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3/4/2019 1 IMPERFEIÇÕES CRISTALINAS E SUAS IMPLICAÇÕES Ciência dos Materiais O QUE É UM DEFEITO? Imperfeição no arranjo periódico regular dos átomos em um cristal. Podem envolver uma irregularidade : • na posição dos átomos • no tipo de átomos O tipo e o número de defeitos dependem do material, do meio ambiente, e das circunstâncias sob as quais o cristal é processado. IMPERFEIÇÕES ESTRUTURAIS • Apenas uma pequena fração dos sítios atômicos são imperfeitos menos de 1 em 1 milhão • Mesmo sendo poucos eles influenciam muito nas propriedades dos materiais : – influência positiva – influência negativa Através da : • introdução de defeitos, • do controle do número e arranjo destes defeitos é possível desenvolver e criar novos materiais com a combinação desejada de propriedades IMPERFEIÇÕES ESTRUTURAIS São classificados de acordo com sua geometria ou dimensões • Defeitos Pontuais associados c/ algumas irregularidade em posições atômicas • Defeitos lineares uma dimensão (irregularidade em linhas atômicas) • Defeitos planos ou interfaciais duas dimensões (irregularidade em planos) • Defeitos volumétricos três dimensões DEFEITOS PONTUAIS • Vacâncias ou vazios • Átomos Intersticiais • Defeitos Schottky • Defeitos Frenkel DEFEITOS PONTUAIS São formados durante a solidificação do cristal ou como resultado das vibrações atômicas (os átomos deslocam-se de suas posições normais) Propriedades podem ser controladas criando ou controlando estes defeitos VACÂNCIAS OU VAZIOS • Envolve a falta de um átomo 3/4/2019 2 DEFEITOS PONTUAIS VACÂNCIAS OU VAZIOS • O número de vacâncias aumenta exponencialmente com a temperatura Nv= N exp (-Qv/kT) Nv= número de vacâncias N = número total de sítios atômicos Qv= energia requerida para formação de vacâncias k = constante de Boltzman = 1,38x1023J/at.K ou 8,62x105 eV/at.K DEFEITOS PONTUAIS ÁTOMOS INTERSTICIAIS • Envolve um átomo extra no interstício (do próprio cristal) • Produz uma distorção no reticulado, já que o átomo geralmente é maior que o espaço do interstício DEFEITOS PONTUAIS ÁTOMOS INTERSTICIAIS Átomo intersticial pequeno Átomo intersticial grande gera distorção na rede DEFEITOS PONTUAIS vazios intersticiais DEFEITOS PONTUAIS DEFEITOS FRENKEL • Ocorre em sólidos iônicos • Ocorre quando um íon sai de sua posição normal e vai para um interstício DEFEITOS PONTUAIS DEFEITOS SCHOTTKY • Presentes em compostos que tem que manter o balanço de cargas (sólidos iônicos) • Envolve a falta de um ânion e um cátion 3/4/2019 3 DEFEITOS PONTUAIS DEFEITOS SCHOTTKY • A compensação de cargas leva à formação de vazios Cristal covalente: vacância Cristal iônico: par de vacâncias CONSIDERAÇÕES GERAIS • Vacâncias e Defeitos Schottky favorecem a difusão • Estruturas de empacotamento compacto apresentam um menor número de defeitos intersticiais e Frenkel do que vacâncias e Schottky Porque é necessária energia adicional para forçar os átomos para novas posições IMPUREZAS NOS SÓLIDOS • Um metal considerado puro sempre tem impurezas (átomos estranhos) presentes 99,9999% = 1022-1023 impurezas por cm3 • A presença de impurezas promove a formação de defeitos pontuais LIGAS • As impurezas são adicionadas intencionalmente com a finalidade: - aumentar a resistência mecânica - aumentar a resistência à corrosão - Aumentar a condutividade elétrica ADIÇÃO DE IMPUREZAS PODE FORMAR • Soluções sólidas < limite de solubilidade • Segunda fase > limite de solubilidade Dependente da : • Temperatura • Tipo de impureza • Concentração da impureza 3/4/2019 4 TERMINOLOGIA • Impureza soluto (< quantidade) • Hospedeiro solvente (> quantidade) ou matriz - Intersticiais - Substitucionais: - Ordenada Desordenada SOLUÇÕES SÓLIDAS • A estrutura do cristal é mantida e não formam-se novas estruturas SOLUÇÃO SÓLIDA SUBSTITUCIONAL REGRA DE HOME-ROTHERY • Raio atômico deve ter uma diferença de no máximo 15%, caso contrário pode promover distorções na rede e assim formação de nova fase. • Estrutura cristalina semelhante • Eletronegatividade próximas • Valência mesma ou maior que a do hospedeiro EXEMPLO:SOLUÇÃO SÓLIDA SUBSTITUCIONAL • Cu + Ni são solúveis em todas as proporções Cu Ni Raio atômico 0,128nm 0,125 nm Estrutura CFC CFC Eletronegatividade 1,9 1,8 Valência +1 (as vezes +2) +2 EXEMPLO:SOLUÇÃO SÓLIDA SUBSTITUCIONAL EXEMPLO: SOLUÇÃO SÓLIDA SUBSTITUCIONAL Ag + Cu Prata 925 Constitui uma solução sólida substitucional com 7,5% de cobre na prata. 3/4/2019 5 SOLUÇÕES SÓLIDAS INTERSTICIAIS • As impurezas ocupam os espaços dos interstícios • Materiais metálicos - possuem fator de empacotamento alto - posições intersticiais são relativamente pequenas • Geralmente, no máximo 10% de impurezas são incorporadas nos interstícios • Fe + C solubilidade máxima do C no Fe é 2,1% a 910 C (Fe CFC) O C tem raio atômico pequeno comparado ao Fe rC= 0,071 nm rFe= 0,124 nm EXEMPLO: SOLUÇÃO SÓLIDA INTERSTICIAL DEFEITOS LINEARES: DISCORDÂNCIAS • Origem: - condições de processamento (cristalização); - térmica - mecânicas, - supersaturação de defeitos pontuais • A presença deste defeito é a responsável pela deformação, falha e rompimento dos materiais • A quantidade e o movimento das discordâncias podem ser controlados por tratamentos térmicos • Podem ser em: - Cunha - Hélice - Mista DEFEITOS LINEARES: DISCORDÂNCIAS DEFEITOS LINEARES: DISCORDÂNCIAS DISCORDÂNCIA EM CUNHA Envolve um semi-plano extra de átomos A magnitude desta distorção normalmente tem a ordem de uma distância interatômica. O vetor de Burger é perpendicular a linha de discordância (plano extra) • Como uma discordância se move através do cristal, sob a aplicação de uma tensão de cisalhamento: Pela aplicação da tensão, o átomo C pode mover-se para a posição C' indicada na figura. Se isso acontecer, a discordância move-se de uma distância atômica para a direita. A contínua aplicação da tensão levará à movimentação da discordância em etapas repetidas. O resultado final é que o cristal é cisalhado no plano de escorregamento de uma distância atômica. DEFEITOS LINEARES: DISCORDÂNCIAS DISCORDÂNCIA EM CUNHA 3/4/2019 6 DISCORDÂNCIAS VISTAS ATRAVÉS DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO DEFEITOS LINEARES: DISCORDÂNCIAS DISCORDÂNCIA EM CUNHA DEFEITOS LINEARES: DISCORDÂNCIAS DISCORDÂNCIA EM HÉLICE • Produz distorção na rede A discordância em hélice pode ser imaginada como sendo o resultado da aplicação de uma tensão de cisalhamento. O vetor de Burger é paralelo a linha de discordância DEFEITOS LINEARES: DISCORDÂNCIAS DISCORDÂNCIA MISTA Os materiais metálicos só apresentarão discordâncias mistas, entretanto como estas discordâncias são complexas, é mais fácil estudá-las como misturas de discordâncias em cunha e hélice. OBSERVAÇÃO DAS DISCORDÂNCIAS • Diretamente TEM • Indiretamente SEM e microscopia óptica (após ataque químico seletivo) DISCORDÂNCIAS NO TEM ATAQUE PRODUZIDO NA DISCORDÂNCIA VISTA NO SEM Plano (111) do InSb 3/4/2019 7 CONSIDERAÇÕES GERAIS • Com o aumento da temperatura há um aumento na velocidade de deslocamento das discordâncias favorecendo o aniquilamento mútuo das mesmas e formação de discordâncias únicas. • Impurezastendem a difundir-se e concentrar-se em torno das discordâncias formando uma região de impurezas. • As discordâncias geram vacâncias • As discordâncias influem nos processos de difusão • As discordâncias contribuem para a deformação plástica Escorregamento de um monocristal de zinco DEFEITOS PLANARES OU INTERFACIAIS • Envolvem fronteiras - defeitos em duas dimensões • normalmente separam regiões dos materiais de diferentes estruturas cristalinas ou orientações cristalográficas OBSERVAÇÃO DOS CONTORNOS DE GRÃO Contorno de grão no alumínio. Microscopia Eletrônica de Transmissão de Alta Resolução. Sandia National Lab. CONTORNOS DE GRÃO DE ALTO E BAIXO ÂNGULO TWINS MACLAS OU CRISTAIS GÊMEOS • É um tipo especial de contorno de grão: Os átomos de um lado do contorno são imagens especulares dos átomos do outro lado do contorno. O twin ocorre num plano definido e em uma direção específica. • Ocorrência: metais com memória, que com aquecimento recuperam sua forma original Ligas com memória: são twins e quando deformados tornam-se untwin.. 3/4/2019 8 ORIGEM DOS TWINS • presença de tensões térmicas e mecânicas • desvio estequiométrico • presença de impurezas IMPERFEIÇÕES VOLUMÉTRICAS • São introduzidas no processamento do material e/ou na fabricação do componente IMPERFEIÇÕES VOLUMÉTRICAS - Inclusões impurezas estranhas - Precipitados aglomerados de partículas cuja composição difere da matriz - Porosidade devido a presença ou formação de gases - Fases devido à presença de impurezas (ocorre quando o limite de solubilidade é ultrapassado) - Estrias segregacionais ocorre em materiais semicondutores dopados INCLUSÕES INCLUSÕES DE ÓXIDO DE COBRE (Cu2O) EM COBRE DE ALTA PUREZA (99,26%) SULFETOS DE MANGANÊS (MnS) EM AÇO INCLUSÕES METALURGIA DO PÓ - Pó de ferro compactado 550 MPa POROSIDADE 3/4/2019 9 COMPACTADO DE PÓ DE FERRO APÓS SINTERIZAÇÃO A 1150oC, POR 120 min EM ATMOSFERA DE HIDROGÊNIO POROSIDADE SEGUNDA FASE A MICROESTRUTURA É COMPOSTA POR VEIOS DE GRAFITA SOBRE UMA MATRIZ PERLÍTICA. ESTA, POR SUA VEZ, É CONSTITUÍDA POR LAMELAS ALTERNADAS DE DUAS FASES: FERRITA (OU FERRO- ) E CEMENTITA (OU CARBONETO DE FERRO). Zeron 100 após tratamento térmico a 850ºC/10h e anodicamente polarisado a 0.46 V SCE em 0.6 M NaCl (pH 2.0) por 60 min Identificar: vacâncias, discordâncias, impureza substitucional e impureza intersticial http://www.doitpoms.ac.uk/tlplib/dislocations/images/creatingraft1.jpg http://www.doitpoms.ac.uk/tlplib/dislocations/images/creatingraft2.jpg http://www.doitpoms.ac.uk/tlplib/dislocations/images/raft1.jpg http://www.doitpoms.ac.uk/tlplib/dislocations/images/raft2.jpg 3/4/2019 10 http://www.doitpoms.ac.uk/tlplib/dislocations/images/raft3.jpg
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