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Material de Apoio Direito Administrativo Alexandre Mazza Aula 04

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1 
 
DELEGADO FEDERAL E ESTADUAL – MÓDULO II 
Disciplina: Direito Administrativo 
Prof.: Alexandre Mazza 
Aula: 04 
Monitor: Munir 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO - MONITORIA 
 
 
Índice 
 
I. Anotações da aula 
 
 
I. ANOTAÇÕES DA AULA 
 
PODERES ADMINISTRATIVOS 
(Delegado LFG 2o Semestre/2017) 
 
Prof. Alexandre Mazza 
 
Bibliografia: Capítulo 5 do Manual de Direito Administrativo, 7a Edição, 2017, Alexandre Mazza, 
Editora Saraiva 
 
1. USO E ABUSO DO PODER 
 
Poderes da Administração constituem prerrogativas conferidas aos agentes públicos para defesa 
do interesse coletivo, ou seja, as mais importantes competências que a legislação atribui para 
viabilizar o exercício da função administrativa 
 
Uso do poder é o exercício regular da competência 
 
Na verdade, têm natureza de “poder-dever” (Santi Romano) (ou “dever-poder”: CABM): 
 
a) seu exercício é obrigatório 
b) são irrenunciáveis 
 
Assim, se a lei obriga o agente a realizar a conduta, a omissão é ilegal (silêncio administrativo) 
pois o administrado tem direito subjetivo à emanação da conduta, cabendo exercício do direito de 
petição (art. 5o, XXXIV, “a”, da CF) ou ação judicial (MS, por exemplo) 
 
Segundo JSCF, as “omissões genéricas” não são ilegais cabendo ao administrador a análise sobre 
a conveniência da conduta, segundo a teoria da “reserva do possível” (diante da escassez de 
recursos financeiros, nem todas as metas governamentais podem ser alcançadas). Exemplo: 
reforma de escolas, construção de hidroelétricas 
 
Já as “omissões específicas” são ilegais, ou seja, aquelas que violam comandos legais 
determinando obrigações de fazer dentro de prazo determinado ou, sem prazo, ultrapassam um 
tempo razoável. Exemplo: prazo de 30 dias para tomada de decisão após instrução do processo 
administrativo (art. 49 da Lei 9784/99) 
 
A omissão que violar Súmula Vinculante enseja Reclamação Constitucional no STF (Lei 
11.417/06) 
 
 2 
O agente público omisso será responsabilizado civil, penal e administrativa, além de ensejar ato 
de improbidade (ver art. 11, II, da Lei 8429/92) 
 
2. DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO 
 
A doutrina aponta três deveres principais: 
 
a) dever de probidade: obediência aos princípios da moralidade e honestidade, vedando 
nepotismo e punindo com penas da Lei 8429/92 
b) dever de prestar contas: mais acentuado quanto à aplicação de recursos públicos, perante 
órgão internos e externos 
c) dever de eficiência: é necessário tornar cada vez mais qualitativa a atuação administrativa 
 
3. ABUSO DE PODER 
 
Abuso de poder é a conduta ilegal observada quando o agente ultrapassa os limites da 
competência ou desvia da finalidade pública (o abuso de poder é um gênero, que representa o 
exercício irregular de uma competência resultando na nulidade do ato administrativo praticado 
com base na competência. Dependendo da espécie de abuso de poder, o vício poderá macular o 
ato, quanto ao plano da validade, em diferentes requisitos, a saber: SUJEITO, OBJETO, MOTIVO 
OU FINALIDADE) 
 
DIVERGÊNCIA: Segundo Hely Lopes, todo abuso de poder pressupõe agente competente para 
prática do ato (não é vício no requisito “competência” do ato). JSCF admite abuso de poder 
praticado por agente incompetente (pode ser vício no requisito “competência” do ato) 
 
Tem duas modalidades: 
 
a) Excesso de poder (CONTROVÉRSIA): o agente COMPETENTE ultrapassa os limites de sua 
atribuição. JSCF considera que INCOMPETÊNCIA = EXCESSO DE PODER 
b) Desvio de poder / desvio de finalidade / desvio de função / tredestinação ilícita ***): o agente 
competente busca interesse alheio ao interesse público 
Exemplo: disponibilidade com fins sancionatórios (o vício atinge o ato administrativo no requisito 
da finalidade) 
 
*** CUIDADO: Não confundir com tredestinação LÍCITA (artigo 519, CC) 
 
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse 
social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços 
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa 
(TREDESTINAÇÃO LÍCITA). 
 
O abuso de poder torna o ato nulo e enseja responsabilidade pessoal do agente 
 
O controle é realizado na via administrativa e na instância judicial 
 
Quando praticado nos âmbitos do Poder Judiciário ou Ministério Público cabe reclamação 
respectivamente ao CNJ (art. 103-B, § 4o, III, da CF) e CNMP (art. 130-A, § 2o, II e III, da CF) 
 
4. PODERES EM ESPÉCIES 
 
São manifestações da função administrativa 
 
São 7: 
 
a) de polícia (é externo) 
b) regulamentar 
 3 
c) vinculado 
d) discricionário 
e) hierárquico (é interno) 
f) disciplinar (é interno) 
g) normativo 
 
1. PODER DE POLÍCIA (ou limitação administrativa) 
 
 São limitações estatais gerais (valem para toda a coletividade) sobre o interesse privado, 
restringindo direitos individuais, para proteção do interesse público 
 
 Em sentido amplo, inclui limitações legislativas ou administrativas 
 
 Em sentido estrito, o conceito compreende somente as restrições administrativas (polícia 
administrativa). 
 
É o conceito do art. 78 do CTN (descreve os “campos” ou “espécies” de poder de polícia) 
 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou 
disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em 
razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à 
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e 
aos direitos individuais ou coletivos. 
 
 Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado 
pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, 
tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. 
 
 Assim, o aspecto material ou funcional do poder de polícia designa uma função 
administrativa 
 
 Já o aspecto subjetivo ou formal compreende a polícia-orgão estatal de segurança. 
 
CUIDADO: A polícia-instituição exerce polícia-atividade (aspecto funcional). Mas a polícia-
atividade não é exercida somente pela polícia-instituição 
 
 Se houver cobrança, a natureza é de taxa (art. 145, II, da CF), nunca tarifa ou preço 
público 
 
 A competência para exercer o poder de polícia é da entidade a quem a CF conferiu poder 
para regular a matéria (JSCF) 
 
 Desdobra-se nas atividades de: LEGISLAR, LIMITAR, CONSENTIR (licença se o ato for 
vinculado; autorização se for discricionário... nos 2 casos a forma do ato liberatório de polícia 
será ALVARÁ), FISCALIZAR e SANCIONAR 
 
 Desse modo, existe um CICLO no poder de polícia: 1o) ordem (legislar e limitar, criando as 
restrições); 2o) consentimento (pelos atos de licença e autorização); 3o fiscalização; 4o sanção 
 
 O poder de polícia é manifestação do poder de império do Estado (ius imperii), ou 
supremacia do interesse público sobre o privado, não podendo como regra ser exercido por 
pessoas de direito privado. 
 
 A doutrina sempre se posicionou pela indelegabilidade exceto quanto a atividades 
materiais de apoio 
 
 4 
 Não há qualquer vedação constitucional à delegação. Existe vedação no art. 4, III, da Lei 
11.079/04 (PPP) 
 
 Para o STJ, porém, as atividades de fiscalização e consentimento podem ser delegadas (RE 
817.534/MG) 
 
 O STF tradicionalmente não aceitava delegaçãoa pessoas privadas. Mas no RE 658.570 
admitiu o tribunal aceitou delegação de poder de polícia à Guarda Municipal organizada como 
empresa estatal de direito privado 
 
 Argumentos do Ministro Relator Luís Barroso no voto vencedor: 
 
“a) o Poder de polícia não se confunde com segurança pública, de modo que o seu 
exercício não é prerrogativa exclusiva das entidades policiais detentoras das funções de promoção 
da segurança pública; 
b) a fiscalização do trânsito constitui exercício de poder de polícia, não havendo óbice ao 
seu exercício por entidades não policiais; 
c) o Código de Trânsito Brasileiro estabeleceu a competência comum dos entes da 
federação para o exercício da fiscalização de trânsito; 
d) os Municípios podem determinar que o poder de polícia que lhe compete seja exercido 
pela guarda municipal e) o art. 144, §8º, da CF, não impede que a guarda municipal exerça 
funções adicionais à de proteção dos bens, serviços e instalações do Município” 
 
Poder de polícia originário é aquele de competência da entidade federativa que legisla 
sobre certo tema (inerente à competência para legislar). Havendo delegação, sempre por meio de 
lei , fala-se em poder de polícia derivado 
 
A polícia administrativa é preventiva, regida pelo D. Adm., exaure-se em si mesma e 
incide sobre atividades; a polícia judiciária é repressiva, regida pelo P. Penal, é preparatória para 
a atividade judicial e recai sobre o indivíduo 
 
ATENÇÃO: Para o STF, servidores podem fazer greve com base na lei privada. Admite-se 
desconto dos dias paralisados, exceto se a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder 
Público (RE 693456/RJ). Porém, policiais militares ou civis ou federais, bem como quais 
servidores que atuem diretamente na área de segurança pública, não podem fazer 
greve (STF ARE 654432). Trata-se de carreira de Estado, essencial para a segurança 
pública. 
 
Como alternativa para que a categoria possa vocalizar suas reivindicações, os 
respectivos sindicatos de policiais podem acionar o Judiciário para mediação junto ao 
Poder Público, nos termos do 165 do CPC (STF ARE 654432). 
 
Outras características do poder de polícia: 
 
a) manifesta-se por atos normativos ou concretos 
b) não gera direito a indenização 
c) é um direito pessoal 
d) regula a prática de ato ou a abstenção de fato 
e) atividade restritiva 
f) é externo 
 5 
g) formaliza-se por meio de alvará, quanto ao conteúdo manifesta-se como licença ou 
autorização 
h) tem 3 atributos fundamentais: 1) discricionariedade (na verdade, é discricionário para 
manifestações ampliativas e discricionário para limitativas); 2) auto-executoriedade; 3) 
coercibilidade (imperatividade) 
i) controle via devido processo, razoabilidade e proporcionalidade 
2. PODER REGULAMENTAR 
 
 É a competência dada ao Poder Executivo para editar atos administrativos gerais e 
abstratos (decretos/regulamentos) visando a fiel execução das leis 
 
 Decorre do poder hierárquico 
 
 Tem natureza derivada, secundária ou complementar porque pressupõe lei anterior 
tratando da matéria 
 
 Como regra, não tem a força primária de inovar em caráter originário na ordem jurídica 
 
 Formaliza-se por meio de regulamentos e decretos (regulamentação de primeiro grau); 
instruções normativas, resoluções e portarias (regulamentação de segundo grau) 
 
 Teoria nascida no Direito europeu, a “Regulamentação técnica” ou “deslegalização” ocorre 
quando o legislador abre-mão, em favor do administrador público, do poder de disciplinar 
detalhadamente matérias de alta complexidade técnica, limitando-se a fixar diretrizes gerais 
sobre certo tema. Seria o fundamento do “poder regulador” das agências brasileiras 
 
Existem diversas 4 espécies de regulamentos administrativos: 
 
a) regulamentos administrativos ou de organização: são aqueles que disciplinam questões internas 
de estruturação e funcionamento da Administração Pública ou relações jurídicas de sujeição 
especial do Poder Público perante particulares. Ex.: art. 84, VI, “a”, da CF (são admitidos, desde 
que não aumentem despesas); 
 
b) regulamentos delegados, autorizados ou habilitados: em alguns países é possível o Poder 
Legislativo delegar ao Executivo a disciplina de matérias reservadas à lei, transferindo 
temporariamente competências legislativas para a Administração Pública. Essa modalidade de 
regulamento não é admitida pelo sistema jurídico brasileiro. ; 
 
 
c) regulamentos executivos: são os regulamentos comuns expedidos sobre matéria anteriormente 
disciplinada pela legislação permitindo a fiel execução da lei. Cumprem função interna redutora 
da discricionariedade na aplicação da lei. Estão previstos no art. 84, IV, da CF. Ex.: 
regulamento do IPI; 
 
d) regulamentos autônomos ou independentes (CONTROVÉRSIA): aqueles versam sobre temas 
não disciplinados pela legislação. Ex.: art. 84, VI, “b”, da CF (o Presidente pode por decreto 
autônomo extinguir cargos ou funções públicas quando vagos); art. 103-B, § 4o, I, da CF 
(regulamentos do CNJ); art. 130-A, § 2o, I, da CF (regulamentos do CNMP) 
 
e) de necessidade: produzidos em situação de urgência (reconhecido pela doutrina em países sem 
previsão de institutos como a medida provisória. Ex.: Argentina) 
 
 6 
Quanto à DELEGAÇÃO, o art. 84, IV, da CF prescreve que, como regra, a competência 
regulamentar é privativa dos Chefes do Executivo e indelegável. Mas o § único do art. 84 admite 
delegação dos regulamentos de organização (art. 84, VI, “a”) e autônomos (art. 84, VI, “b”) 
 
3. PODER VINCULADO 
 
Fala-se em poder vinculado ou poder regrado quando a lei atribui determinada competência 
definindo todos os aspectos da conduta a ser adotada, sem atribuir margem de liberdade para o 
agente público escolher a melhor forma de agir 
 
O agente reproduz os elementos legais sem avaliar conveniência e oportunidade da conduta (não 
analisa o mérito) 
 
Resulta em atos vinculados (na verdade, vinculada é a competência, nunca o ato) 
 
Todos os requisitos do ato (sujeito, objeto, forma, motivo e finalidade) são vinculados 
 
Exemplos: lançamento tributário e aposentadoria compulsória 
 
Ato vinculado pode ser anulado mas não revogado 
 
4. PODER DISCRICIONÁRIO 
 
A lei atribui certa competência à Administração Pública reservando uma margem de liberdade 
para que o agente público, diante da situação concreta, possa selecionar entre as opções 
predefinidas qual a mais apropriada para defender o interesse público. 
 
Resulta em atos discricionários (na verdade, discricionária é a competência, nunca o ato) 
 
Para CABM, são quatro as razões de existir discricionariedade 
a) intenção deliberada do legislador: 
b) impossibilidade material de regrar todas as situações: 
c) inviabilidade jurídica da supressão da discricionariedade: 
d) impossibilidade lógica de supressão da discricionariedade: 
 
Exemplos: decreto expropriatório, permissão de serviço público 
 
Discricionariedade (dentro da lei) é ≠ de arbitrariedade (fora da lei) 
 
O veículo introdutor da discricionariedade são os “conceitos jurídicos indeterminados” usados pela 
lei ao dar a competência (“boa-fé”, “bons costumes”, “interesse público”, “solução adequada”, 
“decisão razoável”, “servidor público”, “imóvel rural”) 
 
Relaciona-se com os juízos de conveniência e oportunidade quanto à prática do ato ou à sua 
revogação (STJ, RMS 211) 
 
O juízo de conveniência avalia o conteúdo do ato. O juízo de oportunidade analisa o momento de 
sua expedição/revogação 
 
O motivo e/ou objeto do ato são discricionários (os outros requisitos, vinculados) 
 
A discricionariedade existe na norma. Certas vezes,diante do caso concreto ocorre a “redução da 
discricionariedade a zero 
 
Atos discricionários podem ser anulados (dentro de 5 anos) e revogados (não tem prazo) 
 
 7 
O juiz não pode substituir o administrador no juízo de conveniência e oportunidade, mas se a 
decisão violar princípios admite-se o controle judicial (“judicialização da política”) quanto 
aos aspectos de legalidade do ato. Nesse sentido: 
 
ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – ATO ADMINISTRATIVO 
DISCRICIONÁRIO: NOVA VISÃO. 
1. Na atualidade, o império da lei e o seu controle, a cargo do Judiciário, autoriza que se 
examinem, inclusive, as razões de conveniência e oportunidade do administrador. 
2. Legitimidade do Ministério Público para exigir do Município a execução de política específica, a 
qual se tornou obrigatória por meio de resolução do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e 
do Adolescente. 
3. Tutela específica para que seja incluída verba no próximo orçamento, a fim de atender a 
propostas políticas certas e determinadas. 
4. Recurso especial provido) 
(STJ Resp 493811/SP, julgamento em 11/11/2003) 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. VAGA EM 
ESTABELECIMENTO DE EDUCAÇÃO INFANTIL. DIREITO ASSEGURADO PELA CONSTITUIÇÃO DO 
BRASIL. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de que "embora resida, 
primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo, a prerrogativa de formular e executar 
políticas públicas, revela-se possível, no entanto, ao Poder Judiciário determinar, ainda que em 
bases excepcionais, especialmente nas hipóteses de políticas públicas definidas pela própria 
Constituição, sejam essas implementadas pelos órgãos estatais inadimplentes, cuja omissão - por 
importar em descumprimento dos encargos políticos-jurídicos que sobre eles incidem em caráter 
mandatório - mostra-se apta a comprometer a eficácia e a integridade de direitos sociais 
impregnados de estatura constitucional". Precedentes. Não obstante a formulação e a execução 
de políticas públicas dependam de opções políticas a cargo daqueles que, por delegação popular, 
receberam investidura em mandato eletivo, cumpre reconhecer que não se revela absoluta, nesse 
domínio, a liberdade de conformação do legislador, nem a de atuação do Poder Executivo. É que, 
se tais Poderes do Estado agirem de modo irrazoável ou procederem com a clara intenção de 
neutralizar, comprometendo-a, a eficácia dos direitos sociais, econômicos e culturais, afetando, 
como decorrência causal de uma injustificável inércia estatal ou de um abusivo comportamento 
governamental, aquele núcleo intangível consubstanciador de um conjunto irredutível de 
condições mínimas necessárias a uma existência digna e essenciais à própria sobrevivência do 
indivíduo, aí, então, justificar-se-á, como precedentemente já enfatizado - e até mesmo por 
razões fundadas em um imperativo ético-jurídico -, a possibilidade de intervenção do Poder 
Judiciário, em ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruição lhes haja sido 
injustamente recusada pelo Estado”. Agravo regimental a que se nega provimento 
(STF RE 59559/SC, julgamento em 28/04/2009) 
Limites à discricionariedade: 
a) adequação da conduta à finalidade pública (vedação do desvio de finalidade); 
b) exposição sobre as razões que ensejaram a decisão (motivação apresentando o fato 
superveniente); 
c) razoabilidade e proporcionalidade 
 
5. PODER HIERÁRQUICO 
 
Poder hierárquico, no magistério de Hely Lopes Meirelles, “é o de que dispõe o Executivo para 
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, 
estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal” 
 
É interno e permanente 
 
Efeitos específicos: 
 
1) poder de comando/ordens (e dever de obediência) 
2) fiscalização/controle 
 8 
3) poder de revisão 
4) delegação/alteração de competências (arts. 12 a 14 da Lei 9784/99) 
5) avocação (art. 15 da Lei 9784/99) 
6) resolução de conflitos de competência 
7) disciplinar 
 
Difere da vinculação (supervisão ministerial) porque esta é externa 
 
6. PODER DISCIPLINAR 
 
O poder disciplinar consiste na possibilidade de a Administração aplicar punições aos 
agentes públicos e contratados que cometam infrações 
 
Assim, trata-se de poder interno, não-permanente e discricionário 
 
Ao contrário do Direito Penal, o ilícito administrativo trabalha com a lógica dos “tipos 
abertos” 
 
O administrador escolha entre as penas legais a que melhor atende ao interesse do serviço 
público, valorando no quesitos motivo e objeto (discricionariedade). Não cabe ao Judiciário alterar 
as penas aplicadas (STJ: MS 7.966/DF) 
Exige-se devido processo com garantia de contraditório e ampla defesa 
 
7. PODER NORMATIVO 
 
É a competência para expedir atos administrativos abstratos (execução continuada) com 
caráter infralegal 
 
 É mais abrangente e inclui o poder regulamentar 
 
Todo regulamento é ato normativo, mas nem todo ato normativo tem natureza 
regulamentar 
 
 Exemplos: portarias, instruções normativas, decretos, resoluções, regimentos, atos 
normativos das agências 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
QUESTÕES RECENTES 
 
1. (2017/Delegado-AC/Ibade) No que tange aos Poderes e Deveres da 
Administração Pública e dos administradores públicos, assinale a alternativa 
correta. 
a) O dever-poder de policia pode ser integralmente delegado a pessoas jurídicas de direito 
privado. 
b) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o exercício da competência regulamentadora, no 
contexto do dever-poder normativo, não é exclusivo do Chefe do Poder Executivo. Assim, atos 
normativos podem ser exarados por agências reguladoras ou mesmo por órgãos colegiados da 
Administração direta ou indireta. 
c) De ordinário, a noção de dever-poder hierárquico compreende a possibilidade do chefe expedir 
ordens aos seus subordinados, contudo, este dever-poder não comporta a possibilidade de 
controle ou mesmo a revisão de atos do subordinado pelo superior hierárquico. 
d) O dever-poder normativo é incompatível com a existência dos denominados regulamentos 
autorizados, porque questões técnicas devem ser tratadas por leis e não por regulamentos 
expedidos no contexto da função administrativa. 
e) A supremacia geral não fundamenta o dever-poder de polícia, mas sim o dever-poder 
disciplinar. 
RESPOSTA B 
 
 
2. (2017/Cespe/Delegado-GO) De acordo com a legislação e a doutrina pertinentes, o poder 
de polícia administrativa 
a) pode manifestar-se com a edição de atos normativos como decretos do chefe do Poder 
Executivo para a fiel regulamentação de leis. 
b) é poder de natureza vinculada, uma vez que o administrador não pode valorar a oportunidade 
e conveniência de sua prática, estabelecer o motivo e escolher seu conteúdo. 
c) pode ser exercido por órgão que também exerça o poder de polícia judiciária. 
d) é de natureza preventiva, não se prestando o seu exercício, portanto, à esfera repressiva. 
e) é poder administrativo que consiste na possibilidade de a administração aplicar punições a 
agentes públicos que cometam infrações funcionais. 
RESPOSTA C 
 
 
3. (2017/Cespe/Delegado-GO) A respeito dos poderes e deveres da administração, assinale 
a opção correta, considerando o disposto na CF. 
a) A lei não pode criar instrumentos de fiscalização das finanças públicas, pois tais instrumentos 
são taxativamente listados na CF. 
b) A eficiência, um dever administrativo, não guarda relação com a realização de supervisão 
ministerial dos atos praticadospor unidades da administração indireta. 
c) O abuso de poder consiste em conduta ilegítima do agente público, caracterizada pela atuação 
fora dos objetivos explícitos ou implícitos estabelecidos pela lei. 
d) A capacidade de inovar a ordem jurídica e criar obrigações caracteriza o poder regulamentar 
da administração. 
e) As consequências da condenação pela prática de ato de improbidade administrativa incluem a 
perda dos direitos políticos e a suspensão da função pública. 
RESPOSTA C 
 
4. (2015/ FUNIVERSA/PC-DF) Acerca dos poderes da administração pública, assinale a alternativa 
correta. 
 10 
a) No julgamento de revisão de processo administrativo em que foi aplicada sanção 
administrativa, o exercício do poder disciplinar é restringido pela Lei n.º 9.784/1999, pois não se 
admite o agravamento da sanção. 
b) A possibilidade de a administração aplicar multas pelo descumprimento total ou parcial dos 
contratos administrativos não decorre do seu poder disciplinar, visto que envolve terceiros, não 
integrantes da administração. 
c) As decisões do TCU submetem-se ao controle hierárquico do Congresso Nacional. 
d) Suponha-se que uma instrução normativa da Secretaria do Tesouro Nacional viole a lei. Nesse 
caso, não é possível a utilização de decreto legislativo, pelo Congresso Nacional, para suspender 
a norma regulamentar exorbitante do poder regulamentar, uma vez que esta norma não é um 
decreto editado pelo chefe do Poder Executivo. 
e) O poder de polícia pode ser remunerado por meio de taxa, tanto pelo seu efetivo exercício, 
quanto pela potencialidade colocada à disposição do contribuinte. 
GABARITO A 
 
5. (2015/ FUNIVERSA/PC-DF) No que se refere ao poder disciplinar da Administração, é correto 
afirmar que 
a) se aplica ao poder disciplinar o princípio da pena específica. 
 
b) nem toda a condenação criminal por delito funcional acarreta a punição disciplinar. 
c) a aplicação da pena disciplinar tem para o superior hierárquico o caráter de um poder-dever. 
d) a punição disciplinar e a criminal têm fundamentos idênticos. 
e) é possível admitir punição disciplinar desacompanhada de justificativa da autoridade que a 
impõe. 
GABARITO C

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