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Objetivos e Princípios da Lei de Falências e Recuperação de Empresas - Síntese

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14/04/2015 Objetivos e Princípios da Lei de Falências e Recuperação de Empresas ­ Síntese
http://www.sintese.com/doutrina_integra.asp?id=1229 1/6
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Doutrina
145
Objetivos e Princípios da Lei de Falências e Recuperação de Empresas
Publicado em 17 de Setembro de 2012 | Autor: João Pedro Scalzilli, Rodrigo Tellechea e Luis Felipe Spinelli
Resenha Editorial:
Os autores agradecem as sugestões e o auxílio dos colegas Luis Alberto Reichelt e José Rodrigo Dorneles Vieira.
Para bem compreender a funcionalidade das regras de um sistema jurídico e o rigor técnico­jurídico a elas inerente, é indispensável buscar o objetivo
colimado pelo legislador quando da promulgação da norma, para, por meio disso, compreender a racionalidade do regime no qual elas estão inseridas.
Em outras  palavras,  saber  identificar  os  objetivos  buscados  pelo  legislador,  que  se materializam  nos  princípios  informadores  da  lei,  e  entender  os
mecanismos elaborados por ele para alcançá­los é requisito fundamental para manejar e bem interpretar uma lei, seja ela qual for.
Nesse  sentido,  parece­nos  que  conhecer  os  valores  abrigados  pelas  regras  jurídicas  e  pelos  princípios  informadores  da  LFRE  (Lei  de  Falências  e
Recuperação  de  Empresas)  é  pressuposto  para  bem  compreender  o  alcance  dos  seus  diversos  dispositivos.  Daí  a  importância  do  estudo  dos
princípios: eles revelam o verdadeiro espírito da lei. Vejamos, pois, os princípios de Direito Falimentar e Recuperatório que informam a LFRE.
1 PRESERVAÇÃO DA EMPRESA
O princípio basilar da LFRE é o da preservação da empresa, especialmente diante dos interesses que em torno dela gravitam. Vale dizer, a empresa é
a célula essencial da economia de mercado[1] e cumpre relevante função social[2], porque, ao explorar a atividade prevista em seu objeto social e ao
perseguir  o  seu  objetivo  (o  lucro),  promove  interações  econômicas  (produção  ou  circulação  de  bens  ou  serviços)  com outros  agentes  do mercado,
consumindo, vendendo, gerando empregos, pagando tributos, movimentando a economia, desenvolvendo a comunidade em que está inserida, enfim,
criando riqueza e ajudando no desenvolvimento do País, não porque esse seja o seu objetivo final – de fato, não o é –, mas simplesmente em razão de
um efeito colateral e benéfico do exercício da sua atividade[3].
A redação do art. 47 da lei é exemplar:
 
A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico­financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da
fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o
estímulo à atividade econômica.[4]
O princípio da preservação da empresa está concretizado nos  regimes  recuperatórios  legalmente previstos: a  recuperação  judicial, a extrajudicial e,
inclusive,  na  existência  de  um  regime  de  recuperação  judicial  supostamente  favorável  para  as microempresas  (ME)  e  empresas  de  pequeno  porte
(EPP), procedimento especial para as ME e EPP.
Além disso, o princípio pode ser visto em vários dispositivos espalhados pela  lei, consubstanciado em mecanismos auxiliares que buscam viabilizar
os regimes recuperatórios, tais como a existência do stay period, que suspende o curso das execuções e ações que possam agredir o patrimônio do
devedor por até 180 dias depois de deferido o processamento da recuperação judicial (art. 6º, caput) – no entanto, este benefício não está disponível
no regime da recuperação extrajudicial (art. 161, § 4º).
Da mesma  forma,  podemos  citar  a  novação  das  obrigações  pela  aprovação  do  plano,  espécie  de  “blindagem”  acerca  daquilo  que  foi  negociado  e
aprovado (art. 59), que se aplica, guardadas as proporções, também à recuperação extrajudicial (art. 165).
É  possível  vislumbrar  o  princípio  da  preservação  da  empresa,  igualmente,  na  regra  de  estímulo  aos  novos  financiamentos  e  à  manutenção  do
fornecimento de bens e  serviços durante a  recuperação  judicial  (art.  67),  que  faz dos  créditos gerados,  durante a  recuperação, extraconcursais em
caso de falência da recuperanda, além de promover os créditos antigos na razão de um por um para a classe dos créditos com privilégio geral – para
cada real em crédito se promove um real do crédito antigo (espécie de upgrade na classificação).
Ainda,  pode­se  verificar  o  princípio  da  preservação  da  empresa  na  proibição  de  retirada  dos  bens  objeto  de  arrendamento  mercantil  e  alienação
fiduciária  quando  estes  forem  essenciais  à  atividade  empresarial  durante  o  stay  period  (art.  49,  §  3º)  e  na  possibilidade  de  alienação  do
estabelecimento  sem  a  ocorrência  de  sucessão  tributária  e  trabalhista  (art.  60,  parágrafo  único).  Infelizmente,  no  entanto,  estes  benefícios  estão
disponíveis apenas para o regime da recuperação judicial.
Também materializa  o  princípio  sob  exame  a  possibilidade  de  o  juiz  impor  a  recuperação  “goela  abaixo”  (cram  down[5])  aos  credores  dissidentes
quando o plano restar  rejeitado pela assembleia, desde que observadas as condicionantes  legais  (art. 58, §§ 1º e 2º), hipótese  também presente na
recuperação extrajudicial relativamente aos credores que a ela não aderiram (art. 163).
No mesmo sentido, a regra de manter o devedor no comando da empresa recuperanda (debtor­in­possession), ainda mais forte no caso da recuperação
extrajudicial, é um benefício que estimula a recuperação, na medida em que o titular da empresa não precisa ter o receio de perder o controle sobre ela
para se valer do regime recuperatório, e garante a elaboração de um plano por quem está ciente das questões relevantes do negócio (art. 64, caput)[6].
De mais a mais, o exame da lista exemplificativa dos meios de recuperação judicial prevista no art. 50, também aplicável à recuperação extrajudicial,
é mais  um  elemento  que  reforça  o  espírito  recuperatório  que  perpassa  a  LFRE,  cujo  objetivo  primordial  é  estimular  o  devedor  a  estudar  e  propor
alternativas jurídicas capazes de reerguer os pilares econômicos e financeiros do seu negócio.
Finalmente, mesmo na falência percebe­se a preocupação do legislador com a preservação da empresa, especialmente nas regras previstas nos arts.
95  (que autoriza o devedor a pleitear sua  recuperação  judicial como meio de defesa, de  forma  incidental, dentro do prazo  legal para contestação de
pedido de  falência apresentado por  determinado credor)  e 140  (e  seus  incisos da LFRE que  indicam a preferência  legal  pela  venda do  conjunto de
estabelecimentos do falido, pelos estabelecimentos singularmente considerados ou, pelo menos, de blocos de bens aptos à utilização produtiva)[7].
Por fim, é importante destacar o papel da jurisprudência dos Tribunais na aplicação e na sedimentação do princípio da preservação da empresa, bem
como na correta utilização de institutos próprios da LFRE em prol do soerguimento das empresas recuperáveis. Lembre­se que por se tratar de matéria
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14/04/2015 Objetivos e Princípios da Lei de Falências e Recuperação de Empresas ­ Síntese
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multidisciplinar e de ordem eminentemente prática, as soluções adequadas ao caso nem sempre se encontram de forma direta e objetiva na letra da
lei, requerendo do julgador um exercício dinâmico de interpretação da norma conforme os princípios da legislação e, dentro dos limites impostos pelo
ordenamento, às necessidades práticas do devedor em estado de crise[8].
 
2 RETIRADA DOMERCADO DA EMPRESA INVIÁVEL
Não obstante, é  importante ressalvar que nem toda empresa merece ser preservada. Não existe, no Direito brasileiro, ou em qualquer outro dos que
temos notícia, um princípio da  “preservação da empresa a  todo custo”. Na verdade, a LFRE consagra, no sentido exatamente oposto, um princípio
complementar ao da preservação da empresa que é o da retirada do mercado da empresa inviável.
Isso porque não é possível querer que se mantenha uma empresa a qualquer custo, pois quando os agentes econômicos que exploram a atividade não
estão aptos a criar riqueza e podem prejudicar a oferta de crédito, a segurança e a confiabilidade do tráfico mercantil, devem ser retirados do mercado
o  mais  rápido  possível  para  o  bem  da  economia  como  um  todo,  sempre  com  a  finalidade  de  evitar  a  criação  de  maiores  problemas[9].  Manter
empresas absolutamente inviáveis operando, ainda que sob a titularidade de novos sujeitos, significa transferir o risco do negócio aos credores, o que
é inadmissível[10].
A recuperação somente se  justifica na medida em que o resultado da equação de reorganização da empresa for positivo para todos os envolvidos –
devedor, credores, empregados, fornecedores, comunidade – isto é, resulte, ao fim e ao cabo, em valor econômico superior ao montante que poderia
ser obtido com a liquidação imediata e venda dos ativos do devedor[11]. Do ponto de vista estritamente econômico, a falência não é má em todos os
aspectos, pois se os recursos (capital, trabalho) são escassos – como de fato o são –, esses devem ser realocados para aqueles agentes que tenham
efetiva capacidade de gerar riqueza[12].
Tem­se,  portanto,  que  somente  deve  ser  passível  de  recuperação  a  empresa  economicamente  viável[13].  Nesse  sentido,  cabe  aos  credores  da
empresa em dificuldades, justamente porque a eles interessa a manutenção de negócios saudáveis, o poder de julgar a viabilidade da empresa, seja
aceitando o plano de recuperação apresentado judicialmente pelo devedor, seja pela adesão ao plano de recuperação extrajudicial.
Finalmente,  é  importante  observar  que  a  própria  LFRE  possui  vários  “filtros  de  viabilidade”,  materializados  nos  requisitos  subjetivos  e  objetivos
previstos nos arts. 48 e 51 da LFRE e também nas hipóteses de convolação da recuperação judicial em falência, entre as quais se destacam: a não
apresentação  do  plano  no  prazo  legalmente  estipulado  (art.  73,  II),  a  rejeição  do  plano  (art.  73,  III)  e  o  descumprimento  do  plano  durante  a  sua
execução  (art.  73,  IV).  Com  efeito,  entende  a  lei  que,  se  o  devedor  não  apresenta  o  plano,  se  o  mesmo  não  é  aprovado  ou  não  é  passível  de
cumprimento, não existe viabilidade, devendo a empresa quebrar.
 
3 PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS CREDORES
Diferentemente  do  que  ocorria  no  regime  anterior,  em  que  a  concordata  era  imposta  aos  credores  após  a  avaliação  judicial  acerca  do  simples
cumprimento  de  certos  requisitos  legalmente  previstos,  a  LFRE  reservou  um  papel  de  destaque  aos  credores  nos  regimes  de  crise,  tanto  na
recuperação  judicial  quanto  na  recuperação  extrajudicial,  além  de  tê­lo  feito,  também,  na  falência.  O  credor  passa,  então,  de  coadjuvante  a
protagonista na cena dos regimes da LFRE.
Na recuperação  judicial, a aprovação do plano depende da chancela dos credores  reunidos em assembleia  (aprovação expressa) ou, no mínimo, da
não apresentação de objeções  (aprovação  tácita), conforme se depreende do exame dos arts. 55 e 56. Por outro  lado, a desistência do devedor do
pedido de recuperação já deferido depende de prévia aprovação (da desistência) pela assembleia­geral de credores, nos termos do art. 35, I, d, c/c art.
52, § 4º, da LFRE. Ademais, lembre­se que a rejeição do plano pela assembleia­geral de credores implicará na convolação da recuperação judicial em
falência (art. 73, inciso III), ressalvada a hipótese do art. 58, § 1º.
Quanto à recuperação extrajudicial, a participação dos credores é, igualmente, essencial, pois a adesão ao regime é, por regra, facultativa (art. 162). E
na recuperação extrajudicial é possível,  também, a  impugnação  judicial do plano, sem que exista, no entanto, o  risco de ser decretada a quebra do
devedor em caso de procedência de tal impugnação (art. 164).
Mesmo nas hipóteses de cram down (seja na  recuperação  judicial, seja na  recuperação extrajudicial), situação em que o plano é  imposto à minoria
dissidente, é possível verificar a importância da adesão dos credores ao plano, pois, ainda assim, um número mínimo deles deve tê­lo aprovado para
que seja imposto (arts. 58, § 1º, e 163). A fórmula do “cram down à brasileira” nada mais é do que um rebaixamento do quórum de aprovação à luz da
verificação, no caso concreto, da  função social da empresa; não significa, em hipótese alguma, uma desconsideração  total  relativamente à vontade
dos credores.
As regras que preveem uma participação ativa dos credores consistem em uma importante mudança de perspectiva; bastante salutar, inclusive, já que
são os credores quem sofrerão os efeitos da recuperação, portanto nada mais  justo que o poder decisório acerca disso recaia sobre eles. Ademais,
parte­se  da  premissa  que  os  credores  tenderão  a  cooperar  para  a  solução  da  crise  do  credor,  pois  os  resultados  advindos  da  conduta  cooperativa
costumam ser economicamente mais eficientes.
No que se refere especificamente à  falência,  também é possível verificar a materialização do princípio em exame em uma série de regras, entre as
quais a previsão genérica que estabelece a necessidade de deliberação da assembleia­geral[14] sobre qualquer matéria que possa afetar o  interesse
dos credores (art. 35, II, d), e as específicas que requerem sua manifestação nas hipóteses de constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus
membros e a sua substituição (art. 35, II, b), na adoção de outras modalidades de realização do ativo (art. 35, II, c, c/c art. 145) e na autorização do
Comitê de Credores, quando constituído, para celebrar contratos que produzam renda para a massa falida (art. 114).
 
4 SEPARAÇÃO DOS CONCEITOS DE “EMPRESA” E “EMPRESÁRIO”
“Empresa” é a atividade (econômica organizada, exercida profissionalmente, para a produção ou a circulação de bens ou de serviços); “empresário” é
quem exerce a atividade em nome próprio, o seu  titular, que pode ser uma pessoa  física  (empresário  individual) ou uma pessoa  jurídica  (sociedade
empresária ou empresa individual de responsabilidade limitada – Eireli)[15]. O foco da lei é, declaradamente, a “empresa”, não o “empresário”[16].
Tanto é assim, que são possíveis as seguintes soluções para vencer a crise, todas elas prevendo a substituição do titular da atividade empresarial: (a)
a  transferência  da  empresa  –  leia­se  “estabelecimento  empresarial”  –  para  outro  titular,  como  o  caso  de  sociedade  constituída  pelos  próprios
empregados, a quem podem ser alienados ou arrendados os estabelecimentos do devedor a fim de preservar a atividade exercida (art. 50, VII); (b) o
usufruto da empresa pelos credores (art. 50, XIII);  (c) a constituição de sociedade de propósito específico (SPE) para adjudicar, em pagamento dos
créditos,  os  ativos  do  devedor  (art.  50,  XVI).  Ou  seja,  a  lei  quer  proteger  a  atividade,  não  necessariamente  o  devedor,  e  o  faz  prevendo  várias
hipóteses  de  transferência  dos  estabelecimentos  do  devedor.  Se  esse  puder  se  soerguer  juntamente,  ótimo;  do  contrário,  salva­se  a  empresa  tão
somente.
No mesmo sentido, o art. 140, que indica na falência a preferência pela alienação da empresa como um todo (leia­se o conjunto de estabelecimentos,
os  estabelecimentos  singularmente  considerados  ou,  ao  menos,  blocos  de  bens  suficientes  para  a  utilização  produtiva)  à  alienação  dos  bens
individualmenteconsiderados.
5 REDUÇÃO DO CUSTO DO CRÉDITO
Mais um objetivo declarado da  lei é a  redução do custo de crédito no Brasil. É possível verificar em vários dispositivos da LFRE  regras que criam
direitos especiais para as  instituições financeiras, reduzindo os riscos que elas normalmente enfrentariam em suas operações de crédito, razão pela
qual  poderiam  elas  cobrar  juros  proporcionalmente  mais  baixos  do  empresariado,  segundo  a  lógica:  quanto  menor  o  risco,  menores  os  juros
(exemplificativamente, vale mencionar a previsão dos arts. 49, §§ 3º e 4º, 86,  II, e 161, § 1º, e 199, §§ 1º, 2º e 3º, que põem a salvo as  relações
negociais fundadas em contratos tipicamente bancários, como a alienação fiduciária em garantia, o arrendamento mercantil, o adiantamento a contrato
de câmbio, o leasing de aeronave e suas partes, entre outros).
Ainda, veja­se, a  título de exemplo, que na composição das classes que formam a assembleia­geral de credores, o art. 41,  II  (c/c art. 45) da LFRE
inseriu  os  titulares  de  garantias  reais  (cujos  principais  destinatários  são  os  credores  bancários)  em uma  classe  própria,  e mais,  com poderes  para
deliberar sobre o plano de recuperação judicial proposto pelo devedor, tendo a relevante prerrogativa de vetar a proposta apresentada pelo devedor[17].
Além disso, a própria posição do crédito bancário na classificação dos créditos em caso de falência, prevista no art. 83,  II, denuncia a postura “pró­
banco”  da  LFRE:  o  crédito  com garantia  real,  a modalidade  típica  de  garantia  exigida  pelos  bancos  em  suas  operações  de  financiamento  ocupa  o
segundo  grau  na  ordem  de  pagamento  dos  créditos  concursais,  logo  abaixo  dos  trabalhistas  e  acima  do  Fisco[18],  sem  dúvida  um  feito  muito
contundente do chamado “lobby bancário”[19].
14/04/2015 Objetivos e Princípios da Lei de Falências e Recuperação de Empresas ­ Síntese
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A grande questão que ainda se põe é a seguinte: a LFRE, de fato, reduz(iu) o custo do crédito no Brasil? Parece­nos que não.
6 PROTEÇÃO AO TRABALHADOR
Quis o legislador proteger, também, aqueles que trabalham na empresa assolada pela crise, como já ocorria na vigência da lei anterior. É o princípio da
proteção do  trabalhador,  consubstanciado  em vários  dispositivos  da  LFRE,  entre  eles  na  própria  classificação  do  crédito  trabalhista  no  quadro  dos
credores  concursais:  em primeiro  lugar  entre  os  créditos  concursais  (art.  83,  I  –  além do previsto  no art.  151,  que prevê o  pagamento  imediato  de
determinadas verbas salariais), principalmente em razão da sua natureza eminentemente alimentar e da conhecida hipossuficiência do trabalhador, que
não  consegue  negociar  garantias  em  seu  contrato  de  trabalho,  tampouco  embutir  em  sua  remuneração  uma  taxa  de  risco,  tal  como  o  fazem  as
instituições financeiras e os grandes fornecedores, por exemplo.
E como se não bastasse, ao prever que os créditos trabalhistas cedidos a terceiros possam ser rebaixados da classe que lhes é própria (1º lugar) para
a  classe  quirografária  (6º  lugar),  estabelece  um  importante  desincentivo  à  criação dos  perversos mercados  de  crédito  trabalhista  (art.  83,  §  4º),  na
medida em que, ao desestimular a compra oportunista desses, protege os próprios  trabalhadores que não se verão  tentados a alienar o seu crédito
com abusivo deságio para aqueles interessados em lucrar com o simples decurso do tempo.
Também  protetiva  é  a  regra  que  considera  extraconcursal  o  crédito  dos  trabalhadores  pelo  serviço  prestado  depois  da  decretação  da  falência  da
empresa (art. 84, I).
Ademais, no âmbito da  recuperação  judicial, no qual o próprio dispositivo preambular do  regime  já contém uma norma de natureza programática no
sentido da necessária tutela do trabalhador (“A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico­financeira
do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores...”), o art. 54 prevê um prazo máximo de um ano dentro
do plano de  recuperação para o pagamento dos  créditos  trabalhistas  já  vencidos  (caput)  e um prazo de 30 dias para o pagamento dos  créditos de
natureza  estritamente  salarial,  vencidos  até  três  meses  antes  do  pedido  de  recuperação,  no  limite  de  até  cinco  salários­mínimos  por  trabalhador
(parágrafo  único).  Em  outras  palavras,  a  natureza  alimentar  do  crédito  trabalhista  faz  dele  um  crédito  superprivilegiado,  no  sentido  de  que  o  seu
pagamento deva ser quase imediato[20].
Por outro lado, a LFRE, com a intenção de tutelar os seus interesses, exclui os credores trabalhistas do regime da recuperação extrajudicial (art. 161,
§  1º),  crendo  que  uma  negociação  extrajudicial  teria  o  condão  de  causar  graves  prejuízos  à  classe,  possivelmente  em  razão  da  dificuldade  de
coordenação de  tais  credores, da extrema necessidade que pode gerar o  inadimplemento do crédito destinado ao sustento do empregado e de sua
família e de outras peculiaridades envolvendo esse tipo de crédito.
7 PRESERVAÇÃO E MAXIMIZAÇÃO DOS ATIVOS DO FALIDO
Para atender um maior  número de  credores na  falência e para aumentar  as  chances de  recuperação da empresa em crise,  a LFRE oferece  vários
mecanismos para assegurar a obtenção do máximo valor possível pelos ativos do falido, (a) evitando a deterioração provocada pela demora excessiva
do  processo,  (b)  priorizando  a  venda  da  empresa  em  bloco,  para  evitar  a  perda  dos  intangíveis,  assim  como  dá  ao  administrador  judicial  (c)  a
possibilidade de celebrar contratos que gerem renda a partir da exploração dos bens da massa falida, enquanto esses não forem alienados.
Nesse sentido, vislumbramos o objetivo de preservar e maximizar os ativos do falido (i) na regra que permite ao administrador judicial fazer ele mesmo
a avaliação dos bens do falido arrecadados, se tiver conhecimento técnico para tanto, possibilitando, ainda, (ii) a avaliação dos bens em bloco se isso
for  possível  (art.  108);  (iii)  na  permissão,  em  razão  dos  custos  e  no  interesse  da  massa  falida,  de  aquisição  ou  adjudicação,  de  imediato,  pelos
credores, dos bens arrecadados, pelo valor da avaliação, atendida a regra de classificação e preferência entre eles, desde que autorizado pelo juiz e
ouvido o Comitê, se houver (art. 111); (iv) na hipótese de venda antecipada dos bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável desvalorização
ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa (art. 113); e (v) na permissão de celebrar contratos para gerar renda a partir dos bens da massa
(art. 114).
Ademais, é possível observar a materialização deste princípio na preferência legal pela venda do mais abrangente conjunto de bens possível (art. 140),
iniciando pela venda da empresa em bloco, com todos os seus estabelecimentos (art. 140, I); a alienação da empresa por estabelecimento (art. 140,
II); a alienação de bens em bloco (art. 140, III); e, como última opção, a alienação individual de bens (art. 140, IV), hipóteses iniciais que permitiriam
obter  um  maior  valor  de  venda  e  até  a  continuação  da  atividade  nas  mãos  de  outro  empresário.  É  importante,  ainda,  lembrar  as  técnicas  de
recuperação que importam o trespasse do estabelecimento (art. 50, VII) e o usufruto da empresa (art. 50, XIII), hipóteses essas que consideram que o
conjunto de bens pode gerar valor para o devedor.
Por  fim,  ressaltamos  que  a  noção  de  maximização  e  de  preservação  dos  ativos  do  devedor  está  ínsita  aos  regimes  recuperatórios  (judicial  e
extrajudicial).
8 CELERIDADE, EFICIÊNCIA E ECONOMIA PROCESSUAL
O princípio da celeridade, da eficiência e da economia processual prescreve que as normas procedimentais sejam aplicadase interpretadas de modo a
privilegiar uma condução ágil, adequada e econômica dos regimes falimentar e recuperatórios.
Nesse  sentido,  o  art.  75,  parágrafo  único,  textualmente  afirma  que  o  “processo  de  falência  atenderá  aos  princípios  da  celeridade  e  da  economia
processual”  (sendo  que  no  mesmo  caminho  está  a  previsão  contida  na  Constituição  Federal,  art.  5º,  LXXVIII:  “a  todos,  no  âmbito  judicial  e
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”)[21].
Cabe  perquirir,  no  entanto,  qual  seria  a  aplicação  prática  desses  dispositivos?  José  Pacheco  da  Silva,  abordando  especificamente  a  questão  no
processo  falimentar,  esclarece  que  o Magistrado,  “ao  definir  as  questões  incidentais  ocorrentes  no  processo,  deverá  pautar­se  pelas  decisões  que
tenham uma produção jurídica de efeitos mais rápida, pois a demora no processo traz a deterioração do patrimônio e sua perda de valor econômico,
acarretando prejuízo irrecuperável tanto para o devedor como para os credores”. E complementa: “o princípio da economia visa a garantir ao credor o
menor gasto possível na busca da satisfação de seu crédito, bem como na definição por parte do Magistrado, acompanhado pela manifestação do
Ministério Público, de medidas menos burocratizantes que não só prolongarão a tramitação do processo como também o tornarão mais oneroso”[22].
Isso porque um processo caro e longo torna­se desinteressante ao credor, que acabará buscando formas alternativas para a satisfação do seu crédito,
ou mesmo poderá, diante da ineficiência sistêmica, restringir sua participação na atividade econômica do País, buscando mercados mais seguros com
regimes  jurídicos  eficientes[23].  Sem  falar  que  um  processo  demorado  está  na  contramão  da  necessidade  de  preservação  dos  bens  do  devedor,
inclusive os  intangíveis envolvidos na exploração da atividade empresarial  e da  sua destinação para uma atividade produtiva  capaz de preservar a
empresa.
A  LFRE  buscou,  em  diversas  oportunidades,  concretizar  tais  princípios.  O  art.  79,  por  exemplo,  dispõe  que  os  processos  de  falência  e  os  seus
incidentes preferem a todos os outros na ordem dos feitos, em qualquer instância[24], sendo possível questionar se não se aplicaria a mesma regra à
recuperação judicial e à recuperação extrajudicial, uma vez que havia disposição semelhante a essa da falência para a concordata preventiva, como
determinava o art. 203 do Decreto­Lei nº 7.661/1945.
Igualmente,  fazemos  referência à previsão do art.  40,  o  qual  impede o deferimento de qualquer medida  judicial  para a  suspensão ou adiamento da
assembleia­geral de credores em razão de pendência de discussão acerca da existência, quantificação ou da classificação de créditos.
E, ainda,  lembramos as  regras que possibilitam a prática  imediata de atos ao  longo do procedimento  falimentar.  (e.g. alienação dos ativos do  falido
logo após a arrecadação, independentemente da formação do quadro­geral de credores, de acordo com os arts. 139 e 140, § 2º). Enfim, a LFRE possui
uma série de normas que buscam a eficiência dos processos por ela regulados.
Por fim, vale salientar que cumpre a todos os envolvidos no processo (de falência, recuperação judicial e recuperação extrajudicial), e especialmente
ao Magistrado, concretizarem tais princípios, adotando­se uma perspectiva  instrumentalista da  jurisdição, afastando­se do  formalismo exagerado em
prol da efetividade[25].
9 SEGURANÇA JURÍDICA E PREVISIBILIDADE
A segurança  jurídica e a previsibilidade quanto aos seus efeitos deveriam ser objetivos colimados por  toda e qualquer  lei que viesse a  lume[26].  É
imprescindível que as normas relativas à falência e à recuperação judicial e extrajudicial confiram previsibilidade e clareza ao mercado.
Nesse sentido, andou bem o  legislador quando previu a novação das dívidas  renegociadas no âmbito da  recuperação  judicial  (art. 59), assegurando
proteção aos termos acordados, efeito que, em certa medida, também ocorre na recuperação extrajudicial (art. 165). Além disso, a não ocorrência de
sucessão do adquirente nas dívidas tributárias e trabalhistas, precedentes do devedor quando da alienação dos seus ativos na recuperação judicial e
na falência (arts. 60, parágrafo único, e 141, II), é uma importante medida, apesar de inexistir tal garantia no âmbito da recuperação extrajudicial (como
veremos adiante, muitas discussões ainda existem sobre o tema).
Por  derradeiro,  lembre­se que os atos praticados no  curso da  recuperação  judicial  não podem ser  declarados  ineficazes ou  revogados em caso de
14/04/2015 Objetivos e Princípios da Lei de Falências e Recuperação de Empresas ­ Síntese
http://www.sintese.com/doutrina_integra.asp?id=1229 4/6
falência (art. 131) – o que, infelizmente, já não ocorre no regime da recuperação extrajudicial.
 
10 FAVORECIMENTO DAS EMPRESAS DE MENOR PORTE
Outra inovação trazida pela LFRE foi a busca por um regime que propiciasse um tratamento (supostamente) favorecido ao microempresário (ME) e ao
empresário  de  pequeno  porte  (EPP),  cuja  matriz  constitucional  está  nos  arts.  170,  IX,  e  179.  Nesse  sentido,  foi  projetado  o  plano  especial  de
recuperação judicial previsto nos arts. 70 ao 72, que buscou realizar o princípio da simplificação da recuperação das empresas de menor porte.
O  objetivo  é  que  tal  espécie  de  empresa  não  seja  onerada  injustificadamente  pelo  trâmite  da  recuperação  judicial  tradicional,  geralmente  lenta  e
custosa. A partir dessa lógica (cujas consequências práticas são bastante discutíveis), tais empresas teriam ampliado seu acesso à recuperação.
No âmbito da recuperação judicial conduzida pelo procedimento especial para as ME e EPP, aquilo que mais chama a atenção é a não ocorrência da
assembleia­geral de credores, pois o juiz concederá a recuperação se atendidas às exigências da lei e desde que não sofra a impugnação de mais da
metade dos créditos abrangidos pelo plano.
De resto, o alcance reduzido do plano (só abrange os credores quirografários) e a predeterminação dos meios de recuperação – parcelamento em até
36 parcelas mensais, iguais e sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% ao ano, com o pagamento da primeira parcela em
até  180  dias  contados  da  distribuição  do  pedido  de  recuperação  –,  cujo  objetivo  seria  acelerar  a  tramitação  do  processo,  tendem  a  ser  fatores  a
inviabilizar  a  recuperação  da ME  ou EPP  que  opte  pelo  plano  especial  em  razão  da  sua  reduzida maleabilidade  para  resolver  as  diferentes  crises
empresariais, relegando esse regime especial a um papel secundário[27]. 
11 RIGOR NA PUNIÇÃO DOS CRIMES FALIMENTARES E RECUPERATÓRIOS
Finalmente, mas não menos importante, outro dos objetivos da lei é o rigor na punição dos crimes falimentares e recuperatórios, o que é fundamental
para coibir os atos fraudulentos realizados na seara recuperacional e falimentar, buscando­se, ao final, a tutela dos credores e do próprio mercado.
Nesse sentido, a  lei  reservou um capítulo  inteiro  (VII – arts. 168­178) para as regras referentes à punição dos crimes praticados em tais contextos.
Estão tipificados, entre outros, os crimes relacionados à fraude contra credores (art. 168), à violação de sigilo empresarial (art. 169), à divulgação de
informação falsa (art. 170), à indução a erro (art. 171), ao favorecimento de credores (art. 172), ao desvio, à ocultação ou à apropriação de bens (art.
173), à aquisição, ao recebimento ou ao uso ilegal de bens (art. 174), à habilitação ilegal de crédito (art. 175), ao exercício ilegal de atividade (art. 176),
à violação de impedimento (art. 177) e à omissão dos documentos contábeis obrigatórios (art. 178).
12 NOTA CONCLUSIVA
Em  apertada  síntese,  esses  são  os  princípiose  objetivos  da  LFRE.  O  objetivo  do  presente  ensaio  foi  o  de  tão  somente  apresentá­los  de  forma
sistematizada e em conjunto, em complemento à forma como vêm sendo expostos pelas várias obras da doutrina especializada.
Quanto  à  aplicação  dos  princípios,  note­se,  entretanto,  que  nem  sempre  será  possível  atendê­los  de  forma  harmônica  e  conjunta,  especialmente
quando  vierem  a  conflitar  entre  si,  situação  na  qual  deverá  o  intérprete  da  lei  realizar  o  devido  sopesamento  entre  os  princípios,  levando­se  em
consideração o caso jurídico em concreto e as consequências socioeconômicas de eventual decisão[28].
 
Doutorando em Direito Comercial pela USP, Mestre em Direito Privado pela UFRGS, Advogado.
 
Doutorando em Direito Comercial pela USP, Advogado.
 
Doutorando em Direito Comercial pela USP, Mestre em Direito Privado pela UFRGS, Advogado.
 
 
 
 
 
[1] COMPARATO, Fábio Konder. A reforma da empresa. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, Nova Série, a. 22, n. 50, p. 57­74,
abr./jun. 1983; ANTUNES, José Engrácia. Estrutura e responsabilidade da empresa: o moderno paradoxo regulatório. Revista Direito GV, v. 1, n. 2, p. 29­68, 2005.
[2] Cf. COMPARATO, Fabio Konder. Estado, empresa e função social. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 732, a. 85, p. 38­46, out. 1996; e COMPARATO,
Fabio Konder. Função social da propriedade dos bens de produção. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, Nova Série, a. 25, n. 63, p.
71­79, jul./set. 1986.
[3]  Sobre  as  externalidades  –  positivas  e  negativas  –  decorrentes  do  exercício  da  empresa,  ver,  exemplificativamente:  KRUGMAN,  Paul;  WELLS,  Robin.
Introdução à  economia.  Trad.  Helga  Hoffmann.  Rio  de  Janeiro:  Elsevier,  2007.  p.  395­408; NUSDEO,  Fábio. Curso  de  economia  –  introdução  ao  direito
econômico.  5.  ed. São Paulo: Revista  dos Tribunais,  2008.  p.  152­161; YAZBEK, Otávio. Regulação do mercado  financeiro  e  de  capitais.  Rio  de  Janeiro:
Elsevier, 2007. p. 47­49; VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Curso de direito comercial. São Paulo: Malheiros, v. 1, 2006. p. 174­180.
[4] Ainda que de forma indireta, a acomodação de interesses em torno da empresa em crise e a discussão conjunta acerca da melhor forma de recuperá­la retoma as
premissas dos debates doutrinários acerca do interesse social, em especial das correntes ligadas ao contratualismo e o institucionalismo. Calixto Salomão enxerga
na essência do art. 47 o ideário institucionalista, consubstanciado no princípio da preservação da empresa, “verdadeiro ponto comum de encontro” dos interesses
dos trabalhadores, dos credores, da comunidade, dos acionistas da sociedade devedora, entre outros. Sobre o interesse social, institucionalismo, contratualismo e
poder  de  controle,  temas  fundamentais  para  o  estudo do direito  societário, mas,  também,  e  para  aquilo  aqui  que  nos  interessa,  para  o  direito  recuperatório  e
falimentar, ver: RATHENAU, Walther. Do sistema acionário – uma análise negocial. Tradução e introdução de Nilson Lautenschleger Jr. Reprodução do texto
clássico. Revista  de  Direito  Mercantil,  Industrial,  Econômico  e  Financeiro,  Nova  Série,  a.  41,  n.  128,  p.  199­223,  out./dez.  2002;  JAEGER,  Pier  Giusto.
L’interesse sociale. Milano: Giuffrè, 1972; JAEGER, Pier Giusto. Interesse sociale rivisitato (quarant’ anni dopo). Giurisprudenza Commerciale, n. 1, p. 795­812,
2000; BERLE, Adolph A. Corporate powers as powers in trust. Harvard Law Review, v. 44, p. 1049­1079, 1931; DODD JR., Merrick E. For whom are corporate
managers  trustees? Harvard  Law  Review,  v.  45,  p.  1145­1163,  1932.  HANSMANN, Henry;  KRAAKMAN,  Reinier.  The  end  of  History  for  corporate  law.
Georgetown Law Journal, Washington, n. 89, p. 439­468, jan. 2001; CLARK, Robert. Corporate law. Boston: Little Brown and Company, 1986, p. 20, 675­681,
702; EASTERBROOK, Frank H.; FISCHEL, Daniel R. The economic structure of corporate law. Cambridge: Harvard University Press, 1996; COMPARATO,
Fábio Konder; SALOMÃO FILHO, Calixto. O poder de controle na sociedade anônima. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005; LEÃES, Luiz Gastão Paes de
Barros. Comentários à lei das sociedades anônimas. São Paulo: Saraiva, v. 2, 1980. p. 248; GUERREIRO, José Alexandre Tavares. Sociedade anônima: poder e
dominação. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, Nova Série, a. 23, n. 53, p. 73­80, jan./mar. 1984; GUERREIRO, José Alexandre
Tavares. Sociologia do poder na sociedade anônima. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, Nova Série, a. 29, n. 77, p. 50­56, jan./mar.
1990; BULGARELLI, Waldirio. Regime jurídico da proteção às minorias. Rio de Janeiro: Renovar, 1988, p. 70­74; FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e
Novaes. Conflito de interesses nas assembléias de S.A. São Paulo: Malheiros, 1993. p. 21­63; MUNHOZ, Eduardo Secchi. Empresa  contemporânea  e  direito
societário:  poder  de  controle  e  grupos  de  sociedade.  São  Paulo:  Juarez  de  Oliveira,  2002.  p.  36­60;  SALOMÃO  FILHO,  Calixto.  Interesse  social:  a  nova
concepção. In: ______. O novo direito societário. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Malheiros, 2011. p. 27­51; SZTERLING, Fernando. A função social da empresa no
direito societário. Dissertação (Mestrado em Direito). Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.
[5] Crammed down in the throats of the objectors, na expressão em inglês.
[6] Há que se referir, no entanto, à hipótese de afastamento, apenas possível na recuperação judicial – parágrafo único do art. 64.
[7] A propósito da preservação da empresa em contexto falimentar, ver o ótimo ensaio de Toledo. A preservação da empresa, mesmo na falência. In: DE LUCCA,
Newton; DOMINGUES, Alessandra de Azevedo (Coord.). Direito recuperacional: aspectos teóricos e práticos. São Paulo: Quartier Latin, 2009. p. 517­534.
[8]  Essa  ideia  foi  originalmente  defendida  por  Ligia  Paula  Pires  Pinto  Sica  (SICA,  Ligia  Paula  Pires  Pinto.  Recuperação  extrajudicial  de  empresas:
14/04/2015 Objetivos e Princípios da Lei de Falências e Recuperação de Empresas ­ Síntese
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desenvolvimento do direito de recuperação de empresas brasileiro. Tese (Doutorado em Direito). Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo,
2009, p. 251­302, em especial nas p. 283­302). Nesse sentido, vale destacar interessante precedente da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul (TJRS, Agravo de Instrumento nº 70040733479, Rel. Des. Ney Wiedemann Neto, 6ª Câmara Cível, J. 28.04.2011). A leitura da ementa do caso é suficiente
para apreender o sentido da interpretação adotada pelo Tribunal: “Agravo de instrumento. Recuperação judicial. Pedido de convocação de nova assembléia de
credores, formulado pela empresa recuperanda, com o intuito de apresentar proposta de modificação do plano anteriormente aprovado. Situação não prevista pela
lei que, ao mesmo tempo, não está nela vedada. As particularidades do caso concreto, em face do princípio da preservação da empresa, pela sua função social, na
forma do art. 47 da Lei nº 11.101, recomendam seja concedida a oportunidade. Recurso provido”. A matéria objeto de recurso foi bem examinada e resumida no
seguinte  trecho do voto de autoria do Desembargador Ney Wiedemann Neto: “Como bem captou a culta Procuradora de Justiça, em seu parecer, o agravante
antecipou que nesta assembléia pretende apresentar a proposta de dação em pagamento, o que está expressamente previsto no art. 50, inciso IX, da Lei nº 11.101.
E, assim, mal algum haveria em oportunizar aos credores que se manifestem a respeito do desiderato. Além do mais, é fato incontroverso que a agravante está em
mora quanto ao cumprimento do plano, o que de certo modo teve a concordância tácita de todos os que estãoafetos ao plano, porque até então não se insurgiram.
Como já se passaram tantos meses, não há mal algum em conceder­se essa derradeira oportunidade de readequação do plano, com o objetivo maior da preservação
da empresa, que exerce na comunidade local importante função social, antes já destacada”.
[9] A  lição de Paula Forgioni  é precisa:  “O direito mercantil não é  concebido para  socorrer o agente  individualmente considerado, mas o  funcionamento do
mercado; o interesse da empresa é protegido na medida em que implica o bem do tráfico mercantil”. “O patrimônio jurídico do direito comercial deve ser analisado
sob essa ótica; o ordenamento considerará e admitirá a racionalidade econômica do agente apenas enquanto mostrar­se útil ao sistema, dentro da racionalidade
jurídica.” “Mesmo normas que tutelam empresas em situação de inferioridade, como a repressão ao abuso da dependência econômica, de fato visam a incrementar
as garantias para a atuação no mercado, impedindo que tenham lugar explorações desestimuladoras do tráfico.” “Poderíamos seguir analisando inúmeros institutos,
desde a coibição do abuso do poder econômico até a disciplina dos contratos e das sociedades comerciais. Alcançaríamos sempre a mesma conclusão: o direito
mercantil não busca a proteção dos agentes econômicos singularmente considerados, mas da  torrente de  suas  relações”  (FORGIONI, Paula A. A evolução do
direito comercial brasileiro: da mercancia ao mercado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 17­18).
[10] COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 6. ed. São Paulo: Saraiva, v. 3, 2006. p. 233­234.
[11] TABB, Charles J.; BRUBAKER, Ralph. Bankruptcy law: principles, policies, and practice. Cincinnati: Anderson Publishing Co., 2003. p. 595­596.
[12] KRUGMAN, Paul; WELLS, Robin. Op. cit., p. 5 e ss.
[13] TABB, Charles J.; BRUBAKER, Ralph. Op. cit., p. 595.
[14] Parte da doutrina critica a possibilidade de participação dos credores no processo de falência. Jorge Lobo destaca algumas das razões que sustentam as críticas:
(i) nítido aspecto de auto­tutela dos próprios direitos e interesses; (ii) dificuldades de reunir um número expressivo de credores; (iii) indiferença da maioria dos
credores – absenteísmo nas assembleias; (iv) incapacidade de os credores verificarem os atos do devedor; (v) as vultuosas despesas de convocação, instalação e
realização  de  assembléias;  (vi)  pífios  resultados  dos  conclaves  –sobretudo  pela  ausência  de  incentivo  para  investirem  tempo  e  dinheiro  para  participar  das
assembleias de credores, sem perspectiva de retorno (cf. LOBO, Jorge. Seção IV: da assembleia geral de credores. In: TOLEDO, Paulo Fernando Campos Salles de;
ABRÃO, Carlos Henrique (Coord.). Comentários à lei de recuperação de empresas e falência. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 142­171, p. 142­
143). As críticas fazem sentido e merecem melhor reflexão. Mesmo assim, sem desconsiderar o mérito dos argumentos ventilados, parece­nos que o apoio dos
credores é uma das bases essenciais sobre a qual iniciará o processo de preservação da empresa (seja na falência – ainda que com menor força – ou na recuperação
judicial ou extrajudicial), sendo necessário, no entanto, que o planejamento desenhado apresente boas perspectivas de pagamento dos débitos de titularidade da
maioria dos credores, em condições e prazos razoáveis. Sem esse estímulo de ordem econômica, inexistirá clima para condutas cooperativas por parte dos agentes
econômicos atingidos diretamente pela crise que acometeu o negócio do devedor.
[15] Vide regra dos arts. 966, 980­A, 982 e 983 do Código Civil. Nesse sentido, ver: ASCARELLI, Tullio. Corso di diritto commerciale. Milano: Giuffrè, 1962. p.
145 e ss; ASCARELLI, Tullio. A atividade do empresário. Trad. Erasmo Valladão Azevedo e Novaes França. Revista de Direito Mercantil Industrial, Financeiro
e Econômico,  São  Paulo,  v.  42,  n.  132,  p.  203­215,  out./dez.  2003; ASCARELLI, Tullio. O  empresário.  Trad.  Fábio Konder Comparato. Revista  de  Direito
Mercantil  Industrial,  Financeiro  e  Econômico,  São  Paulo,  n.  109,  p.  183­189,  jan./mar.1998;  ASQUINI,  Alberto.  Perfis  da  empresa.  Trad.  Fábio  Konder
Comparato. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, São Paulo, n. 104, p. 108­126, out./dez. 1996; MARCONDES, Sylvio. Problemas
de direito mercantil. São Paulo: Max Limonad, 1970, p. 1­38, 129­161; MARCONDES, Sylvio. Questões de direito mercantil. São Paulo: Max Limonad, 1977, p.
1­28; GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de empresa: comentários aos artigos 966 a 1.195 do Código Civil. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2008, p. 33 e ss; FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes. Empresa, empresário e estabelecimento. A nova disciplina das sociedades.
In: ______. Temas de direito societário, falimentar e teoria da empresa. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 511­530.
[16] Vale  destacar  que o direito  concursal  desconheceu por muito  tempo  a  distinção  entre  empresário  ou  sociedade  empresária  (como  titular)  da  atividade  e
empresa (como atividade). Nesse particular, interessante é a construção de Fábio Konder Comparato: “[...] A empresa segue a sorte do empresário como se fora
simples objeto de sua propriedade” (COMPARATO, Fábio Konder. Aspectos jurídicos da macro­empresa. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1970. p. 102). Em
outra passagem, o professor da USP defende que a diferenciação entre o titular da atividade econômica (o empresário) e a atividade econômica em si (a empresa)
penetrou de forma muito menos audaciosa e rápida no direito comercial que o fez no direito trabalhista, por exemplo. Isso ocorreu porque no direito laboral a
evolução no tratamento do problema da sucessão nas dívidas e obrigações trabalhistas, quando da transferência do controle societário, ressaltou o fato da empresa
transcender  o  empresário  (COMPARATO,  Fábio  Konder;  SALOMÃO  FILHO,  Calixto.  Op.  cit.,  p.  282­284).  O  Professor  Calixto  Salomão  Filho  ressalta  a
tentativa da Lei 11.101/05 de dissociar a ruína da empresa da ruína do empresário, de modo a possibilitar que a primeiro sobreviva ao último (SALOMÃO FILHO,
Calixto. Recuperação de empresas e interesse social. In: SOUZA JUNIOR, Francisco Satiro de; PITOMBO, Antonio Sergio A. de Moraes (Coord.). Comentários à
lei de recuperação de empresas e falências. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 43­54).
[17] Nos termos do § 1º do art. 45 da LFRE, para os titulares de créditos com garantia real (e também para os titulares de créditos quirografários, com privilégio
especial, com privilégio geral ou subordinados) é necessária a aprovação por credores que representem mais da metade do valor  total dos créditos presentes à
assembléia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes.
[18] Não se pode olvidar da existência e da preferência que a lei outorga ao pagamento das despesas indispensáveis à administração da falência (art. 150), das
verbas salariais imediatas (arts. 151), do pagamento das restituições (especificamente em dinheiro) (arts. 85 a 93 e 149) e dos créditos extraconcursais (art. 84),
passando­se, somente então, ao pagamento dos créditos concursais (art. 83) – para, posteriormente, serem pagos os juros vencidos após a decretação da quebra (art.
124), sendo o saldo entregue ao falido após o pagamento de todos os credores (art. 153).
[19] Por tudo isso, como observa Manoel Justino Bezerra Filho, a “Lei de Recuperação de Empresas” passou a ser referida, jocosamente, no meio jurídico, como
“Lei de Recuperação do Crédito Bancário”, ou, ainda, “Lei Febraban”. (BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Nova lei de recuperação e de falências comentada. 6.
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 43 e ss)
[20] Tem­se visto a aprovação de planos de recuperação judicial em que ao credor é concedido um prazo de quase 10 anos para o pagamento de suas obrigações.
No entanto, por força dos dispositivoslegais ora em comento, os créditos trabalhistas, todos eles, deverão ser pagos dentro do prazo máximo de um ano.
[21] Sobre o tema da efetividade do processo, que traz em si a noção de capacidade de o processo oferecer certos resultados, qualidade da prestação jurisdicional e
celeridade,  ver:  BEDAQUE,  José  Roberto  dos  Santos.  Efetividade  do  processo  e  técnica  processual.  3.  ed.  São  Paulo:  Malheiros,  2010;  ALVARO  DE
OLIVEIRA, Carlos Alberto. Do formalismo no processo civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010; CONRADO, Paulo Cesar. “Efetividade” do processo, segurança
jurídica e tutela jurisdicional diferençada. Revista do Tribunal Regional Federal 3ª Região, n. 76, p. 47­65, mar./abr. 2006; BARBOSA MOREIRA, José Carlos.
Efetividade do processo: por um processo socialmente efetivo. Revista Síntese de Direito Civil e Processual Civil, Porto Alegre: Síntese, v. 2, n. 11, p. 5­14, 2001;
ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto. Efetividade e processo de conhecimento. Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre: UFRGS, v. 16, p. 7­19, 1999; MARINONI, Luiz Guilherme. Direito  fundamental  à  duração  razoável  do processo.  Interesse Público, Belo
Horizonte, v. 10, n. 51 , p. 42­60, set./out. 2008; THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direito fundamental à duração razoável do processo. Revista Magister  de
Direito Civil e Processual Civil, Porto Alegre, v. 5, n. 29, p. 83­98, mar./abr. 2009; TORRES, Juliana. O direito fundamental à razoável duração do processo na
Constituição Federal brasileira. Cadernos do Programa de Pós­Graduação em Direito, Porto Alegre/RS: PPGDir./UFRGS, v. 6, n. 7/8, p. 293­339,  set. 2007;
ASSIS, Araken de. Duração razoável do processo e reformas da lei processual civil. Revista Jurídica, Porto Alegre, v. 56, n. 372, p. 11­27, out. 2008; TUCCI, José
Rogério Cruz e. Garantias constitucionais da duração razoável e da economia processual no projeto do Código de Processo Civil. Revista de Processo, São Paulo,
v. 36, n. 192, p. 193­209, fev. 2011; ROSITO, Francisco. O princípio da duração razoável do processo sob a perspectiva axiológica. Revista  de Processo,  São
Paulo, v. 33, n. 161, p. 21­38, jul. 2008; YARSHELL, Flávio Luiz. A reforma do judiciário e a promessa de “duração razoável do processo”. Revista do Advogado,
v. 24, n. 75, p. 28­33, abr. 2004.
[22] Além disso, José da Silva Pacheco, ao comentar o princípio da economia processual, chega a propor que “[...] o  ideal seria que  imperasse o princípio da
gratuidade,  a  fim de  que  se  permitisse  a  todos,  de  um modo geral,  o  pleno  exercício  do  seu direito  de  invocar  o Poder  jurisdicional  do Estado para  obter  a
realização do direito”. “Não sendo, todavia, possível esse ideal, há de se contentar com o princípio da economia processual que preconiza: a) economia de gasto
ou despesas para as partes e economia de custo do mecanismo judiciário, em que se desenvolve o processo; b) economia de tempo e de esforço, para que haja
solução  rápida. No que se  refere ao aspecto da  letra a acima,  tem­se  em vista  tornar  a  prestação  jurisdicional  barata  e  acessível  a  todos que dela  precisarem.
Objetiva­se, também, que o judiciário e os órgãos envolvidos, no processo, atuem com o menor custo possível. Com referência à letra b, trata­se de economizar
esforço e tempo. Para que haja justiça pronta e rápida, sem procrastinação.” (PACHECO, José da Silva. Processo de recuperação judicial, extrajudicial e falência.
3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 240).
[23] VIGIL NETO, Luiz Inácio. Teoria falimentar e regimes recuperatórios. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. p. 272­273.
14/04/2015 Objetivos e Princípios da Lei de Falências e Recuperação de Empresas ­ Síntese
http://www.sintese.com/doutrina_integra.asp?id=1229 6/6
[24] Para Vera Helena de Mello Franco e Rachel Sztajn, o art. 79 da lei traria positivado “o princípio da precedência” (FRANCO, Vera Helena de Mello; SZTAJN,
Rachel. Falência e recuperação da empresa em crise. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. p. 26). E quanto ao tema, vale lembrar as palavras de Carlos Klein Zanini:
“Nem sempre, contudo, terá o dispositivo eficácia prática. No primeiro grau, a existência de vara especializada de falências – situação comum apenas nas capitais –
torna­o de certo modo inócuo, devendo prevalecer a ordem natural do serviço. De outra parte, inexistindo vara especializada, impõe­se lhe seja dada interpretação
razoável, não se podendo olvidar de outros processos cuja urgência é indiscutível, a exemplo dos habeas corpus, alimentos e cautelares em geral”. “A mesma regra
vale para o Tribunal, dela decorrendo a necessidade de atualização dos regimentos, que não poderão olvidar a existência da preferência, a ser interpretada com a
mesma razoabilidade.”  (ZANINI, Carlos Klein. Capítulo V: da  falência.  In: SOUZA JUNIOR, Francisco Satiro de; PITOMBO, Antônio Sérgio A. de Moraes
(Coord.). Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e Falência. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 337­356)
[25] Idem, p. 339. Sobre perspectiva instrumentalista, ver: DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 14. ed. São Paulo: Malheiros, 2009.
Da mesma forma, ver: BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Direito e processo – Influência do direito material sobre o processo. 6. ed. São Paulo: Malheiros,
2011. De outro lado, vale referir, como contraponto: ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto. Do formalismo no processo civil. (que sustenta que o formalismo­
valorativo seria uma fase que já haveria superado a do instrumentalismo).
[26] Nesse sentido, um dos principais desafios do direito falimentar brasileiro, desde o Império, foi conseguir promulgar leis que traçassem diretrizes capazes de
exteriorizar um alto grau de certeza e previsibilidade aos agentes do mercado, mormente no que se refere à  insolvência da entidade empresarial  (cf. OCHOA,
Roberto Ozelame; WEINMANN, Amadeu de Almeida. Recuperação empresarial. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006. p. 129).
[27] Sobre os problemas que afetam o regime especial em questão, ver: SPINELLI, Luis Felipe; SCALZILLI, João Pedro; TELLECHEA, Rodrigo. Regime especial
da Lei nº 11.101/2005 para as microempresas e empresas de pequeno porte. Revista Síntese de Direito Empresarial, a. 4, n. 23, p. 94­121, nov./dez. 2011. 
[28] Cf. Parecer nº 534, de 2004, da Comissão de Assuntos Econômicos sobre o PLC 71, de 2003, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência de
devedores pessoas físicas e jurídicas que exerçam a atividade econômica regida pelas leis comerciais e dá outras providências, de relatoria do Senador Ramez
Tebet.
 
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