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Pressupostos psicossociais da exclusão: competitividade e culpabilização Pedrinho Guareschi Introdução Realidade da exclusão – privilegiar os aspectos psicossociais, principalmente dialéticos e críticos Primeira parte do trabalho – importância específica nos dias de hoje da exclusão Segunda parte do trabalho – aspectos específicos e práticos da materialização da exclusão e suas consequências éticas e sociais Primeira parte: O surgimento da exclusão Determinantes históricos - Perspectiva histórico-crítica - entendimento das sociedades e grupos humanos a partir do conceito de relação Relação – é a ordenação intrínseca de um ser em direção ao outro Ser humano como relação – é um ser que constrói e se constitui a partir de relações que estabelece com outros seres. Primeira parte : o surgimento da exclusão Grupo – o que o torna grupo são as relações que nele se estabelecem; se não houver relação , não existe grupo Modificações no grupo – não são as mudanças dos membros , mas a mudança nas relações neste grupo Primeira parte : o surgimento da exclusão Sobrevivência – abordagem histórica-crítica Início da humanidade – apropriação dos produtos da terra, caça e pesca Desenvolvimento da agricultura – avanço na história da humanidade Até a Revolução Industrial – século XVIII – agricultura, fabricação de objetos manufaturados e comércio Revolução Industrial – máquinas e fábricas transformaram em grande parte o mundo Primeira parte : o surgimento da exclusão E as relações ? No início – as pessoas se apropriavam dos frutos das terras conforme as suas necessidades Agricultura – algumas pessoas se intitulam donos das terras, e outras pessoas , para a sua sobrevivência , passam a trabalhar para estes donos – pagam taxas e impostos e sustentam estes proprietários – relação de subordinação Primeira parte : o surgimento da exclusão Sistema feudal – a relação de posse não era apenas das terras, mas às pessoas. Revolução industrial – algumas pessoas passam a ser donas das máquinas e fábricas (capital) – “liberdade do trabalhador” – contrato do trabalho das pessoas Os proprietários, que possuíam meios de produção, passaram a explorar a mão de obre do trabalhador – exploração Algumas pessoas passaram a oferecer a única coisa que tinham, o trabalho, para os proprietários - dominação Primeira parte : o surgimento da exclusão Dominação e exploração – definições do modo de produção capitalista Cinismo – proclama-se a liberdade da pessoa , mas tiram todas as possibilidades de produzir o que necessita para sobreviver Liberdade individual e espiritual – “liberdade de espírito” Primeira parte : o surgimento da exclusão Atualmente – o desenvolvimento de novas tecnologias, produções e execuções de serviços – transformações profundas – automação – substituição da mão de obra humana Relações centrais – não são mais apenas de dominação / exploração , mas de EXCLUSÃO Mudança no tipo de trabalho e emprego – pessoas não chegam mais ao mercado de trabalho SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO Razões apresentadas no final do século XVIII e início do século XIX para legitimar as relações de dominação/exploração – liberdade do trabalhador - razões cínicas Novo liberalismo ou neoliberalismo – a humanidade progrediu ao atual estágio de desenvolvimento por causa das novas tecnologias – deve ser instaurado entre as pessoas , grupos e países a COMPETITIVIDADE Competitividade – só é possível se houver diferenças e exclusões.Competitividade – exige a exclusão SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO Pressuposto neoliberal – progresso e desenvolvimento estão ligados à competitividade Competitividade – exclusão de uns e privilegiamento de outros Luta das pessoas para não serem rejeitadas e excluídas – competitividade entre os seres humanos – novo tipo de guerra Segundo James Goldsmith (homem de negócios) – os predadores, através da competição vão eliminar os parasitas da sociedade (pobres, desempregados – os excluídos) SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO Manuel Castells – cientista social - surgimento do quarto mundo – mundo dos excluídos Final do segundo milênio – crescente desigualdade e polarização na distribuição de riqueza 20% da população mais pobre – renda total declinou 20% dos mais ricos – renda aumentou Crescimento da pobreza, particularmente da extrema pobreza SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO Relações de produção – processos de individualização do trabalho, superexploração dos trabalhadores, exclusão social em uma integração perversa. O que sobra de tudo isso ? Seres humanos empobrecidos, descartáveis e um clima de indiferença anti-solidária SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO Papel do Estado (Bordieu,1998) – o absolutismo do neoliberalismo que prega a extinção do Estado e o reinado do mercado e do consumidor Reconquistar a democracia contra a tecnocracia Necessidade de inventar novas formas de trabalho político coletivo, levando em conta as necessidades, principalmente, econômicas SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO Outro mecanismo da legitimização da exclusão – culpabilização Culpabilização – é a atribuição do sucesso ou fracasso dos indivíduos a eles próprios, deixando de lado aspectos históricos e sociais Práticas de culpabilização psicológica – o desemprego planejado e sistêmico dos dias de hoje, que leva à exclusão milhares de pessoas, legitimado pelas teorias As pessoas são , individualmente, responsabilizadas por uma situação econômica adversa e injusta. SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO Explicações históricas dos fenômenos dadas por estas teorias não abrem espaço para a inclusão de uma responsabilidade social. Modernidade – ética individualista, microética , que nos impede de pensar nas responsabilidades globais SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO Outro ponto importante é a exclusão dos saberes Pressuposto difundido na academia e que serve de apoio para várias práticas excludentes Moscovici (1998)- importância de uma reabilitação do saber popular, o saber do senso comum, que são as representações sociais. SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO Pressupostos da academia sobre as representações sociais: 1- desconfiança quanto ao conhecimentos espontâneo das pessoas comuns. O conhecimento espontâneo deve ser purificado de suas irracionalidades (ideológicas, religiosas, populares) e substituído pelo conhecimento científico 2- o conhecimento científico dissipa a ignorância , fantasiada com os erros de um conhecimento não científico, através da comunicação e educação. Transformar as pessoas em cientistas, mas ao mesmo tempo consideram a difusão da ciência uma desvalorização da mesma. O conhecimento popular é perigoso e errado. SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO Qual a consequência do menosprezo dos saberes populares ? A discriminação e tentativa de exclusão ou supressão deste saber. Boaventura Santos (1996) – há muitas formas de conhecimento, tantas quantas as práticas sociais que as geram e as sustentam. Não reconhecer estas práticas é promover a exclusão social. SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO Epistemicídio – ocorre sempre que se pretende subalternizar, subordinar, marginalizar e ilegalizar práticas e grupos sociais que se constituem uma ameaça à expansão capitalista ou comunista. Exemplos : Sem-Terra, povos indígenas... As práticas diferentes ou alternativas assustam os saberes e os poderes dominantes. SEGUNDA PARTE : ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO “Enquanto as práticas de exclusão forem hegemônicas e os saberes populares forem sequestrados e impedidos de se legitimarem, dificilmente poder-se-á falar de uma sociedade verdadeiramente democrática e pluralista” “São necessários novos mapas que conduzam a caminhos novos, humanizantes; que conduzam a novas relações que sejam pluralistas, democráticas, participativas.” (GUARESCHI, 1999)
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