentos do corpo, durante o dia da criança (na escola ou não), tem se mostrado benéfica no desenvolvimento de sua competência para concentrar-se em outras áreas do conhecimento. A dança pode ser relacionada à matemática, estudos sociais, linguagem, e ciência, por exemplo , se o professor fizer perguntas como estas: - Vocês podem andar tristemente? Alegremente? Que outros advérbios podem lhes dizer como andar? Vocês podem se mover fazendo a forma de um triângulo? - Vocês podem bater palmas em três tempos? - Que animal na natureza arrasta todo seu corpo no chão para se locomover? As crianças farão as conexões. O movimento, por alguma razão, ativa a função cerebral. O ato de crescer é movimento, e as crianças necessitam muito se mover. Ao longo do aprendizado diário de uma criança, ela consegue aumentar seu vocabulário e desenvolver suas habilidades físicas. Mesmo sem exercícios definidos ou programa de treinamento, a criança desenvolverá sua resistência, seu controle, sua extensão, seu equilíbrio, seu ritmo. Sua necessidade de movimento faz isso por ela. O papel do professor é interferir através de estímulos no preenchimento das suas necessidades, chegando ao máximo de conseguir um movimento que tenha um significado de expressão. Dança Criativa: liberdade para a expressão A Dança Criativa estimula a criança a explorar toda sua capacidade de expressão. Um pintor usa telas e cores, um músico usa instrumentos e sons, o dançarino usa seu corpo e espaço, e a dança se torna uma total expressão pessoal - corpo, mente e sentimentos engajados na comunicação do próprio eu. A maioria das crianças chega a uma aula de dança achando que dança é apenas uma combinação de passos que tem de ser aprendidos. Elas ficam surpresas e maravilhadas quando descobrem que não é assim. Seus rostos e corpos mostram alegria, seus movimentos tornam-se soltos, livres e selvagens, porém expressivos e experimentais. Os adultos sempre dizem que dança é melhor do que terapia, porque dançando podemos relaxar das tensões, extravasar a ira contida, expressar sentimentos que teríamos medo de mostrar socialmente, além de darmos espaço para a fantasia e para a imaginação. É muito bom descobrir que imaginar e fantasiar não é só para crianças ou uma forma de escapar da realidade! Para trabalhar com as crianças e ajudá-las no processo de aprendizagem, o professor deve ter conhecimento das etapas de desenvolvimento das crianças. Esse é o tema da próxima Unidade. O desenvolvimento da criança O movimento nas crianças: impulso e necessidade A necessidade de movimento nas crianças é um fato comprovado. A comparação com o dinamismo dos animais jovens, a descrição da particular atividade cerebral infantil, a exigência fisiológica relacionada com as demandas das funções do organismo, a tendência natural à exploração, etc., são os argumentos que costumam ser usados em defesa desse impulso ao movimento. Pode-se dizer também que esse movimento não é único nem estável, pois evoluirá ao longo do crescimento e do desenvolvimento de cada pessoa, condicionado pelo grau de maturidade e pela própria experiência do movimento. Se observarmos a motricidade infantil, constataremos que o recém-nascido dá uma série de respostas que não são aprendidas, e que conhecemos como reflexos. Por exemplo, a sucção: o nenê instintivamente suga o seio da mãe para se alimentar; a marcha automática: quando seguramos um bebê pelas mãos, ele faz o movimento de andar com as perninhas; a preensão: quando colocamos o dedo na mão de um bebê, ele o segura, também instintivamente. Além desses movimentos facilmente observáveis, o recém-nascimento realiza outras ações que requerem a coordenação de diferentes partes do corpo e são necessárias para a sua sobrevivência imediata. A aprendizagem: construção a partir da experiência A maioria dos reflexos do recém-nascido desaparecerá aos poucos, e novos movimentos surgirão como conseqüência da maturação do seu sistema nervoso. A criança construirá uma motricidade básica, que se transformará com a idade a partir da locomoção e da manipulação de objetos, organizando assim um repertório completo de respostas motoras. A influência cultural nos aspectos qualitativos dessa motricidade é significativa, de modo que a criança poderá adquirir novos modelos de movimento e modificar aqueles que já possuía mediante nova aprendizagem. É importante observar que, quando a criança é capaz de realizar um novo movimento, ela o faz com base em uma experiência de movimento já adquirida. Os diferentes estudos realizados sobre o tema entendem o desenvolvimento motor como um processo de construção de novos programas. A criança é dotada de um repertório de movimentos básicos cujo tratamento, através da experiência, permite-lhe realizar tarefas cada vez mais complexas. Etapas do desenvolvimento da criança A premissa para um professor ser considerado bom é conhecer seus alunos. Querendo ajudar os alunos a progredirem no âmbito motor, será necessário saber, sempre, o que eles são capazes de fazer, as atividades que mais os motivam, aquelas que são mais complexas para eles, as que mais os interessam. O bom professor deve intuir sobre as reações dos alunos diante das propostas apresentadas, bem como interpretar suas respostas. Para tal, a observação e a reflexão sobre as manifestações das crianças desempenham um papel fundamental. Para ajudar nessa tarefa, apresentamos a seguir alguns quadros descritivos do desenvolvimento cognitivo e motor da criança dos 3 aos 8 anos, segundo alguns de seus principais teóricos. Conclusões importantes para o professor de dança A partir do estudo desses autores, aprendemos que as crianças entre três e quatro anos adoram fazer formas. Elas conseguem entender níveis, direções e tamanho, mas sua compreensão de espaço, trajetória e foco ainda não está completa. Exploram o fator força ao extremo, como agudo ou suave, pesado ou leve, apertado ou frouxo (conceitos a serem estudados mais adiante). O controle sobre ritmo, velocidade e acento é raro, assim como a relação movimento e som. Entretanto, adoram trabalhar com rápido e lento, e mostram aí uma habilidade rítmica definida. Depois dos quatro anos, as crianças inicialmente aprendem seus movimentos por reflexo e por observar as outras crianças. Elas podem ter um grande avanço observando as crianças maiores. Se você se move com alegria - mesmo não insistindo para que façam da sua maneira - elas irão acompanhá-lo. Para as crianças com menos de cinco anos é importante ter em mente que, apesar de ainda possuírem pouca capacidade de manter a atenção, elas têm uma inesgotável fonte de energia. Motive-as a usar essa energia de forma construtiva. Esteja preparado para apresentar no mínimo umas quinze variações de experiências em cada aula de uma hora. Frequentemente varie a dinâmica, a formação e ,se possível, o local das atividades. As crianças nessa faixa etária não se lesionam com facilidade. Seus corpos são relativamente maleáveis e elas estão mais próximas do chão do que os maiores. Elas têm o instinto de relaxarem quando estão caindo. No entanto, nunca force o corpo tenso de uma criança em uma posição. Em vez disso, toque seu corpo e sugira a posição com voz e gestos gentis. Quando uma criança chega a um ponto próximo do limite de tensão dos seus músculos, ela provavelmente vai parar defazer o exercício. Seu corpo estará expressando sua fadiga. Você deve estar sintonizado com o grupo e com cada uma das crianças. As crianças entre quatro e cinco anos conseguem isolar partes do corpo, fazer o corpo se mover por inteiro, e realizar passos (andar, correr, saltar, pular, saltitar, gallop, deslizar). O skip ainda é muito difícil nessa idade, sendo feito com razoável destreza a partir dos seis anos. Embora gostem de fazer formas, não estão preparadas, ainda, para a disciplina exigida nas atividades das formas em grupo, nas quais as crianças devem formar linhas, uma cruz, um círculo, um triângulo ou outra forma geométrica. Elas estarão mais confortáveis movendo-se isoladamente. A partir dos cinco ou, em alguns casos, dos quatro, elas já começam a aceitar movimentos que requeiram interação e responsabilidade com o grupo. As crianças entre seis e oito anos dominam completamente todos os elementos básicos da dança, com destreza. Lembram e repetem seus movimentos dançados e se relacionam com maior entendimento com o espaço e o tempo. Convém considerar, no entanto, que, a partir dos sete anos, as crianças são mais cuidadosas com as chamadas "atividades grossas" (mais rudes), pois ao atingirem essa idade, já caíram e se machucaram várias vezes, tendo desenvolvido algum receio em fazer essas atividades. As crianças certamente começam a aprender dança sozinhas em suas casas. Muitas delas acompanham com movimentos uma música, antes mesmo de andar. Elas podem ser estimuladas, em qualquer idade, a apreciar a alegria de dançar. O principal objetivo da Dança Criativa é conduzir a criança ao uso criativo dos elementos da dança através da exploração e experimentação, compreensão e controle. Vamos estudar na próxima aula "Os quatro elementos básicos da dança". Os quatro elementos da dança Quando alguém se move, o corpo usa espaço, força e tempo. Esses são os quatro elementos básicos da dança. O Corpo O Corpo é o maravilhoso instrumento da dança. Órgãos e membros se integram com sensibilidade e consciência para dar sustentação a graciosos movimentos e passos. O corpo, na dança, compreende as partes internas e externas, os movimentos e os passos. Em função dos dois pés e de seu uso espacial e ritmado, podem ser realizados oito passos de locomoção (levar o corpo de um lado para outro). Eles são: 1. Andar: transferência de peso de um pé para o outro no chão; 2. Correr: transferência de peso de um pé para o outro fora do chão; 3. Saltar: extensão da corrida (de um pé para o outro), como se houvesse um obstáculo a transpor. No salto, os pés ficam mais distantes do chão do que no saltitar; 4. Pular: subida e descida com ambos os pés fora do chão; 5. Saltitar: subida e descida para fora do chão em um só pé, ou de um pé para o outro. Pequenos saltos seguidos em que os pés não se afastam muito do chão; 6. Skip: um passo pulado de forma ritmada. 7. Gallop: uma corrida ritmada com acento em cima; e 8. Deslizar: uma caminhada de forma ritmada com acento em baixo, liderada pelo pé todo no chão. Andar sem retirar os pés do chão. Arrastar os pés em grandes passadas. O Espaço O Espaço é um local dentro da qual o movimento se apresenta como um fluxo contínuo. O movimento é parte integrante do espaço. "O espaço é um aspecto oculto do movimento e o movimento é um aspecto visível do espaço" (Domínio do Movimento - Rudolf Laban. São Paulo: Summus Editorial 1978). Mesmo quando não estamos nos movendo, nossos corpos estão ocupando um determinado espaço, ou seja, estamos fazendo formas estáticas no espaço. Quando nos movemos, cada movimento tem nível, direção, tamanho, lugar, foco, e trajetória. A Força A força é o terceiro elemento da dança. Todo movimento pode ser alterado por mudança na força, dependendo destas quatro manifestações: - Ataque: ação básica decorrente de uma atitude de luta, que pode ser aguda (firme, súbita e direta) ou suave e leve; - Peso: é o fator que permite à criança perceber o aspecto mais físico do movimento e assim desenvolver o domínio de si próprio. O peso vai depender do quanto o corpo se conecta com o chão através da força da gravidade. Pode ser pesado ou leve; - Resistência: capacidade de permanecer em determinada posição ou de sustentar um movimento. Pode ser apertada ou frouxa; e - Fluxo: refere-se à manifestação dinâmica e contínua da força, que pode ser livre, interrompido, ou em equilíbrio. O Tempo Além do Corpo, Espaço e Força, temos o Tempo, o quarto elemento da dança. Tempo é a duração cronológica de uma ação ou evento. Na dança, assim como na música, o tempo está relacionado ao ritmo. O ritmo consiste na combinação de durações iguais ou diferentes de unidades de tempo, produzidas pelos movimentos corporais. Podem ser representadas pelas notações musicais de valores de tempo Os movimentos do corpo sempre se dão em um tempo delimitado obedecendo a um compasso (unidade rítmica marcada pelo pulso), em determinada velocidade (lenta ou rápida), e com uma duração definida (longa ou curta). A combinação desses elementos de tempo produz um padrão rítmico, caracterizado pelo acento, que é a ênfase dada em determinado momento do movimento, acompanhando a marcação forte no ritmo, e pela pausa, medida de tempo durante o qual uma ação corporal é interrompida e reiniciada. O quadro a seguir mostra cada um desses elementos da dança e seus componentes, relacionamentos e manifestações. Os quatro elementos da dança Corpo Partes Internas Coração, pulmões, músculos, ossos e articulações. Partes Externas Cabeça, ombros, caixa torácica, quadris, costas, braços, mãos, pernas e pés. Movimentos Alongar, dobrar, torcer, circular, cair, recuperar, balançar, oscilar e sacudir. Passos Andar, correr, saltar, pular, saltitar, skip, gallop e deslizar. Espaço Forma O desenho do corpo no espaço. Nível Alto, médio e baixo. Direção Para frente, para trás, para o lado e em torno. Tamanho Grande e pequeno. Lugar Um setor determinado no espaço. Foco Direção do olhar. Trajetória Curva e reta. Força Ataque Brusco e suave. Peso Pesado e leve. Resistência Apertada e frouxa. Fluxo Livre, interrompido e equilibrado. Tempo Compasso Marcação de pulso. Velocidade Rápida e lenta. Acento Marcação do tempo forte. Duração Longa e curta. Padrão Qualidade de combinações de pausa e preenchimento. Como ensinar os 4 elementos da dança As crianças percebem os elementos da dança no mundo e descobrem como se relacionar com eles e como falar sobre o que veem, ouvem ou sentem. Elas desenvolvem e usam seu senso cenestésico, sabem seu tamanho, sua flexibilidade, seu ritmo, podem falar a linguagem do corpo e lê-la nos outros. A sua tarefa é orientar, sistematizar e dinamizar essa percepção dos alunos. Estude e memorize os elementos básicos da dança: corpo, espaço, força e tempo. Reflita sobre a atuação de cada um deles nas ações corriqueiras de seu dia-a- dia: quando você corre para pegar o ônibus, quando você se estica para pegar um objeto em uma prateleira, quando usa força para abrir uma janela emperrada, quando torce o tronco para falar com alguém que está atrás de você. Assim, você ficará familiarizado com os quatro elementos da dança e poderá explorar as atividades nas aulas, trabalhando cada um desses elementos no desenvolvimento das crianças. Na Unidade IV, veremos nas aulas práticas muitos exemplos de como trabalharcom os elementos básicos da dança.
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