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10/03/2016 1 Ciência dos Materiais Prof ͣ MSc. Larisse Maria de O. M de Cunto Engenharia Civil Aula 04 – Defeitos em sólidos cristalinos Na aula anterior foi admitido que existe uma ordem de arranjo atômico perfeita ao logo dos materiais cristalinos. este sólido idealizado não existe Todos os materiais contém grandes números de defeitos ou imperfeições 1. DEFEITOS CRISTALINOS 10/03/2016 2 Defeito cristalino: imperfeição ou “erro” periódico regular dos átomos em um cristal. Os defeitos presentes em um material cristalino podem melhorar ou piorar profundamente suas propriedades. Com frequência características específicas de um material são moldadas pela introdução controlada de defeitos específicos. Exemplo: Introdução de carbono no ferro – aumenta a resistência do material 1. DEFEITOS CRISTALINOS Defeitos Lacunas ou vacância: ausência de um átomo em uma posição atômica da rede cristalina Defeito auto-intersticial: um átomo do mesmo tipo da estrutura ocupando o interstício da célula unitária 1. DEFEITOS PONTUAIS 10/03/2016 3 Impurezas em sólidos Um material 100% puro é simplesmente impossível, terá sempre impurezas. Na verdade, os metais comumente utilizados são ligas onde átomos de impureza são intencionalmente adicionados para conferir propriedades específicas ao metal. Exemplo: A prata pura é muito macia para ser utilizada, assim, para torná-la aplicável se adiciona 7,5% de cobre para aumentar sua resistência sem interferir nas outras propriedades. 1. DEFEITOS PONTUAIS Tipos de impurezas em sólidos Defeitos átomo intersticial: ocorre quando o átomo da impureza, menor que o átomo do material, entra nos interstícios da estrutura 1. DEFEITOS PONTUAIS Defeitos átomo substitucional: ocorre quando o átomo da impureza, maior que o átomo do material, substitui o átomo da estrutura 10/03/2016 4 As impurezas, chamadas elementos de liga, são adicionadas intencionalmente com a finalidade de aumentar: Resistência mecânica Resistência à corrosão Condutividade elétrica, etc. A adição de impurezas pode formar: Soluções sólidas < limite de solubilidade Segunda fase > limite de solubilidade 1. DEFEITOS PONTUAIS Exemplo defeito átomo intersticial O carbono adicionado ao ferro será um defeito intersticial. A concentração máxima de carbono que é possível adicionar ao ferro é de 2%, ao ultrapassar esse valor uma nova fase será formada, cemetita. Exemplo defeito átomo substitucional O cobre e o níquel são completamente solúveis um no outro em qualquer proporção. 1. DEFEITOS PONTUAIS 10/03/2016 5 1. DEFEITOS PONTUAIS Uma discordância é um defeito linear em torno do qual os átomo estão desalinhados causando uma distorção na rede cristalina. Existem dois tipos de defeitos: discordância aresta e espiral Esses defeitos serão os principais facilitadores da deformação plástica do material. 1. DISCORDÂNCIAS - DEFEITOS LINEARES 10/03/2016 6 As discordâncias existem em materiais cristalinos. A movimentação de discordâncias é o principal fator envolvido na deformação plástica de metais e ligas A mobilidade de discordâncias pode ser alterada por diversos fatores (composição, processamento...) ⇒ manipulação das propriedades mecânicas do material Discordâncias afetam outras propriedades do material, além das mecânicas (p. ex. propriedades elétricas de semi- condutores) 1. DISCORDÂNCIAS - DEFEITOS LINEARES Defeito Aresta 1. DISCORDÂNCIAS - DEFEITOS LINEARES 10/03/2016 7 VíDEO DISCORDÂNCIA ARESTA Defeito Espiral Exemplo: cisalhamento torque Vetor de Burgers: esta associado com a magnitude e direção da distorção da rede 1. DISCORDÂNCIAS - DEFEITOS LINEARES 10/03/2016 8 DISCORDÂNCIA ARESTA E ESPIRAL • Ilustração de uma discordância a) aresta ou cunha e b) espiral ou parafuso O mecanismo é diferente para materiais cristalino e amorfos. Nos materiais cristalinos o principal mecanismo de deformação plástica geralmente consiste no escorregamento de planos atômicos através da movimentação de discordâncias Cristalinos metálicos: consiste no escorregamento de planos atômicos através da movimentação de discordâncias. Cristalinos cerâmicos: por possuir ligações rígidas covalentes ou iônicas não irão permitir a movimentação de discordâncias apresentando baixa deformação plástica. 1.1. DEFORMAÇÃO PLÁSTICA 10/03/2016 9 O mecanismo é diferente para materiais cristalino e amorfos. Já nos materiais amorfos consiste no escoamento viscoso Amorfos: consiste no escorregamento viscoso, sendo necessário atingir a temperatura em que o material deixa de apresentar comportamento frágil e passa a ser viscoso. Exemplo: o vidro em temperatura ambiente ao ser deformado irá quebrar, ou seja, não apresentará deformação plástica por não possuir planos de escorregamento para os defeitos. 1.1. DEFORMAÇÃO PLÁSTICA Deformação plástica produzida pela movimentação de uma discordância em aresta 1.1. DEFORMAÇÃO PLÁSTICA 10/03/2016 10 1.1. DEFORMAÇÃO PLÁSTICA 2. DEFEITOS INTERFACIAIS São contornos que possuem duas dimensões e normalmente separam as regiões dos materiais que possuem diferentes estruturas cristalinas e/ou orientações cristalográficas. Superfícies externas Contornos de grão Contorno de macla Fases de empilhamento Contornos de fases. 10/03/2016 11 2. DEFEITOS INTERFACIAIS Superfícies Externas: Átomos na superfície não tem todas suas ligações satisfeitas e possuem maior energia livre. 2. DEFEITOS INTERFACIAIS Contornos de Grão: Normalmente uma amostra de um material cristalino não é constituída por único cristal mas por vários GRÃOS Corresponde à região que separa dois ou mais cristais de orientação diferentes No interior de cada grão todos os átomos estão num arranjo regular e periódico caracterizado pela célula unitária 10/03/2016 12 2. DEFEITOS INTERFACIAIS Contornos de Grão: 2. DEFEITOS INTERFACIAIS Defeitos em Maclas: É um tipo especial de contorno de grão. Os átomos de um lado do contorno são imagens espelhadas dos átomos do outro lado do contorno. A macla ocorre num plano definido e numa direção específica, dependendo da estrutura cristalina. Também é conhecida como Twin (gemêos) 10/03/2016 13 2. DEFEITOS INTERFACIAIS Defeitos em Maclas: 2. DEFEITOS INTERFACIAIS Falha de empacotamento: Corresponde a interrupção de uma sequência regular de empacotamento de planos em uma rede cristalográfica 10/03/2016 14 3. DEFEITOS VOLUMÉTRICOS São introduzidos no processamento do material e/ou na fabricação do componente (ex. durante a soldagem) Tipos de defeitos volumétricos: Inclusões: impurezas presentes no material Precipitados: aglomerados de partículas diferentes da matriz Fases: se formam devido à presença de impurezas ou elementos de liga. Porosidade: Ocorre devido a presença ouformação de gases. Trincas: Adicionadas de diversas maneiras ao material, e uma das principais causas de falhas. 3. DEFEITOS VOLUMÉTRICOS Inclusões: Impurezas, normalmente óxidos, que estão presentes no material devido a sua falta de pureza. 10/03/2016 15 3. DEFEITOS VOLUMÉTRICOS Precipitados: Ocorre quando um componente que estava solubilizado na matriz precipita. Normalmente ocorre durante o resfriamento do material, ou através de processamento mecânico. Na figura ao lado, é demonstrado o óxido de cobre (pontos escuros) precipitados de uma matriz de cobre puro. Durante a fusão do cobre, o oxigênio estava dissolvido na matriz de cobre, porém durante seu resfriamento ocorreu a precipitação. 3. DEFEITOS VOLUMÉTRICOS Fases: Quando dois ou mais componentes são insolúveis ou tem solubilidade limitada (não formam solução sólida), irá ocorrer a presença de duas ou mais fases distintas no material. Ex: Água e Óleo Na figura ao lado, é mostrado um aço com excesso de carbono. A estrutura do aço será a perlita (contém 95,7% de ferro e 4,3% de carbono), porém devido ao excesso de carbono ocorrerá a formação de uma fase grafita. 10/03/2016 16 3. DEFEITOS VOLUMÉTRICOS Porosidade: São “buracos” presentes na estrutura devido à presença de gases ou falta de fusão. Poro adicionado ao material devido a presença de umidade durante a soldagem. 3. DEFEITOS VOLUMÉTRICOS Trincas: São fissuras de grande comprimento, que dividem a estrutura cristalina do material. A maioria das falhas de materiais estão atrelados à trinca. Ocorrem devido: Esforço ciclico; Ciclos térmicos; Diferença na dilatação térmica entre as fases do material; Fragilização do contorno de grão; Material submetido a grandes esforços. 10/03/2016 17 3. DEFEITOS VOLUMÉTRICOS Trincas: 1. Por que os defeitos são importantes na determinação de algumas propriedades físicas e mecânicas? Cite alguns exemplos. 2. Como são classificadas as imperfeições/defeitos estruturais em materiais sólidos? 3. Cite quais são os 4 tipos de defeitos existentes em sólidos cristalinos. 4. Os defeitos pontuais ocorrem em nível atômico e podem ser divididos em 4 tipos, quais são eles? Explique-os. Exercícios 10/03/2016 18 4. Os defeitos lineares são mais conhecidos como discordâncias, explique o que é uma discordância. 5. Como ocorre o mecanismo de deformação plástica nos materiais cristalinos? 6. Descreva o que forma os contornos de grão. 7. Qual o defeito que é a principal causa de falhas em materiais? Descreva-o. Exercícios
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