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Febre Amarela Transmissão, Vigilância e Controle É causada por um vírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae, transmitido para o ser humano e para primatas não humanos por vetores artrópodes de diferentes espécies. Existem dois ciclos de transmissão o urbano e o silvestre. Ciclo Silvestre: O vírus é mantido na natureza e - como os agentes das demais zoonoses - não pode ser erradicado. Ciclo Urbano: A doença é uma antroponose, ou seja, não há reservatórios animais e os seres humanos infectados são a fonte do vírus e o principal vetor é o Aedes aegypti, tanto na América do Sul como na África. A principal diferença entre os dois tipos de ciclos é o potencial número de infecções humanas, muito maior no ciclo urbano, onde vivem maior número de indivíduos susceptíveis (não imunes) e vetor bem adaptado ao ambiente. O que é epizootia? É quando um maior número de animais adquire o vírus e morre. Isso ocorre quando existem condições que favorecem a transmissão entre PNHs. São condições que favorecem uma epizootia: • O aumento da população de PNH susceptíveis ao vírus, em determinadas regiões; • Maior densidade de vetores nas matas; Essas condições ocorrem em intervalos cíclicos e que representam um evento sentinela para a saúde humana, ou seja, permitem a identificação da necessidade de medidas preventivas, especialmente a intensificação da vacinação contra febre amarela. Febre Amarela Hoje Atualmente, a Febre Amarela silvestre em seres humanos é endêmica no Amazonas, ou seja, está restrita a determinada região geográfica. Alguns surtos de periodicidade irregular são observados em outras regiões. Tempo quente e muita chuva favorecem o aumento dos mosquitos e os surtos podem aumentar. tamanho dos surtos depende do número de indivíduos não imunes que são expostos. O maior surto registrado até agora foi o de 2016, na região Sudeste. Vigilância de epizootias As áreas de ocorrência do ciclo silvestre da febre amarela são dinâmicas e dependem de vigilância permanente para serem intensificadas. • vigilância passiva e ativa em primatas não humanos (PNH); • vigilância de mosquitos vetores; • vigilância de casos humanos; A detecção precoce da circulação do vírus da febre amarela é feita mais frequentemente através da vigilância de epizootias em PNH. A vigilância de epizootias em si permite: • delimitar áreas de transmissão ativa; • identificar locais com população humana sob risco; Classificação de epizootias • Epizootia Indeterminada: Rumor do adoecimento ou morte de macaco, com histórico consistente, sem coleta de amostras para diagnóstico laboratorial. Incluem-se nessa classificação aqueles eventos em que a investigação epidemiológica não reuniu amostras para investigação da causa da epizootia. • Epizootia em primata "em investigação": Morte de macaco, constatada em investigação local, com coleta de amostras do animal objeto da notificação ou com coleta de amostras secundárias na investigação. Adicionalmente, a investigação na área do local provável de infecção (LPI) pode reunir amostras indiretas para contribuírem na investigação, tais como vetores para pesquisa de vírus, casos humanos sintomáticos ou indivíduos assintomáticos não vacinados, identificados na busca ativa. • Epizootia confirmada para febre amarela por laboratório ou por vínculo epidemiológico: resultado laboratorial conclusivo para a febre amarela em pelo menos um animal do local provável de infecção ou epizootia em primata associada a evidência de circulação viral em vetores, outros primatas ou humanos no local provável de infecção. Devem ser considerados o tempo e a área de detecção, avaliando caso a caso, em conjunto com as Secretarias Estaduais de Saúde e a Secretaria de Vigilância em Saúde - Ministério da Saúde. • Epizootia descartada para febre amarela: resultado laboratorial negativo para febre amarela ou com confirmação de óbito por outras causas. Vigilância de casos humanos • Suspeitos: Indivíduo com quadro febril agudo de até 7 dias de duração, de início súbito, acompanhado de icterícia e/ou manifestações hemorrágicas, residente ou procedente de área de risco para febre amarela ou de locais com ocorrência de epizootia confirmada em primatas não humanos (PNH) ou isolamento de vírus em mosquitos vetores, nos últimos 15 dias, não vacinado contra febre amarela ou com estado vacinal ignorado. Em situações de surto, a definição de caso suspeito pode ser modificada para ficar mais sensível, permitindo a notificação do maior número possível de casos, considerando o amplo espectro clínico da doença. • Confirmados - Critério clínico-laboratorial: Todo caso suspeito que apresente pelo menos uma das seguintes condições: isolamento do vírus ou detecção do genoma da febre amarela em sangue ou tecidos; detecção de anticorpos da classe IgM pela técnica de MAC-ELISA em indivíduos não vacinados ou com aumento de 4 vezes ou mais nos títulos de anticorpos pela técnica de inibição da hemaglutinação, em amostras pareadas; achados histopatológicos com lesões nos tecidos compatíveis com febre amarela e/ou presença de antígenos virais nos tecidos, detectados pela técnica de imunohistoquímica. • Descartados: Caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo, desde que comprovado que as amostras foram coletadas em tempo oportuno para a técnica laboratorial realizada; ou caso suspeito com diagnóstico confirmado de outra doença. Regiões com ciclo silvestre é necessário atenção em áreas onde há o ciclo silvestre da doença. Nessas regiões, é necessário: • vacinação de residentes e visitantes de áreas onde há ciclo silvestre da doença; • vacinação de bloqueio em cidades próximas; • intensificação das medidas de combate ao Aedes aegypti; Enquanto as cidades apresentarem altos índices de infestação, recomenda-se manter taxas de cobertura vacinal superior a 95% em áreas com recomendação de vacina no país. A vacinação é a principal medida de prevenção da febre amarela e confere imunidade em cerca de 10 dias. Pessoas que vivem, frequentam ou planejam visitar áreas de circulação do vírus e áreas de recomendação de vacina devem ser orientadas a tomar medidas adicionais de proteção durante 10 a 14 dias após a vacinação. Outras medidas adicionais também devem ser recomendadas para pessoas que vivem, frequentam ou planejam visitar áreas de circulação do vírus e áreas de recomendação de vacina ou que tenham contra-indicação de receber a vacina. Algumas delas são: • Usar repelente durante o período de vigília. O repelente deve ser aplicado em toda a área de pele exposta respeitando os intervalos orientados pelos fabricantes, considerando as condições climáticas que interferem com a duração do efeito e após contato com a água. • Usar repelentes ambientais (sprays, pastilhas e líquidos em equipamentos elétricos) durante todo o tempo em que estiverem em ambientes domiciliares ou de trabalho, inclusive a noite. Esses produtos também são regulados pela ANVISA; • Usar proteção física. Proteger a maior extensão possível de pele através do uso de calça comprida, blusa de mangas compridas e sem decotes, de preferência largas, não coladas ao corpo, meias e sapatos fechados. O uso de roupas claras facilita a identificação de mosquitos e permite que eles sejam mortos antes de picarem o indivíduo; • Passar o maior tempo possível em ambientes refrigerados, com portas e janelas fechadas e/ou protegidas por telas com trama adequada para impedir a entrada de mosquitos; • Dormir sob mosquiteiros, corretamente arrumados, para não permitir a entrada de mosquitos (abas de abertura sobrepostas e barras inferiores embaixo do colchão), preferencialmente impregnados com permetrina. Crianças menores de 6 meses de idade, ou que não podem receber a vacina e nem usar repelentes de aplicação direta napele, devem ser mantidas o tempo todo sob mosquiteiros e/ou em ambiente protegido (refrigerado com portas e janelas fechadas ou protegidas por tela, com repelentes ambientais); Pacientes com febre amarela O período de transmissibilidade da febre amarela vai de 24 a 48 horas antes até 3 a 5 dias após o início dos sintomas e, por isso, pacientes com febre amarela são uma potencial fonte de infecção para mosquitos durante o transporte para hospitais em áreas urbanas a fim de receber cuidados de saúde. Pacientes com suspeita de febre amarela devem ser protegidos de picadas do mosquito transmissor tanto em ambiente domiciliar quanto hospitalar. Durante o transporte, recomenda-se o uso de roupas que cubram a maior parte do corpo, uso de repelente nas áreas expostas de pele e nas roupas e, se possível, mosquiteiro sobre a maca desde a saída da unidade básica de saúde até a chegada ao leito do hospital de destino. Deverá permanecer em ambiente protegido por tela em portas e janelas, de preferência refrigerado. Na impossibilidade desses recursos utilizar o mosquiteiro durante todo o tempo de transmissibilidade, acrescido de mais um dia (ou seja, até o sexto dia de doença). Pode-se também aplicar repelente de uso tópico nas áreas expostas conforme orientação do fabricante pelo mesmo período. Tanto as telas quanto os mosquiteiros podem ser impregnados com permetrina para aumentar sua eficácia. Nas áreas que possuem unidades de atendimento e hospitais de referência que recebem pacientes com suspeita de febre amarela - ou estão localizados em áreas de surto - podem ser realizadas ações de bloqueio da transmissão. Uma delas é a a utilização de inseticidas a ultrabaixo volume, nos arredores. Nesse caso, sugere-se ação semanal de bloqueio, enquanto persistirem os casos humanos e epizootias na região. Encerradas as suspeitas, a ação deve ser finalizada. Deve-se ainda intensificar as ações de combate aos criadouros do mosquito transmissor da febre amarela urbana. É recomendado, também, que gestores de serviços de saúde certifiquem- se de que os profissionais estejam vacinados contra a febre amarela e cientes de medidas adicionais de prevenção.
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