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Causas extintivas de punibilidade

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Causas de Extinção da Punibilidade
 Matheus Dias Caldeira
São Sebastião – SP
2015
Causas de Extinção da Punibilidade
Matheus Dias Caldeira
Trabalho monográfico do curso de Direito apresentado à Faculdade de São Sebastião, tendo como título “Causas de Extinção da Punibilidade”. Seguindo os conceitos mais atualizados da Doutrina sobre o respectivo tema.
São Sebastião – SP
2015
Introdução
O presente trabalho busca definir de forma objetiva alguns conceitos sobre as causas extintivas de punibilidade, seguindo Doutrinadores tais como Fernando Capez, Julio Fabbrini Mirabete e Damásio de Jesus. Depois de todos os conceitos absorvidos em aulas, chegamos ao final da parte geral, no Título VIII da Extinção da Punibilidade que em seu artigo 107 mostra claramente as causas que extinguem o direito de punir do Estado.
“A prática de um fato definido na lei como crime traz consigo a punibilidade, isto é, a aplicabilidade da pena que lhe é cominada em abstrato na norma penal. Não é a punibilidade elemento ou requisito do crime, mas sua consequência jurídica, devendo ser aplicada a sanção quando se verificar que houve o crime e a conduta do agente foi culpável. Com a prática do crime, o direito de punir do Estado, que era abstrato, torna-se concreto, surgindo a punibilidade, que é a possibilidade jurídica de impor a sanção.”[1: Júlio Fabbrini Mirabete, Manual do Direito Penal – Volume I, Editora Atlas - 2001]
O Direito Penal detém a função de selecionar os comportamentos humanos mais graves e nocivos à coletividade, colocando em risco valores fundamentais para a convivência social, assim descrevê-lo como infrações penais, cominando-lhes, em consequência, as respectivas sanções, além de estabelecer todas as regras gerais necessárias à sua correta e justa aplicação. Diante de todo aparelhamento estatal, aplicando o Direito Penal no caso concreto, temos algumas causas em que o Estado perde o direito de punir. Estão mencionados no art. 107 do Código Penal, como lembra Capez. “Esse rol legal não é taxativo, pois causas outras existem no Código Penal e em legislação especial. Cite-se como exemplo o ressarcimento do dano, que, antes do trânsito em julgado da sentença, no delito de peculato culposo, extingue a punibilidade (CP, art. 312, § 3º), o pagamento do tributo ou contribuição social em determinados crimes de sonegação fiscal etc.” Vejamos que em determinadas causas é extinta a punibilidade somente com o pagamento do tributo, no entanto iremos observar as causas extintivas da punibilidade previstas no art. 107, I a IX, do Código Penal.[2: Fernando Capez, Curso de Direito Penal – Volume I, Editora Saraiva – 2015 pg. 557]
Morte do Agente (inciso I)
Após a morte do agente é obvio a extinção da punibilidade: mors omnia solvit (a morte tudo apaga) e na Constituição Federal em seu art. 5, XLV, 1ª parte fala que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, ou seja, com a morte do agente extingue a condenação ou a pena de multa, uma vez que esta não poderá ser cobrada dos seus herdeiros. O critério legal proposto pela medicina é a chamada morte cerebral, nos termos da Lei n. 9.434/97. Portanto é nesse momento que a pessoa deve ser declarada morta, autorizada por atestado médico, logo em seguida o registro do óbito no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais. Assim, elenco alguns critérios no caso de morte do agente.
Não se comunica aos participes e co-autores (somente extingue a punibilidade do falecido)
A causa extintiva pode ocorrer em qualquer momento da persecução penal, desde a instauração do inquérito até o termino da execução da pena.
A declaração de extinção da punibilidade pelo juiz exige prévia manifestação do Ministério Público (CPP, art. 62)
A morte somente pode ser provada mediante certidão de óbito, uma vez que o art. 155 do Código de Processo Penal é exigível tais formalidades, no entanto no caso de certidão falsa a primeira turma do Supremo Tribunal Federal entendeu que por equivoco a morte do agente, quando já declarada a extinção da punibilidade não constituiu ofensa à coisa julgada.[3: STF – HC: 60095 RJ, Relator Rafael Mayer, Data do julgamento: 30/11/1982, primeira turma.]
Anistia, graça e indulto (inciso II)
É uma espécie de clemência do Estado em renuncia ao direito de punir.
Anistia
Na conceituação de Capez: a lei penal de efeito retroativo que retira as consequências de alguns crimes já praticados, promovendo o seu esquecimento jurídico.[4: Curso de Direito Penal, Fernando Capez – Volume I, Ed. Saraiva, 2015 pg. 560.]
É competência exclusiva da União (CF, art. 21, XVII) e privativa do Congresso Nacional (CF, art. 48, VIII), com a sanção do Presidente da República, só podendo ser concedida por meio de lei federal. 
Uma vez concedida a anistia, não poderá ser revogada, porque a lei posterior prejudicaria os anistiados, uma vez que fere o principio constitucional de que a lei não pode retroagir para prejudicar o acusado (CF, art. 5º, XL).
O efeito da anistia é a retirada de todos os efeitos penais, principais e secundários, mas não os efeitos extrapenais. Quando a efeitos extrapenais já decidiu o Supremo Tribunal Federal: “A anistia, que é efeito jurídico resultante de ato legislativo de anistiar, tem a força de extinguir a punibilidade, se antes da sentença da condenação, ou a punição, se depois da condenação. Portanto, é efeito jurídico, de função extintiva no plano puramente penal. A perda de bens, instrumentos ou do produto do crime é efeito jurídico que se passa no campo da eficácia jurídica civil; não penal propriamente dito. Não é alcançada pelo ato de anistia sem que na leia seja expressa a restituição desses bens”.[5: STF, RT, 560/390]
São insuscetíveis de anistia os crimes hediondos, a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo, consumados ou tentados.
Indulto e graça
A graça é um benefício individual concedido mediante provocação da parte interessada; o indulto é de caráter coletivo e concedido espontaneamente. A Constituição Federal se refere apenas ao indulto (CF, art. 84, XII). A LEP passou a considerar a graça como indulto individual. São de competência exclusiva do Presidente da República, que pode delega-la aos ministros de Estado, ao advogado-geral da União ou ao procurador-geral da República (parágrafo único do art. 84). De acordo com a Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, são insuscetíveis de graça ou indulto os crimes hediondos, a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo, consumados ou tentados. 
Lei posterior que deixa de considerar o fato criminoso – “abolitio criminis”
A lei penal retroage, atingindo fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, sempre que beneficiar o agente de qualquer modo (CF, art. 5º, XL). Portanto, a lei que deixa de considerar o fato como criminoso, isto é, se lei posterior extingue o tipo penal, retroage e torna extinta a punibilidade de todos os autores da conduta. O juiz de primeira instância julgará e declarará extinta a punibilidade do agente, caso o processo estiver em grau de recurso, será o tribunal incumbido de julgar tal recurso, que irá extinguir a punibilidade do agente. Conforme a súmula 611 do Supremo Tribunal Federal: “Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação da lei mais benigna”.
Renúncia ao direito de queixa
É a renúncia do direito de promover a ação penal privado, pelo ofendido ou seu representante legal. Lembrando que só cabe na ação penal exclusivamente privada, sendo incabível na ação privada subsidiária da pública. A renúncia acontece antes de iniciar a ação penal privada, ou seja, antes de oferecida a queixa-crime. A doutrina elenca duas formas: expressa ou tácita. A primeira é a declaração escrita assinada pelo ofendido ou por seu representante legal, a segunda é uma prática incompatível com a vontadede dar início à ação penal privada (p. ex: o ofendido vai jantar almoçar na casa do seu ofensor, após a ofensa).
A legitimidade para oferecer a queixa e renunciar ao seu exercício é exclusiva do ofendido, sendo ele maior de 18 anos, uma vez que, sendo plenamente capaz (CC, art. 5º), não tem representante legal. Após a morte do ofendido, o direito de promover a queixa-crime passa a seu cônjuge, descendente, ascendente ou irmão.
Perdão do ofendido
É a desistência manifestada após o oferecimento da queixa-crime, no sentindo de desistir da ação penal privada já iniciada. A renúncia é anterior e o perdão é posterior à propositura da ação penal privada.
Como na renúncia, o perdão só é válido na ação penal exclusivamente privada.
Perempção
Perempção é a extinção da relação processual pela perda de um prazo definido e definitivo. “É uma pena ao ofendido pelo mau uso da faculdade, que o poder público lhe outorgou, de agir preferentemente na punição de certos crimes”.[6: Aloysio de Carvalho Filho, Comentários, cit, v.4, p.222]
Só é cabível após iniciada a ação exclusivamente privada, sendo admissível apenas no uso desta. A doutrina aponta seis hipóteses no caso de perempção. São elas:
Querelante que deixa de dar andamento ao processo durante 30 dias seguidos: A perempção só será válida se o querelante tiver sido previamente notificado para agir. Deve, assim, a paralisação do processo dar-se por sua causa. Se for atribuída ao querelado ou a funcionário, não há de se falar em perempção;[7: Nesse sentido: STF, RT, 651/364]
Querelante que deixa de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente: O querelante só está obrigado a comparecer aos atos em que sua presença seja absolutamente indispensável. 
Querelante que deixa de formular pedido de condenação nas alegações finais: A não apresentação de razões finais equivale a não pedir a condenação. Também haverá perempção na hipótese em que o querelante deixar de pleitear nas alegações finais a condenação quanto a um dos delitos capitulados na inicial. [8: JTACrimSP, 82/172]
Morte ou incapacidade do querelante: Sem o comparecimento, no prazo de 60 dias, de seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, ou qualquer pessoa que deva fazê-lo;[9: Curso de Direito Penal, Fernando Capez – Volume I, Ed. Saraiva, 2015 pg. 571.]
Quando o querelante, sendo pessoa jurídica, extinguir-se sem deixar sucessor
Às hipóteses de perempção deve ser acrescida a da morte do querelante no crime de ação penal privada personalíssima, em que só o ofendido pode propor a ação. [10: Curso de Direito Penal, Fernando Capez – Volume I, Ed. Saraiva, 2015 pg. 573.]
Retratação do agente
O termo retratar-se significa desdizer-se, retirar o que se disse. A lei permite em algumas hipóteses, a retratação é admitida nos crimes contra a honra, mas apenas nos casos de calúnia e difamação, sendo inadmissível na injúria. (art. 143 do CP).
Na hipótese de crime contra a honra, a retratação do agente só será possível até a sentença de primeiro grau do processo criminal instaurado em virtude da ofensa.
Perdão Judicial
Consiste em uma faculdade do juiz de, nos casos previstos em lei, deixar de aplicar a pena, em face de justificadas circunstâncias excepcionais, seguidas de condições objetivas e subjetivas para o cumprimento do perdão judicial.
O juiz tem o dever de analisar discricionariamente se as circunstâncias excepcionais estão ou não presentes. Caso entenda que sim, não poderá recusar a aplicação do perdão judicial, pois o agente tem direito público subjetivo ao beneficio.
A extensão no caso concreto para a aplicação do perdão consiste em consequências que abrangem tanto as de ordem física quanto as de ordem mortal, ocorrendo esta última quando da perda ou ferimento de um ente familiar próxima, em decorrência de acidente automobilístico culposo; quando as consequências atingem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torna desnecessária. 
Em algumas hipóteses o juiz só pode deixar de aplicar a pena nos casos expressamente previstos em lei, quais sejam:
Art. 121, § 5º do CP: homicídio culposo em que as consequências da infração atinjam o agente de forma grave, tornando-se a sanção desnecessária;
Art. 129, § 8º do CP: lesão corporal culposa com as consequências mencionadas no art. 121, § 5º;
Art. 140, § 1º, I e II, do CP: injúria, em que o ofendido de forma reprovável provocou diretamente a ofensa, ou no caso de retorsão imediata consistente em outra injúria.
Art. 176, parágrafo único, do CP: de acordo com as circunstâncias o juiz pode deixar de aplicar a pena a quem toma refeições ou se hospeda sem dispor de recursos para o pagamento;
Art. 180, § 5º, do CP: na receptação culposa, se o criminoso for primário, o juiz pode deixar de aplicar a pena, levando em conta as circunstâncias;
Art. 240, § 4º, do CP: no adultério, o juiz podia deixar de aplicar a pena se houvesse cessado a vida em comum; entretanto, mencionado dispositivo legal encontra-se revogado;
Art. 249, § 2º, do CP: no crime de subtração de incapazes de quem tenha guarda, o juiz pode deixar de aplicar a pena se o menor ou interdito for restituído sem ter sofrido maus-tratos ou privações. 
Como já citado anteriormente, o agente terá que cumprir alguns requisitos para o benefício; as condições subjetivas levam em conta a primariedade do sujeito, voluntariedade da participação e a personalidade recomendável por parte do agente. Já as condições objetivas é a colaboração efetiva com a investigação e o processo criminal, identificação dos demais co-autores, localização da vítima com sua incolumidade preservada, a recuperação total ou parcial do produto do crime e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso compatíveis com a medida, a critério do juiz.
Decadência
 Seguindo o conceito de Capez: “é a perda do direito de promover a ação penal exclusivamente privada e a ação penal privada subsidiária da pública e do direito de manifestação da vontade de que o ofensor seja processado, por meio da ação penal pública condicionada à representação, em face da inércia do ofendido ou de seu representante legal, durante determinado tempo fixado em lei”.[11: Curso de Direito Penal, Fernando Capez – 2015, pg. 580]
A decadência está no rol das causas que extinguem a punibilidade, mas na verdade, o que ela extingue é o direito de promover a ação e provocar a prestação jurisdicional, e o Estado não tem como satisfazer o direito de punir.
Temos que observar que a decadência não atinge de forma direta o direito de punir, pois este pertence ao Estado e não ao ofendido; ela extingue apenas o direito de promover a ação ou de oferecer a representação. Seguindo no prazo decadencial, o ofendido ou o seu representante legal, perderá seu direito de queixa, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier, a saber, quem é o autor do crime (arts. 38 do CPP e 103 do CP). O prazo é contado de acordo com a regra do art. 10 do CP, incluindo-se o dia do começo, não se prorrogando em face de domingos, férias e feriados, uma vez que se trata de natureza penal que leva à extinção do direito de punir.
Quanto à titularidade do direito de queixa ou de representação, irá depender do caso. O ofendido menor de 18 anos será de competência de seu representante legal, já o ofendido maior de 18 anos, somente ele poderá exercer o direito de queixa, pois é plenamente capaz, não há que falar em representante legal.
Nos casos de crime continuado e no crime habitual, onde ocorre uma sequência de atos, a decadência irá depender do caso. O crime continuado incide isoladamente sobre cada crime; já o crime habitual começa a partir do último ato.
Prescrição
A prescrição é, justamente, a perda da pretensão concreta de punir o criminoso ou de executar a punição, devido à inércia do Estado durante determinado período de tempo. Seguindo um outro conceito, é a perda do direito de punir pelo Estado em face do não-exercício da pretensãopunitiva (interesse de aplicar a pena) ou da pretensão executória (interesse de executá-la) durante certo tempo. Portanto, o não-exercício da pretensão punitiva acarreta a perda do direito de impor a sanção, só irá ocorrer antes de transitar em julgado. Já o não-exercício da pretensão executória extingue o direito de executar a sanção imposta, só ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória.[12: Curso de Direito Penal, Fernando Capez – 2015, pg. 583]
Fundamentos: A inconveniência da aplicação da pena muito tempo após a prática da infração; o Estado deve agir dentro de prazos determinados.
Imprescritibilidade: Existem algumas hipóteses em que a prescrição penal não irá ocorrer. Os crimes de racismo, assim definido na Constituição Federal, art. 5º, XLII; e as ações de grupos armados, civis ou militares contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (CF, art. 5º, XLIV). Essas hipóteses de imprescritibilidade não poderão ser emendadas, nem mesmo por meio de emenda constitucional, por se tratar de cláusula pétrea. 
Espécies de prescrição: O Estado possui duas pretensões: a de punir e a de executar a punição do delinquente. Portanto, existem apenas duas espécies de prescrição: A prescrição da pretensão punitiva (PPP) e a prescrição da pretensão executória (PPE). [13: Curso de Direito Penal, Fernando Capez – 2015 pg. 585.]
Prescrição da pretensão punitiva (PPP)
O Estado fica inerte durante determinado lapso de tempo, sendo assim perde o poder-dever de punir. Os efeitos do PPP é a interrupção da persecução penal em juízo; o afastamento de todos os efeitos, principais e secundários, penais e extrapenais da condenação; e a condenação não poderá constar na folha de antecedentes, exceto quando requisitada por juiz criminal.[14: RTJ, 101/745]
Nos termos do art. 61, caput, do CPP, a prescrição da pretensão punitiva pode ser declarada a qualquer momento da ação penal, de ofício ou mediante requerimento de qualquer das partes.
A prescrição da pretensão punitiva começa a correr: (art. 111, I,II,III e IV, do CP)
A partir da consumação do crime: O crime só ocorre no momento em que se dá a ação ou omissão (teoria da atividade), mas, a prescrição só começa a correr a partir da sua consumação (teoria do resultado);
No caso de tentativa, no dia em que cessou a atividade: Nesta não há consumação, outro deve ser o termo inicial;
Nos crimes permanentes, a partir da cessação da permanência: Lembrando que o crime permanente é aquele que se prolonga no tempo (ex. sequestro). Assim, a prescrição só começa a correr na data em que se der o encerramento da conduta, ou seja, com o término da permanência;
No crime continuado: Incide isoladamente sobre cada um dos crimes componentes da cadeia de continuidade delitiva (art. 119 do CP).
A contagem do prazo prescricional rege-se de acordo com o art. 10 do CP, computando o dia do começo e contando os meses e anos pelo calendário comum. Lembrando que o prazo é fatal e improrrogável, pouco importando que termine em sábado, domingo, feriado ou período de férias.[15: Curso de Direito Penal, Fernando Capez – 2015, pg. 588.]
Já o cálculo do prazo prescricional, é calculado em função da pena privativa de liberdade. No art. 109 do CP, existe uma tabela na qual cada pena tem seu prazo prescricional correspondente.
Causas interruptivas da prescrição são aquelas que impedem o curso da prescrição, fazendo com que este se reinicie do zero, desprezando o tempo já decorrido. São as seguintes:
Recebimento da denúncia ou queixa: o recebimento da denúncia ou queixa interrompe a prescrição;
Publicação da sentença da pronúncia;
Acórdão confirmatório da pronúncia;
Publicação da sentença condenatória recorrível;
Publicação do acórdão condenatório recorrível.
Temos também as causas suspensivas da prescrição, são aquelas que sustam o prazo prescricional, fazendo com que recomece a correr apenas pelo que restar, aproveitando o tempo anteriormente decorrido. Suspende-se a prescrição:
Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o conhecimento da existência do crime: enquanto o processo criminal estiver suspenso, aguardando a solução da prejudicial no litígio cível, a prescrição também estará suspensa;
Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro por qualquer motivo;
Na hipótese de suspensão parlamentar do processo;
Durante o prazo de suspensão condicional do processo;
Se o acusado, citado por editar, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, até o seu comparecimento;
Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o prazo de prescrição até seu cumprimento;
Nos crimes contra a ordem econômica. [16: Curso de Direito Penal, Fernando Capez – 2015 pg. 600.]
Prescrição da pretensão executória (PPE)
Seguimos o mesmo conceito, onde a inércia do Estado durante certo lapso de tempo, perde o poder-dever de executar a sanção imposta. Uma breve distinção entre PPP superveniente e PPE é que a primeira tem inicia com a publicação da sentença condenatória; a segunda, com o trânsito em julgado da condenação para a acusação. Além disso, a prescrição superveniente só pode ocorrer antes do trânsito em julgado para a defesa; a prescrição executória, somente após esse trânsito. [17: Nesse mesmo sentido: STJ, 5ª T, RHC 4.073-4/SP, Rel. Min. Jesus Costa Lima, DJU, 14-11-1994.]
A prescrição da pretensão executória começa a correr a partir da data do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação; da data em que é proferida a decisão que revoga o livramento condicional ou o sursis; do dia em que a execução da pena é interrompida por qualquer motivo.
As causas interruptivas, são aquelas que reinicia do zero, desprezando o tempo até então decorrido. São as seguintes:
Início do cumprimento da pena;
Continuação do cumprimento da pena;
Reincidência
As causas suspensivas são aquelas que sustam o prazo prescricional, fazendo com que este recomece a correr apelas pelo tempo que restar. Considera-se como causa suspensiva a prisão do condenado por qualquer outro motivo que não a condenação que se pretende executar.
Conclusão
Analisando o contexto de tudo que foi acima mencionado, observa-se que o poder de punir do Estado é absoluto, mas não ilimitado. Isso porque somente o Estado tem o direito de punir, porém, o ordenamento jurídico traça regras para que esse direito seja exercido, as quais, uma vez não cumpridas, fazem com que a pretensão punitiva desapareça.
 Questões
1. Assinale a alternativa que estiver totalmente correta.
a) Em face do princípio da legalidade constitucionalmente consagrado, a lei penal é sempre irretroativa, nunca podendo retroagir.
b) Se entrar em vigor lei penal mais severa, ela será aplicável a fato cometido anteriormente a sua vigência, desde que não venha a criar figura típica inexistente.
c) Sendo a lei penal mais favorável ao réu, aplica-se ao fato cometido sob a égide de lei anterior, desde que ele ainda não tenha sido decidido por sentença condenatória transitada em julgado.
d) A lei penal não pode retroagir para alcançar fatos ocorridos anteriormente à sua vigência, salvo no caso de abolitio criminis ou de se tratar de lei que, de qualquer modo, favoreça o agente.
e) Se a lei nova for mais favorável ao réu, deixando de considerar criminosa a sua conduta, ela retroagirá mesmo que o fato tenha sido definitivamente julgado, fazendo cessar os efeitos civis e penais da sentença condenatória.
2. Aponte a alternativa que está em desacordo com disposição do Código Penal relacionada com extinção de punibilidade.
a) Não se estende à receptação a extinção da punibilidade do crime antecedente, que é seu pressuposto.
b) A sentença que concede perdão judicial pode ser considerada para efeito de reincidência.
c) A perempção só pode ser reconhecida em ação penal exclusivamente privada..
d) No delito defalso testemunho, a retratação só produz efeito se ocorrida antes da sentença no processo em que se deu esse ilícito.
3. Não leva à extinção da punibilidade do agente:
a) A retroatividade da lei que não mais considera o fato como criminoso.
b) A prescrição, a decadência ou a perempção.
c) A renúncia do direito de queixa ou o perdão aceito, nos crimes de ação privada.
d) O casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes (hoje crimes contra a dignidade sexual).
e) A retratação do agente, nos casos em que a lei a admite.
4. Acerca das causas extintivas da punibilidade, assinale a opção correta:
a) De acordo com o entendimento do STF, é possível a revogação da decisão que extinguiu a punibilidade do réu, com base em certidão de óbito falsa, por inexistência de coisa julgada em sentido estrito, visto que tal decisão é meramente declatória, não subsistindo se seu pressuposto for falso.
b) O decreto de indulto coletivo é autoexecutável, isto é, produz efeitos por si mesmo, prescindindo de avaliação judicial e oitiva do MP.
c) No caso de indulto condicional, o condenado deve apresentar bom comportamento durante certo período, que normalmente é de 2 anos, sob pena de não ser reconhecido o perdão concedido, situação em que o indulto perde a eficácia e o condenado volta a cumprir pena. No período determinado como condição, a superveniência de decisão condenatória que imponha pena restritiva de direitos impede o aperfeiçoamento do indulto.
d) A anistia ocorre apenas após a condenação definitiva, pode ser condicionada ou não, e destina-se a crimes políticos e comuns, sendo vedada para crimes hediondos, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo.
5. Extingue a punibilidade do agente:
a) A decadência, nos crimes de ação penal privada e pública incondicionada.
b) A renúncia, nos crimes de ação penal privada subsidiária da pública.
c) A perempção, nos crimes de ação penal privada.
d) O perdão, nos crimes de ação penal pública condicionada à representação.
Referências
CAPEZ, Fernando A. N Galvão de. Curso de Direito Penal. 19. Ed. São Paulo: Saraiva, 2015
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual do Direito Penal, 22ª ed. São Paulo: Atlas, 2005
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal Parte Geral 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2009

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