Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Prof. Dr. Marcelo Chaves GEOGRAFIA FÍSICA Epistemologia da Geografia Física Este ramo da geografia moderna nasceu a partir do estudo das formas existentes no espaço terrestre, construindo seu pensamento em torno de enfoques descritivos (a forma pela forma). Segundo Gregory (1985) a geografia física surgiu a partir do contexto de influencias externas e internas. Influências externas As explorações e as pesquisas forjaram as primeiras pesquisas de campo de que se tem registro, foi graças a elas que também se realizaram descobertas entre o tempo presente da época e o passado remoto. Positivismo Científico: tornou-se frequente os métodos estatísticos, o processamento de dados e o uso da técnica da computação. Conservação do meio: essa idéia foi formulada com base nas transformações pelos diferentes usos dos recursos naturais, visando principalmente o impacto ocorrido no ambiente pela intervenção das atividades econômicas imposto pelo ser humano, de vez que a introdução de indústrias no espaço provocou aceleração da produção e, consequentemente, maior utilização dos recursos naturais, em uma escala hoje sem precedentes. Influências internas A geomorfologia: Davis e Penck introduziram a idéia da evolução do relevo, que até então não havia sido pensado. A teoria da Deriva Continental: foi outro progresso no campo da investigação desmistificando as crenças populares e religiosas. Surgimento do radar: no fim da primeira metade do século XVIII foi outro aspecto relevante, representando um grande avanço no campo das pesquisas, de modo que o desenvolvimento de novas técnicas renovou os métodos e os paradigmas. Geografia Física A geografia física é um campo (cf. Bourdieu, 1992) temático que procura problematizar a natureza e sua relação com a sociedade pelo viés da Ciência Geográfica. É o estudo da organização espacial dos geossistemas, de vez que essa organização se expressa pela estrutura conferida pela distribuição e arranjo espacial dos elementos que compõem o universo do sistema, os quais são resultantes da dinâmica dos processos atuantes e das relações entre os elementos. A geografia física busca compreender o espaço a partir dos aspectos fisionômicos, as feições que o meio geográfico assume, as imagens, as formas, os processos que nele atuam, e decodificar essas categorias para interpô-las, analisá-las e diagnosticar nas diferentes escalas. A natureza da geografia física parte do princípio da análise das interações espaciais. Campo de aplicação O campo de aplicação da Geografia Física é vasto e complexo. Pode-se destacar, por exemplo, que ela analisa as condições naturais, sobretudo na interpretação da estrutura e processos do espaço geográfico; no estudo geossistêmico, considera os seus subsistemas naturais e todas as influências dos fatores socioeconomicos; atua ainda em planejamentos (territoriais e regionais), no planejamento socioambiental e no ensino. Clássicos de renome internacional: De Marttone com seu “Tratado geral da Geografia Física”, de 1909, com enfoque enciclopédico, além da “Geografia Física” de Sotchava e Sraler. Na década de 1950 surge no Brasil a obra “A Terra e Homem: bases físicas”, sob a coordenação de Aroldo de Azevedo. Outros destaques importantes da Geografia Física são Jean Tricart e Georges Bertrand, na década de 60 e 70, relacionando o quadro físico do planeta e as organizações sociais numa dinâmica rápida. O objetivo básico e fundamental Geografia Física é o estudo dos geossistemas, pois eles fornecerão as informações sobre a dinâmica da natureza, possibilitando o planejamento para o uso prudente do espaço geográfico com fins à equidade temporal. Os geossistemas derivam da Teoria Geral dos Sistemas de Bertalanffy, e para a Geografia Física, em sua totalidade, destaca-se a contribuição de Chorley e Kennedy (1968), conforme referenciado por Christofoletti (1979). O geossistema, ou sistemas ambientais físicos, é um sistema natural, não necessariamente homogêneo, aberto, ligado a um território que se caracteriza por possuir certa morfologia (estruturas espaciais, verticais e horizontais), por um funcionamento (energia solar, gravitacional, ciclos biogeoquímicos, processos morfogenéticos e pedogenéticos) e comportamento específico (mudanças em sequência temporal). Reagrupa geofácies e geótopos dinamicamente, e do ponto de vista vegetacional, por exemplo, representa um mosaico (CHRISTOFOLETTI, 2001). Portanto, é um conceito territorial, uma unidade espacial, que pode ser delimitada e analisada em determinada escala. Geofácies – corresponde a um setor fisionomicamente homogêneo dentro do geossistema, onde se desenvolve uma mesma fase de evolução. Sua superfície abrange, geralmente, algumas centenas de metros quadrados. Geótopo – corresponde a menor unidade geográfica homogênea diretamente discernível no terreno. Constituem refúgios de biocenoses originais, relictuais ou endêmicas. Suas condições ecológicas são muitas vezes diferentes das do geossistema e da geofácies. Geralmente encontra-se na escala do metro quadrado. Referências CHRISTOFOLETTI, Antonio. Análise de sistemas em Geografia. São Paulo: Hucitec.Edusp:1979. GREGORY, Ken J. A Natureza da Geografia Física. São Paulo. Bertrand Brasil, 1985.
Compartilhar