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1 Direito Público e Privado 2 3 Fernanda Maria Afonso Carneiro Direito Público e Privado 1ª Edição Sobral/2017 4 5 Sumário Palavra do Professor autor Sobre o autor Ambientação à disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando Unidade de Estudo I: Noções de Direito Público e Privado Conceito de Direito Ramos do Direito Fontes do Direito Aplicação das Normas do Direito Princípios Gerais do Direito Unidade de Estudo II: Teoria do Estado Introdução Conceito Elementos, Fundamentos e Fins do Estado Formas de Estado e de Governo Sistemas de Governo Regimes Políticos Unidade de Estudo III: Direito Nacional Público Introdução Conceito Ramos do Direito Público Unidade de Estudo IV: Direito Internacional Público Introdução 6 Fontes Tratados e Convenções Internacionais Organismos Internacionais Sanções Domínio Unidade de Estudo V: Direito Nacional Privado Introdução Conceito Ramos do Direito Nacional Privado Unidade de Estudo VI: Direito Internacional Privado Introdução Fundamentos Normas Elementos de Conexão Condição Jurídica do Estrangeiro Explicando melhor com a pesquisa Leitura Obrigatória Saiba mais Pesquisando na Internet Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia Web Vídeos 7 Palavra do professor Prezados alunos, o estudo do Direito é dentro da Administração peça fundamental para a gestão de empresas e comunidade, pois é através desta fonte que se tem a base das informações e conceitos, normas e regras, que norteiam a administração das empresas em geral, tanto privadas, quanto públicas. Sua divisão clássica entre Direito Público e Privado, não é consenso entre doutrinadores, porém é parte do processo didático de aprendizagem sobre o estudo dos conceitos clássicos do direito e suas subdivisões que todo administrador deve conhecer. A autora! 8 Sobre o autor Fernanda Maria Afonso Carneiro. Pós Doutoranda em Direito pela Universidade Federal do Ceará, desde o semestre 2015.2. Advogada/Ordem dos Advogados do Brasil – OAB (nº 21.627), desde 2008 e Ordem dos Advogados de Portugal OAP (nº 48.506-E), desde 2010. Doutora em Teoria Jurídico- Político e Relações Internacionais pela Universidade de Évora (Portugal), com titulação reconhecida pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 2013. Pós-graduada em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Faculdade de Direito Professor Damásio de Jesus, em 2015, Graduada em Direito pela Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA, em 2006. Professora e Assessora Jurídica do Instituto de Estudos e Pesquisa do Vale do Acaraú - IVA no período de 2009 a 2012. Professora colaboradora e voluntária na Universidade Estadual Vale do Acaraú/UVA, no período de 2010 a 2012. Atualmente é Coordenadora do Curso de Direito do Centro Universitário – INTA em (Regime Integral), desde 2015. 9 Ambientação à disciplina Caro estudante, É com prazer que lhes apresento a disciplina de Direito público e privado, nossos estudos irão nortear aos estudantes sobre as leis que a regem mostrando suas ramificações, fontes, enfim, faremos aqui um estudo de aprofundamento teológico que nos motivará ao entendimento do que as leis determinam em nossas vidas para convivência humana e social. Espero que a leitura deste material e as demais sugestões aqui inseridas possam contribuir para uma melhor compreensão acerca dos assuntos tratados nesta disciplina. Levando em consideração também a importância do amadurecimento de sua criticidade enquanto estudante e futuro administrador. Bons estudos! 10 Trocando ideias com os autores Agora é o momento de trocar ideias com os autores. Sugerimos a leitura da obra Instituições de Direito Público e Privado. O Autor faz a exposição didática do conceito de Direito, sua divisão, suas fontes, seus princípios, a interpretação, integração e eficácia das normas jurídicas. Na parte sobre o Direito Público, versa sobre teoria do Estado, Direito Constitucional, Administrativo, Tributário, Penal, Processual e Internacional Público. A terceira parte do livro trata do Direito Privado, dividido em Direito Civil, Comercial e do Trabalho. No capítulo sobre o Direito Civil, são feitas referências à parte geral, direito das coisas, das sucessões, de família, das obrigações e contratos. No capítulo relativo ao Direito Comercial são analisados o empresário, a empresa, sociedades mercantis, contratos mercantis, títulos de crédito, falência e concordata e direito do consumidor. No último capítulo são dadas noções de ética profissional. Livro-texto para as disciplinas Noções de Direito e Instituições de Direito Público e Privado dos cursos de graduação em Contabilidade, Economia, Administração de Empresas, Engenharia, Computação ou outros cursos que tenham as referidas matérias. O objetivo do livro é estabelecer, num único volume, todas as noções de Direito a serem estudadas nos referidos cursos. Livro de referência e consulta para candidatos de concursos públicos, mesmo não sendo da área jurídica, e para pessoas que estejam iniciando o estudo da matéria. MARTINS, SERGIO PINTO. Instituições de direito público e privado. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 11 Propomos também a obra Instituições de Direito Público e Privado. Esta obra é de grande utilidade, visto que oferece noções práticas e básicas do Direito essencial para a compreensão do ordenamento jurídico. A obra inicia com o conceito de Direito e suas fontes. Num segundo momento, encontramos a identificação dos ramos do Direito Público, uma síntese da Teoria Geral do Estado e aspectos gerais de Direito Constitucional e Administrativo. Por fim, há um resumo de Direito Privado, do qual constam temas importantes como direito das obrigações, contratos, direito das coisas, direito de família, direito das sucessões e direito comercial. BRANCATO, Ricardo Teixeira. Instituições de Direito Público e de Direito Privado. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. Guia de Estudo Analise os dois livros e realize uma síntese fazendo um paralelo entre as duas obras relacionando com o assunto abordado nessa disciplina. 12 Problematizando O Problema: O Município de Macaé, RJ, tendo em vista a realização de obras para a construção de uma estrada para viabilizar o escoamento da produção de petróleo, editou um decreto expropriatório visando a desapropriação do imóvel onde se localiza a Fazenda São Pedro, de propriedade de Antônio Ferreira. Descontentecom o ocorrido, Antônio ingressa com ação na justiça estadual na tentativa de preservar seu direito de propriedade. Na petição inicial, Antônio alega que a Fazenda São Pedro está em poder de sua família há quase 100 anos e, além disso, que possui considerável número de cabeças de gado leiteiro e de corte, não se tratando, portanto, de terra improdutiva. Não obstante a ação intentada, Antônio teve suas terras desapropriadas. A Solução: As regras do direito público se objetivam em reger as relações entre particulares e o Estado, já as regras do direito privado rege as regras entre particulares. O Estado do Rio de Janeiro, nesta relação locatícia, está atuando na qualidade de um particular. Pois ao locar um imóvel, perde-se a autonomia de Estado e incorre em ser locatário, o qual deverá cumprir seus pagamentos em dia. Esta relação jurídica está no campo do direito privado, pois trata de relações de contrato, direito civil. Sendo assim, a justiça deu ganho de causa a Antônio Ferreira que teve direito a ser indenização através do aluguel das terras por 10 anos com opção de indenização na desapropriação de parte de suas terras. 13 NOÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO 1 Conhecimentos Compreender o significado do estudo de Direito Público e Direito Privado, bem como suas características, ramos, fontes e princípios. Habilidades Aplicar as leis dentro das normas estabelecidas. Atitudes Desenvolver critérios conforme os padrões da lei. 14 15 Conceito de Direito São encontrados vários significados para a palavra Direito, no entanto, juristas e doutrinadores apresentam algumas conceituações que ajudam a compreender o seu real significado. De uma maneira geral, pode-se dizer que Direito é o conjunto de princípios, regras e instituições destinados a regular a vida humana em sociedade. Dessa forma, podemos concluir que o objetivo do Direito é regular a vida humana em sociedade, estabelecendo, para esse fim, normas de conduta que devem ser observadas pelas pessoas. Ramos do Direito O Direito possui dois ramos: o Direito Natural e o Direito Positivo. Direito Natural O Direito Natural surgiu a partir do instante em que nasceu o ser humano, servindo, portanto, para regular a vida humana em sociedade, segundo as próprias regras da natureza. O Direito Natural são princípios gerais e universais, resultante de uma norma criada pela própria natureza e não pelo homem. Direito Positivo O Direito Positivo é uma norma legal, emanada pelo Estado, cujo conhecimento ocorre através de uma promulgação. Ele se classifica em: 16 a) Direito Nacional; b) Direito Internacional. a) DIREITO NACIONAL O Direito Nacional é dividido em Direito Público e Direito Privado. Direito Público Na visão de Celso Ribeiro Bastos (2001), Direito Público é: “conjunto de normas e princípios que regem a atividade do Estado, a relação deste com os particulares, assim como o atuar recíproco dos cidadãos.” O Direito Público envolve a organização do Estado, em que são estabelecidas normas de ordem pública que não podem ser mudadas pela vontade das partes, ele divide-se em: a) Direito Constitucional; b) Direito Administrativo; c) Direito Econômico; d) Direito Penal; e) Direito Financeiro; f) Direito Tributário; g) Direito Processual; h)Direito da Seguridade Social. Direito Privado O Direito Privado regula o interesse das pessoas às normas contratuais que são estabelecidas por esses, decorrentes da manifestação de vontade dos interessados. Ele divide-se em: 17 a) Direito Civil; b) Direito Comercial; c) Direito do Trabalho. b) DIREITO INTERNACIONAL O Direito Internacional é dividido em Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado. Direito Internacional Público Regula as questões internacionais de ordem pública e que devem ser respeitadas em relação a cada país, ou seja, regula as questões entre Estados. São exemplos do Direito Internacional Público os tratados internacionais, as declarações de direitos, como a Declaração Universal dos Direitos do Homem, as convenções internacionais, como a da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Direito Internacional Privado Disciplina as relações das pessoas no espaço em que existe mais de uma norma tratando do mesmo assunto. É o caso, por exemplo, de uma pessoa que se casou no Uruguai e veio morar no país. Essa pessoa está submetida a duas regras, a que regula o casamento civil no Uruguai e a que regula no Brasil. 18 Fontes do Direito As fontes do Direito têm por objetivo estabelecer como o Direito se expressa. Elas se classificam em: Heterônomas e Autônomas. Fontes Heterônomas São as fontes impostas por agente externo, normalmente o Estado ou quem o representa, e estão contidas na Constituição, nas Leis, nos Decretos, nas Sentenças Normativas etc. Fontes Autônomas São as fontes elaboradas pelos próprios interessados, como por exemplo, o costume (no caso das filas), as convenções e os acordos coletivos de trabalho. Aplicação das normas do Direito Ao proceder à aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Se há duas ou mais normas sobre a mesma matéria, na sua aplicação, o juiz poderá adotar os seguintes critérios: a) interpretação; b) integração; c) eficácia. 19 Interpretação Interpretar a norma é compreender o que o legislador quer dizer, ou seja, é a análise da norma jurídica que vai ser aplicada aos casos concretos. Várias são as formas de interpretação da norma jurídica, dessa forma, a interpretação literal do preceito legal, ou a interpretação sistemática (ao se analisar o sistema na qual está inserida a lei, em seu conjunto), é que dará a melhor solução ao caso que se pretende resolver. A ciência que estuda a interpretação da norma é chamada de Hermenêutica. A palavra hermenêutica provém de Hermes, o deus da arte de compreender, expressar, explicar, descobrir o sentido. Em síntese, a interpretação é um processo e quem estuda esse processo é a hermenêutica. Existem várias escolas de hermenêutica, sendo que as mais importantes delas são: a) a escola da exegese; b) a escola histórica; c) a escola do direito livre; d) a escola da livre investigação científica; e) a escola dos pandectistas; f) a escola da jurisprudência de interesses; g) a escola da jurisprudência de valores. Escola da Exegese A escola da exegese entende que os casos concretos devem ser resolvidos pela aplicação da lei imposta pelo Estado e que esta lei está dentro de um sistema e que devem ser usados os conceitos desse sistema. 20 Escola Histórica A escola histórica entende que a lei deve ser interpretada de acordo com a vontade do legislador, ou seja, deve se adaptar os textos aos fatos. Escola do Direito Livre A Escola do Direito livre preconiza que a lei não deva ser aplicada imediatamente, cabendo ao juizescolher a solução mais justa para o litígio, devendo o magistrado julgar conforme a ciência e a sua consciência. Escola da Livre Investigação Científica A Escola da livre investigação científica entende que se deve observar a vontade do legislador, complementando-a pelo costume. Havendo omissão na legislação, pode ser empregada a livre pesquisa científica, não estando esta vinculada a nenhuma autoridade. De acordo com essa escola, é facultado ao juiz estabelecer livremente uma solução própria, com fundamento sociológico, quando o texto legal não permitir interferir uma solução que corresponda ao fato em apreço, de maneira adequada e justa. Escola dos Pandectistas A Escola dos pandectistas entende que a interpretação deve ser feita de acordo com a intenção possível do legislador, mas, não na época da elaboração da lei e, sim, na época em que ela vai ser aplicada. Escola da Jurisprudência de Interesses 21 A escola da jurisprudência de interesses parte do pressuposto que na aplicação da norma devem ser observados os interesses que o legislador deseja satisfazer. Devem ser compreendidos tais interesses, de forma a não se aplicar a letra fria da lei. Escola da Jurisprudência de valores A Escola da jurisprudência de valores defende a compreensão finalística da lei, ou seja, devem ser observados os valores contidos na norma, verificando os fins a que se destina. Integração O julgador pode suprir as lacunas existentes na norma jurídica por meio da utilização de duas técnicas jurídicas, a analogia e a equidade, além dos princípios gerais do Direito. Analogia A analogia não é um meio de interpretação da norma jurídica, mas de preencher as lacunas deixadas pelo legislador, ou seja, consiste na utilização de uma regra semelhante para o caso em exame. A analogia legis ocorre quando se toma por base uma regra existente, que não regula exatamente aquela hipótese, mas uma situação semelhante. Na analogia iuris é usado um conjunto de normas que disciplinam o instituto. Dessa forma, quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 22 Por exemplo, de acordo com o art. 8º da CLT, inexistindo texto que determine a solução para determinado caso pode o juiz utilizar por analogia outra lei que verse sobre questão semelhante. Equidade A função da equidade não é só suprir o silêncio do legislador, mas, também, a de corrigir a lei, na medida em que, em razão do seu caráter genérico, ela se mostre insuficiente para fazer justiça. A equidade tem também um significado de igualdade, de proporção, de equilíbrio. A decisão por equidade só poderá ser feita nas hipóteses autorizadas em lei, conforme dispõe o art. 127 do Código de Processo Civil (CPC). A equidade, portanto, não pode ser aplicada para julgar contra expressa disposição de lei. Eficácia A eficácia significa a aplicação ou a execução da norma jurídica, ou seja, é a produção de efeitos jurídicos concretos ao regular as relações. Tal conceito não se confunde com validade, que é a força que a norma tem, isto é, a possibilidade de ser observada. A eficácia da norma jurídica pode ser dividida em relação ao tempo e ao espaço Eficácia no tempo A eficácia no tempo refere-se à entrada da lei em vigor. Geralmente, a lei entra em vigor na data de sua publicação. Se inexiste disposição expressa da lei, esta começa a vigorar 45 dias depois de oficialmente publicada (art. 1º do DL nº 4.657/42). Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo de vigência começará a correr da nova publicação. 23 Uma lei posterior revoga uma lei anterior quando: a) Expressamente o declare como ocorre no final de muitas leis que rezam revogam-se as disposições em contrário, ou quando revoga especificamente outra lei ou artigo de lei; b) Seja com ela incompatível, como, por exemplo, prescrever conduta totalmente contrária à especificada na lei anterior; c) Regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdida a vigência. Eficácia no espaço A eficácia da lei no espaço diz respeito ao território em que vai ser aplicada a norma. No caso do Brasil, a lei é aplicada tanto para os nacionais como para os estrangeiros que aqui residam. Em certos casos, a lei pode ter eficácia no exterior, quando a própria norma assim disponha. Por exemplo, o art. 32 da Lei nº 7.064/1982 prevê que o empregado brasileiro contratado para trabalhar no exterior tem direito às verbas trabalhistas (inciso lI) e à previdência social previstas na legislação brasileira (parágrafo único). 24 Princípios Gerais do Direito Os princípios gerais do direito cumprem uma função primordial que é a de assegurar a unidade do sistema, como um conjunto de valores e partes coordenadas entre si. Os princípios gerais do direito têm, ainda, a função social de regular a vida humana na sociedade, estabelecendo regras de conduta que devem ser respeitadas por todos. Nesse sentido, ninguém pode alegar a ignorância do Direito. Princípio do Respeito à Dignidade Humana: De acordo com esse princípio há de se respeitar a personalidade humana, como um direito fundamental. O inciso X, do art. 59, da Constituição Federal Brasileira assegura a inviolabilidade à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Princípio da Proibição do Abuso de Direito O princípio da proibição do abuso de direito ou do lícito exercício regular do próprio direito é fundamental no Direito. O inciso I do art. 188 do Código Civil mostra que não constituem atos ilícitos os praticados no exercício regular de um direito reconhecido. Logo, se o ato é praticado mediante seu exercício irregular, estaremos diante de um ato ilícito. Esse princípio, também, veda o enriquecimento sem causa, ou seja, uma pessoa não poderá locupletar-se de outra, enriquecendo a custa dela, sem que haja causa para tanto. 25 Princípio da Razoabilidade De acordo com Humberto Ávila (2006), "a razoabilidade estrutura a aplicação de outras normas, princípios e regras, notadamente das regras. A razoabilidade é usada com vários sentidos. Fala-se em razoabilidade de uma alegação, razoabilidade de uma interpretação, razoabilidade de uma restrição, razoabilidade do fim legal, razoabilidade da função legislativa". O princípio da razoabilidade é uma diretriz de senso comum, ou mais precisamente, de bom-senso, aplicada ao Direito. Esse bom-senso jurídico se faz necessário à medida que as exigências formais que decorrem do princípio da legalidade tendem a reforçar mais o texto das normas, a palavra da lei, que o seu espírito. O princípio da razoabilidade deve ser usado em dois momentos distintos: na estática do Direito, para a compreensão do sistema jurídico a ser objeto de análise, hipótese na qual se constitui em um critério de intelecção do Direito; e na dinâmica do Direito, isto é, quando de sua aplicação, para assegurar que o perfil constitucional do Estado Social e Democráticode Direito esteja devidamente concretizado. As pessoas devem agir com razoabilidade de acordo com o seu princípio e na aplicação da norma devemos também aplicar com o conhecimento do principio da razoabilidade. Princípio da Proporcionalidade A origem e desenvolvimento do princípio da proporcionalidade encontram-se propriamente ligado à evolução dos direitos e garantias individuais da pessoa humana. O princípio da proporcionalidade deve ser entendido no sentido de que não se pode impor condutas a não ser para o 26 estrito cumprimento do interesse público. Não se pode agir com excessos, nem de modo insuficiente. Princípio da Segurança Jurídica O princípio da segurança jurídica é um dos princípios básicos do Estado Democrático de Direito, possuindo ligação direta com os direitos fundamentais. O surgimento da Segurança Jurídica foi para garantir aos cidadãos os seus direitos naturais – direito à liberdade, à vida, à propriedade, entre outro. Princípio da Boa-Fé Esse princípio tem a função de estabelecer um padrão ético de conduta para as partes nas relações obrigacionais. No entanto, a boa-fé não se esgota nesse campo do direito, ecoando por todo o ordenamento jurídico. Consiste na obrigação ética e legal de agir em acordo com a boa-fé nas relações privadas. É aplicável o princípio da boa-fé, inclusive nos contratos (art. 422 do Código Civil), seja no Direito Civil ou no Comercial, mas também no Direito do Trabalho. É observado inclusive no processo civil (art. 14,11, do CPC). Presume-se a boa-fé. A má-fé deve ser provada. 27 Avance com foco no seu aprendizado Estamos disponibilizando neste espaço de aprendizagem as videoaulas, um recurso tecnológico, com a intenção de contribuir com sua aprendizagem sobre os temas referente às unidades de estudo da disciplina. Guiando o estudo com as videoaulas Leia o cada unidade de estudo e ao final assista as videoaulas para ampliar seu estudo e ou dirimir as dúvidas sobre o tema. Noções de Direito 28 29 TEORIA DO ESTADO 2 Conhecimentos Compreender o conceito e a estrutura do Estado. Habilidades Identificar as estruturas específicas do estado e suas formas de governo. Atitudes Desenvolver métodos para ampliar os conhecimentos específicos das leis que regem o Estado. 30 31 Introdução O Estado moderno está amparado na lei. A divisão dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) é importante porque o poder único, centralizado em um único órgão, implicaria em poder absoluto de uma única pessoa, no caso, um soberano. O Estado existe em função da pessoa e não o contrário. Conceito Estado é a reunião de pessoas numa sociedade política e juridicamente organizada, dotada de soberania, dentro de um território, sob um governo, constituído para a realização do bem comum do povo. Bem comum é o conjunto de todas as condições de vida social que consistam e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana (Papa João XXIII,Pacem in terris, Encíclica, 11,58). O Estado é um fato social e histórico. Elementos, Fundamentos e Fins do Estado Elementos do Estado São elementos do Estado: o povo, o território e o governo. 32 POVO O povo é o componente humano ou pessoal. Ou seja, povo é o conjunto de pessoas que está ligada, pela ordem jurídica estatal, à sua jurisdição. O conjunto das pessoas compreende tanto aquelas que residem no território do próprio Estado, como aquelas que estão fora dele. O povo tem o aspecto subjetivo, por ser um elemento componente do Estado. O aspecto objetivo diz respeito à atividade do Estado. População é o número total de habitantes que vivem num país, incluindo nacionais e estrangeiros. É a expressão numérica das pessoas que vivem no país. O povo é composto de pessoas que pertençam ao país, mesmo residindo no exterior, como ocorre com um embaixador em outro país. Nação vem do latim natio, palavra derivada de natus, que significa nascer. Num sentido ético, é o fato de a pessoa ser nascida no território (indígena), em oposição aos alienígenas. Nação é uma comunidade de base histórico-cultural, pertencendo a ela, em regra, os que nascem em certo ambiente cultural feito de tradições e costumes, geralmente expresso numa língua comum, tendo um conceito idêntico de vida e dinamizado pelas mesmas aspirações de futuro e os mesmos ideais coletivos. Nação não tem sentido de povo. Nação é a sociedade natural de homens, dentro de um território, com mesma origem, costumes, língua e comunhão de vida. A nação seria, em princípio, a semente da qual surgiu o Estado. Sociedade é a união durável de indivíduos que têm um objetivo comum. Alessandro Groppalli afirma que raça é o complexo de caracteres somáticos que identificam um determinado grupo humano e são transmitidos hereditariamente. 33 TERRITÓRIO Território é o elemento material, espacial ou físico do Estado. É o limite espacial no qual o Estado exerce seu poder sobre pessoas e bens. O território compreende a superfície do solo que o Estado ocupa, seu subsolo, seu mar territorial e o seu espaço aéreo. O Estado exerce uma relação de domínio sobre o território. É um poder que o Estado exerce sobre pessoas e coisas. Não existe Estado sem território. O território é a delimitação da soberania. O Estado tem o monopólio de ocupação em determinado espaço. Por exemplo, o mar territorial brasileiro estende-se a 200 milhas da costa. GOVERNO Governo é a organização necessária para o exercício do poder político. Soberania é o poder de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu território a universalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência. A soberania do Estado não reconhece poder igual, superior ou concorrente na ordem interna, nem poder superior na ordem internacional. Consiste a soberania num poder incondicionado, absoluto, sem qualquer limite, já que seus limites são traçados pelo próprio Estado. O governo é originário, pois não é derivado de qualquer outro, nascendo com o próprio Estado. O governo é exclusivo, visto que só o Estado o possui e pode exercê-lo. A soberania é uma, porque não se admite que um mesmo Estado tenha duas soberanias, sendo um poder superior aos demais, não admitindo a convivência de dois poderes iguais no mesmo âmbito. 34 A soberania é indivisível, porque não admite a separação das partes autônomas da mesma soberania. A soberania é imprescritível, pois não tem prazo certo de duração. O Estado soberano pode autodeterminar-se ou autogovernar-se e autolimitar-se, ou seja, o Estado estabelece seu ordenamento jurídico, sendo, contudo, autônomo para decidir sobre tal ordenamento jurídico. O Estado tem um poder superior aos demais. A soberania é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1º, I, da Constituição). A soberania popular é exercida por meio do sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, conformedispõe o art. 14 da Constituição Federal. O poder é a expressão da soberania. Fundamentos do Estado O Estado tem vários fundamentos, como: religiosos, jurídicos, éticos, psicológicos etc. Ensina a teoria religiosa que o Estado tem fundamento em Deus ou na providência divina. Envolve a teoria jurídica a proteção do Estado em relação à família, ao patrimônio da pessoa. Para a teoria da força, o Estado é o domínio dos fortes sobre os fracos. Indica a teoria ética que a vida fora do Estado não pode ser considerada válida. A teoria psicológica menciona que o fundamento do Estado está no impulso que leva os homens a se reunirem e viverem sob o império do Estado. Fins do Estado O fim do Estado é assegurar a vida humana em sociedade, pelo fato de que o homem não vive isoladamente e necessita de normas que disciplinem comportamentos. 35 O fim do Estado visa o bem comum do povo. O Estado deve garantir a ordem interna, assegurar a soberania na ordem internacional, fazer as regras de conduta e distribuir justiça. São objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, que é um Estado Democrático de Direito: a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; b) garantir o desenvolvimento nacional; c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º da Constituição). Os fins sociais ou não essenciais ao Estado são a assistência à família, à educação, à criança, ao adolescente, ao idoso e à previdência social. Formas de Estado e de Governo Formas de Estado: o Estado pode ser unitário ou simples, composto e federado. ESTADO UNITÁRIO OU SIMPLES O Estado unitário ou simples é aquele onde só existe uma única fonte de Direito, que é de âmbito nacional, estendendo-se uniformemente sobre todo o seu território. França, Bélgica, Itália, Portugal, Inglaterra, Uruguai e Paraguai são exemplos de Estados unitários. 36 ESTADO COMPOSTO O Estado composto é a reunião de dois ou mais Estados, sob o mesmo governo, formando uma união. Era o que ocorria, por exemplo, na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que congregava, além da Rússia, outros países. ESTADO FEDERADO O Estado federado é aquele onde há a reunião de vários Estados que formam a federação. A União faz nascer um novo Estado, sob o império de uma Constituição e não de um tratado. Os Estados que aderem à federação não podem mais dela se desligar, perdendo, portanto sua soberania. Na Federação há distribuição de competências na Constituição. No Estado Federado existem várias fontes de Direito, que são a federal, a estadual e a municipal. Os Estados que fazem parte da Federação podem impor tributos para fazer face aos seus encargos. O Brasil e os Estados Unidos são exemplos de Estados Federados. No Estado Federado, o Senado é o órgão de representação dos Estados, enquanto a Câmara dos Deputados representa o povo. Formas de Governo: As principais formas de governo são a Monarquia e a República. MONARQUIA Monarquia é o governo do soberano, que é o supremo legislador, ou seja, é o governo do rei. O monarca exerce o poder vitaliciamente e a sua sucessão é hereditária. A monarquia pode ser absoluta ou constitucional. 37 Monarquia Absoluta é aquela em que o governo cabe a um único indivíduo, que possui poderes ilimitados, fazendo e aplicando as leis. A Arábia Saudita é um exemplo de Monarquia Absoluta. Monarquia Constitucional é aquela em que o rei continua governando, mas, está sujeito a limitações previstas na Constituição. A Grã-Bretanha é um exemplo de Monarquia Constitucional. A Monarquia Constitucional pode ser pura ou parlamentar. A Monarquia Constitucional Pura é aquela que adota o princípio da separação e independência dos poderes, onde o monarca exerce a função executiva, exercendo, nesse caso, as funções de chefe de Estado e de Governo. Monarquia Constitucional Parlamentar ocorre quando o monarca é apenas o chefe de Estado. A chefia do governo é exercida pelo Gabinete ou Conselho de Ministros. Na Monarquia Constitucional Parlamentar há uma interdependência entre os Poderes Legislativo e Executivo. REPÚBLICA A palavra República vem do latim res publicae que quer dizer coisa pública. A República é a forma de governo democrática, exercitada pelo povo, em seu benefício, através de seus representantes, e por meio do voto. Na República, os mandatos políticos são temporários e não há sucessão hereditária. O caso brasileiro: a) O nome do país é Brasil; 38 b) O nome do Estado é República Federativa do Brasil. Sistemas de Governo Os sistemas de governo são o parlamentar e o presidencial. PARLAMENTARISMO No regime parlamentar, o Parlamento representa o Estado. O primeiro- ministro exerce uma função de confiança, podendo ser destituído do cargo. No regime parlamentar o governo é estabelecido por um colegiado, com a direção do primeiro ministro. O chefe do governo é o primeiro-ministro e o chefe de Estado é o rei ou o presidente. O chefe de Estado não tem qualquer responsabilidade política. O regime parlamentarista é empregado tanto nas monarquias (como nos casos da Grã-Bretanha e Espanha) e como nas repúblicas (como no caso da Alemanha e da Itália). No parlamentarismo, os poderes não são autônomos nem independentes. O Legislativo pode ser dissolvido pelo chefe de Estado, com convocação de novas eleições. O caso brasileiro: O Brasil experimentou alguns períodos parlamentaristas. Durante a monarquia, o regime era parlamentarista, no entanto, o Imperador tinha nas mãos o Poder Moderador, que lhe permitia nomear primeiros ministros, mesmo que não tivessem apoio da maioria parlamentar. Durante o período republicano, com a renúncia do presidente Jânio Quadros, a Emenda Constitucional nº 4/1.961 instituiu o sistema parlamentar 39 de governo, que terminou pela manifestação do povo no referendo de 6 de janeiro de 1963, quando foi restabelecido o sistema presidencialista. PRESIDENCIALISMO A Constituição dos Estados Unidos de 1787 criou o primeiro regime presidencialista. No sistema presidencialista, o presidente é eleito direta ou indiretamente pelo povo e só governa durante a vigência do seu mandato. O presidente não pode dissolver o Congresso Nacional e nem ser por ele destituído, a não ser nos casos expressos na Constituição. O sistema presidencialista ocorre apenas nos Estados republicanos, como no caso do Brasil, dos Estados Unidos, e da França. O Presidente da República é o chefe de governo e de Estado. Como chefe de governo, o presidente administra os interesses internos do país. Como chefe de Estado, o presidente representa o país, defendendo seus interesses no exterior, e o governa. Os ministros de Estado não são escolhidos pelo Congresso Nacional, nem precisam da autorização dessa casa para serem dispensados. No sistema presidencialista há um sistema de freios e contrapesos, pelo qual um poder controla o outro e um poder pode depender do outro. Por exemplo: O Poder Legislativo aprova as leis, inclusive o orçamento, que fixa as despesas. Ao controlar as despesas, o legislativo controla os gastos dos Poderes:Legislativo e Judiciário. O Presidente da República, no exercício do Poder Executivo, pode vetar um projeto de lei, controlando, nesse caso, o Poder Legislativo. Mas, o Poder Legislativo pode rejeitar o veto, controlando o Poder Executivo. 40 O presidente da República indica os nomes dos membros do STF e escolhe os membros de tribunais superiores e dos tribunais regionais federais e do trabalho, exercendo certo controle sobre o Poder Judiciário. O Poder Legislativo aprova os nomes dos ministros para os tribunais superiores, controlando as indicações do presidente da República. O Poder Judiciário pode julgar inconstitucional uma lei ou determinar como será aplicada, controlando a atividade do Poder Legislativo. Regimes Políticos O regime político pode ser democrático, autocrático ou ditatorial. DEMOCRACIA A palavra democracia vem do grego dêmos, que significa povo e Kratia, que tem o sentido de força, poder. Democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo, onde grupos opostos lutam entre si para a conquista do poder. O parágrafo único do art. 1º da Constituição Federal do Brasil determina que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente. A democracia, portanto, é o governo do povo, porque provém do povo; pelo povo, porque é exercido pelo povo, diretamente, ou por meio de seus representantes eleitos; e para o povo, porque a democracia, encarada do ponto de vista substancial ou de conteúdo, tem essa necessária vertente popular. A Democracia costuma ser dividida em: Democracia Direta e Democracia Indireta. 41 A Democracia Direta ocorria em Atenas, no período clássico, em que o povo deliberava em assembleia sobre os destinos do Estado ou o exercício da administração pública. Nos dias atuais, essa forma de democracia não é mais possível acontecer, pois seria impossível que todo o povo de um país se reunisse em assembleia. Democracia Indireta é o sistema representativo onde o povo participa indiretamente do poder, através dos seus representantes (Deputados e Vereadores) escolhidos através do voto. Assim, há eleição de representantes populares, que irão discutir e exercer o governo. Rousseau criticava a democracia indireta ou representativa, pois seria o governo de alguns e não do povo. Na democracia, o povo tem a seu favor a possibilidade de se manifestar diretamente através do referendum, do plebiscito, ou do veto popular. Referendum No referendum, o povo é chamando para referendar, ou seja, confirmar, aprovar ou rejeitar uma proposta apresentada. É um procedimento a posteriori pelo qual os eleitores irão se pronunciar sobre decisão legislativa já tomada. Por exemplo, no ano de 2005 o povo brasileiro foi convocado a se pronunciar, através do referendum, sobre uma decisão do Congresso Nacional que proibia o comércio de armas. A maioria votou pela proibição e a decisão foi revogada. 42 Plebiscito A palavra plebiscito vem do latim plebis (que quer dizer relativo à plebe) e scitum (decreto). Plebiscito é a consulta ao povo sobre assunto de interesse relevante, para que ele manifeste livremente sua opinião sobre o tema. No plebiscito, ao contrário do referendum, o povo opina sobre uma matéria antes de ser adotada qualquer medida. No Brasil, no ano de 1993, o eleitorado, mediante plebiscito, definiu a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo). O povo decidiu que a forma de governo seria a república e o sistema de governo o presidencialismo. Veto Popular O veto popular é a aprovação dentro de certo prazo de um projeto de lei. Na democracia representativa, o povo concede mandato a certas pessoas para representarem a vontade popular e tomarem as decisões. AUTOCRACIA Autocracia é o governo absoluto exercido por uma só pessoa, cuja vontade é a própria lei. DITADURA Ditadura é o governo do ditador, que estabelece tudo e reúne em si todos os poderes públicos, inclusive legislando. É o que ocorreu, por exemplo, no Brasil, durante o Estado Novo, governado pelo presidente Getúlio Vargas, e no regime militar, quando o país foi governado por generais. 43 O totalitarismo é uma forma de ditadura que usa a força para impor sua vontade visando realizar os objetivos do Estado. São exemplos de totalitarismo o fascismo e o nazismo. 44 45 DIREITO NACIONAL PÚBLICO 3 Conhecimentos Compreender as leis Constitucionais existentes no Poder Público Habilidades Reconhecer os tipos de leis constitucionais existentes Atitudes Desenvolver técnicas para melhor compreensão das leis existentes na constituição brasileira. 46 47 Introdução A diferença entre o que é chamado de Direito Público e de Direito Privado é proveniente do Direito Romano que apresentava uma definição que dizia ser o primeiro relativo ao estado da coisa romana e o segundo que é colocado à utilidade dos particulares. Os romanos também distinguiam as esferas pública e privada, como lugar de ação dos homens livres, no primeiro caso, e o lugar das atividades voltadas para a sobrevivência, no segundo caso. O Estado Moderno seguiu a linha de divisão entre Estado e sociedade para definir a esfera privada como o ambiente de livre atuação dos indivíduos e a esfera pública como o ambiente em que os cidadãos decidem coletivamente sobre os assuntos de interesse geral. De modo simplificado, o Direito Público só permite o que está escrito na lei, enquanto o Direito Privado permite a liberdade de fazer tudo que não é proibido na lei. O Direito Público possui seus próprios princípios ordenadores, como o princípio da autoridade pública, o princípio da submissão do Estado à ordem jurídica, o princípio da função, o poder de agir, o princípio da sucessão de atos e fatos, o princípio da publicidade, o princípio da responsabilidade objetiva e da igualdade das pessoas políticas. Conceito O Direito Público pode ser explicado como um grande ramo de normas que possuem natureza pública, na qual o Estado atua com seu poder, por ser um tema de relevante caráter social e organizacional da sociedade. É o conjunto de normas que regula as atividades e as funções entre Estado, particulares e servidores. 48 Ramos do Direito Público São ramos do Direito Público: o Direito Constitucional; o Direito Administrativo; o Direito Econômico; o Direito Penal; o Direito Financeiro; o Direito Tributário; o Direito Processual; o Direito da Seguridade Social. Direito Constitucional As normas do Direito Constitucional são normas internas e estruturais de cada Estado Nacional. Essas normas disciplinam as instituições políticas, a estrutura de governo, a organização dos poderes do Estado, os limites de funcionamento, a sociedade, e as garantias fundamentais de cada indivíduo. São normas que fornecem um modelo para asdemais leis que surgirem, montam toda a estrutura da sociedade e ditam os parâmetros econômicos, políticos e sociais. O Direito Constitucional, também, pode ser compreendido como sendo o ramo do Direito Público que estuda os princípios, as regras estruturadas do Estado e garantidoras dos direitos e liberdades individuais, contidos na Constituição. Constituição: É o conjunto de princípios e regras relativos à estrutura e ao funcionamento do Estado. A Constituição Federal do Brasil destaca, em seu art. 1º, que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. Poder Constituinte: É a manifestação da vontade política de um povo em estabelecer regras que irão regular condutas e a própria organização do Estado. O titular do Poder Constituinte é o povo, sendo exercido por meio da escolha dos representantes no Congresso Nacional. 49 Soberania Popular: É exercida através do sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular. Partidos Políticos: Um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é o pluralismo político, sendo livre a criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana. Direito Administrativo O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que regulamenta a atividade estatal, com todos os serviços públicos postos à disposição da sociedade, em busca do bem comum. O Direito Administrativo preocupa-se com a prestação do serviço público, a forma e limites de atuação e ainda disciplina o relacionamento entre públicos e privados, e a relação dos indivíduos com a Administração Pública. Administração Pública: Compreende todos os órgãos pertencentes ao Poder Executivo e é dividida em Administração Pública Direta e Administração Pública Indireta. Administração Pública Direta: Compreende todos os serviços prestados pelos órgãos que compõem a estrutura do Poder Executivo. Administração Pública Indireta é composta pelas empresas estatais (sociedades de economia mista e empresas públicas); fundações e autarquias, conforme disposto no art. 4º do Decreto-Lei nº 200/1967. A atividade estatal opera através de: a) atos administrativos; 50 b) contratos administrativos; c) processo licitatório; d) execução de serviços públicos. Ato Administrativo: É toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigação aos administradores ou a si própria. Direito Econômico Direito Econômico é o conjunto de princípios, de regras e de instituições que visa a intervenção do Estado no domínio econômico. São princípios da ordem econômica: a) Soberania; b) Propriedade privada; c) Função social da propriedade; d) Livre concorrência; e) Defesa do consumidor; f) Defesa do meio ambiente; g) Redução das desigualdades regionais e sociais; h) Busca do pleno emprego; i) Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país. a) Soberania: Diz respeito à autogestão pelo Estado, sendo exercida dentro do território nacional. b) Propriedade Privada: O direito de propriedade é garantido no inciso XXII do art. 5º da Constituição Federal. 51 c) Função Social da Propriedade: O inciso XXIII, do art. 5º da Constituição Federal dispõe que a propriedade atenderá a sua função social que é a de servir para a pessoa morar e viver com a sua família. d) Livre Concorrência: É inerente ao sistema capitalista e visa regular o mercado. e) Defesa do Consumidor: Por ser o polo mais fraco da relação de consumo, o consumidor necessita de proteção jurídica. A Lei nº 8.079/1990 instituiu o Código de Defesa do Consumidor (CDC). f) Defesa do Meio Ambiente: O meio ambiente deve ser preservado para que as pessoas possam obter uma qualidade de vida saudável. g) Redução das Desigualdades Regionais e Sociais: Um dos princípios constitucionais da República Federativa do Brasil é a erradicação da pobreza da marginalização, reduzindo as desigualdades regionais e sociais. h) Busca do Pleno Emprego: O inciso VIII do art. 170 da Constituição Federal estabelece o princípio de que a ordem econômica busca o pleno emprego, quando a demanda de trabalho é igual ou inferior à oferta. A conquista e a manutenção de um nível de pleno emprego são um importante fator de crescimento econômico acompanhadas da elevação do padrão de vida da população. i) Tratamento Favorecido para as Empresas de Pequeno Porte: A Lei Complementar nº 123/2006 garante o favorecimento às empresas de pequeno porte, como forma de garantir a sua sustentabilidade. Atividade Econômica: A atividade econômica é explorada pelo particular. O Estado, em princípio, não pode explorar atividade econômica. A exploração da atividade econômica pelo Estado só será permitida quando 52 necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definido pelo art. 173 da Constituição Federal. Intervenção do Estado no Domínio Econômico: A intervenção do Estado no domínio econômico visa a regulação do mercado, podendo essa intervenção ser direta ou indireta. Intervenção Direta: Ocorre quando o Estado se utiliza da empresa pública ou de uma sociedade de economia mista. Intervenção Indireta: Ocorre quando o Estado estimula e apoia a atividade econômica dos particulares. Sistema Financeiro Nacional: O Sistema Financeiro Nacional tem como objetivo promover o desenvolvimento equilibrado do país e servir aos interesses da coletividade em todas as partes que o compõem. A Lei nº 4.595/1964 dispõe sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e creditícias. Direito Penal Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica. O Direito Penal regula essas condutas com base na proteção dos princípios relacionados à vida, intimidade, propriedade, liberdade, enfim, são princípios que devem ser respeitados no convívio social. E descrito as condutas consideradas crimes (condutas mais graves) e contravenções (condutas menos grave) e as respectivas penas cominadas. O Estado é o responsável pelo direito de punir e o faz mediante critérios pré-estabelecidos, com o intuito de desestimular os indivíduos a 53 transgredirem as normas, e, também, de readaptar o indivíduo ao convívio social. A principal fonte do Direito Penal é a Constituição, uma vez que muitas regras estão inseridas no texto constitucional, como a que dispõe que não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal (CF, art. 5º, inciso XXXIX). Um dos princípios basilares do Direito Penal estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, sendo garantida, sempre, a ampla defesa. A lei penal só pode retroagir para beneficiar o réu (CF, at. 5º, inciso XL). A lei penal, salvo as exceções decorrentes da imunidade parlamentar, atinge a todosos indivíduos, excetos aqueles que são penalmente inimputáveis, por não serem responsáveis pelos seus atos, e os menores de 18 anos que estão sujeitos às normas da legislação especial. É inimputável o indivíduo que por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Esses indivíduos estão sujeitos, porém, a medidas de segurança que são: internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; tratamento ambulatorial. Perante a lei penal, os indivíduos são sujeitos ativos, quando este pratica o fato considerado como crime, e sujeito passivo, quando sofre o crime. As infrações penais são divididas em crimes ou delitos e contravenções. Crime é o fato típico e antijurídico. Contravenção é uma ofensa menos grave que o crime, sendo punida com pena de prisão simples ou multa. A pena de privativa de liberdade, não superior a dois anos, pode ser suspensa por dois a quatro anos desde que o condenado atenda a alguns requisitos. A suspensão condicional da pena é chamada de sursis. 54 A pena, também, pode ser extinta nos seguintes casos: pela morte do indivíduo que cometeu o crime; pela anistia, graça ou indulto; pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; pela prescrição, decadência ou perempção (morte da ação); pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; pela retratação do indivíduo, nos casos em que a lei a admite; pelo casamento do indivíduo com a vítima, nos crimes contra os costumes; pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Direito Financeiro O Direito Financeiro objetiva que o Estado empregue seus recursos da maneira mais eficiente possível em benefício da sociedade Para prestar os serviços públicos em favor dos cidadãos, o Estado necessita de recursos que advém dos tributos (impostos, taxas e contribuições). A preocupação central do Direito Financeiro concentra-se no estudo dos princípios e diretrizes que norteiam a forma de aplicação, administração e gerenciamento desses recursos públicos para a execução de serviços públicos, e, ainda, o planejamento necessário de forma que a receita e despesa pública se equilibrem no grande orçamento público. O Direito Financeiro, portanto, estuda as receitas públicas, as despesas públicas, o orçamento público e o crédito público. Receitas Públicas: As entradas de recursos nos cofres do Estado compreendem as receitas e os ingressos. Ingressos: São entradas provisórias no caixa do Estado. Exemplo: os empréstimos públicos e os empréstimos compulsórios, que, posteriormente serão devolvidos, os depósitos para participar de licitações. 55 Receitas: É toda entrada definitiva de recursos nos cofres do Estado, destinados à satisfação das necessidades públicas. A Lei nº 4.320/1964 classifica as receitas públicas em: receitas correntes e receitas de capital. Receitas Correntes: São as receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, agropecuária, industrial de serviços e as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de Direito Público ou Privado, quando destinadas a atender às despesas classificáveis em despesas correntes. Exemplos: receitas provenientes de impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições sociais, transferências correntes. Receitas de Capital: São as receitas provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; dos recursos recebidos de outras pessoas de Direito Público ou Privado, destinado a atender às despesas classificáveis em despesas de capital; o superávit do orçamento corrente. Exemplos: operações de crédito, alienação de bens, amortização de empréstimos, transferências de capital. Despesas Públicas: As despesas púbicas visam fazer frente aos serviços públicos prestados pelo Estado, ou seja, representam o dispêndio em dinheiro para fazer face às necessidades do Estado. A Lei nº 4.320/1964 classifica as despesas públicas em despesas correntes e despesas de custeio. Despesas Correntes: São as despesas necessárias à execução de serviços públicos e aos fins do Estado, mas, que não têm um caráter econômico produtivo. As despesas correntes são dividias em despesas de custeio e transferências correntes. 56 Despesas de Custeio: São as despesas necessárias para assegurar o funcionamento dos serviços públicos e as dotações para manutenção de serviços anteriormente criados. Exemplos: despesas com pessoal, aquisição de material de consumo, pagamento de serviços de terceiros. Transferências Correntes: São as dotações para as despesas às quais não corresponda a contraprestação direta em bens e serviços. Exemplos: subvenções sociais, pagamento de inativos, pagamento de abono familiar, pagamento de juros da dívida pública. Despesas de Custeio: São investimentos, inversões financeiras e transferências de capital. Exemplo: execução de obras públicas, participação em constituição ou aumento de capital de empresas, amortização da dívida pública. Orçamento Público: É o programa de governo que prevê as receitas e a autorização de despesas dentro de um período anual. O orçamento trata-se de um ato administrativo, mas, formalmente, também, é uma lei, a Lei Orçamentária Anual, aprovada pelo Poder Legislativo. A Lei Orçamentária Anual (LOA) compreende: a) o orçamento fiscal referente aos três poderes da União, seus fundos, órgão se entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; b) o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; c) o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Crédito Público: Cabe ao Congresso Nacional dispor sobre operações de crédito e dívida pública (CF, art. 48 inciso III). A dívida pode ser interna, quando é imitida e paga dentro do país, e externa, que representa a 57 transferência de dividas para o exterior dos créditos assumidos pelo país. A dívida pode ser flutuante ou fundada. Dívida Flutuante: É a dívida adquirida em razão de déficit de caixa e que é resgatada em curto prazo. Dívida Fundada: Compreende á divida com compromisso de exigibilidade superior a 12 meses, contraída para atender a desequilíbrio orçamentário ou financeiro de obras e serviços públicos. Direito Tributário Direito Tributário é o conjunto de princípios, de regras e de instituições que regem o poder fiscal do Estado e suas relações. O Direito Tributário estuda os tributos. Tributo: É toda prestação pecuniária, compulsória, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. São espécies de tributo: o imposto; a taxa; a contribuição de melhoria; as contribuições sociais; o empréstimo compulsório. Imposto: É o tributo que tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte e que se destina a atender aos interesses gerais da coletividade. Taxa: É o tributo que tem por fato gerador o exercício regular do poderde polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço púbico específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. As taxas são classificadas em taxa de polícia e taxa de serviço. 58 Taxa de Polícia: É a taxa decorrente do poder de polícia da Administração Pública. Exemplos: taxa de vistoria, taxa de licença e funcionamento. Taxa de Serviço: É a taxa dependente de serviço prestado ou posto à disposição do contribuinte. Exemplo: Taxa de limpeza pública. Contribuição de Melhoria: É o tributo que visa custear obra pública, decorrente de valorização imobiliária. A contribuição de melhoria tem como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Contribuição Social: É o tributo destinado a custear atividades estatais específicas que não são inerentes ao Estado. A contribuição social pode ser resultante: a) da intervenção no domínio econômico (Ex: Salário educação, FGTS); b) de interesses de categorias econômicas ou profissionais (Ex: contribuição sindical; contribuição destinada aos órgãos de fiscalização profissional); c) da contribuição para o custeio do sistema da seguridade social. Empréstimo Compulsório: É o tributo estabelecido por lei complementar e que se destina, exclusivamente: a) para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidades públicas, de guerra externa ou sua iminência; b) no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, não podendo ser cobrado no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que o instituiu. 59 Direito Processual O Direito Processual tem como função organizar a forma de como o Estado vai prestar o poder-dever de julgar e como as partes devem agir no embate judicial. O Estado é que detém o poder de aplicar o Direito, estabelecendo a ordem, aplicando as penalidades, e solucionando os conflitos entre as partes, por meio de um processo judicial. O Direito Processual visa disciplinar de que forma essa relação pode ocorrer, estabelecendo princípios e regras a serem previamente obedecidas, tanto pelo Estado, quanto pelas partes na disputa judicial. O Direito Processual é dividido em: Direito Processual Civil; Direito Processual Penal; Direito Processual do Trabalho; Direito Processual Penal Militar. Direito Processual Civil É um ramo do direito público que reúne o conjunto de normas jurídicas destinado ao regulamento da jurisdição, da ação e do processo, criando o repertório fundamental para que os conflitos de ordem civil e não especial possam ser devidamente encaminhados. É através do processo civil que se tem a composição da lide, ou seja, o suporte que organiza os procedimentos a serem seguidos no objetivo de se atribuir o direito. O processo civil divide-se em três partes principais: processo de conhecimento; processo de execução; processo cautelar. Na primeira parte, de conhecimento, é instaurado o processo para que seja reconhecido o direito. Na segunda, o direito já é reconhecido, buscando-se a aquisição física do mesmo, tendo como instrumento uma sentença previamente constituída ou então o chamado título executivo extrajudicial. Na terceira parte, o objetivo é assegurar que determinado direito não perca sua integridade. Os princípios que norteiam as diretrizes do direito processual civil são: 60 1) Princípio da imparcialidade do juiz: Para garantir a validade e a justiça no processo é necessário um juiz atuando de forma imparcial, evitando ações tendenciosas que acabem por favorecer uma das partes. A posição do juiz no processo é de colocar-se acima das partes para poder julgar de modo eficaz. Sua imparcialidade é essencial para o andamento sadio do processo. 2) Princípio da igualdade: Ambas as partes devem ter um tratamento igual por parte do juiz. Seu fundamento encontra respaldo no artigo 5º da Constituição Federal. 3) Princípio do contraditório e ampla defesa: É garantida as partes envolvidas no processo o pleno direito de se manifestar sobre assuntos ligados ao processo, bem como de defender-se de toda questão levantada no mesmo. 4) Princípio da ação: Também denominado princípio da demanda, garante à parte a iniciativa de provocação do exercício da função jurisdicional (em outras palavras, direito garantido ao acesso dos serviços oferecidos pelo poder judiciário). 5) Princípio da disponibilidade e da indisponibilidade: Este princípio faz referência ao poder dispositivo, que é a liberdade garantida a todo cidadão de exercício de seus direitos. No direito processual este princípio se traduz pela possibilidade ou não de apresentar em juízo a sua pretensão, do modo como bem entenda. 6) Princípio da livre investigação das provas: Neste princípio é estabelecido que o juiz depende das provas produzidas pelas partes para que possa fundamentar sua decisão. 7) Princípio da economia e instrumentalidade das formas: O processo, como instrumento de aferição de direito, não deve ter um dispêndio exagerado em relação aos bens em disputa. 61 8) Princípio do duplo grau de jurisdição: É garantida, por meio deste princípio, a revisão da decisão processual. Assim, pode o cidadão ter direito a novo julgamento além daquele proferido pelo juiz de primeira instância (ou primeiro grau). 9) Princípio da publicidade: O princípio da publicidade garante que o cidadão tenha acesso às informações do processo, vedado o sigilo, garantindo um instrumento importante de fiscalização popular. 10) Princípio da motivação das decisões judiciais: Deve o juiz formular coerentemente sua decisão, demonstrando de modo inequívoco como determinada sentença foi composta. Direito Processual Penal É o ramo do direito público dedicado ao estudo da aplicação jurisdicional do direito penal, sistematizando os órgãos relacionados e seus respectivos auxiliares. A matéria processual tem como objetivo trazer a matéria penal da mera abstração à realidade, dando as ferramentas necessárias para que este possa ser aplicado. Sua finalidade é a definição da relação jurídica nascida do ilícito penal, assim que este ocorre, surgindo, a partir da "provocação", o poder/dever do Estado de revogar determinados direitos do indivíduo autor do ilícito. Com o ilícito penal, surge a relação processual penal que é composta pelo autor do processo (o Ministério Público), o réu e o juiz. Considera-se como vítima imediata do crime a sociedade, que é representada pelo Ministério Público. O ofendido possui interesse individual na ação, mas ele não faz parte da relação por esta tratar-se justamente de matéria processual. A matéria processual penal admite, como provas possíveis, a documental e a testemunhal. 62 Na prova documental admite sempre o exercício contraditório pela parte contrária. Ou seja, é sempre aberto um canal para que a parte contrária negue ou prove inefetiva a prova documental apresentada. Na prova testemunhal, estabelece-se que as testemunhas devem ser arroladas desde a chamada petição inicial, (em outras palavras, o documento que inaugura o litígio). Os princípios que norteiam a matéria são: 1. Princípio da verdade real/material: Estabelece que toda sentença deve estar de acordo com os fatos provados verdadeiros. 2. Princípio da legalidade/obrigatoriedade: Todo o ilícito em que é atribuída a tomada de providências pelo Poder Público,este deve necessariamente atuar. 3. Princípio da indisponibilidade da ação penal: Por este princípio, derivado natural do princípio da legalidade/obrigatoriedade, o Ministério Público, representante da sociedade, não pode escolher entre propor ou não ação de sua competência, bem como escolher ou não continuar com determinada lide. 4. Princípio da oficialidade: Este princípio estabelece que o Estado tem o dever soberano de agir e de determinar as normas de conduta delituosa bem como a sanção penal correspondente. 5. Princípio da publicidade: O princípio da publicidade estabelece que os atos processuais são públicos, portanto, acessíveis ao cidadão comum, vedado o sigilo das informações contidas no mesmo. 6. Princípio do contraditório: No princípio do contraditório está assegurada igualdade de direitos e obrigações e relação à matéria processual. 63 7. Princípio da iniciativa das partes: Tal princípio estabelece que as partes devem impulsionar a ação jurisdicional, sendo inadmissível a atuação de ofício (entenda-se "por conta própria") do juiz. Direito Processual do Trabalho É denominado direito processual do trabalho o ramo do direito que reúne um conjunto de regras e princípios a serem aplicados pelos órgãos jurisdicionais no julgamento de temas relacionados à relação de trabalho. Alguns autores, uma minoria, se referem à matéria como direito judiciário do trabalho. Diferentemente de matérias como o processo civil ou processo penal, a matéria processual trabalhista não se encontra até hoje amparada por um código próprio. Assim, boa parte de seu conteúdo é derivado das orientações extraídas da Constituição Federal, do Código de Processo Civil (CPC) e da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Outro ponto fundamental no desenvolvimento da matéria processual trabalhista é a classificação dos conflitos. São eles: autodefesa; autocomposição; heterocomposição. Autodefesa: Na autodefesa, as próprias partes agem independentemente para defender seus interesses, até que um lado aceita as imposições da outra. Um exemplo de autodefesa na área trabalhista são as greves. Autocomposição: Na autocomposição, a solução dos conflitos trabalhistas é realizada pelas próprias partes, sem a intervenção de um terceiro. Um exemplo de autocomposição são os acordos e convenções coletivas. Há dois tipos de autocomposição a uni e a bilateral. A unilateral se dá quando uma das partes renuncia à sua pretensão. Na bilateral ocorrem concessões recíprocas, ou seja, ambos abrem mão de algum ganho para que haja uma transação. 64 A autocomposição é extraprocessual, ou seja, dá-se à margem do processo. Nesta forma de resolução de conflito pode ocorrer a conciliação, com ou sem a interferência de um terceiro. Dentro de um processo, a conciliação é proposta obrigatoriamente na contestação (art.846, CLT) e nas razões finais (art.850, CLT). Reza o art.764, caput, da CLT que “Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação”. Heterocomposição: A heterocomposição é uma forma de dissolução de conflitos diferente das outras por ter força obrigatória, ou seja, as partes devem submeter-se à decisão imposta. A diferença é que nesta modalidade, a decisão é supra partes, enquanto na autodefesa e na autocomposição há um resultado obtido pelas próprias partes, por imposição ou composição. Um grande exemplo da heterocomposição é a arbitragem, consagrada pela lei nº 9.307/96. Direito Processual Penal Militar É um ramo especializado do direito que tem por objetivo permitir a aplicação da legislação penal militar por meio de regras processuais que de forma semelhante cuidam do processo penal. No Brasil, o direito processual penal militar está materializado pelo Código de Processo Penal Militar, que é o Decreto-lei nº 1002/1969, que cuida dos procedimentos ordinário e especial, a serem observados no curso dos processos perante a Justiça Militar da União e a Justiça Militar do Estado. O direito penal militar e o direito processual penal militar têm um público alvo em torno de um milhão de pessoas, entre os militares da ativa e da reserva das Forças Armadas e das Forças Auxiliares, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. O Processo Penal Militar detém regramentos específicos e diferenciados em face do Processo Penal Comum, tanto em razão dos procedimentos de Polícia Judiciária quanto nos tipos de processos ordinários e de procedimentos especiais. 65 Direito da Seguridade Social O Direito da Seguridade Social é o conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social. São princípios da seguridade social: a) a universalidade da cobertura e do atendimento; b) a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; c) a seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; d) a irredutibilidade do valor dos benefícios; e) a equidade na forma de participação do custeio; f) a diversidade da base de financiamento; g) o caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados. A Seguridade Social é custeada por toda a sociedade, de forma direta, através das contribuições, e indireta, através dos impostos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições dos empregadores. A Previdência Social é o segmento da Seguridade Social destinado a estabelecer um sistema de proteção social, mediante contribuição, que tem por objetivo proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e à sua família, quando ocorrer certa contingência prevista em lei. A Previdência Social atende: a) a cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; b) a proteção à maternidade, especialmente à gestante; c) a proteção do trabalhador em situação de desemprego involuntário; d) a concessão do salário-família e auxílio-reclusão para os 66 dependentes dos segurados de baixa renda; e) a pensão por morte do segurado ao cônjuge ou companheiro e dependentes. O segurado da Previdência Social tem direito aos seguintes benefícios: a) aposentadoria por invalidez; b) aposentadoria por idade aos 65 anos para o homem e aos 60 para a mulher; c) aposentadoria por tempo de contribuição (35 anos para homem e 30 para mulher); d) auxílio doença; e) salário- maternidade; f) auxílio-acidente; g) salário-família; h) seguro-desemprego. A Assistência Social é destinada a estabelecer uma política social aos hipossuficientes, por meio de atividades particulares e estatais, visando à concessão de pequenos benefícios e serviços, independentemente de contribuição por parte do próprio interessado. A Assistência Social envolve: a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; b) o amparo às crianças e adolescentes carentes; c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; d) a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e ao idoso que comprovem
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