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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA SISTEMAS TÉRMICOS Prof. Luís Antônio Bortolaia Unidade 2 Motores de Combustão Interna 5. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DOS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA ALTERNATIVO 5.1 PRINCÍPIO GERAL DE FUNCIONAMENTO: comum aos motores alternativos Unidade 2 Motores de Combustão Interna No motor de combustão interna existe uma série de operações contínuas, denominada de ciclo mecânico, que é o mesmo em qualquer motor alternativo. Ciclo mecânico: 1. Introdução do ‘combustível’ no cilindro; 2. Compressão do ‘combustível’ (consumindo trabalho); 3. Queima do combustível (combustão); 4. Expansão dos gases resultantes da combustão (gerando trabalho); 5. Expulsão dos gases . Unidade 2 Motores de Combustão Interna Nos motores alternativos de combustão interna, este ciclo pode completar-se de duas maneiras: - ciclo de trabalho de dois tempos; - ciclo de trabalho de quatro tempos. Unidade 2 Motores de Combustão Interna 5.2. CICLO A QUATRO TEMPOS (MOTOR A QUATRO TEMPOS) 1º Tempo Curso de Admissão 2º Tempo Curso de Compressão Unidade 2 Motores de Combustão Interna 3º Tempo: Curso de combustão e expansão 4º Tempo Curso de escape Unidade 2 Motores de Combustão Interna O ciclo é válido para o motor ciclo Otto (ignição por centelha) e para o motor ciclo Diesel (ignição por compressão). A diferença está na forma de introduzir o combustível e na ignição. Comparação: ciclo Otto x ciclo Diesel Tempos Ciclo Otto Ciclo Diesel 1º Tempo Aspiração da mistura ar + combustível Aspiração de ar 2º Tempo Compressão da mistura ar + combustível Compressão do ar 3º Tempo Ignição da mistura por meio de centelha (vela de ignição), expansão dos gases Injeção do combustível e auto- ignição da mistura, expansão dos gases 4º Tempo Descarga dos gases Descarga dos gases Unidade 2 Motores de Combustão Interna 3.3. O CICLO DE DOIS TEMPOS Motores de dois tempos: • combinam em dois cursos do pistão (uma volta do virabrequim – 360º) as funções dos motores de quatro tempos: aspiração, compressão, combustão – expansão, escape); • existe um curso motor para cada volta do virabrequim. Unidade 2 Motores de Combustão Interna � O CICLO DE DOIS TEMPOS A GASOLINA • normalmente não possuem válvulas; • o cárter é de dimensão reduzida: nele é lançada a mistura ar – gasolina e óleo de lubrificação. É fechado, pois é onde ocorre a pré- compressão da mistura. • existem aberturas (janelas) apropriadas para a entrada da mistura e• existem aberturas (janelas) apropriadas para a entrada da mistura e saída dos gases. Unidade 2 Motores de Combustão Interna A – janela de carga de admissão da mistura no cárter B – vela de ignição C – janela de carga do 1º Tempo: admissão- compressão 2º Tempo: combustão e escape C – janela de carga do cárter ao cilindro D – janela de descarga dos gases Unidade 2 Motores de Combustão Interna 1º tempo: o pistão dirige-se para o PMS, comprimindo a mistura combustível. As janelas D e C estão fechadas pela superfície do pistão. A janela de admissão A está aberta e a mistura combustível entra no cárter. 2º tempo: no PMS a vela produz uma centelha, ocorrendo a combustão, levando o pistão ao PMI. Descarga, lavagem:Descarga, lavagem: Durante o curso de trabalho o pistão passa na janela de descarga antes de chegar ao PMI. Os gases produtos da combustão escapam e ao mesmo tempo, pela janela de carga C, entra no cilindro a mistura ar-gasolina, que foi pré-comprimida no cárter pela parte inferior do pistão em seu movimento descendente. Esta mistura combustível limpa o cilindro dos gases queimados, obrigando-os a sair e carrega o cilindro para o próximo ciclo. Unidade 2 Motores de Combustão Interna � O CICLO DE DOIS TEMPOS DIESEL • este ciclo não trabalha com uma pré-compressão no cárter; • existe um compressor ou turbocompressor para inserir o ar no cárter; • ciclo diesel: comprime apenas o ar e então injeta o combustível diretamente no ar comprimido; • o pistão atua como válvula de entrada, abrindo e fechando a• o pistão atua como válvula de entrada, abrindo e fechando a janela de admissão de ar. Unidade 2 Motores de Combustão Interna 1. Quando o pistão está no PMS, o cilindro contém uma carga de ar altamente comprimido. O combustível diesel é pulverizado no cilindro pelo injetor e inflama-se. 2. A pressão criada pela combustão empurra o pistão para baixo. Este é o ciclo de potência. 3. Quando o pistão se aproxima do PMI, as válvulas de escapamento se abrem. Os gases queimados são expelidos rapidamente do cilindro, aliviando a pressão.cilindro, aliviando a pressão. 4. Quando o pistão chega ao PMI, descobre as janelas de admissão de ar. O ar pressurizado enche o cilindro, forçando para fora o restante dos gases queimados. 5. As válvulas de escapamento se fecham e o pistão começa a voltar a subir, fechando as janelas de admissão e comprimindo a carga de ar. Este é o ciclo de compressão. Unidade 2 Motores de Combustão Interna 6. CICLOS DOS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA 6.1. CICLO PADRÃO A AR Os motores de combustão interna operam em um ciclo mecânico (o pistão retorna à sua posição inicial ao final de cada revolução) , e o fluido de trabalho não passa por um ciclo termodinâmico completo. Os ciclos reais são complexos. Para a condução da análise em umOs ciclos reais são complexos. Para a condução da análise em um nível de complexidade adequado, utiliza-se aproximações teóricas (ciclos teóricos, ciclos ideais ou ciclo padrão a ar). Hipóteses do ciclo padrão a ar: 1) O fluido de trabalho é o ar (gás ideal), que circula continuamente em um circuito fechado; Unidade 2 Motores de Combustão Interna 2) Os processos do ciclo são internamente reversíveis; 3) O processo de combustão é substituído por um fornecimento de calor a partir de uma fonte externa; Unidade 2 Motores de Combustão Interna 4) O processo de exaustão é substituído por um processo de rejeição de calor que restaura o fluido de trabalho ao seu estado inicial; 5) O ar possui calores específicos constantes. ALGUMAS DEFINIÇÕES IMPORTANTES: Volume morto;morto; câmara de combustão Unidade 2 Motores de Combustão Interna Cilindrada do motor: É o volume total deslocado pelo pistão entre o P.M.I e o P.M.S, multiplicado pelo número de cilindros do motor. cilindrosNCurso D C .. 4 . 2 = π Câmara de Compressão ou de Combustão, ou Volume Morto: é o espaço livre que fica acima do pistão quando este se encontra no P.M.S. Unidade 2 Motores de Combustão Interna Taxa (razão) de compressão (r): é definida como a relação entre os volumes máximo e mínimo do cilindro. cc ccc V VV r + = onde: Vc – volume da cilindrada; Vcc – volume da câmara de combustão. Unidade 2 Motores de Combustão Interna Motor r gasolina 6 a 10 álcool 7 a 11,5 Motores: relações de compressão típicas diesel 14 a 22 Unidade 2 Motores de Combustão Interna Pressão média efetiva (PME): termo muito usado em motores alternativos. É uma pressão fictícia que, se agisse sobre o pistão durante todo o curso (ou tempo) motor, produziria a mesma quantidade de trabalho líquido que a produzida durante o ciclo real. Unidade 2 Motores de Combustão Interna 6.2. O CICLO OTTO IDEAL É composto por: 1-2: compressão isoentrópica 2-3: adição de calor a volume constante 3-4: expansão isoentrópica 4-1: rejeição de calor a volume constante Unidade 2 Motores de Combustão Interna Unidade 2 Motores de Combustão Interna Modelagem do Ciclo Otto Ideal: O ciclo Otto é executado em um sistema fechado e, desprezando as variações das energias cinéticase potencial, o balanço de energia dos processos é expresso por unidade de massa, como: Os dois processos de transferência de calor (processos 2-3 e 4-1 não envolvem trabalho, pois ocorrem a volume constante). - Fornecimento de calor a volume constante: Unidade 2 Motores de Combustão Interna - A rejeição de calor a volume constante: - A eficiência térmica do ciclo Otto: 23 41 23 4123 23 1234 e L t q q 1 q qq q ww q w −= − = − ==η 232323e qqqq Unidade 2 Motores de Combustão Interna onde: - r é a razão (taxa) de compressão - k é a razão dos calores específicos - Os processos 1-2 e 3-4 são isoentrópicos e v2=v3 e v4=v1 . Assim: Unidade 2 Motores de Combustão Interna 6.3. O CICLO DIESEL IDEAL É composto por: 1-2: compressão isoentrópica 2-3: adição de calor a pressão constante 3-4: expansão isoentrópica3-4: expansão isoentrópica 4-1: rejeição de calor a volume constante Unidade 2 Motores de Combustão Interna Unidade 2 Motores de Combustão Interna - Fornecimento de calor a pressão constante: - Rejeição de calor a volume constante: - Eficiência térmica do ciclo Diesel: Unidade 2 Motores de Combustão Interna Razão de corte: Razão de corte Razão de compressão Razão de corte Unidade 2 Motores de Combustão Interna Unidade 2 Motores de Combustão Interna Unidade 2 Motores de Combustão Interna Unidade 2 Motores de Combustão Interna Unidade 2 Motores de Combustão Interna Unidade 2 Motores de Combustão Interna 6.4. CICLO OTTO REAL Unidade 2 Motores de Combustão Interna Diferenças entre o Ciclo Otto real (indicado) e ideal (teórico) Unidade 2 Motores de Combustão Interna A – PERDA POR TRANSMISSÃO DE CALOR: os processos de compressão e expansão não são adiabáticos, e sim politrópicos com n k, visto que o cilindro é refrigerado e o fluido refrigerante (ar ou água) efetua transferência de calor. Isso provoca uma perda de trabalho útil. B - PERDA DE TRABALHO POR COMBUSTÃO NÃO INSTANTÂNEA: a combustão, no ciclo ideal ou teórico é suposta a volume constante, ou seja, instantânea. Como a combustão é uma reação química, elaseja, instantânea. Como a combustão é uma reação química, ela necessita de um certo tempo para se realizar (a combustão é uma queima ordenada da mistura do vapor de combustível com o ar. A ignição acontece nas proximidades dos eletrodos da vela e a frente da chama avança expandindo-se esfericamente a partir deste ponto. A frente da chama leva um certo tempo para se deslocar do ponto inicial até a superfície mais distante da câmara de combustão). Unidade 2 Motores de Combustão Interna Assim, é necessário que a combustão se inicie antes que o pistão alcance o PMS, para que não haja perda de trabalho útil. C – PERDA DE TRABALHO POR ABERTURA DA VÁLVULA DE ESCAPE (DESCARGA): no ciclo ideal é suposto que a rejeição de calor ocorre justamente no PMI. Na realidade a abertura da válvula de escape ocorre antes do PMI, pois com isto uma grande parte dos gases são expelidos devido a pressão reinante no cilindro, reduzindo assim oexpelidos devido a pressão reinante no cilindro, reduzindo assim o trabalho realizado pelo pistão para terminar a expansão. D – PERDA DE TRABALHO POR BOMBEAMENTO: durante a admissão da mistura a pressão no cilindro é inferior à pressão atmosférica, e durante o escape a pressão é superior à atmosférica. A área D representa o trabalho realizado durante a admissão e o escape. Unidade 2 Motores de Combustão Interna Detalhe ampliado da pressão nos tempos de admissão e escape. Unidade 2 Motores de Combustão Interna E – DIMINUIÇÃO DAS TEMPERATURAS E PRESSÕES MÁXIMAS: o fluido de trabalho não é ar ideal e com isto haverá um aumento dos calores específicos com a temperatura e uma conseqüente redução do valor do expoente k. Haverá a redução da pressão e temperatura máximas, diminuindo o rendimento térmico. Ocorrerá também o fenômeno da dissociação (que é uma reação que absorve calor), o que implica em uma menor temperatura máximaabsorve calor), o que implica em uma menor temperatura máxima alcançada. Unidade 2 Motores de Combustão Interna 6.5. O CICLO DIESEL REAL Diferença entre o ciclo Diesel real e ideal Unidade 2 Motores de Combustão Interna • as diferenças correspondentes à variação dos calores específicos, às perdas de calor e à abertura antecipada da válvula de escape correspondem (se assemelham) às do ciclo Otto. • as perdas de bombeamento e de dissociação diferem ligeiramente das do ciclo Otto, sendo estas menores no ciclo Diesel. A dissociação não exerce influência acentuada, pois o excesso de ar e a mistura dos gases de escape são tal que diminuem a temperaturaa mistura dos gases de escape são tal que diminuem a temperatura máxima, e conseqüentemente a dissociação dos produtos da combustão. • no motor Diesel o que mais se evidencia é a diferença na combustão, que não se verifica a pressão constante no ciclo real. Na prática, a pressão varia durante a combustão. Unidade 2 Motores de Combustão Interna Na realidade, parte da combustão se efetua a pressão constante e outra a volume constante, de forma muito semelhante ao ciclo Otto real. Unidade 2 Motores de Combustão Interna 6.6. POTÊNCIAS E RENDIMENTOS 6.6.1. Potências � Potência de eixo (ou potência efetiva): é a potência obtida no eixo motor, já descontadas as perdas. É a potência líquida de saída. � Potência indicada: é a potência realmente desenvolvida no interior� Potência indicada: é a potência realmente desenvolvida no interior dos cilindros. Unidade 2 Motores de Combustão Interna onde: Pind – potência indicada (kW) n – rotação (rpm) Z – números de cilindros i = 1 : motor 2 tempos i = 2 : motor 4 tempos pmi – pressão média indicada (kPa) V – volume da cilindrada (m3)Vc – volume da cilindrada (m 3) � Potência do combustível: calor liberado pela queima do combustível. Unidade 2 Motores de Combustão Interna - vazão em massa de combustível (kg/s) PCI - poder calorífico inferior do combustível (kJ/kg) � Potência de atrito 6.6.2. Rendimentos � rendimento volumétrico: Volume admitido Volume da cilindrada Unidade 2 Motores de Combustão Interna � rendimento mecânico: relação entre a potência de eixo e a potência indicada. � rendimento indicado: relação entre a potência indicada e a potência do combustível. � rendimento global ou efetivo: relação entre a potência de eixo e a potência do combustível. Unidade 2 Motores de Combustão Interna Exercícios: 1. Um motor Diesel de 4 tempos com dois cilindros apresenta relação de compressão 14, relação de corte 1,8, rotação de 200 rpm e consume 13,7 kg de óleo por hora. Sabendo-se que o rendimento total é de 50 %, pede-se determinar a potência de eixo e a pressão média efetiva do motor. Considere que o cilindro possui um diâmetro de 30,5 cm e um cursoConsidere que o cilindro possui um diâmetro de 30,5 cm e um curso de 45,7 cm. O poder calorífico inferior do combustível usado é de 10000 kcal/kg. 2. Um motor Otto de 4 cilindros, 375 cm³, relação de compressão de 7, desenvolve uma potência efetiva de 50 CV a 4000 rpm. Calcule o aumento de rendimento, da pressão média efetiva e da potência quando a relação de compressão aumentar para 8,5.
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