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Investigação Criminal Conduzida pelo Delegado de Polícia (Lei 12.830/13) 1. Fundamento Constitucional “Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. “Art. 144...... § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III- exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 2. Contexto em que originou a Lei e seu objeto - PEC 37 – propunha incluir um novo parágrafo no art. 144, da CF, acrescentando o seguinte: “A apuração das infrações penais de que tratam os §§ 1º e 4º deste artigo, incumbem privativamente às polícias federal e civis dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente". - Lei 12.830/13 – “Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia”. Nesse contexto, a investigação criminal é ato exclusivo das Polícias Civil e Federal? R.: Não, pois a investigação criminal também é desempenhada por meio de outros órgãos, como as CPIs, COAF, Banco Central, CADE, IBAMA e Ministério Público. 3. Exercício das funções de Polícia Judiciária / Investigativa “Art. 2o As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado”. 3.1. Polícia Judiciária x Polícia Investigativa Há diferença entre a função de Polícia Judiciária e Investigativa? R.: 1ª Corrente: A Polícia Civil e a Polícia Federal podem exercer a função de “polícia judiciária” ou de “polícia investigativa”, não se confundindo ambas. O primeiro caso, ocorre quando a Polícia está auxiliando o Poder Judiciário, como por exemplo, no cumprimento de mandado de prisão, busca e apreensão, etc., enquanto o segundo, ocorre quando a Polícia está realizando investigações, que consiste na coleta de provas sobre autoria e materialidade de um crime. 2ª Corrente: A expressão “Polícia Judiciária”, que está atrelada às funções exercidas pelas Polícias Civil e Federal, abrange tanto o exercício da investigação de infrações penais, quanto as atribuições de auxílio ao Poder Judiciário. (corrente majoritária na doutrina e jurisprudência) Qual a base jurídica adotada por esta corrente? Art. 4º. “A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria”. (Código de Processo Penal) Súmula vinculante 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. 3.2. Natureza jurídica das funções desempenhadas 3.3. Funções essências e exclusivas de Estado 3.3.1. Caráter essencial da investigação x dispensabilidade do IP 3.3.2. Função exclusiva do Estado x investigação particular Existe a possibilidade da investigação criminal ser desempenhada por particulares? R.: Sim, desde que seja uma investigação “defensiva” ou na hipótese prevista na Lei 13.432/17, que versa sobre o exercício da profissão de detetive particular. “Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se detetive particular o profissional que, habitualmente, por conta própria ou na forma de sociedade civil ou empresarial, planeje e execute coleta de dados e informações de natureza não criminal, com conhecimento técnico e utilizando recursos e meios tecnológicos permitidos, visando ao esclarecimento de assuntos de interesse privado do contratante”. § 1º Consideram-se sinônimas, para efeito desta Lei, as expressões “detetive particular”, “detetive profissional” e outras que tenham ou venham a ter o mesmo objeto. “Art. 5º O detetive particular pode colaborar com investigação policial em curso, desde que expressamente autorizado pelo contratante”. “Parágrafo único. O aceite da colaboração ficará a critério do delegado de polícia, que poderá admiti-la ou rejeitá-la a qualquer tempo”. 4. Presidência do Inquérito Policial ou outro procedimento Art. 2º............. “§1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais”. 4.1. Alcance da expressão “autoridade policial” 4.2. Alcance da expressão “outro procedimento previsto em lei” 5. Discricionariedade do Delegado de Polícia na presidência do Inquérito Policial ou outro procedimento Art. 2º............. “§2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos. 5.1. Discricionariedade x requisições do Juiz ou Ministério Público Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:(Código de Processo Penal) II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; 5.2. Poder de requisição do Delegado de Polícia 6. Livre condução do Inquérito Policial Art. 2º...... §3º “O Delegado de Polícia conduzirá a investigação criminal de acordo com o seu livre convencimento técnico- jurídico, com isenção e imparcialidade.” (vetado) 6.1. Razões do veto “Da forma como o dispositivo foi redigido, a referência ao convencimento técnico-jurídico poderia sugerir um conflito com as atribuições investigativas de outras instituições, previstas na Constituição Federal e no Código de Processo Penal. Desta forma, é preciso buscar uma solução redacional que assegure as prerrogativas funcionais dos delegados de polícias e a convivência harmoniosa entre as instituições responsáveis pela persecução penal.” 7. Avocação ou redistribuição de investigações policiais em curso Art. 2º...... §4º “O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação”. 7.1. Requisitos 7.1.1. Avocação por superior hierárquico 7.1.2. Despacho fundamentado 7.1.3. Por interesse público ou por descumprimento de procedimentosprevistos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação 8. Remoção do Delegado de Polícia Art. 2º...... “§ 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado”. 8.1. Objetivo do dispositivo legal e ausência de hipóteses permissivas da remoção A remoção de que trata este § 5º abrange apenas a transferência para cidades diferentes? R.: Não, pois trata-se de uma garantia de que o Delegado de Polícia não será afastado das funções sem que haja um motivo justificado 9. Indiciamento como ato privativo do Delegado de Polícia Art. 2º...... “§6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico- jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias”. 9.1. Conceito – É um ato privativo do Delegado de Polícia, baseado nos elementos informativos que foram colhidos no curso das investigações policiais, pelo qual se busca apontar autoria de um fato criminoso, provar a materialidade e delinear as circunstâncias em o fato ocorreu. 9.2. Momento 9.3. Espécies 9.3.1. Direto 9.3.2. Indireto 9.4. Desindiciamento (cancelamento do indiciamento) “O indiciamento configura constrangimento quando a autoridade policial, sem elementos mínimos de materialidade delitiva, lavra o termo respectivo e nega ao investigado o direito de ser ouvido e de apresentar documentos”. (STJ HC 43.599 – SP, de 2005) Pode haver requisição do Juiz ou do Ministério Público impondo o indiciamento de alguém? 10. Tratamento protocolar dispensado ao Delegado de Polícia Art. 3º O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados. Abuso de Autoridade (Lei 4.898/65) 1. Aspectos gerais 1.1. Tríplice finalidade da Lei “Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei.” 1.2. Objeto jurídico da Lei 1.2.1. Imediato - proteção dos direitos e garantias individuais e coletivos 1.2.2. Mediato - legalidade e probidade dos serviços públicos 1.3. Conceito de autoridade para fins legais “Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.” 1.3.1. Conceito de funcionário público trazido pelo CP “Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.” “§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.” O conceito de funcionário público por equiparação, estampado no parágrafo acima também é aplicável à presente Lei? R.: Não, prevalecendo o entendimento de que a aplicação do conceito de funcionário público por equiparação, trata- se do uso da analogia “in malam partem”. 1.4. Delimitação da expressão “no exercício das funções”. É possível o agente responder por abuso de autoridade, estando fora do exercício das funções? R.: Sim, desde que o ato de abuso seja praticado pelo agente que invoque a sua condição de autoridade. Ex: um policial de férias que utiliza a identidade funcional para prender alguém desrespeitando as formalidade legais (corrente amplamente majoritária) 2. Aspectos penais 2.1. Disposições gerais 2.1.1. Sujeitos do crime 2.1.2. Elemento subjetivo 2.1.3. Consumação e tentativa a) artigo 3º: se consuma com a prática da conduta, ainda que não ocorra efetiva lesão ao bem jurídico (crime formal). No tocante à tentativa, é inadmissível por tratar-se de crime de atentado ou empreendimento. b) artigo 4º: as figuras típicas admitem tentativa, exceto as previstas nas alíneas “c”, “d”, “g”, “i, por serem crimes omissivos puros ou próprios, os quais se consumam pela simples omissão. No tocante à consumação, veremos ponto a ponto. 2.1.4. Concurso entre o crime de abuso de autoridade e outros a ele conexos É possível a absorvição do crime de abuso de autoridade por outro a ele conexo ou vice versa? R.: Não, O STJ e o STF pacificaram o entendimento de que o abuso de autoridade não absorve nem é absorvido pelos crimes a ele conexos, havendo hipótese de concurso de crimes. Ex: abuso de autoridade + lesão corporal. Atenção: em relação ao crime de tortura, o entendimento majoritário é que deve haver absorvição do crime de abuso de autoridade e não concurso de crimes. Vale destacar que o CESPE, não adota essa posição. 2.2. Condutas típicas previstas no art. 3º Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: a) à liberdade de locomoção; b) à inviolabilidade do domicílio; c) ao sigilo da correspondência; d) à liberdade de consciência e de crença; e) ao livre exercício do culto religioso; f) à liberdade de associação; g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; h) ao direito de reunião; i) à incolumidade física do indivíduo; j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional 2.2.1. Atentado contra a liberdade de locomoção (art. 3º, “a”). “Art. 5º...XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.” Atenção: não configura o abuso de autoridade a detenção momentânea de uma pessoa para averiguar a sua situação criminal, pois trata-se de um ato legítimo do poder de polícia. 2.2.2. Atentado à inviolabilidade do domicílio (art. 3º, “b”). “Art. 5º.. XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.” 2.2.2.1 Conceito de domicílio para fins de abuso de autoridade “Art. 150..§4º - A expressão "casa" compreende: (Código Penal) I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. 2.2.2.2 Conflito aparente de normas A violação de domicílio praticada pelo agente, se enquadra no crime de violação de domicílio (art. 150, §2º, do CP), abuso de autoridade, ou em ambos? R.: deve responder pelo crime de abuso de autoridade, pois o dispositivo penal em comento, derrogou o art. 150,§2º, do CP, bem como trata-se de uma norma especial que afasta a norma geral (princ. Especialidade) 2.2.3. Atentado ao sigilo da correspondência (art. 3º, “c”) “Art.5º....XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; ” 2.2.4. Atentado à liberdade de consciência, crença e livre exercício dos cultos religiosos (art. 3º, “d” e “e”) “Art.5º....VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.” 2.2.5.Atentado à liberdade de associação (art. 3º, “f”) “Art.5º.... XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 2.2.6. Atentado aos direitos e garantias de voto (art. 3º, “g”) “Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante” O juiz que impede, sem justa causa, o alistamento eleitoral, comete abuso de autoridade? R.: Não, comete crime eleitoral, tipificado ao teor do art. 292, do CE. 2.2.7. Atentado ao direito de reunião (art. 3º, “h”) Art.5º.... XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente” 2.2.8. Atentado à incolumidade física do indivíduo (art. 3º, “i”) O referido dispositivo legal revogou o art. 322 (violência arbitrária), do CP? R.: Para a doutrina majoritária sim, porém segundo o STF, não houve revogação (STF RCH 9561/MG). 2.2.9. Atentado aos direitos e garantias assegurados ao exercício profissional (art. 3º, “j”) “Art.5º.... XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer” 2.3. Condutas típicas previstas no art. 4º Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei; f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal; i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. 2.3.1. Ordenação ou execução de prisão sem formalidades legais (art. 4º, “a”) “Art.5º.... LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”. Atenção: se o abuso for praticado contra criança ou adolescente, caracteriza-se o crime tipificado ao teor do art. 230, do ECA. 2.3.2. Submissão do preso a vexame ou constrangimento (art. 4º, “b”) “Art.5º.... XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. Atenção: se o abuso for praticado contra criança ou adolescente, caracteriza-se o crime tipificado ao teor do art. 232, do ECA. 2.3.3. Omissão de comunicação de prisão ao juiz (art. 4º, “c”) “Art.5º... LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”. Atenção: se o agente deixa de comunicar apreensão de criança ou adolescente, ao juiz e família, caracteriza-se o crime tipificado ao teor do art. 231, do ECA. 2.3.4. Omissão de relaxamento de prisão ilegal pelo juiz (art. 4º, “d”) “Art.5º... LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”. Atenção: se o juiz deixa de sanar a apreensão ilegal de criança ou adolescente, caracteriza-se o crime tipificado ao teor do art. 234, do ECA. 2.3.5. Realização de prisão sem arbitramento de fiança quando admitido (art. 4º, “e”) “Art.5º... LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”. 2.3.6. Ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa física ou jurídica (art. 4º, “h”) “Art.5º... X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. 2.3.7. Prolongamento de prisão temporária ou medida de segurança (art. 4º, “i”) Atenção: se o abuso for praticado contra criança ou adolescente, caracteriza-se o crime tipificado ao teor do art. 230, do ECA. O prolongamento de prisão preventiva constitui o referido crime? R.: Não, prevalece o entendimento que constitui o tipo penal do previsto na alínea “b” do art. 4º. 2.4. Sanções aplicáveis 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal. § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consistirá em: a) advertência; b) repreensão; c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens; d) destituição de função; e) demissão; f) demissão, a bem do serviço público. § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros. § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; b) detenção por dez dias a seis meses; c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até três anos. § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. § 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos. 2.5. Prescrição 2.5.1. Da pena privativa de liberdade “Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano”. 2.5.2. Da pena de multa “Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; 2.5.3. Da pena de perda do cargo ou inabilitação 3. Aspectos Processuais 3.1. Da representação “Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição: a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção; b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.” 3.1.1. Natureza jurídica da representação “Art.5º... XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder”. 3.2. Ação Penal Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquéritopolicial ou justificação por denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso. 3.2.1. Prazo para oferecimento da denúncia Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de instrução e julgamento. 3.2.2. Arquivamento da denúncia Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 3.3. Competência 3.3.1. Súmulas relacionadas Súmula 122 STJ - Compete a justiça federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal. Súmula 172 STJ - Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. Súmula 147 STJ - Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função. Se o crime é praticado por agente público federal, qual será a competência? R.: Justiça Federal, pois o fato estará lesando a regularidade do serviço público federal.
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