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NI VA L F ER NA ND ES SI LV A N ET O - 1 23 04 66 06 14 - N IVA L F ER NA ND ES SI LV A N ET O - 1 23 04 66 06 14 1 CURSO – Delegado de Polícia Civil de Goiás de 2018 Nº 01 DATA – 04/06/2018 DISCIPLINA – Direito Constitucional PROFESSOR – Renata Abreu MONITOR – Bruna Pereira AULA 01 – Semana 01 Sumário PODER CONSTITUINTE ................................................................................................................ 1 1. Poder Constituinte Originário: ......................................................................................... 1 2. Poder Constituinte Derivado: ......................................................................................... 2 3. Poder Constituinte Difuso: ............................................................................................. 3 4. Aspectos práticos relacionados com o Poder Constituinte Originário: ........................... 3 (Bloco 01) PODER CONSTITUINTE 1. Poder Constituinte Originário: Classificações: - Fundacional: histórico, responsável pela primeira Constituição de um Estado. - Pós-fundacional: responsável pela elaboração das demais Constituições do Estado. - Material: conjunto de forças político-sociais que vai eleger as matérias mais importantes para aquele Estado, que vão integrar o conteúdo da Constituição de um determinado Estado. - Formal: elaboração, confecção, redação do documento constitucional. Titularidade: É do povo, ideia de soberania popular. Doutrina clássica: Emmanuel Sieyès, obra - “O que é o terceiro Estado?” Titularidade X Exercício Exercício -> democrático indireto (Assembleia Nacional Constituinte – ANC). NI VA L F ER NA ND ES SI LV A N ET O - 1 23 04 66 06 14 - N IVA L F ER NA ND ES SI LV A N ET O - 1 23 04 66 06 14 2 -> outorga (não há participação popular na elaboração do documento constitucional. Natureza: - Escola jus naturalista: poder de direito, pois reconhece o direito natural. - Escola positivista: poder de fato (funda-se em si mesmo, é meta-jurídico) e poder político (fruto das forças sociais que o criam). Características: - Inicial: o surgimento de uma nova Constituição representa o rompimento com a ordem jurídica anterior e inauguração de uma nova ordem jurídica daquele Estado. Obs.: Nem mesmo o direito adquirido resiste ao Poder Constituinte Originário. Direito adquirido -> na situação que o indivíduo já preencheu todos os requisitos para aquisição de uma vantagem, mas ainda não iniciou o desfrute (art. 17, ADCT). - Ilimitado: ausência de limites jurídicos (dentro de uma perspectiva positivista). - Incondicionado: ausência de limites jurídicos (dentro de uma perspectiva positivista). - Permanente: permanece em estado de latência. (Bloco 02) 2. Poder Constituinte Derivado: “Poderes Constituídos” - Decorrente: responsável pela capacidade de auto-organização dos estados membros para criarem suas Constituições Estaduais. Art. 25, CF e art. 11, ADCT. Pode ser: Instituidor -> responsável pela criação da Constituição estadual. Reformador -> responsável pelas alterações no texto da Constituição do Estado. Obs.: 1ª) DF (Distrito Federal) – A LODF representa uma expressão do Poder Constituinte Derivado Decorrente? SIM (entendimento do STF). É subordinada somente à Constituição Federal. A LODF pode ser parâmetro para o controle de constitucionalidade de leis distrais, perante o Tribunal de Justiça do próprio Distrito Federal. 2ª) LO municipal é expressão do Poder Constituinte Derivado Decorrente? NÃO! A lei orgânica não pode equivaler a uma “Constituição Municipal”. A lei orgânica municipal é subordinada tanto a Constituição do Estado, quanto a Constituição Federal (há dupla subordinação). - Reformador: responsável pelas alterações textuais/formais na Constituição Federal de 1988. A Constituição de 1988 é rígida – exige um procedimento mais solene para sua alteração. Reforma constitucional (alterações formais na CF): Revisão constitucional -> art. 3º, ADCT. Alteração global. Emenda constitucional -> forma, atualmente, de alterar a CR/88. É alteração pontual. Art. 60, CF. <>Há limitações (explícitas): > Formais (procedimentais): legitimidade, art. 60, I, II e III, CF. votação da PEC com duas Casas, dois turnos e quórum de 3/5, art.60, §2º, CF. Promulgação pelas Mesas, art. 60, §3º, CF. Princ. da irrepetibilidade, art. 60, §5º, CF. NI VA L F ER NA ND ES SI LV A N ET O - 1 23 04 66 06 14 - N IVA L F ER NA ND ES SI LV A N ET O - 1 23 04 66 06 14 3 > Materiais (cláusulas pétreas): art. 60, §4º, CF. > Circunstanciais: art. 60, §1º, CF. (Intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio). <>Há limitações (implícitas): exemplos: impossibilidade de revogar as cláusulas pétreas; acabar com a titularidade do Poder Constituinte. “Teoria da dupla revisão”: possibilidade de revogar um direito fundamental, revogando-se anteriormente a ele uma cláusula pétrea, que impedia o surgimento de proposta de emenda a abolir um direito fundamental. Teoria muito criticada. Características: - Secundário (deriva do Poder Constituinte Originário) - Limitado (limitações em relação ao procedimento) - Condicionado Natureza: Poder de direito (natureza jurídica). (Bloco 03) 3. Poder Constituinte Difuso: Alterações informais na Constituição (de interpretação, sem que haja alteração em seu texto). Mutação constitucional: - Interpretação constitucional: interpretações que são, normalmente, realizadas por agentes públicos, pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Ideia de sociedade aberta de intérpretes – Peter Häberle. - Costumes constitucionais: atos/atitudes que são utilizados com recorrência pelas pessoas/órgãos públicos que trazem ideia de aceitação e até com caráter de obrigatoriedade. Exemplo: “emendas jabutis” (contrabando legislativo) – inserção de emendas nos projetos de leis de conversão que não possuem pertinência com a medida provisória original. Não é mais admitida no nosso ordenamento jurídico. - Limites: caráter semântico da norma. Princípios constitucionais. 4. Aspectos práticos relacionados com o Poder Constituinte Originário: (Dinâmica constitucional) Recepção X Não-recepção: Exemplo: Constituição 1 Constituição 2 revoga globalmente a Constituição 1 Lei Deve-se verificar a compatibilidade da lei com a nova Constituição. Compatível –> recepção - Com mesmo status - Outro status NI VA L F ER NA ND ES SI LV A N ET O - 1 23 04 66 06 14 - N IVA L F ER NA ND ES SI LV A N ET O - 1 23 04 66 06 14 4 Regra: incompatibilidade formal não impede a recepção. Incompatível –> não-recepção Consequência: revogação (e não inconstitucionalidade superveniente). Revogação # Inconstitucionalidade superveniente Para a norma ter aplicabilidade deve-se atender a 3 requisitos: existência (vigência da norma), validade (é a compatibilidade da norma com a Constituição) e eficácia. A revogação acaba com a existência/vigência da norma. A declaração de inconstitucionalidade acaba com a validade da norma. Ao verificar a recepção ou não-recepção, é a análise da compatibilidade material (conteúdo). Regra: incompatibilidade formal não impede a recepção. Exemplo 1: Constituição 1 Constituição 2 (revogoua Const. 1) (Determinada matéria de competência da União) (atribuiu a competência para os Estados) Lei federal A lei federal (regulando essa matéria) -> será recepcionada com status de lei estadual. Há uma incompatibilidade em sentido formal – regra: incompatibilidade formal não impede a recepção. Exemplo 2: Const. 1 Const. 2 (revogou a Const. 1) (Competência dos Estados) (Competência da União) 26 leis estaduais 1 lei do DF (exercício da comp. Estadual) 26 leis estaduais e 1 do DF -> Não há como federalizarem-se 26 leis estaduais e 1 lei do DF. O vício/incompatibilidade formal impediu a recepção – exceção (o que impede a recepção é o vício formal de um ente federativo menor para o maior). (Bloco 04) Lei 1079/50 – foi criada na época da Constituição de 1946. A ação que admite uma norma pré- constitucional como objeto para discutir sua compatibilidade com a CR/88 é a ADPF – juízo de recepção. A ADI só admite normas pós CR/88. Const. 1 Const. 2 (revogou a Const. 1) Lei que tem um vício no processo legislativo, mas nunca foi declarada inconstitucional. As leis/atos normativos possuem presunção relativa de constitucionalidade. Se essa lei tiver materialmente compatível com a Constituição 2, será recepcionada? NÃO. Pois se a lei possui um vício congênito (“ab origini”), não poderá ser “salva” pela recepção – entendimento majoritário. NI VA L F ER NA ND ES SI LV A N ET O - 1 23 04 66 06 14 - N IVA L F ER NA ND ES SI LV A N ET O - 1 23 04 66 06 14 5 Quando o Poder Judiciário vai realizar a recepção de uma norma tem que analisar: Ausência de vício material com relação à nova Constituição (Const. 2) Recepção Ausência de vício “ab origini” (vício com relação à Constituição 1). Desconstitucionalização: Const. 1 Const. 2 (revoga a Const. 1 e recepciona normas da Const. Com status de lei, com status de norma infraconstitucional). (normas constitucionais) Requisitos: 1º) Compatibilidade material com a Constituição 2. 2º) Existência de previsão expressão na Constituição 2. Questão de prova: A CR/88 previu expressamente o fenômeno da desconstitucionalização, verdadeiro ou falso? FALSO! Recepção material de normas constitucionais: Const. 1 Const. 2 (revoga a Const. 1, mas recepciona normas da (normas constitucionais) Const. 1, com status de normas constitucionais). Requisitos: 1º) Compatibilidade material com a Const. 2 2º) Previsão expressa na Const. 2 3º) Prazo certo Questão de prova: A CR/88 previu expressamente o fenômeno da recepção material de normas constitucionais? SIM, no art. 34, ADCT. Repristinação: Const. 1 Const. 2 (revoga a Const. 1) Const. 3 (revoga a Const. 2) Lei X Incompatível materialmente com a Const. 2 Não recepção (revogação) Const. 2 é a norma revogadora e a Lei X é a norma revogada. Com a revogação da norma revogadora, se a lei X tiver compatível com a Const. 3, volta a vigorar? Se volta a vigorar está admitindo a repristinação, porém a repristinação é somente mediante previsão expressa.