Buscar

REABILITAÇÃO - PENAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Direito Penal
Professor Hélbertt
REABILITAÇÃO
I- Conceito – é o benefício que tem por finalidade restituir o condenado à situação anterior à condenação, retirando as anotações de seu boletim de antecedentes. Para Mirabete, é a declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas as penas impostas ao sentenciado, que assegura o sigilo dos registros sobre o processo e atinge outros efeitos da condenação. É um direito do condenado, decorrente da presunção de aptidão social, erigida em seu favor, no momento em que o Estado, através do juiz, admite o seu contato com a sociedade.
II- Natureza jurídica – trata-se de causa suspensiva de alguns efeitos secundários da condenação e dos registros criminais. Não é causa extintiva da punibilidade e justamente por essa razão é que é possível a revogação da reabilitação com o restabelecimento dos efeitos penais da condenação que foram suspensos.
III- Cabimento – como a reabilitação suspende alguns efeitos secundários da condenação, só tem cabimento em existindo sentença condenatória, com trânsito em julgado, cuja pena tenha sido executada ou esteja extinta. Disso resulta que não é possível falar em reabilitação em processo do qual decorra sentença absolutória; nas hipóteses de prescrição da pretensão punitiva, uma vez que extinta a própria ação, não há que se falar em pena, quanto mais em efeitos penais da condenação. A reabilitação também não se presta ao cancelamento de anotações referentes a inquérito arquivado, pois para tanto é cabível medida de natureza administrativa. Contudo, cabe a reabilitação na hipótese de ter se operado a prescrição da pretensão executória.
IV- Pressupostos – são os seguintes:
1- Decurso de 2 anos da extinção da pena ou da audiência admonitória, no caso de “sursis” ou livramento condicional. 
OBS 1) Prescrição – observe-se que, no caso de extinção da pena pela ocorrência de sua prescrição, o prazo para requerimento de reabilitação há que ser contado do dia em que, efetivamente, ocorreu a prescrição da pena, e não do ato de sua formal declaração. 
OBS 2) Condenação à pena de multa – no caso de condenação à pena de multa, conta-se o prazo a partir do pagamento desta. 
OBS 3) Pluralidade de condenações – na hipótese de pluralidade de condenações, o pedido de reabilitação não pode ser feito com relação a uma só delas se ainda não foram cumpridas todas as penas. É da índole e da finalidade do instituto ser de efeitos totais, gerais, para total reintegração social do condenado.
2- Bom comportamento público e privado durante esses 2 anos.
3- Domicílio no país durante esses 2 anos.
4- Reparação do dano, salvo absoluta impossibilidade de fazê-lo ou renúncia comprovada da vítima – para o STJ, a insolvência deve ficar completamente provada para que o condenado se livre da exigência da reparação do dano, não bastando meras presunções de insolvência. Os pressupostos enumerados pela lei para a concessão de reabilitação são cumulativos, e nada autoriza que o preenchimento dos demais torne dispensável a reparação do dano. A lei exige que o dano seja ressarcido, que o condenado demonstre a impossibilidade de fazê-lo ou que exiba documento comprobatório de renúncia da vítima ou novação da dívida. Finalmente, cumpre mencionar que não é dado ao requerente da reabilitação invocar a inércia da família da vítima como causa da impossibilidade da reparação do dano, pois pode valer-se de procedimento legal para liberar-se da obrigação. 
OBS 1) Prescrição da dívida no âmbito cível – se já se operou a prescrição da dívida no âmbito cível, dispensa-se o requisito da reparação do dano. 
OBS2) Condenação na ação penal e improcedência da ação civil “ex delicto” movida pela vítima – na hipótese de ser o agente condenado em ação penal e absolvido no cível pelo mesmo fato, de forma a excluí-lo da obrigação de reparar o dano, tal decisão não influi no juízo penal, de modo que a reabilitação só poderá ser concedida se o dano for reparado, pouco importando a existência de sentença civil que decida de forma contrária. Independência das instâncias civil e penal, com prevalência da penal quando se decide sobre a prova do fato e da autoria. 
OBS3) Inexistência de dano – é óbvio que se dispensa o requisito da reparação do dano se não ocorreu dano algum, como, por exemplo, no delito de furto tentado, nos crimes de perigo, no crime de lesão corporal de natureza leve, tráfico de drogas, embriagues ao volante etc.
V- Conseqüências – são elas:
1- Sigilo sobre o processo e a condenação – é assegurado o sigilo dos registros criminais do reabilitado, que não serão mais objeto de folhas de antecedentes ou certidões dos cartórios. Tal providência é inútil, já que o artigo 202 da Lei de Execuções Penais assegura esse sigilo a partir da extinção da pena, nos seguintes termos: Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei. Ressalte-se que o sigilo não é absoluto, pois as condenações anteriores deverão ser mencionadas quando requisitadas as informações pelo juiz criminal, nos termos do artigo 748 do Código de Processo Penal: A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo quando requisitadas por juiz criminal.
2- Suspensão dos efeitos extrapenais específicos – são efeitos extrapenais específicos aqueles constantes do artigo 92 e incisos do Código Penal, ou seja, a suspensão ou a a perda do cargo ou função pública, a incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela e a inabilitação para dirigir veículo. A lei, contudo, veda a recondução ao cargo e a recuperação do poder familiar, ficando a consequência da reabilitação limitada à volta da habilitação para dirigir veículo. Assim, com relação à perda do cargo ou função pública, não poderá ser reconduzido ao cargo que ocupava, mas apenas se candidatar a outro cargo ou função. Também para a incapacidade de exercício do poder familiar, tutela e curatela poderá o reabilitado exercê-los em relação a outros filhos, tutelados ou curatelados, mas não com referência àquele contra quem foi o crime cometido.
VI-Revogação da reabilitação – caso seja concedida a reabilitação, esta poderá ser revogada de ofício ou a requerimento do Ministério Público. A revogação se dará se sobrevier condenação que torne o reabilitado reincidente, a não ser que essa condenação imponha apenas pena de multa. Assim, para a revogação, é indispensável que tenha sido aplicada na sentença, pena que não seja de multa, no caso, privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Ou seja, imagine que Horácio tenha sido condenada por um crime a dois anos de reclusão. Após cumprir a pena, Horácio preenche todos os requisitos estabelecidos pelo Código Penal e lhe é concedida a reabilitação. Contudo, após ter sido concedida a reabilitação, Horácio é condenado novamente, por outro crime, a pena privativa de liberdade. Nesse caso a reabilitação é cancelada. Contudo, na prática, a reabilitação somente terá eficácia para que ele não possa continuar a dirigir veículo automotor, pois em relação à pena já cumprida, conforme dito acima, nos termos do artigo 202 da Lei de Execução Penal, não poderá mais constar de seus antecedentes. 
VII-Competência para a concessão da reabilitação – a competência é do juiz da condenação, uma vez que a reabilitação só se concede após o término da execução da pena, conforme o artigo 743 do Código de Processo Penal. A reabilitação será requerida ao juiz da condenação (...). Se a condenação tiver sido proferida por tribunal, ainda assim a competência será do juízo de primeira instância.
VIII-Recurso – o recurso cabível da decisão denegatória da reabilitação é o recurso de apelação, conforme o art. 593, II, CPP:Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (...) II – das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos caso não previstos no Capítulo anterior (o capítulo anterior a que o CPP se refere trata do Recurso em Sentido Estrito – RESE). 
OBS: Recurso de ofício – há discussão acerca da subsistência ou não do recurso de ofício (artigo 746 do Código de Processo Penal) em face da LEP, que em nenhum dispositivo trata de semelhante recurso. Para uma parte da jurisprudência, só cabe apelação. Para outra corrente, hoje majoritária, da decisão que concede reabilitação cabe também recurso de ofício, nos termos do artigo 746 do Código de Processo Penal. Segundo esse posicionamento, o artigo 746 do Código de Processo Penal não se acha revogado pela LEP, uma vez que a reabilitação não é considerada mero incidente de execução da pena, não se inserindo essa questão na competência do juízo da execução.
IX- Morte do reabilitando – extingue o processo por falta de interesse jurídico no procedimento.
X- Reincidência – não é apagada pela reabilitação, pois só desaparece após o decurso de mais de 5 anos entre a extinção da pena e a prática do novo crime, instituto denominado prescrição da reincidência.
XI- Reabilitação negada e novo pedido – negada a reabilitação, poderá ser requerida novamente a qualquer tempo, desde que com novos elementos comprovando que o réu faz jus à reabilitação (artigo 94, § único do Código Penal).

Continue navegando