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Linguagem Textual e Intertextual Na linguística, a Intertextualidade é um recurso utilizado entre textos, de maneira que estabelece uma analogia mediada por um diálogo existente entre eles, sejam da mesma natureza ou não (por exemplo a intertextualidade entre um texto escrito e um texto visual). De tal modo, a intertextualidade é um recurso muito empregado na literatura, na música, na pintura, na televisão, bem como na linguagem coloquial, posto que muitas vezes, sem notarmos, estamos criando um texto, ao fazer referência a outro. Note que para que a intertextualidade ocorra, é necessário a existência de um texto que influencie a produção deste, denominado de “texto-fonte”, ou seja, aquele em que o autor se inspirou para fazer referência. Em resumo, a intertextualidade é a criação de um texto a partir de outro já existente. De acordo com a referência utilizada pela intertextualidade ela pode ser explícita, donde nota-se logo o intertexto na superfície textual, ou seja, geralmente há citação da fonte original; ou implícita a qual não se encontra de imediato o intertexto aplicado, ou seja, é necessária maior atenção do leitor uma vez que não aparece a citação do texto-fonte. Intertextualidade Explícita Trecho do poema de “Sete Faces” de Carlos Drummond de Andrade “Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.” Trecho do poema “Até o fim” de Chico Buarque “Quando nasci veio um anjo safado O chato do querubim E decretou que eu estava predestinado A ser errado assim” Intertextualidade Implícita Trecho da música “Ai que saudade da Amélia” de Ataulfo Alves e Mário Lago “Ai meu Deus que saudade da Amélia Aquilo sim que era mulher As vezes passava fome ao meu lado E achava bonito não ter o que comer E quando me via contrariado dizia Meu filho o que se há de fazer Amélia não tinha a menor vaidade Amélia que era a mulher de verdade” Trecho da Música “Desconstruindo Amélia” de Pitty “E eis que de repente ela resolve então mudar Vira a mesa Assume o jogo Faz questão de se cuidar Nem serva nem objeto Já não quer ser o outro Hoje ela é o também” Veja abaixo os principais tipos de intertextualidade: Paródia: O termo “paródia” vem do grego (parodès) e significa “um canto (poesia) semelhante a outro”. Trata-se de uma imitação burlesca muito utilizada nos textos humorísticos, donde o sentido é levemente alterado, geralmente pelo tom crítico e o uso da ironia. Paráfrase: O termo “paráfrase” vem do grego (paraphrasis) e significa a “reprodução de uma sentença”. Ela faz referência um texto, reproduzindo outro sem que a ideia original seja alterada. Epígrafe: O termo “epígrafe” vem do grego (epigraphé) que significa “escrita na posição superior”. Ela é muito utilizada em artigos, resenhas, monografias, e surge acima do texto, indicado por uma frase semelhante ao conteúdo que será desenvolvido no texto. Citação: O termo “citação” deriva do latim (citare) e significa “convocar”. Nesse caso, utiliza-se as próprias palavras de um texto-fonte, referida por meio de aspas e itálico já que se trata da enunciação de outro autor. Do contrário, se a citação não apresentar a fonte, ela é considerada “plágio”. Alusão: O termo “alusão” é derivado do latim (alludere) e significa “para brincar”. É também chamado de “referência”, de forma que faz uma referência explícita ou implícita ao texto-fonte. Hipertexto: hipertexto (também chamado de hipermídia) é um texto dentro de outro texto e originalmente é uma espécie de obra coletiva e se assemelha ao pastiche. Pastiche: diferente da paródia, o pastiche artístico e literário trata-se da imitação de um estilo ou gênero e, normalmente, não apresenta um teor crítico ou satírico. O termo “pastiche” é derivado do latim (pasticium), que significa “feito de massa ou amálgama de elementos compostos”, uma vez que produz um texto novo, oriundo de vários outros. Tradução: o termo “tradução” deriva do latim (traducere) e significa converter, mudar, transferir, guiar, de forma que transforma um texto de uma língua em outra, fazendo uma espécie de recriação do texto-fonte. Bricolagem: ocorre por meio da “colagem” de diversos textos, ou seja, um texto é constituído a partir de fragmentos de outros, e por isso, se aproxima do conceito de hipertexto. É um tipo de intertextualidade muito utilizado na música e na pintura.