Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ORGANIZAÇÃO DO CORPO HUMANO Você está começando uma fascinante exploração do corpo humano, em que aprenderá como ele está organizado e como funciona. Inicialmente, você será introduzido às disciplinas científicas de anatomia e fisiologia. Serão considerados os níveis de organização que caracterizam os seres vivos e as propriedades que todos compartilham. A seguir, examinaremos como o corpo está constantemente regulando seu ambiente interno. Esse processo incessante, denominado homeostasia , é um tema importante em todos os capítulos deste livro. Estudaremos, também, como os vários sistemas individuais que compõem o corpo humano cooperam entre si para manter a saúde como um todo. Finalmente, estabeleceremos um vocabulário básico que nos permita falar sobre o corpo da maneira como é compreendido pelos cientistas e pelos profissionais da saúde. C A P Í T U L O 1 1.1 Definição de anatomia e fisiologia O B J E T I V O • Definir anatomia e fisiologia. As ciências da anatomia e da fisiologia são o fundamento para a compreensão das estruturas e das funções do cor- po humano. Anatomia é a ciência da estrutura e de suas relações. Fisiologia é a ciência das funções do corpo, isto é, como as partes do corpo atuam. Como a função nunca está completamente separada da estrutura, entendemos melhor o corpo humano estudando a anatomia e a fisiolo- gia em conjunto. Veremos como cada estrutura do corpo está projetada para cumprir uma função específica e como a estrutura de uma parte determina, com frequência, as funções que consegue desempenhar. Os ossos do crânio, por exemplo, são fortemente unidos para formar um invó- lucro rígido que protege o encéfalo. Os ossos dos dedos, em contraste, são mais livremente unidos, para permitir o desempenho de uma variedade de movimentos, como virar as páginas deste livro. T E S T E S U A C O M P R E E N S Ã O 1. Qual é a diferença básica entre anatomia e fisiologia? 2. Exemplifique como a estrutura de uma parte do corpo está relacionada com sua função. 1.2 Níveis de organização e sistemas do corpo O B J E T I V O S • Descrever a organização estrutural do corpo humano. • Delinear os sistemas do corpo e explicar como se relacionam entre si. As estruturas do corpo humano estão organizadas em vá- rios níveis, do mesmo modo como estão organizadas as letras do alfabeto, as palavras, as frases, os parágrafos e assim por diante. Estão listados aqui, em ordem cres- cente, os seis níveis de organização do corpo humano: químico, celular, tecidual, de órgãos, de sistemas e de organismo (Fig. 1.1). 1 O nível químico inclui átomos, as menores unida- des da matéria que participam das reações químicas, e moléculas, constituídas por dois ou mais átomos unidos. Os átomos e as moléculas podem ser com- parados às letras do alfabeto. Determinados átomos, como carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O), nitrogênio (N), fósforo (P) e outros, são essenciais para a manutenção da vida. Os exemplos conhecidos de moléculas encontradas no corpo são o DNA (áci- do desoxirribonucleico), material genético transmi- tido de uma geração para outra; hemoglobina, que transporta o oxigênio no sangue; glicose, comumen- te conhecida como açúcar do sangue; e vitaminas, necessárias para uma variedade de processos quími- interrompe a homeostasia por meio do aumento ou da diminuição de uma que é acompanhada pelos que enviam impulsos nervosos ou sinais químicos para um que recebe o influxo e fornece impulsos nervosos ou sinais químicos para que provocam uma mudança ou Retorno à homeostasia quando a resposta leva a condição controlada de volta ao normal ESTÍMULO CONDIÇÃO CONTROLADA RESPOSTA que altera a condição controlada RECEPTORES CENTRO DE CONTROLE EFETORES _Livro_Tortora_CH.indb 1_Livro_Tortora_CH.indb 1 15/09/16 11:2815/09/16 11:28 2 Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia cos. Os Capítulos 2 e 20 dão ênfase ao nível químico de organização. 2 As moléculas se combinam para formar as estrutu- ras do nível seguinte de organização – o nível celu- lar. Células são as unidades estruturais e funcionais básicas de um organismo. Assim como as palavras são os menores elementos da linguagem, as células são as menores unidades vivas no corpo humano. Entre os numerosos tipos de células no corpo estão células musculares, nervosas e sanguíneas. A Fi- gura 1.1 mostra uma célula muscular lisa, um dos três tipos diferentes de células musculares no corpo. Como será visto no Capítulo 3, as células contêm estruturas especializadas, denominadas organelas, como o núcleo, as mitocôndrias e os lisossomos, que desempenham funções específicas. 3 O nível tecidual é o nível seguinte de organização estrutural. Tecidos são grupos de células e materiais adjacentes que trabalham juntos para desempenhar uma função específica. As células se unem para for- 6 3 4 5 1 NÍVEL QUÍMICO Átomos (C, H, O, N, P) 2 NÍVEL CELULAR Molécula (DNA) Célula muscular lisa Tecido muscular liso NÍVEL DE ORGANISMO NÍVEL DE SISTEMAS Boca Fígado Vesícula biliar Intestino grosso Esôfago Intestino delgado Pâncreas (atrás do estômago) Estômago Sistema digestório Estômago Tecido epitelial Tecidos conectivo e epitelial NÍVEL DE ÓRGÃOS NÍVEL TECIDUAL Camadas de tecido muscular liso Faringe Glândula salivar Qual nível de organização estrutural geralmente tem uma forma reconhecível e é composto por dois ou mais tipos de tecidos diferentes que têm uma função específica? Figura 1.1 Níveis de organização estrutural no corpo humano. Os níveis de organização estrutural são químico, celular, tecidual, de órgãos, de sistemas e de organismo. _Livro_Tortora_CH.indb 2_Livro_Tortora_CH.indb 2 15/09/16 11:2815/09/16 11:28 Capítulo 1 • Organização do corpo humano 3 mar os tecidos, do mesmo modo que as palavras são colocadas juntas para formar as frases. Os quatro ti- pos básicos de tecidos em seu corpo são tecido epite- lial, tecido conectivo, tecido muscular e tecido ner- voso. As semelhanças e diferenças entre os diferentes tipos de tecidos são o foco do Capítulo 4. Observe, na Figura 1.1, que o tecido muscular liso consiste em células musculares lisas fortemente compactadas. 4 No nível de órgãos, os diferentes tipos de tecidos se unem para formar as estruturas do corpo. Órgãos geralmente apresentam uma forma reconhecível, são compostos por dois ou mais tipos de tecidos diferen- tes e têm funções específicas. Os tecidos se unem para formar os órgãos, semelhante ao modo como as frases são agrupadas para formar os parágrafos. São exemplos de órgãos, o estômago, coração, fígado, pulmões e encéfalo. A Figura 1.1 mostra os diversos tecidos que constituem o estômago. A túnica serosa é uma camada em torno da face externa do estôma- go, protegendo e reduzindo o atrito quando se move e resvala contra outros órgãos. Abaixo da túnica se- rosa estão as camadas de tecido muscular liso, que se contraem para agitar e misturar o alimento, em- purrado para o próximo órgão digestório, o intestino delgado. O revestimento mais interno do estômago é uma camada de tecido epitelial, que produz fluido e substâncias químicas que auxiliam na digestão. 5 O próximo nível de organização estrutural no cor- po é o nível de sistemas. Um sistema consiste em órgãos relacionados que têm uma função comum. Os órgãos se unem para formar sistemas, seme- lhante ao modo como os parágrafos são agrupa- dos para formar capítulos. O exemplo mostrado na Figura 1.1 é o sistema digestório, que decompõe e absorve moléculas no alimento. Nos capítulos se- guintes, exploraremos a anatomia e a fisiologia de cada sistema do corpo. A Tabela 1.1apresenta os componentes e as funções desses sistemas. À medi- da que estudamos os sistemas do corpo, descobri- remos como funcionam em conjunto para manter a saúde, protegendo contra doenças e permitindo a reprodução da espécie. 6 O nível de organismo é o maior nível de organiza- ção. Todos os sistemas do corpo se combinam para constituir um organismo, isto é, um ser humano. Os sistemas se unem para formar um organismo do mesmo modo como os capítulos são unidos para for- mar um livro. T E S T E S U A C O M P R E E N S Ã O 3. Defina os seguintes termos: átomo, molécula, célula, tecido, órgão, sistema e organismo. 4. Recorrendo à Tabela 1.1, responda: quais sistemas do corpo ajudam a eliminar resíduos? TABELA 1.1 Componentes e funções dos 11 principais sistemas do corpo humano 1. TEGUMENTO COMUM (CAPÍTULO 5) 2. SISTEMA ESQUELÉTICO (CAPÍTULOS 6 E 7) Componentes: Pele e estruturas associadas, como pelos, unhas e glândulas sudoríferas e sebáceas Funções: Ajuda a regular a temperatura corporal; protege o corpo; elimina alguns resíduos; ajuda a produzir vitamina D; detecta sensações, como tato, pressão, dor, calor e frio Pelos Pele e glândulas associadas Unhas das mãos Unhas dos pés Componentes: Ossos e articulações do corpo e cartilagens associadas Funções: Sustenta e protege o corpo; fornece uma área específica para fixação muscular; auxilia nos movimentos corporais; armazena células que produzem as células sanguíneas e armazena minerais e lipídeos (gorduras) Osso Cartilagem Articulação (CONTINUA) _Livro_Tortora_CH.indb 3_Livro_Tortora_CH.indb 3 15/09/16 11:2815/09/16 11:28 4 Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia TABELA 1.1 (CONTINUAÇÃO) Componentes e funções dos 11 principais sistemas do corpo humano 3. SISTEMA MUSCULAR (CAPÍTULO 8) 4. SISTEMA NERVOSO (CAPÍTULOS 9 A 12) Componentes: Refere-se especificamente ao tecido muscular esquelético que, em geral está fixado a ossos (outros tecidos musculares incluem o liso e o cardíaco) Funções: Participa na produção de movimentos corporais como caminhar; mantém a postura; e produz calor Músculo esquelético Tendão Componentes: Encéfalo, medula espinal, nervos e órgãos dos sentidos especiais, como os olhos e as orelhas Funções: Regula as atividades corporais por meio de impulsos nervosos, detectando mudanças no meio ambiente, interpretando e respondendo, mediante contrações musculares ou secreções glandulares Nervo Medula espinal Encéfalo 5. SISTEMA ENDÓCRINO (CAPÍTULO 13) 6. SISTEMA CIRCULATÓRIO (CAPÍTULOS 14 A 16) Componentes: Todas as glândulas e tecidos que produzem substâncias químicas reguladoras das funções do corpo, denominadas hormônios Funções: Regula as atividades do corpo, por meio de hormônios transportados pelo sangue até os diversos órgãos-alvo Componentes: Sangue, coração e vasos sanguíneos Funções: O coração bombeia sangue por meio dos vasos sanguíneos; o sangue conduz oxigênio e nutrientes para as células e retira dióxido de carbono e resíduos das células, e ajuda a regular acidez, temperatura e conteúdo hídrico dos fluidos corporais; os componentes do sangue auxiliam na defesa contra doenças e no reparo de vasos sanguíneos danificados Ovário (mulher) Pâncreas Glândula tireoide Testículo (homem) Glândula suprarrenal Glândula pineal Hipófise Hipotálamo Glândula tireoide Vista anterior Glândulas paratireoides Vasos sanguíneos: Artéria Veia Coração (CONTINUA) _Livro_Tortora_CH.indb 4_Livro_Tortora_CH.indb 4 15/09/16 11:2815/09/16 11:28 Capítulo 1 • Organização do corpo humano 5 TABELA 1.1 (CONTINUAÇÃO) Componentes e funções dos 11 principais sistemas do corpo humano 7. SISTEMA LINFÁTICO E IMUNIDADE (CAPÍTULO 17) 8. SISTEMA RESPIRATÓRIO (CAPÍTULO 18) Componentes: Líquido linfático (linfa) e vasos linfáticos; baço, timo, linfonodos e tonsilas; células que executam as respostas imunes (células B, células T e outras) Funções: Retorna proteínas e líquido para o sangue; transporta lipídeos do trato gastrintestinal para o sangue; contém locais de maturação e proliferação de células B e células T, que protegem contra os micróbios patogênicos Componentes: Pulmões e vias respiratórias, como faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos nos pulmões Funções: Transfere o oxigênio do ar inalado para o sangue e o dióxido de carbono do sangue para o ar exalado; ajuda a regular a acidez dos líquidos corporais; a temperatura corporal, o ar fluindo para fora dos pulmões, passando pelas pregas vocais, produz sons Tonsila faríngea Tonsila palatina Tonsila lingual Vasos linfáticos LinfonodoMedula óssea vermelha Baço Timo Ducto torácico Pulmão Brônquio Cavidade nasal Cavidade oral Laringe FaringeLaringe Faringe Traqueia 9. SISTEMA DIGESTÓRIO (CAPÍTULO 19) 10. SISTEMA URINÁRIO (CAPÍTULO 21) Componentes: Órgãos do trato gastrintestinal, incluindo a boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos delgado e grosso, reto e ânus; inclui também os órgãos digestórios acessórios que auxiliam nos processos digestivos, como glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas Funções: Realiza a decomposição física e química dos alimentos; absorve os nutrientes; elimina os resíduos sólidos Componentes: Rins, ureteres, bexiga urinária e uretra Funções: Produz, armazena e elimina a urina; elimina resíduos e regula o volume e a composição química do sangue; ajuda a regular o equilíbrio acidobásico dos líquidos corporais; mantém o equilíbrio mineral do corpo; ajuda a regular a produção de eritrócitos Pâncreas (atrás do estômago) Estômago Fígado Esôfago Glândula salivar Boca Ânus Vesícula biliar Intestino grosso Faringe Reto Intestino delgado Rim Ureter Uretra Bexiga urinária (CONTINUA) _Livro_Tortora_CH.indb 5_Livro_Tortora_CH.indb 5 15/09/16 11:2815/09/16 11:28 6 Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia 1.3 Processos vitais O B J E T I V O • Definir os processos vitais dos seres humanos. Todos os organismos vivos têm determinadas característi- cas que os distinguem das coisas não vivas. A seguir, são descritos seis processos vitais dos seres humanos: 1. Metabolismo é a soma de todos os processos quími- cos que ocorrem no corpo e inclui a decomposição de moléculas maiores e complexas em moléculas menores e mais simples, e a formação de molécu- las complexas a partir de moléculas menores e mais simples. 2. Reatividade é a capacidade do corpo de detectar e responder às alterações no ambiente. As células ner- vosas respondem a variações no ambiente, por meio da geração de sinais elétricos, conhecidos como im- pulsos nervosos. As células musculares respondem aos impulsos nervosos por meio da contração, que gera força para mover partes do corpo. 3. Movimento inclui o deslocamento de todo o corpo, de órgãos individuais, de células simples, ou ainda, de pequenas organelas dentro das células. 4. Crescimento é um aumento no tamanho do corpo. Pode ser decorrente de um aumento (1) no tamanho das células existentes, (2) no número de células ou (3) na quantidade de material intercelular. 5. Diferenciação é o processo pelo qual células não especializadas se tornam especializadas. As células especializadas diferem em estrutura e função das não especializadas que as originaram. Por exemplo, uma simples célula-ovo fertilizada sofre tremenda diferenciação para se desenvolver em um indivíduo único, que é semelhante aos pais, ainda que diferen- te deles. 6. Reprodução se refere (1) à formação de novas cé- lulas para crescimento, reparação ou substituição, e (2) à produção de um novo indivíduo. Embora nem todos essesprocessos ocorram nas cé- lulas por todo o corpo durante o tempo todo, quando ces- sam de ocorrer adequadamente pode haver morte celular. Quando a morte celular é substancial e leva à falência do órgão, o resultado é a morte do organismo. Uma autópsia é um exame póstumo do corpo e a disse- cação dos órgãos internos para confirmar ou determinar a causa da morte. Uma autópsia consegue descobrir a exis- tência de doenças não detectadas durante a vida, determinar a extensão de lesões e explicar como essas lesões podem ter con- tribuído para a morte da pessoa. Além disso, pode fornecer mais informação sobre a doença, auxiliar no acúmulo de dados esta- tísticos e ensinar os estudantes da área da saúde. Uma autópsia também revela condições capazes de afetar a descendência ou os irmãos (como os defeitos cardíacos congênitos). Algumas ve- zes uma autópsia é exigida legalmente, como durante uma inves- tigação criminal. Além disso, também pode ser útil na resolução de disputas entre beneficiários e companhias seguradoras com relação à causa da morte. • CORRELAÇÕES CLÍNICAS | Autópsia TABELA 1.1 (CONTINUAÇÃO) Componentes e funções dos 11 principais sistemas do corpo humano 11. SISTEMAS GENITAIS (CAPÍTULO 23) Componentes: Gônadas (testículos nos homens e ovários nas mulheres) e órgãos associados: tubas uterinas, útero e vagina nas mulheres, e epidídimo, ducto deferente e pênis nos homens Funções: As gônadas produzem gametas (espermatozoides ou ovócitos), que se unem para formar um novo organismo, e liberam hormônios que regulam a reprodução e outros processos corporais; os órgãos associados transportam e armazenam os gametas, glândulas mamárias produzem leite Ovário Ovário Vagina Glândula mamária Tuba uterina Tuba uterina Útero Útero Vagina Próstata Ducto deferente Glândula seminal Epidídimo Pênis Próstata Glândula seminal Ducto deferente Testículo Pênis Testículo _Livro_Tortora_CH.indb 6_Livro_Tortora_CH.indb 6 15/09/16 11:2815/09/16 11:28 Capítulo 1 • Organização do corpo humano 7 T E S T E S U A C O M P R E E N S Ã O 5. Quais são os diferentes significados para crescimento? 1.4 Homeostasia: manutenção dos limites O B J E T I V O S • Definir homeostasia e explicar sua importância. • Descrever os componentes de um sistema de retroalimentação. • Comparar o funcionamento dos sistemas de retroalimentação negativa e positiva. • Distinguir entre os sintomas e os sinais de uma doença. Os trilhões de células do corpo humano necessitam de condições relativamente estáveis para funcionar de modo eficiente e contribuir para a sobrevivência do corpo como um todo. A manutenção de condições relativamente está- veis é chamada homeostasia. A homeostasia garante que o ambiente interno do corpo permaneça constante, apesar de mudanças dentro e fora do corpo. Uma grande parte do meio interno consiste no fluido circundante das células do corpo, chamado de líquido intersticial. Cada sistema corporal, de algum modo, contribui para a homeostasia. Por exemplo, no sistema circulatório, a contração e o relaxamento alternados do coração impul- sionam o sangue para todos os vasos sanguíneos do cor- po. À medida que o sangue flui pelos vasos sanguíneos minúsculos, nutrientes e oxigênio penetram nas células, a partir do sangue, e resíduos passam das células para o sangue. A homeostasia é dinâmica, isto é, se altera dentro de uma faixa limitada compatível com a manutenção dos processos celulares vitais. Por exemplo, o nível de glicose no sangue é mantido dentro de uma faixa restrita. Normal- mente não cai muito entre as refeições nem sobe muito, mesmo após a ingestão de uma refeição com alto teor de glicose. O encéfalo necessita de um suprimento regular de glicose para permanecer funcionando – um nível sanguí- neo baixo de glicose pode levar à inconsciência ou mesmo à morte. Em contraste, um nível sanguíneo elevado e pro- longado de glicose danifica os vasos sanguíneos e provoca perda excessiva de água na urina. Controle da homeostasia: sistemas de retroalimentação Felizmente, cada estrutura corporal, das células aos siste- mas, tem um ou mais dispositivos homeostáticos que tra- balham para manter o ambiente interno dentro dos limites normais. Os mecanismos homeostáticos do corpo estão, principalmente, sob o controle de dois sistemas, o sistema nervoso e o sistema endócrino. O sistema nervoso detecta as alterações do estado de equilíbrio e envia mensagens, na forma de impulsos nervosos, para os órgãos que neu- tralizam essas alterações. Por exemplo, quando a tem- peratura corporal se eleva, os impulsos nervosos fazem as glândulas sudoríferas liberarem mais suor, que esfria o corpo à medida que evapora. As glândulas endócrinas corrigem as alterações por meio da secreção de molé- culas, chamadas de hormônios, no sangue. Hormônios afetam células específicas do corpo, nas quais provocam respostas que restauram a homeostasia. Por exemplo, o hormônio insulina reduz o nível sanguíneo de glicose quando está muito alto. Os impulsos nervosos normal- mente provocam correções rápidas, hormônios geralmen- te trabalham de forma mais lenta. A homeostasia é mantida por meio de muitos siste- mas de retroalimentação. Um sistema de retroalimenta- ção ou alça de retroalimentação é um ciclo de eventos no qual uma condição no corpo é continuamente monitorada, avaliada, modificada, monitorada novamente, reavaliada e assim por diante. Cada condição monitorada, como a tem- peratura corporal, pressão sanguínea ou nível sanguíneo de glicose, é denominada condição controlada. Qualquer ruptura que provoque uma mudança em uma condição controlada é chamada de estímulo. Alguns estímulos pro- vém do ambiente externo, como calor intenso e oferta de oxigênio. Outros se originam no ambiente interno, como um nível sanguíneo de glicose que esteja muito baixo. Os desequilíbrios homeostáticos podem também ocorrer em razão de estresses psicológicos em nosso ambiente social – as exigências do trabalho ou da escola, por exemplo. Na maioria dos casos, a ruptura da homeostasia é leve e temporária, e as respostas das células do corpo restauram rapidamente o equilíbrio no ambiente interno. Em alguns casos, no entanto, a ruptura da homeostasia pode ser in- tensa e prolongada, como no envenenamento, superexpo- sição a temperaturas extremas, infecção grave ou morte de um ente querido. Três componentes básicos constituem um sistema de retroalimentação: um receptor, um centro de controle e um efetor (Fig. 1.2). 1. Um receptor é uma estrutura do corpo que monitora as alterações em uma condição controlada e envia a in- formação (impulsos nervosos ou sinais químicos) para um centro de controle. As terminações nervosas na pele que percebem a temperatura constituem um em centenas de tipos diferentes de receptores no corpo. 2. Um centro de controle no corpo, por exemplo, o encéfalo, estabelece uma faixa de valores dentro da qual uma condição controlada deve ser mantida, avalia a informação que recebe dos receptores e gera impulsos nervosos ou sinais químicos, retransmiti- dos do centro de controle para um efetor. _Livro_Tortora_CH.indb 7_Livro_Tortora_CH.indb 7 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 8 Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia 3. Um efetor é uma estrutura do corpo que recebe im- pulsos do centro de controle e produz uma resposta que altera a condição controlada. Quase todo órgão ou tecido no corpo se comporta como um efetor. Por exemplo, quando a temperatura corporal cai bruscamente, o encéfalo (centro de controle) envia impulsos nervosos para os músculos esqueléticos (efetores), que provocam tremores, gerando calor e elevando a temperatura. Sistemas de retroalimentação são classificados,tan- to como sistemas de retroalimentação negativa quanto sis- temas de retroalimentação positiva. Sistemas de retroalimentação negativa Um sistema de retroalimentação negativa reverte uma alteração em uma condição controlada. Consideremos um sistema de retroalimentação negativa que ajuda a regular a pressão sanguínea. A pressão sanguínea é a força exercida pelo sangue, contra as paredes dos vasos sanguíneos. Quando o coração bate mais rápido ou mais forte, a pressão sanguínea aumenta. Se um estímulo pro- voca o aumento da pressão sanguínea (condição contro- lada), a seguinte sequência de eventos ocorre (Fig. 1.3): a pressão mais elevada é detectada por barorreceptores, células nervosas sensíveis à pressão localizadas na pare- de de determinados vasos sanguíneos (os receptores); os barorreceptores enviam impulsos nervosos para o encé- falo (centro de controle), que interpreta as informações e responde enviando impulsos nervosos para o coração (o efetor); a frequência cardíaca diminui, o que provoca a redução (resposta) da pressão sanguínea . Essa sequên- cia de eventos retorna a condição controlada – pressão sanguínea – ao normal, e a homeostasia é restaurada. Esse é um sistema de retroalimentação negativa, porque a atividade do efetor produz um resultado, uma queda na pressão sanguínea , que reverte o efeito do estímulo. Sistemas de retroalimentação negativa tendem a regular as condições no corpo que são mantidas razoavelmente estáveis durante longos períodos de tempo, como a pressão sanguínea , nível sanguíneo de glicose e tempe- ratura corporal. Sistemas de retroalimentação positiva Ao contrário de um sistema de retroalimentação negativa, um sistema de retroalimentação positiva tende a inten- sificar e reforçar uma alteração em uma das condições controladas do corpo. O centro de controle envia coman- dos para um efetor, mas desta vez, o efetor produz uma resposta fisiológica que aumenta ou reforça a alteração inicial na condição controlada. A ação de um sistema de retroalimentação positiva continua até que seja interrom- pida por algum mecanismo. O parto normal proporciona um bom exemplo de um sistema de retroalimentação positiva (Fig. 1.4). As primei- ras contrações do trabalho de parto (estímulo) empurram parte do feto para o colo do útero, a parte mais inferior do útero, que se abre na vagina. Células nervosas sensíveis ao estiramento (receptores) monitoram a quantidade de esti- ramento do colo do útero (condição controlada). À medida que o estiramento aumenta, as células enviam mais impul- sos nervosos para o encéfalo (centro de controle), que, por sua vez, libera o hormônio ocitocina no sangue. A ocitoci- na provoca uma contração ainda mais forte dos músculos na parede do útero (efetor). As contrações empurram o feto mais para baixo no útero, o que distende ainda mais o colo interrompe a homeostasia pelo aumento ou diminuição da que é monitorada pelos que enviam impulsos nervosos ou sinais químicos para um que recebe a informação e fornece impulsos nervosos ou sinais químicos para os que provocam uma mudança ou Retorno à homeostasia quando a resposta restaura ao normal a condição controlada ESTÍMULO CONDIÇÃO CONTROLADA RESPOSTA que altera a condição controlada RECEPTORES CENTRO DE CONTROLE EFETORES Qual é a diferença básica entre os sistemas de retroalimentação negativa e positiva? Figura 1.2 Componentes de um sistema de retroali- mentação. Os três elementos básicos de um sistema de retroalimentação são o receptor, o centro de controle e o efetor. _Livro_Tortora_CH.indb 8_Livro_Tortora_CH.indb 8 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 Capítulo 1 • Organização do corpo humano 9 ESTÍMULO CONDIÇÃO CONTROLADA Pressão sanguínea RESPOSTA Uma diminuição na frequência cardíaca e a dilatação (ampliação) dos vasos sanguíneos provoca a diminuição da pressão sanguínea RECEPTORES Barorreceptores em determinados vasos sanguíneos CENTRO DE CONTROLE Encéfalo EFETORES Coração Vasos sanguíneos interrompe a homeostasia pelo aumento da Retorno à homeostasia quando a resposta restaura ao normal a condição controlada – impulsos nervosos impulsos nervosos O que aconteceria à frequência cardíaca, se algum estímulo provocasse a diminuição da pressão sanguínea? Isso ocorreria por retroalimentação positiva ou negativa? Figura 1.3 Homeostasia da pressão sanguínea por meio de um sistema de retroalimentação negativa. A seta tracejada do retorno com um sinal negativo dentro de um círculo, simboliza a retroalimentação negativa. Perceba que a resposta é alimentada de volta para o sistema e este continua a reduzir a pressão sanguínea até haver um retorno à pressão sanguínea normal (homeostasia). Se a resposta reverte uma alteração em uma condição controlada, o sistema está operando por retroalimentação negativa. + Interrupção do ciclo: O nascimento do bebê diminui a distensão do colo do útero, interrompendo, assim, o ciclo de retroalimentação positiva Células nervosas sensíveis ao estiramento no colo do útero Músculos na parede do útero aumentando a distensão do colo do útero RECEPTORES CENTRO DE CONTROLE EFETORES Encéfalo contraem-se mais vigorosamente O corpo do bebê distende o colo do útero ainda mais A maior distensão do colo do útero provoca a liberação de mais ocitocina, resultando em mais distensão do colo do útero impulsos nervosos o encéfalo interpreta a informação e libera ocitocina CONDIÇÃO CONTROLADA RESPOSTA Contrações da parede do útero forçam a cabeça ou o corpo do bebê dentro do colo do útero Por que os sistemas de retroalimentação positiva, que fazem parte de uma resposta fisiológica normal, incluem alguns mecanismos que encerram o sistema? Figura 1.4 Controle da retroalimentação positiva nas contrações do trabalho de parto, durante o nascimento de um bebê. A seta de retorno tracejada, com um sinal positivo dentro de um círculo, simboliza a retroalimentação positiva. Se a resposta reforça ou intensifica o estímulo, o sistema está operando por retroalimentação positiva. _Livro_Tortora_CH.indb 9_Livro_Tortora_CH.indb 9 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 10 Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia do útero. O ciclo de estiramento, liberação de hormônio e contrações cada vez mais intensas é interrompido apenas pelo nascimento do bebê. Em seguida, o estiramento do colo do útero cessa e a liberação de ocitocina é deprimida. Homeostasia e doença Enquanto todas as condições controladas do corpo perma- necem dentro de determinados limites restritos, as células do corpo funcionam eficientemente, a homeostasia é manti- da e o corpo permanece saudável. Contudo, se um ou mais componentes do corpo perdem sua capacidade de contribuir para a homeostasia, o equilíbrio normal entre todos os pro- cessos do corpo poderá ser perturbado. Se o desequilíbrio homeostático for moderado, poderá ocorrer um distúrbio ou uma doença; se for grave, poderá resultar em morte. Um distúrbio é qualquer anormalidade de estrutura e/ou função. Doença é um termo mais específico para uma enfermidade caracterizada por um conjunto reconhecível de sintomas e sinais. Sintomas são alterações subjetivas nas funções corporais, que não são aparentes para um obser- vador, como, por exemplo, cefaleia ou náusea. Sinais são alterações objetivas que um clínico observa e avalia, como sangramento, inchaço, vômito, diarreia, febre, erupção ou paralisia. As doenças específicas alteram a estrutura e a fun- ção do corpo de formas características, geralmente produ- zindo um conjunto de sintomas e sinais reconhecíveis. Diagnóstico é a identificação de uma doença ou distúrbio, com base na avaliaçãocientífica dos sinais e sintomas do paciente, história médica, exame físico e algumas vezes, em dados de exames laboratoriais. A anamnese consiste na cole- ta de informações sobre eventos que podem estar relacionados à enfermidade do paciente, incluindo a queixa principal, história da doença atual, problemas clínicos passados, problemas clínicos fa- miliares e história social. O exame físico é uma avaliação ordenada do corpo e de suas funções. Esse processo inclui inspeção (obser- vação do corpo em busca de quaisquer alterações que fogem do normal), palpação (perceber as superfícies do corpo com as mãos), ausculta (escutar os sons do corpo, frequentemente usando um estetoscópio), percussão (bater na superfície do corpo e escutar o eco resultante) e mensuração dos sinais vitais (temperatura, pulso, frequência respiratória e pressão sanguínea). Alguns exames la- boratoriais comuns incluem análises do sangue e da urina. • CORRELAÇÕES CLÍNICAS | Diagnóstico T E S T E S U A C O M P R E E N S Ã O 6. Quais são os tipos de distúrbios capazes de atuar como estímulos que iniciam um sistema de retroalimentação? 7. Como os sistemas de retroalimentação negativa e positiva se assemelham? Como diferem? 8. Diferencie e dê exemplos de sinais e sintomas de uma doença. 1.5 Envelhecimento e homeostasia O B J E T I V O • Descrever algumas mudanças anatômicas e fisiológicas que ocorrem com o envelhecimento. Como você verá mais tarde, envelhecimento é um pro- cesso normal, caracterizado por um declínio progressivo na capacidade do corpo de restaurar a homeostasia. O envelhecimento produz alterações observáveis na estru- tura e na função e aumenta a vulnerabilidade ao estresse e à doença. As mudanças associadas ao envelhecimento são evidentes em todos os sistemas do corpo. Exemplos incluem pele enrugada, cabelo grisalho, perda de massa óssea, redução da força e da massa muscular, reflexos lentos, redução na produção de alguns hormônios, au- mento da incidência de doenças cardíacas, aumento da suscetibilidade às infecções e ao câncer, diminuição da capacidade pulmonar, funcionamento menos eficiente do sistema digestório, diminuição da função renal, meno- pausa e aumento da próstata. Estes e outros efeitos do envelhecimento serão estudados com detalhes em capí- tulos posteriores. T E S T E S U A C O M P R E E N S Ã O 9. Cite alguns sinais do envelhecimento. 1.6 Termos anatômicos O B J E T I V O S • Descrever a posição anatômica. • Identificar as principais regiões do corpo e relacionar nomes comuns de várias partes do corpo aos termos anatômicos correspondentes. • Definir os termos direcionais e os planos e cortes anatômicos utilizados para localizar as partes do corpo humano. A linguagem da anatomia e da fisiologia é muito precisa. Quando se descreve onde o carpo (pulso) está localizado, é correto dizer “o carpo (pulso) está acima dos dedos”? Esta descrição é verdadeira se os braços estiverem nas laterais do corpo. Mas, se mantivéssemos as mãos aci- ma da cabeça, os dedos estariam acima do carpo (pulso). Para evitar esse tipo de confusão, os cientistas e os pro- fissionais da saúde se referem a uma posição anatômica _Livro_Tortora_CH.indb 10_Livro_Tortora_CH.indb 10 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 Capítulo 1 • Organização do corpo humano 11 padrão e usam um vocabulário especial para correlacio- nar as partes do corpo. No estudo da anatomia, as descrições de qualquer parte do corpo humano assumem que o corpo está em uma postura específica, chamada de posição anatômica. Na posição anatômica, a pessoa está de pé, ereto, de fren- te para o observador, com a cabeça nivelada e os olhos voltados para a frente. Os membros inferiores estão para- lelos e os pés apoiados no chão e direcionados para frente e os membros superiores estão ao lado do corpo, com as palmas voltadas para frente (Fig. 1.5). Na posição ana- tômica, o corpo está na vertical. Dois termos descrevem um corpo reclinado. Se o corpo está deitado com a face para baixo, está na posição prona (decúbito ventral). Se o corpo está deitado com a face para cima, está na posição supina (decúbito dorsal). (a) Vista anterior (b) Vista posterior Tórax (torácico) T R O N C O Pelve (pélvico) Abdome (abdominal) PESCOÇO (CERVICAL) Braço (braquial) Axila (axilar) Parte anterior do cotovelo (cubital anterior) Pulso (carpal) Antebraço (antebraquial) Face anterior do joelho (patelar) Pé (podal) Dedos do pé (digital ou falângico) Tornozelo (tarsal) Perna (crural) Coxa (femoral) Palma da mão (palmar ou volar) Púbis (púbico) Parte superior do pé (dorso) Grande dedo do pé (hálux) Umbigo (umbilical) Quadril (coxal) Região inguinal Primeiro dedo da mão (polegar) Mama (mamário) Esterno (esternal) Queixo (mentual) Boca (oral) Nariz (nasal) Bochecha (bucal) Orelha (ótico) Olho (orbital ou ocular) Fronte (frontal) Têmpora (temporal) Mão (manual) Crânio (cranial) Face (facial) CABEÇA (CEFÁLICO) CABEÇA (CEFÁLICO) PESCOÇO (CERVICAL) Dedos da mão (digital ou falângico) Região posterior do cotovelo (cubital posterior) Entre os ossos do quadril (sacral) Concavidade posterior do joelho (poplíteo) Nádegas (glútea) Região do ânus e dos genitais externos (perineal) Sola (plantar) Sura (sural) Base do crânio (occipital) Coluna vertebral Escápula (escapular) Dorso da mão (dorsal) MEMBRO SUPERIOR Dorso (dorsal) Lombo (lombar) Calcâneo (calcânea) MEMBRO INFERIOR Onde está localizada uma verruga plantar? Figura 1.5 A posição anatômica. Os nomes comuns e os termos anatômicos correspondentes (entre parênteses) indicam regiões específicas do corpo. Por exemplo, a cabeça é a região cefálica. Na posição anatômica, o indivíduo está de pé, ereto, de frente para o observador, com a cabeça nivelada e os olhos voltados para frente. Os pés estão apoiados no solo e dirigidos para a frente e os braços estão ao lado do corpo com as palmas das mãos voltadas para frente. _Livro_Tortora_CH.indb 11_Livro_Tortora_CH.indb 11 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 12 Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia Denominações das regiões do corpo O corpo humano é dividido em várias regiões principais, identificadas externamente. Essas regiões são a cabeça, pescoço, tronco, membros superiores e membros infe- riores (Fig. 1.5). A cabeça consiste no crânio e na face. O crânio é a parte da cabeça que envolve e protege o en- céfalo, e a face é a porção frontal da cabeça que inclui os olhos, nariz, boca, fronte, bochechas e mento (queixo). O pescoço sustenta a cabeça, unindo-a ao tronco. O tron- co consiste no tórax, abdome e pelve. Cada membro supe- rior está ligado ao tronco e consiste no ombro, axila, bra- ço (porção do membro, do ombro ao cotovelo), antebraço (porção do membro, do cotovelo ao carpo), carpo (pulso) e mão. Cada membro inferior está também ligado ao tron- co e consiste nas nádegas, coxa (porção do membro, do quadril ao joelho), perna (porção do membro, do joelho ao tarso [tornozelo]), tarso e pé. A região inguinal é a área na superfície frontal do corpo, marcada por uma depressão linear de cada lado, na qual o tronco se fixa às coxas. Na Figura 1.5, o nome anatômico correspondente a cada parte do corpo aparece entre parênteses, próximo ao nome comum. Por exemplo, se você receber uma injeção contra o tétano em sua nádega será uma injeção glútea. A nomenclatura anatômica de uma parte do corpo é ba- seada em uma palavra ou “raiz” grega ou latina para a mesma parte ou área. A palavra latina para axila é axilla, por exemplo; portanto, um dos nervos que atravessa a re- gião axilar é denominado nervo axilar. Você aprenderá maissobre as raízes dos termos anatômicos e fisiológicos à medida que ler este livro. Termos direcionais Para localizar as várias estruturas corporais, os anatomis- tas utilizam termos direcionais específicos, palavras que descrevem a posição de uma parte do corpo em relação à outra. Vários termos direcionais são agrupados em pares que têm significados opostos, por exemplo, anterior (fren- te) e posterior (dorso). Estude o Quadro 1.1 e a Figura 1.6 para determinar, entre outras coisas, se o estômago é superior aos pulmões. _Livro_Tortora_CH.indb 12_Livro_Tortora_CH.indb 12 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 Capítulo 1 • Organização do corpo humano 13 TERMO DIRECIONAL DEFINIÇÃO EXEMPLO DE USO Superior (cefálico ou cranial) Em direção à cabeça ou a parte mais alta de uma estrutura O coração é superior ao fígado Inferior (caudal) Distante da cabeça ou a parte mais baixa de uma estrutura O estômago é inferior aos pulmões Anterior (ventral) Mais próximo da frente do corpo, ou na frente do corpo O osso esterno é anterior ao coração Posterior (dorsal) Mais próximo do dorso do corpo, ou no dorso do corpo O esôfago é posterior à traqueia Medial Mais próximo da linha mediana, uma linha vertical imaginária que divide o corpo em lados iguais, direito e esquerdo A ulna é medial ao rádio Lateral Mais afastado da linha mediana ou do plano sagital mediano Os pulmões são laterais ao coração Intermediário Entre duas estruturas O colo transverso é intermediário aos colos ascendente e descendente Ipsilateral No mesmo lado do corpo que outra estrutura A vesícula biliar e o colo ascendente são ipsilaterais Contralateral No lado oposto do corpo de outra estrutura Os colos ascendente e descendente são contralaterais Proximal Mais próximo da fixação de um membro ao tronco; mais próximo do ponto de origem ou do início O úmero é proximal ao rádio Distal Mais afastado da fixação de um membro ao tronco; mais afastado do ponto de origem ou do início As falanges são distais aos ossos carpais Superficial (externo) Em direção à ou na superfície do corpo As costelas são superficiais aos pulmões Profundo (interno) Distante da superfície do corpo As costelas são profundas à pele do tórax e do dorso QUADRO 1.1 Termos direcionais (Fig. 1.6) O B J E T I V O • Definir cada termo direcional utilizado para descrever o corpo humano. A maioria dos termos direcionais utilizados para descre- ver o corpo humano é agrupada em pares que têm signi- ficados opostos. Por exemplo, superior indica em direção à parte de cima do corpo, e inferior significa em direção à parte de baixo do corpo. É importante compreender que os termos direcionais têm significados relativos; somente fazem sentido quando são usados para descrever a posição de uma estrutura em relação a alguma outra. Por exemplo, o joelho é superior ao tornozelo, embora ambos estejam localizados na metade inferior do corpo. Estude os termos direcionais e o exemplo de como cada um é utilizado. Conforme lê cada exemplo, recorra à Figura 1.6 para ver a localização das estruturas mencionadas. T E S T E S U A C O M P R E E N S Ã O Que termos direcionais são usados para especificar as relações entre (1) o cotovelo e o ombro, (2) os ombros esquerdo e direito, (3) o esterno e o úmero e (4) o coração e o diafragma? CONTINUA _Livro_Tortora_CH.indb 13_Livro_Tortora_CH.indb 13 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 14 Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia Pulmão direito Linha mediana PROXIMAL Esôfago Traqueia Costela Pulmão esquerdo Coração Estômago Colo transverso Intestino delgado Colo descendente Vista anterior do tronco e membro superior direito INFERIOR SUPERIOR LATERAL MEDIAL LATERAL Esterno Úmero Fígado Vesícula biliar Rádio Ulna Colo ascendente Ossos carpais Ossos metacarpais Falanges DISTAL O rádio é proximal ao úmero? O esôfago é anterior à traqueia? As costelas são superficiais aos pulmões? Os colos ascendente e descendente são ipsilaterais? O esterno é lateral ao colo descendente? Figura 1.6 Termos direcionais. Os termos direcionais localizam com precisão as várias partes do corpo relacionadas entre si. QUADRO 1.A Termos direcionais (Fig. 1.6) (CONTINUAÇÃO) _Livro_Tortora_CH.indb 14_Livro_Tortora_CH.indb 14 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 Capítulo 1 • Organização do corpo humano 15 Planos e secções Estudaremos também as partes do corpo em quatro planos principais, isto é, superfícies planas imaginárias que pas- sam através das partes do corpo (Fig. 1.7): sagital, frontal, transverso e oblíquo. Um plano sagital é um plano vertical que divide o corpo ou um órgão em lados direito e esquer- do. Mais especificamente, quando um plano passa através da linha mediana do corpo ou do órgão e os divide em metades iguais, direita e esquerda, é denominado plano sagital mediano. Se o plano sagital não passa através da li- nha mediana, mas, em vez disso, divide o corpo ou um ór- gão em lados direito e esquerdo, desiguais, é denominado plano sagital paramediano. Um plano frontal ou plano coronal divide o corpo ou um órgão em porções anterior (frente) e posterior (dorso). Um plano transverso divide o corpo ou um órgão em partes superior (acima) e inferior (abaixo). Um plano transverso pode também ser chamado de plano horizontal ou axial. Os planos sagitais, frontais e transversos formam ângulos retos entre si. Um plano oblí- quo, por outro lado, passa através do corpo ou de um órgão em um ângulo entre o plano transverso e um plano sagital ou entre o plano transverso e um plano frontal. Quando se estuda uma região do corpo, com fre- quência você a vê em secção (ou corte). Uma secção é um corte do corpo ou de um órgão feito ao longo de um dos planos já descritos. É importante conhecer o plano da sec- ção, de modo que você possa entender as correlações ana- tômicas das partes. A Figura 1.8 indica como três secções diferentes – uma secção sagital mediana, uma secção frontal e uma secção transversa (axial) – proporcionam vistas diferentes do encéfalo. Plano sagital paramediano Plano transverso Plano frontal Plano sagital mediano (através da linha mediana) Plano oblíquo Vista anterior Qual é o plano que divide o coração em porções anterior e posterior? Figura 1.7 Planos através do corpo humano. Os planos frontal, transverso, sagital e oblíquo dividem o corpo de formas específicas. (c) (b) (a) Plano frontal Plano sagital mediano Plano transverso Visão Vista Vista AnteriorPosterior Corte transversal Corte frontal Corte sagital Qual é o plano que divide o encéfalo em lados iguais direito e esquerdo? Figura 1.8 Planos e secções através de diferentes partes do encéfalo. Os diagramas (à esquerda) mostram os planos, e as fotografias (à direita) mostram as secções resultantes. (Nota: As setas em “Visão”, no diagrama, indicam a direção a partir da qual cada secção é visualizada. Esse subsídio é usado em todo o livro para indicar a perspectiva da visualização). Os planos dividem o corpo de várias formas, para produzir secções. _Livro_Tortora_CH.indb 15_Livro_Tortora_CH.indb 15 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 16 Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia T E S T E S U A C O M P R E E N S Ã O 10. Descreva a posição anatômica e explique por que ela é utilizada. 11. Localize cada região do seu próprio corpo e então a identifique pelo nome comum e pela forma descritiva anatômica correspondente. 12. Para cada termo direcional listado no Quadro 1.1, forneça seu próprio exemplo. 13. Quais são os diversos planos que podem ser passados através do corpo? Explique como cada um deles divide o corpo. 1.7 Cavidades do corpo O BJ E T I V O S • Descrever as principais cavidades do corpo e os órgãos que elas contêm. • Explicar por que a cavidade abdominopélvica é dividida em regiões e quadrantes. Cavidades do corpo são espaços dentro do corpo que con- têm, protegem, separam e sustentam os órgãos internos. Aqui, estudamos várias das maiores cavidades do corpo (Fig. 1.9). A cavidade do crânio é formada pelos ossos cranianos e contém o encéfalo. O canal vertebral (espinal) é formado pelos ossos da coluna vertebral e contém a medula espinal. As principais cavidades corporais do tronco são as cavidades torácica e abdominopélvica. A cavidade torá- cica é a cavidade do tórax. No interior da cavidade to- rácica se encontram três cavidades menores: a cavidade do pericárdio que engloba o coração e contém uma pe- quena quantidade de líquido lubrificante, e duas cavida- des pleurais, cada uma das quais guarnece um pulmão e contém uma pequena quantidade de líquido lubrificante (Fig.1.10). A parte central da cavidade torácica é uma re- gião anatômica, chamada mediastino. Situa-se entre os pulmões, estendendo-se do esterno à coluna vertebral e da primeira costela ao diafragma (Fig. 1.10), e contém todos os órgãos torácicos, exceto os próprios pulmões. Dentre as estruturas no mediastino estão coração, esôfago, tra- Formada pelos ossos do crânio e contém o encéfalo Formado pela coluna vertebral e contém a medula espinal e o início dos nervos espinais Cavidade do tórax; contém as cavidades pleurais e do pericárdio e o mediastino Cada uma circunda um pulmão; a túnica serosa de cada cavidade pleural é a pleura Circunda o coração; a túnica serosa da cavidade do pericárdio é o pericárdio Parte central da cavidade torácica entre os pulmões; estende-se do esterno até a coluna vertebral e da primeira costela até o diafragma; contém o coração, timo, esôfago, traqueia e vários grandes vasos sanguíneos Subdividida em cavidades abdominal e pélvica Contém o estômago, baço, fígado, vesícula biliar, intestino delgado e a maior parte do intestino grosso; a túnica serosa da cavidade abdominal é o peritônio Cavidade do crânio Canal vertebral Cavidade torácica* Cavidade pleural Cavidade do pericárdio Mediastino Cavidade abdominopélvica Cavidade abdominal Cavidade pélvica *Ver Figura 1.10 para detalhes da cavidade torácica. CAVIDADE COMENTÁRIOS (a) Vista lateral direita (b) Vista anterior Cavidade do crânio Canal vertebral Cavidade torácica Cavidade abdominopélvica: Cavidade abdominal Diafragma Cavidade pélvica Contém a bexiga urinária, porções do intestino grosso e os órgãos genitais internos femininos e masculinos Em quais cavidades estão localizados os seguintes órgãos: bexiga urinária, estômago, coração, intestino delgado, pulmões, órgãos genitais internos femininos, timo, baço e fígado? Use os seguintes símbolos para as suas respostas: T, cavidade torácica; A, cavidade abdominal; P, cavidade pélvica. Figura 1.9 Cavidades do corpo. As linhas tracejadas em negrito indicam o limite entre as cavidades abdominal e pélvica. As principais cavidades corporais do tronco são as cavidades torácica e abdominopélvica. _Livro_Tortora_CH.indb 16_Livro_Tortora_CH.indb 16 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 Capítulo 1 • Organização do corpo humano 17 Cavidade pleural esquerda Coluna vertebral Esôfago Pulmão esquerdo Esterno Timo ANTERIOR (b) Vista inferior do corte transverso da cavidade torácica POSTERIOR Coração Cavidade do pericárdio Cavidade pleural direita Aorta Pulmão direito Costela Músculo Plano transverso Vista Cavidade pleural direita Mediastino Cavidade pleural esquerda (a) Vista anterior da cavidade torácica Lâmina parietal do pericárdio seroso Cavidade do pericárdio Lâmina visceral do pericárdio seroso PericárdioPleura parietal Pleura Pleura visceral Diafragma Quais das seguintes estruturas estão contidas no mediastino: pulmão direito, coração, esôfago, medula espinal, aorta, cavidade pleural esquerda? Figura 1.10 A cavidade torácica. As linhas tracejadas indicam os limites do mediastino. Nota: Quando os cortes trans- versos são vistos inferiormente (de baixo para cima), a face anterior do corpo aparece no topo da ilustração, e o lado esquerdo do corpo aparece no lado direito da ilustração. Observe que a cavidade do pericárdio circunda o coração e que as cavidades pleurais circundam os pulmões. O mediastino é a região anatômica medial aos pulmões, que se estende do esterno até a coluna vertebral e da primeira costela até o diafragma. _Livro_Tortora_CH.indb 17_Livro_Tortora_CH.indb 17 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 18 Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia queia e vários grandes vasos sanguíneos. O diafragma é um músculo cupuliforme, que possibilita a respiração e separa a cavidade torácica da cavidade abdominopélvica. A cavidade abdominopélvica se estende do diafrag- ma até a região inguinal. Como o nome indica, está dividi- da em duas partes, embora nenhuma parede as separe (ver Fig. 1.9). A parte superior, a cavidade abdominal, contém o estômago, baço, fígado, vesícula biliar, intestino delga- do e a maior parte do intestino grosso. A parte inferior, a cavidade pélvica contém a bexiga urinária, porções do intestino grosso e órgãos internos do sistema genital. Os órgãos dentro das cavidades torácica e abdominopélvica são chamados de vísceras. Uma túnica é um tecido flexível delgado que reco- bre, reveste, divide ou une estruturas. Um exemplo é a tú- nica bilaminada escorregadia associada com as cavidades do corpo que não se abrem diretamente para o exterior, chamada túnica serosa. Recobre as vísceras dentro das cavidades torácica e abdominal e também reveste as pare- des do tórax e do abdome. As partes de uma túnica serosa são (1) a lâmina parietal, que reveste as paredes das ca- vidades, e (2) a lâmina visceral, que recobre e as vísceras dentro das cavidades e adere a elas. Entre as lâminas se encontra um espaço potencial que contém uma pequena quantidade de líquido lubrificante (líquido seroso) entre as duas lâminas. O líquido permite que as vísceras desli- zem um pouco durante os movimentos, como quando os pulmões se enchem e se esvaziam durante a ventilação. A túnica serosa da cavidade pleural é chamada de pleura. A túnica serosa da cavidade do pericárdio é o peri- cárdio. O peritônio é a túnica serosa da cavidade abdominal. Além das já descritas, aprenderemos também sobre outras cavidades do corpo em capítulos posteriores. Essas incluem a cavidade oral (boca), que contém a língua e os dentes; a cavidade nasal, no nariz; as cavidades orbitais, que contêm os bulbos dos olhos; a cavidade timpânica, que contém os ossículos da orelha média, e as cavidades sinoviais, que são encontradas em articulações livremente móveis e contêm sinóvia. Regiões e quadrantes abdominopélvicos Para descrever mais precisamente a localização dos vários órgãos abdominais e pélvicos, a cavidade abdo- minopélvica pode ser dividida em compartimentos me- nores. Em um dos métodos, duas linhas horizontais e duas linhas verticais, como uma grade de jogo-da-velha, Epigástrio Região umbilical Hipogástrio Epigástrio Região umbilical Hipogástrio (a) Vista anterior mostrando a localização das regiões abdominopélvicas Direita Clavículas Esquerda Linhas medioclaviculares Região inguinal direita Região inguinal direita Hipocôndrio direito Hipocôndrio direito Região lombar direita Região lombar direita Região inguinal esquerda Hipocôndrio esquerdo Região lombar esquerda Região inguinal esquerda Hipocôndrio esquerdo Região lombar esquerda Vesículabiliar Lobo direito do fígado Colo ascendente do intestino grosso Intestino delgado Apêndice vermiforme Ceco Baço Lobo esquerdo do fígado Estômago Colo transverso do intestino grosso Colo descendente do intestino grosso Bexiga urinária (b) Vista anterior superficial dos órgãos das regiões abdominopélvicas Em qual região abdominopélvica é encontrado cada um dos seguintes órgãos: a maior parte do fígado, o colo ascendente, a bexiga urinária e o apêndice? Figura 1.11 As nove regiões da cavidade abdominopélvica. Os órgãos genitais internos na cavidade pélvica são mostra- dos nas Figuras 23.1 e 23.6. A designação de nove regiões é utilizada para estudos anatômicos. _Livro_Tortora_CH.indb 18_Livro_Tortora_CH.indb 18 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 Capítulo 1 • Organização do corpo humano 19 repartem a cavidade em nove regiões abdominopélvicas (Fig. 1.11). Os nomes das nove regiões abdominopél- vicas são hipocôndrio direito, epigástrio, hipocôndrio esquerdo, região lombar direita, umbilical, região lom- bar esquerda, inguinal direita, hipogástrio e inguinal esquerda. Em outro método, uma linha horizontal e ou- tra vertical atravessando o umbigo, dividem a cavidade abdominopélvica em quadrantes (Fig. 1.12). Os nomes dos quadrantes abdominopélvicos são: quadrante supe- rior direito (QSD), quadrante superior esquerdo (QSE), quadrante inferior direito (QID) e quadrante inferior esquerdo (QIE). A divisão em nove regiões é mais am- plamente usada para estudos anatômicos, e os quadran- tes são mais comumente usados pelos clínicos para des- crever o local de uma dor abdominopélvica, uma massa ou outra anormalidade. T E S T E S U A C O M P R E E N S Ã O 14. Quais limites de referência separam as diversas cavidades do corpo umas das outras? 15. Localize as nove regiões abdominopélvicas e os quatro quadrantes abdominopélvicos em você mesmo e liste alguns órgãos encontrados em cada um(a) delas. • • • No Capítulo 2, examinaremos o nível químico de or- ganização. Aprenderemos sobre os vários grupos de subs- tâncias químicas, suas funções e como contribuem para a homeostasia. Quadrante superior direito (QSD) Quadrante inferior direito (QID) Quadrante superior esquerdo (QSE) Quadrante inferior esquerdo (QIE) Vista anterior mostrando a localização dos quadrantes abdominopélvicos Em qual quadrante abdominopélvico seria sentida a dor decorrente da apendicite (inflamação do apêndice vermiforme)? Figura 1.12 Quadrantes da cavidade abdominopélvica (abaixo da linha tracejada). As duas linhas se cruzam em ângulos retos no umbigo. A designação quadrante é usada para determinar o local da dor, uma massa ou alguma outra anormalidade. TERMINOLOGIA E CONDIÇÕES MÉDICAS A maioria dos capítulos deste livro é seguida por um glossá- rio de termos médicos básicos, incluindo condições normais e patológicas. Devemos nos familiarizar com esses termos, por- que desempenham uma função essencial em seu vocabulário médico. Algumas dessas condições, bem como as discutidas no texto, são referidas como locais ou sistêmicas. Uma doença local é a que afeta uma parte ou uma área limitada do corpo. Uma doença sistêmica afeta o corpo inteiro ou várias partes. Epidemiologia A ciência que estuda o porquê, quando e onde as doenças ocorrem e como são transmitidas em uma po- pulação humana definida. Farmacologia A ciência que lida com os efeitos e o uso dos fármacos no tratamento da doença. Geriatria A ciência que lida com os problemas médicos e cui- dados de pessoas idosas. Patologia A ciência que lida com a natureza, as causas e o desenvolvimento de condições anormais e com as altera- ções estruturais e funcionais que as doenças produzem. _Livro_Tortora_CH.indb 19_Livro_Tortora_CH.indb 19 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 20 Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia REVISÃO DO CAPÍTULO 1.1 Definição de anatomia e fisiologia 1. Anatomia é a ciência da estrutura e das relações entre as estruturas do corpo. 2. Fisiologia é a ciência de como as estruturas do corpo funcionam. 1.2 Níveis de organização e sistemas do corpo 1. O corpo humano consiste em seis níveis de organização: químico, celular, tecidual, de órgãos, de sistemas e de organismo. 2. Células são as unidades estruturais e funcionais básicas de um organismo e as menores unidades vivas no corpo humano. 3. Tecidos consistem em grupos de células e de materiais adjacentes, que trabalham em conjunto para desempenhar uma função específica. 4. Órgãos geralmente têm formas reconhecíveis, são compostos de dois ou mais tipos de tecidos diferentes e têm funções específicas. 5. Sistemas consistem em órgãos relacionados que têm uma função comum. 6. A Tabela 1.1 introduz os 11 sistemas do corpo humano: tegumento comum, esquelético, muscular, nervoso, endócrino, circu- latório, linfático, respiratório, digestório, urinário e genital. 7. O organismo humano é uma coleção de sistemas estruturalmente e funcionalmente integrados. Os sistemas do corpo traba- lham juntos para manter a saúde, proteger contra doenças e permitir a reprodução da espécie. 1.3 Processos vitais 1. Todos os organismos vivos possuem determinadas características que os distinguem das coisas não vivas. 2. Os processos vitais nos seres humanos incluem metabolismo, reatividade, movimento, crescimento, diferenciação e reprodução. 1.4 Homeostasia: manutenção dos limites 1. A homeostasia é uma condição na qual o ambiente interno do corpo permanece estável, dentro de determinados limites. 2. Uma grande parte do ambiente interno do corpo é de líquido intersticial, que envolve todas as células corporais. 3. A homeostasia é regulada pelos sistemas nervoso e endócrino, atuando em conjunto ou separadamente. O sistema nervoso de- tecta as alterações corporais e envia impulsos nervosos para manter a homeostasia. O sistema endócrino regula a homeostasia por meio da secreção de hormônios. 4. As interrupções na homeostasia provêm de estímulos internos e externos e de estresses psicológicos. Quando a interrupção da homeostasia é branda e temporária, as respostas das células do corpo rapidamente restauram o equilíbrio no ambiente interno. Se a interrupção for extrema, as tentativas do corpo para restaurar a homeostasia poderão falhar. 5. Um sistema de retroalimentação consiste de três partes: (1) receptores que monitoram alterações em uma condição contro- lada e enviam informações para (2) um centro de controle que estabelece valores nos quais uma condição controlada deve ser mantida, avalia as informações que recebe e gera comandos eferentes, quando estes são necessários e (3) efetores que recebem os impulsos do centro de controle e produzem uma resposta (efeito) que altera a condição controlada. 6. Se uma resposta reverte uma alteração em uma condição controlada, o sistema é chamado de sistema de retroalimentação negativa. Se uma resposta reforça uma alteração em uma condição controlada, o sistema é referido como sistema de retroa- limentação positiva. 7. Um exemplo de retroalimentação negativa é o sistema que regula a pressão sanguínea. Se um estímulo faz a pressão sanguínea (condição controlada) subir, os barorreceptores (células nervosas sensíveis à pressão, os receptores) nos vasos sanguíneos enviam impulsos para o encéfalo (centro de controle). O encéfalo envia impulsos para o coração (efetor). Como resultado, a frequência cardíaca diminui (resposta) e a pressão sanguínea volta ao normal (restauração da homeostasia). 8. Um exemplo de retroalimentação positiva ocorre durante o nascimento de um bebê. Quando o trabalho de parto começa, o colo do útero é distendido (estímulo), e as células nervosas sensíveis ao estiramento, no colo do útero (receptores), enviam impulsos nervosos para o encéfalo (centro de controle). O encéfaloresponde liberando ocitocina, que estimula o útero (efetor) a se contrair mais vigorosamente (resposta). O movimento do útero distende ainda mais o colo do útero, mais ocitocina é liberada e, ocorrem, contrações até mesmo mais vigorosas. O ciclo é rompido com o nascimento do bebê. 9. As interrupções na homeostasia – desequilíbrios homeostáticos – conduzem a distúrbios, doenças e até mesmo à morte. Um distúrbio é qualquer anormalidade de estrutura e/ou função. Doença é um termo mais específico para uma enfermidade, com um conjunto definido de sinais e sintomas. 10. Sintomas são alterações subjetivas nas funções corporais, que não são aparentes para um observador. Sinais são alterações objetivas que são observadas e mensuradas. 11. Diagnóstico da doença inclui a identificação de sinais e sintomas, anamnese, exame físico e, algumas vezes, exames laboratoriais. 1.5 Envelhecimento e homeostasia 1. Envelhecimento produz alterações observáveis na estrutura e na função e aumenta a vulnerabilidade ao estresse e à doença. 2. Alterações associadas ao envelhecimento ocorrem em todos os sistemas do corpo. _Livro_Tortora_CH.indb 20_Livro_Tortora_CH.indb 20 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 Capítulo 1 • Organização do corpo humano 21 APLICAÇÕES DO PENSAMENTO CRÍTICO 1. Júlia estava tentando quebrar o recorde de maior perma- nência de cabeça para baixo nas barras paralelas no pátio durante o recreio. Ela não conseguiu e pode ter quebrado o braço. O técnico da sala de emergência gostaria de uma radiografia do braço de Júlia na posição anatômica. Use os termos anatômicos apropriados para descrever a posição do braço de Júlia na radiografia. 2. Você está trabalhando em um laboratório e acha que pode estar observando um novo organismo. Que nível mínimo de organização estrutural você precisaria observar? Quais são algumas das características que você precisaria observar para assegurar que é um organismo vivo? 3. Guy estava tentando impressionar Jéssica com uma história sobre a sua última partida de futebol . “O treinador disse que eu sofri uma lesão caudal à região sural dorsal em minha região inguinal.” Jéssica respondeu, “Eu acho que você ou o seu treinador sofreu uma lesão encefálica.” Por que Jéssica não ficou impressionada pela proeza atlética de Guy? 4. Existe um espelho especial em um parque de diversões, que esconde metade do seu corpo e duplica a imagem da sua outra metade. No espelho, você realiza proezas incríveis, como elevar ambas as pernas do chão. Ao longo de qual plano o espelho está dividindo o corpo? Um espelho di- ferente, na próxima sala, mostra seu reflexo com duas ca- beças, quatro braços e nenhuma perna. Ao longo de qual plano este espelho está dividindo o corpo? 1.6 Termos anatômicos 1. Descrições de qualquer região do corpo assumem que o corpo está na posição anatômica, em que a pessoa está de pé, ereto, de frente para o observador, com a cabeça nivelada e os olhos voltados para frente. Os pés estão apoiados no chão e dirigidos para frente, e os braços estão ao lado do corpo, com as palmas voltadas para frente. 2. O corpo humano é dividido em diversas regiões principais: cabeça, pescoço, tronco, membros superiores e membros inferiores. 3. Nas regiões do corpo, as partes específicas têm denominações comuns e nomenclaturas anatômicas correspondentes. Os exemplos são: tórax (torácico), nariz (nasal) e carpo/pulso (carpal). 4. Os termos direcionais indicam a relação de uma parte do corpo com outra. O Quadro 1.1 resume os termos direcionais comu- mente usados. 5. Planos são superfícies planas imaginárias que dividem o corpo ou os órgãos em duas partes. Um plano sagital mediano divide o corpo ou um órgão em lados direito e esquerdo iguais. Um plano sagital paramediano divide o corpo ou um órgão em lados direito e esquerdo desiguais. Um plano frontal divide o corpo ou um órgão em partes anterior e posterior. Um plano transverso divide o corpo ou um órgão em partes superior e inferior. Um plano oblíquo atravessa o corpo ou um órgão em ângulo entre um plano transverso e um plano sagital ou entre um plano transverso e um plano frontal. 6. As secções resultam de cortes através das estruturas corporais. São nomeadas de acordo com o plano no qual o corte é feito: transversa, frontal ou sagital. 1.7 Cavidades do corpo 1. Os espaços no corpo que contêm, protegem, separam e sustentam os órgãos internos são chamados de cavidades do corpo. 2. A cavidade do crânio contém o encéfalo, e o canal vertebral contém a medula espinal. 3. A cavidade torácica é subdividida em três cavidades menores: cavidade do pericárdio, que contém o coração, e duas cavi- dades pleurais, cada qual contendo um pulmão. 4. A parte central da cavidade torácica é o mediastino. Está localizado entre os pulmões e se estende do esterno até a coluna vertebral e do pescoço até o diafragma. Contém todos os órgãos torácicos, exceto os pulmões. 5. A cavidade abdominopélvica é separada da cavidade torácica pelo diafragma e é dividida em uma cavidade abdominal, superior, e uma cavidade pélvica, inferior. 6. Os órgãos nas cavidades torácica e abdominopélvica são chamados de vísceras. As vísceras da cavidade abdominal incluem o estômago, baço, fígado, vesícula biliar, intestino delgado e a maior parte do intestino grosso. As vísceras da cavidade pélvica incluem a bexiga urinária, partes do intestino grosso e os órgãos internos do sistema genital. 7. Para descrever facilmente a localização dos órgãos, a cavidade abdominopélvica pode ser dividida em nove regiões abdomi- nopélvicas, por meio de duas linhas horizontais e duas verticais. As denominações das nove regiões abdominopélvicas são: hipocôndrio direito, epigástrio, hipocôndrio esquerdo, região lombar direita, região umbilical, região lombar esquerda, região inguinal direita, hipogástrio e região inguinal esquerda. 8. A cavidade abdominopélvica também pode ser dividida em quadrantes, passando-se uma linha horizontal e uma linha ver- tical pelo umbigo. As denominações dos quadrantes abdominopélvicos são: quadrante superior direito (QSD), quadrante superior esquerdo (QSE), quandrante inferior direito (QID) e quadrante inferior esquerdo (QIE). _Livro_Tortora_CH.indb 21_Livro_Tortora_CH.indb 21 15/09/16 11:2915/09/16 11:29 22 Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DAS FIGURAS 1.1 Órgãos têm uma forma reconhecível e consistem em dois ou mais tipos diferentes de tecidos que têm uma função específica. 1.2 A diferença básica entre os sistemas de retroalimentação negativa e positiva é que, nos sistemas de retroalimen- tação negativa, a resposta se contrapõe a uma alteração em uma condição controlada; e nos sistemas de retroali- mentação positiva, a resposta reforça a alteração em uma condição controlada. 1.3 Se um estímulo provocou a diminuição da pressão sanguí- nea, a frequência cardíaca deveria aumentar, em virtude da operação deste sistema de retroalimentação negativa. 1.4 Como os sistemas de retroalimentação positiva intensi- ficam continuamente ou reforçam o estímulo original, é necessário algum mecanismo para terminar a resposta. 1.5 Uma verruga plantar é encontrada na planta do pé. 1.6 Não, o rádio é distal ao úmero. Não, o esôfago é posterior à traqueia? Sim, as costelas são superficiais aos pulmões. Não, os colos ascendente e descendente são contralate- rais. Não, o esterno é medial ao colo descendente. 1.7 O plano frontal divide o coração em partes anterior e posterior. 1.8 O plano sagital mediano divide o encéfalo em lados iguais direito e esquerdo. 1.9 Bexiga urinária � P, estômago � A, coração � T, intesti- no delgado � A, pulmões � T, órgãos genitais femininos internos � P, timo � T, baço � A, fígado � A. 1.10 Algumas estruturas no mediastino incluem o coração, esôfago eaorta. 1.11 O fígado se situa principalmente no epigástrio; o colo as- cendente na região lombar direita; a bexiga urinária no hipogástrio; o apêndice na região inguinal direita. 1.12 A dor associada à apendicite seria sentida no quadrante inferior direito (QID). _Livro_Tortora_CH.indb 22_Livro_Tortora_CH.indb 22 15/09/16 11:2915/09/16 11:29
Compartilhar