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Historia grandes navegaçoes e C. Ameirica II

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Império Colonial Português
O Império Colonial Português, ou Império Luso, foi o primeiro domínio colonial originado a partir da expansão marítima e comercial ocorrida nos séculos XV e XVI. Seu imenso território abrangia o Ocidente e o Oriente.
A expansão do território português
Depois de expulsar de Portugal os muçulmanos, também chamados de “mouros” pelos ibéricos (movimento ocorrido entre os séculos VIII e XIV e chamado de Reconquista), os portugueses trataram de expandir seu território e de estabelecer rotas comerciais na Ásia, na África e na América. Esse processo começou em 1415 com a conquista de Ceuta, no norte da África.
A rota oriental ou périplo africano
O “périplo africano”, considerado pelos estudiosos o primeiro período de expansão ultramarina da Europa, designa as viagens marítimas que Portugal realizou contornando a África pelo oceano Atlântico a fim de chegar ao Oriente.
Esse ciclo de viagens teve início em 1415 com a conquista de Ceuta, importante entreposto de produtos orientais, que até então estava sob o domínio dos mouros.
Dando continuidade a suas expedições exploratórias, os navegadores lusos chegaram à ilha da Madeira em 1419 e ao arquipélago dos Açores em 1427.
Em 1488, uma expedição comandada por Bartolomeu Dias alcançou o cabo das Tormentas, na extremidade sul do continente africano. Mais tarde, ele passou a se chamar cabo da Boa Esperança.
O novo caminho marítimo para as Índias foi estabelecido definitivamente por Vasco da Gama, que em 1498 chegou a Calicute contornando o sul da África. Em 1500, depois de se desviar de sua rota e de aportar no Brasil, Pedro Álvares Cabral também viajou para as Índias, em busca das especiarias que cobririam os custos de sua grandiosa expedição. Tal conquista encerrou o ciclo de viagens que marcou a primeira fase da expansão marítima europeia.
Conquista estratégica
Depois de concluir o périplo africano, as naus portuguesas começaram a percorrer D oceano Atlântico e o oceano Indico a fim de conquistar terras na África (Angola e Moçambique), na Ásia (Goa e Macau) e na Oceania (Timor Leste, no século XVI). Esses :territórios tomaram-se portos estratégicos para o desenvolvimento econômico e comercial dos domínios portugueses no Oriente.
Além disso, os lusitanos construíram uma complexa rede de feitorias, misto de entreposto comercial e fortaleza militar que lhes serviu de apoio na edificação de um império mercantil e cultural. Seus instrumentos eram a língua portuguesa e a religião católica, que os portugueses tinham ajudado a disseminar.
Foi por isso que o século XVI passou a ser conhecido como ‘‘século de ouro da história do Império Luso”: nele, Portugal se tornou a maior potência do mundo moderno.
Os primeiros navegadores portugueses
Célebre navegador português, Bartolomeu Dias explorou a costa africana, alcançando o cabo da Boa Esperança (na atual África do Sul) em 1488. Ele foi o primeiro a atingir a costa oriental do continente e tomou parte na armada de Pedro Álvares Cabral, em 1500. Faleceu precisamente no cabo da Boa
Esperança, durante uma tempestade.
Vasco da Gama era homem de confiança de dom João II. Foi escolhido por dom Manuel, sucessor no trono de Portugal, para chefiar a primeira armada a concluir a rota oriental e alcançar as Índias.
Composta de quatro naus, sua expedição partiu de Portugal em julho de 1497 e avistou Calicute em abril de
1498, regressando a Lisboa em agosto do ano seguinte.
Vasco da Gama voltou ao Oriente em 1502, como almirante do mar, para controlar revoltas, e, mais tarde, em 1524, já como vice-rei. Morreu pouco depois, sendo imortalizado pelo poeta Luís Vaz de Camões, que o transformou no personagem principal de Os lusíadas, narrativa mítica sobre a viagem do povo lusitano às índias.
Conclusão
O Império Colonial Português, iniciado em 1415, foi o mais duradouro dos impérios coloniais. Com territórios na África, na América, na Ásia e na Oceania, prolongou-se até 1999, ano em que Portugal devolveu Macau à República Popular da China. O arquipélago dos Açores e a ilha da Madeira, embora tenham conquistado autonomia político-administrativa em 1976, ainda fazem parte de Portugal, sendo agora os únicos territórios mantidos pelo país fora do continente europeu.
Por: Paulo Magno da Costa Torres
História >
Grandes Navegações
No imaginário europeu da época das Grandes Navegações, o mundo desconhecido era habitado por criaturas bestializadas ou fantásticas, como os “homens com cabeça de cachorro” descritos na obra de Marco Polo.
1. Portugal e as Grandes Navegações
Para realizar as Grandes Navegações, os portugueses organizaram sucessivas expedições que devassaram o litoral atlântico africano. Depois, penetrando o Oceano Índico, navegaram até Calicute, na Índia.
Coube a Portugal o pioneirismo e a liderança inicial no processo de expansão mercantil européia, desenvolvendo o Ciclo Oriental de Navegações, isto é, um conjunto de expedições marítimas procurando chegar ao Oriente; navegando no sentido sul-oriental, o que implicou, inicialmente, o desenvolvimento do litoral africano.
O pioneirismo português nas Grandes Navegações deveu-se a um conjunto de fatores, tais como a centralização política, resultando na formação de uma monarquia nacional precoce. Esse processo iniciado ainda na dinastia de Avis, depois da Revolução de 1385. Os reis de Avis, aliados à dinâmica burguesia mercantil lusa, voltaram-se para a empresa náutica planejando as atividades do Estado no sentido de desenvolvê-la, a partir dos incentivos aos estudos e à arte náutica: estes ficaram a cargo do príncipe-infante D. Henrique – o Navegador – que em 1418 criou a “Escola de Sagres”, denominação figurada de um grande centro de estudos náuticos situado no promontório de Sagres. Portugal gozava nessa época de uma situação de paz interna: além disso, sua posição geográfica privilegiada – as terras mais a oeste da Europa – na rota Mediterrâneo-Atlântico possibilitou uma certa tradição ao comércio marítimo através de vários postos comerciais relativamente desenvolvidos. (Veja mais em Revolução de Avis).
As Grandes Navegações e as conquistas portuguesas
Os portugueses lançaram-se aos mares, dando início ao “Ciclo Oriental”, e promovendo o devassamento do litoral africano. Neste ciclo, destacam-se as seguintes conquistas: em 1415, uma expedição militar tomou Ceuta (Noroeste da África), na passagem do Mediterrâneo para o Atlântico, uma cidade para onde convergiam as caravanas de mercadores mulçumanos transaarianos, e que dava a Portugal o controle político-militar do estreito de Gilbratar. Essa vitória, embora seja considerada o marco inicial da expansão marítima lusa, redundou em fracasso comercial, uma vez que as caravanas africanas desviaram o tráfico mercantil para outras praças ao norte do continente. Procurando atingir as regiões produtoras das mercadorias africanas, os portugueses passaram a contornar gradativamente a costa atlântica da África.
Em 1434, o navegador Gil Eanes atingiu o Cabo Bojador (à frente das Ilhas Canárias). Logo após, em 1445, os portugueses atingiram a região do Cabo Branco, onde fundaram a feitoria de Arguim. Paralelamente à conquista desses pontos no litoral africano, os portugueses foram conquistando e anexando as Ilhas Atlânticas: em 1419, o arquipélago da Madeira; em 1431, os Açores; e em 1445, as Ilhas de Cabo Verde. Nestas ilhas, foram introduzidas a lavoura canavieira e a pecuária, fundadas no trabalho do escravo africano, e sendo aplicado pela primeira vez o regimes de capitanias hereditárias.
Procurando um novo caminho para as Índias, em 1452, os navegadores lusitanos penetraram o Golfo da Guiné e atingiram o Cabo das Palmas; alguns anos mais tarde (1471), ultrapassaram a linha do Equador, penetrando no Hemisfério Sul. Em 1482, na costa sul da África, Diogo Cão atingiu a foz do Rio Congo e Angola, onde foram fundadas as feitorias de São Jorge da Mina; Luanda a Cabinda, locais em que se praticavam o comércio de especiarias e o tráficonegreiro.
Em 1488, Bartolomeu Dias atingiu o Cabo da Boa Esperança (Tormentas), completando o contorno do litoral atlântico da África (Périplo Africano). Dez anos mais tarde (1498) Vasco da Gama navegou pelo Índico e atingiu Calicute, na Índia. A partir daí, Portugal encetou sucessivas tentativas de formação do seu Império no Oriente. A primeira grande investida deu-se em 1500, com a organização de uma grande esquadra militar comandada por Pedro Álvares Cabral; desta expedição, temos a “descoberta” do Brasil e, depois, a tentativa cabralina de se fixar no Oriente.
Entre 1505 e 1515, Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque – este último, considerado o fundador do Império Português nas Índias – obtiveram sucessivas vitórias no Oriente, estendendo as conquistas lusas desde o Golfo Pérsico (Aden) à Índia (Calicute, Goa, Damão e Diu), ilha do Ceilão e alcançando a Indonésia, onde conquistaram a ilha de Java. Onde não foram obtidas conquistas militares, foram firmados acordos comerciais como é o caso da China (Macau) e Japão, entre 1517 e 1520. Mesmo baseados em um sistema de lucrativas feitorias, os gastos com as despesas militares e com a burocracia afligiam o Império Oriental Português. A partir de 1530, esses gastos, aliados à queda de preços das especiarias na Europa e à concorrência inglesa e holandesa, inviabilizaram sua sobrevivência. No século XVII, o vasto Império Luso já estava desmantelado.
2. As Grandes Navegações espanholas
Até 1942, os espanhóis lutavam contra os invasores mulçumanos. Nesse ano a vitória espanhola retomando Granada, o último reduto da península em poder dos invasores, assegurou a consolidação da monarquia nacional da Espanha, tornando possível o Ciclo Ocidental de Navegações.
A Espanha teve sua participação retardada no processo expansionista. A longa luta de reconquista contra os invasores mulçumanos que dominavam a península desde o século VIII e as lutas internas entre os reinos hispânicos cristãos impediam a unidade política e, consequentemente, a formação da monarquia nacional espanhola. A unificação política da Espanha ocorreu somente em 1469, com o casamento dos reis católicos, Fernando, de Aragão, e Isabel, de Castela. Com isso, os espanhóis se fortaleceram e investiram contra os invasores que ocupavam ainda o sul da península e, após sucessivas vitórias, tomaram Granada (1492), último baluarte da dominação moura no continente europeu.
A partir daí, desenvolveu-se uma orientação uniformizada possibilitando o fortalecimento da burguesia mercantil, anteriormente beneficiada por medidas pontuais dos reinos de Castela e Aragão: no caso deste último, destaque-se a expansão mediterrânea no século XIV, levando os mercadores aragoneses até a Sicília onde comercializavam panos, gêneros alimentícios e especiarias. Em 1492, patrocinado pelos Reis Católicos, Cristóvão Colombo, um navegador genovês, deu início ao Ciclo Ocidental de Navegações, que consistia na busca de um caminho para o Oriente, navegando para o Ocidente.
Em 12 de outubro de 1492, Colombo atingia a Ilha de Guanananí (São Salvador), realizando o primeiro feito significativo das Grandes Navegações espanholas, ou seja, o descobrimento da América. Acreditando ter atingido as Índias, Colombo realizaria ainda três viagens à América, tentando encontrar as “ricas regiões do comércio oriental”. No final de 1499, Vicente Yañez Pinzon, um dos comandantes de Colombo na viagem de descoberta da América em busca de um caminho que o levasse ao Oriente, atingiu a foz do rio Amazonas (Mar Dulce), colocando-se, portanto, como predecessor de Cabral no descobrimento do Brasil. Em 1513, ainda em busca de uma passagem para o Levante, Vasco Nuñes Balboa cruzou o istmo do Panamá descobrindo o Oceano Pacífico. Outra empresa importante, relacionada à expansão marítima espanhola, foi a realização da primeira viagem de circunavegação iniciada em 1519 por Fernão de Magalhães, um navegador português a serviço da Espanha, e completada por Juan Sebastião Elcano, em 1522. Após 1.124 dias de navegação pelos mares desconhecidos, os espanhóis atingiram as ilhas das especiarias orientais pelo Ocidente, além de comprovar a esfericidade da Terra.
As grandes conquistas espanholas
Mesmo com o controle de importantes pontos comerciais no Oriente (Filipinas e Bornéo) obtidos no decorrer do século XVI, os espanhóis voltaram-se basicamente para o Ocidente, onde deram início à colonização da América• Nessa empresa, os seus esforços se concentraram principalmente no México e no Peru.
O México foi a primeira área a ser conquistada entre 1518 e 1525, sob a liderança de Fernan Cortéz. Essa empreitada implicou a destruição do Império Asteca e sua capital Tenochititián, onde ficaram célebres a ferocidade e a crueldade dos conquistadores europeus. A conquista do Peru está. relacionada ao avanço dos espanhóis sobre o Império Inca, cuja capital era Cuzco. Entre 1531 e 1538, Francisco Pizarro e Diego de Almagro destruíram um dos mais importantes impérios pré-colombianos, o que garantiu a expansão do domínio espanhol sobre o Chile, Equador e Bolivia, numa ação marcada também pela brutalidade do conquistador. Nessas duas áreas, ricas em ouro e prata, teve início a exploração das minas, com o uso intensivo do trabalho compulsório do nativo.
As colônias espanholas na América foram divididas inicialmente em dois vice-reinados: o de Nova Espanha (México) e do Peru. Criados respectivamente em 1535 e 1543, os vice-remos eram subordinados diretamente ao Real e Supremo Conselho das Indias, órgão governamental ligado diretamente ao rei e encarregado de tudo quanto se relacionasse com a América. No século XVffl foram criados mais dois vice-remos: o de Nova Granada (Colômbia) e do Prata (Argentina).
Os espanhóis esperavam atingir o Oriente navegando para o Ocidente. Em busca de uma passagem que o levasse às “Indias”, além da viagem de 1492, que resultou no descobrimento da América, Cristóvão Colombo realizou mais três viagens ao Novo Mundo.
Colombo nunca encontrou o caminho para as “Índias”. Acabou morrendo velho e abandonado no convento de Valladolid.
A conquista dos antigos impérios pré-colombiano, pelos espanhóis, implicou a destruição das populações indígenas.
3. A partilha das terras descobertas nas Grandes Navegações
A rivalidade entre Portugal e Espanha pela disputa das terras descobertas de origem a uma série de tratados de partilha. Em 1480, antes da fase mais intensa das navegações espanholas foi firmado o Tratado de Toledo, pelo qual Portugal cedia à Espanha as ilhas Canárias (Costa da África), recebendo em troca o monopólio do comercio e navegação do litoral africano ao sul da linha do Equador.
A descoberta da América serviu para aumentar a rivalidade entre os dois paises e exigiu um novo tratado. Desta feita, o Papa Alexandre VI (cardeal aragonês) atuou como árbitro através da Bula Inter Coetera 1493. Uma linha imaginária foi traçada a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde: as terras situadas a oeste da linha demarcatória ficariam para a Espanha, cabendo a Portugal as terras a leste, ou seja, o mar alto, o que gerou protestos de D. João II, o rei de Portugal.
Em função da reação portuguesa foi estabelecida uma nova demarcação que ficou conhecida como Tratado de Tordesilhas (1494). A linha imaginária passaria agora a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde: a porção ocidental ficaria pertencendo à Espanha, cabendo a Portugal a porção oriental. Dessa forma, parte das terras do Brasil passavam a pertencer a Portugal. Contudo, a linha de Tordesilhas, que, provavelmente, passaria por Belém, ao norte, e por Laguna, no litoral catarinense, nunca foi concretamente demarcada.
A presença espanhola no Oriente, depois da viagem de Fernão de Magalhães, exigiu também a demarcação da parte oriental do planeta, através do Tratado ou Capitulação de Saragoça (1529). Por este acordo, uma linha imaginária dividiria o mundo oriental entre Espanha e Portugal, a partir das Ilhas Molucas.
A divisão do mundo entre portuguesese espanhóis desencadeou a reação da França, Inglaterra e Holanda, países marginalizados pelos tratados de partilha. Daí, a sucessão de ataques corsários e as invasões das possessões ibéricas na América, África e Ásia.
4. As conseqüências da expansão marítima
As Grandes Navegações e Descobrimentos modificaram de forma significativa o mundo até então conhecido. Dentre as principais conseqüências da expansão européia devem ser destacadas:
O deslocamento do eixo econômico europeu do Mediterrâneo para o Atlântico-Índico, com a ascensão dos países ibéricos e a conseqüente decadência das cidades mercantis italianas.
A consolidação do Estado Absolutista, típico da Época Moderna, que depois de patrocinar o movimento expansionista, passou agora a usufruir dos seus lucros.,
Adoção da política econômica mercantilista, baseada no protecionismo do Estado e no regime de monopólios.
A formação do Sistema Colonial Tradicional vinculado à política econômica mercantilista e responsável pela colonização da América.
O renascimento da escravidão nas áreas colônias nos moldes do capitalismo moderno, com a utilização intensiva da força de trabalho indígena e africana.
O fortalecimento da burguesia mercantil nos países atlânticos.
Início do processo de europeização do mundo, especialmente, com a expansão do cristianismo.
A destruição das avançadas civilizações pré-colombianas existentes na América.
A expansão do comércio europeu (Revolução Comercial), dentro de uma nova noção de mercado, agora entendido em escala mundial.
Aceleração da acumulação primitiva de capital, realizada através da circulação de mercadorias.
Revolução dos Preços, provocada pelo crescente afluxo de metais preciosos provenientes da América.
5. O atraso da Inglaterra, França e Holanda nas Grandes Navegações
Diversos fatores contribuíram para o retardamento da participação Inglesa francesa e holandesa na expansão mercantil, dentre eles a Instabilidade política e econômica, a inexistência de uma monarquia centralizada, aliada aos interesses das burguesias nacionais e às resistências feudais.
Inglaterra
Além do desgaste na Guerra dos Cem Anos (1337-1453), travada contra a França, a Inglaterra sofreu os efeitos da Guerra das Duas Rosas (1455-85) retardando assim sua presença nas Grandes Navegações, que somente ocorreria a partir do reinado de Henrique VII (Tudor), estimulada pelo êxito ibérico: com a viagem dos italianos João e Sebastião Caboto (1497-98) foi atingido o Labrador, no Canadá; entre 1584 e 1587, Walter Raleigh fundou a colônia da Virgínia, o primeiro núcleo colonial inglês, além de tentar fundar colônias na Flórida. A partir daí, e até 1740, serão formadas as 13 colônias inglesas da América do Norte.
Um dos feitos mais importantes das navegações inglesas foi a segunda viagem de circunavegação, realizada por Francis Drake, entre 1587 e 1590.
França
Seu atraso deveu-se aos problemas que marcaram o processo de centralização monárquica, dificultado pela nobreza, e aos efeitos devastadores da Guerra dos Cem Anos. As Grandes Navegações francesas começaram no século XVI, apoiadas pela dinastia Valois e com a participação de navegadores estrangeiros.
Em 1523, o italiano Verrazano atingiu o litoral do Canadá e o norte dos EUA. Em seguida, Jacques Cartier penetrou o rio São Lourenço, fundando em 1534 a colônia de Nova França, o primeiro estabelecimento francês na América. Em 1604, já sob o governo dos Bourbons, os franceses ocuparam a Guiana e em 1608 fundaram a colônia de Quebec, no Canadá. Ainda neste século, penetraram o rio Mississipi e fundaram os núcleos de Saint Louis e Nova Orleans, embrião da colônia da Louisiana. Além disso, os franceses fizeram duas tentativas de colonização no Brasil: no Rio de Janeiro (1555-67), com a França Antártica, e no Maranhão (1612-15), com a França Equinocial, ambas de curta duração. A penetração do Oriente começou no reinado de Luís XIV com a conquista de parte da Índia.
Holanda
Mesmo com uma sólida tradição mercantil, os holandeses eram dominados pela Espanha. Sua independência somente ocorreria em 1581, com o surgimento das Províncias Unidas dos Países Baixos do Norte (Holanda). A partir daí, foram criadas as Companhias de Comércio, das Índias Orientais (E.I.C.) e das Indias Ocidentais (W.I.C.), responsáveis pela penetração no bloco colonial ibérico.
Em 1626, os flamengos entraram para as Grandes Navegações e atingiram a América do Norte, onde fundaram a colônia de Nova Amsterdã, que depois de tomada pelos ingleses passou a se denominar Nova York. Entre 1624 e 1654, a W.I.C. realizou duas invasões no Nordeste brasileiro, buscando o controle da produção açucareira e, ao mesmo tempo, incursões na África portuguesa, nas Antilhas espanholas e no Oriente. Na América do Sul, em sua parte setentrional, criaram a Guiana holandesa, atual Suriname. No século XVII, os holandeses controlavam um grande império colonial, especialmente nas Índias Orientais
O contato entre brancos e índios na América
Logo de início, os índios receberam cor​dialmente os europeus em geral. Entretanto, a cobiça dos brancos por ouro, prata e artigos exóticos logo mudaria essa relação pacífica, promovendo um violen​to etnocídio das populações nativas. Além da destruição física propriamente dita, os nativos americanos tiveram sua cultura, seus usos e seus costumes destruídos pelos europeus, que, em nome da “civilização” e da “religião”, lhes impuseram novos idiomas e uma nova fé.
O contato com os astecas
Uma antiga profecia asteca afirmava que um dia o deus Quetzalcoatl, a serpente emplumada, que era retratado como um homem de pele clara e de barba, viria, em pessoa, pelo mar.
Quando os espanhóis chegaram saindo das águas, com vestimentas brilhantes (armaduras), de pele e olhos claros e barbudos, os astecas acreditaram que a profecia estava se concretizando.
Para agradar a esse deus, o imperador Montezuma II o recebeu com presentes e festas, mas o espanhol Fernão Cortez, impressionado com a grandiosidade dos templos e com a cidade, tratou logo de conquistar aquela região cujo povo conhecia e dominava a arte da fundição aurífera.
O povo já ouvira falar que aqueles “deuses” possuíam “raios que matavam” (arcabuzes) e ficaram aterrorizados com a visão daqueles homens brilhantes montados em “monstros que soltavam fumaça pelo nariz” (cavalos, animais desconhecidos até então).
Numa demonstração de força e ousadia, Cortez exigiu vinte bravos guerreiros astecas. Ao ter o pedido atendido, Cortez decepou as mãos daqueles valentes guerreiros na frente do imperador Montezuma.
Em seguida, os espanhóis iniciaram a destruição da cidade e Montezuma, um so​berano prisioneiro, pregara uma política de conciliação com os invasores. O povo asteca reagiu à invasão como pôde e, num desses confrontos, Montezuma foi morto.
Seu sucessor, Cuauhtémoc, enfrentou os espanhóis, que haviam conseguido apoio de tribos rivais, e foi derrotado em 13 de agosto de 1521. Ao se tornar prisioneiro dos espa​nhóis, foi barbaramente torturado durante três anos, até que Cortez resolveu enforcá-lo.
Nas ruínas de Tenochtitlán, no centro da Cidade do México, uma placa eterniza o feito de Cuauhtémoc, o último imperador asteca. Em 13 de agosto de 1521, heroicamente defendido por Cuauhtémoc, caiu Tlatelolco em poder de Fernão Cortez. Não foi triunfo nem derrota. Foi o doloroso nascimento do povo mestiço que é o México de hoje.
Com apenas 11 navios, 500 soldados, 16 cavalos e 10 canhões, Fernão Cortez conquistou o Império Asteca, que, na época, possuía cerca de 15 milhões de habitantes.
Para realizar tal proeza, os espanhóis con​taram com cavalos e canhões, que os nativos não conheciam, com as disputas internas e as revoltas de outros povos dominados pelos aste​cas, mas que não aceitavam essa subordinação.
Esta praça denomina-se Praça das Três Culturas e representa a cultura asteca (ruínas), a catedral erguida pelos espanhóis com as pedras do Templo Maior da capital asteca e os modernosedifícios atuais.
O contato com os maias
Após a conquista do México, Fernão Cor​tez enviou Pedro Alvarado para a região de Yucatán, em 1523.
Os maias que os espanhóis encontraram nem de longe lembravam a civilização cujas ruínas encantaram e encantam estudiosos e turistas.
Aterrorizados pelas armas de fogo e pelo cavalo, os descendentes maias sucumbiram ao poder espanhol. Além da belicosidade es​panhola, os nativos foram derrubados por epidemias desconhecidas por eles, como a va​ríola.
Mesmo conquistados e aviltados, os des​cendentes maias preservaram variações da língua maia, especialmente na península de Yucatán e na Guatemala. Ninguém sabe por que os maias abandonaram suas cidades e ninguém consegue explicar também como eles conseguiram resistir até hoje, mantendo tradições milenares.
Guatemala – O colorido das vestimentas é a marca registrada dos descendentes maias.
O contato com os incas
Em 1531, Francisco Pizarro partiu para o Peru para anexar o Império Incaico à Espa​nha. Contava com cerca de 180 homens, 37 cavalos e algumas armas de fogo.
O chefe supremo inca – Sapa-Inca – de​tinha os poderes militar, religioso e político, mas a sua sucessão não era muito bem esta​belecida e a disputa pelo poder desencade​ava lutas sangrentas entre os candidatos ao título.
À época da chegada dos espanhóis, o Império Inca estava sendo disputado entre os irmãos Atahualpa e Huáscar. Atahualpa tornou-se o Sapa-Inca após derrotar o ir​mão.
Quando Pizarro chegou aos altiplanos an​dinos, encontrou-se com Atahualpa na cidade de Cajamarca e lá o inca foi feito prisioneiro dos espanhóis.
Pizarro exigiu um fabuloso resgate pela vida do imperador, assim como Cortez havia feito com a prisão de Montezuma, no México, em que ele recebeu 800 kg de ouro asteca.
Os homens de Pizarro exigiram como res​gate uma sala de ouro e prata. A sala possuía 6,70 m de comprimento, 5,20 m de largura e 2,70 m de altura. No total, os espanhóis rece​beram mais de 5 toneladas de ouro! Mesmo assim, a vida de Atahualpa não foi poupada.
A prisão e morte do imperador inca der​rubou qualquer resistência aos espanhóis, de imediato. Os nativos abandonaram as cidades e os povoados e iniciaram a reação ao domí​nio espanhol.
O último imperador andino foi Tupac Amaru, que efetivou a última grande revol​ta contra o domínio espanhol. Executado em 1572, seu nome tornou-se símbolo da luta pela liberdade. No século XVIII, seu descen​dente João Gabriel Tupac Amaru liderou uma rebelião indígena contra os espanhóis. Após violentos enfrentamentos, Tupac Amaru foi preso, torturado e morto em Cuzco, em 1781. O nome Tupac Amaru foi proibido em público e o uso de ornamentos da nobreza inca tam​bém foi proibido.
A conquista da América Andina contou com a violência bélica (cavalo, espadas e canhões), com a violência cultural (imposi​ção dos valores europeus sobre os nativos) e ainda com o imaginário popular (os incas, ao verem os espanhóis brancos, barbudos e de armaduras, acreditaram que era o deus Viracocha, o filho do Sol). Além disso, os es​panhóis conseguiram a adesão da classe do​minante. O povo agora trabalharia não para o rei, mas para a Espanha.
O lago Titicaca, 3.800 m acima do nível do mar, era o lago sagrado onde viveu Viracocha, um homem de pele branca e de barba.
Conclusão
A conquista do território americano e a sua conseqüente exploração por parte dos europeus provocaram a desagregação e a destruição das culturas nativas existentes no continente.
As terras americanas foram sistematica​mente tomadas pelos brancos, que aqui funda​ram suas vilas e cidades em nome dos reis euro​peus. As comunidades caçadoras coletoras, como os nativos brasileiros e norte-americanos, foram sendo empurradas cada vez mais para o interior, para darem lugar às plantações dos brancos.
Nas regiões da Mesoamérica e Andina, os espanhóis dominaram civilizações extrema​mente organizadas e urbanizadas e explora​ram a mão-de-obra nativa nas minas de ouro, prata e sal.
Apesar de toda a violência perpetuada pelos colonizadores e exploradores europeus, a cultura nativa ainda resiste na língua, nos costumes, no artesanato, na prática da agri​cultura em andenes e no tipo físico.
Passados mais de 500 anos, os povos indí​genas ainda continuam sendo desrespeitados e explorados. No Brasil, as terras indígenas são continuamente invadidas por fazendeiros ou garimpeiros; nos EUA, populações nativas, acabaram confinadas em reservas indígenas. Por toda a América pode-se perceber que os primeiros habitantes desta terra vivem pra​ticamente abaixo da linha de pobreza. Na região de Maras, perto de Cuzco, os índios ainda trabalham nas salinas, extraindo o sal das montanhas, como na época do Império Incaico.
Carregando sacos de 70 kg nas costas, sendo queimados e cegados pelo sol que se espalha na brancura do sal, potencializando seus raios, exploram um produto que, à época dos espanhóis, valia tanto quanto o ouro e a prata e hoje vale quase nada.
Se, por um lado, nós falamos português, espanhol, francês ou inglês e somos cris​tãos, por outro lado comemos batata, milho, mandioca, pimenta. Se, por um lado, índios foram obrigados a aprender a língua e a ado​tar os costumes dos europeus, por outro lado os europeus acabaram por adotar muito dos costumes e da alimentação dos povos que eles dominaram, demonstrando a dinâmica da história, em que vencidos e vencedores deram origem a uma nova cultura, um novo povo.
Fonte: Apostia COC
Por: Renan Bardine
América Pré-Colombiana
Quando Colombo chegou à América, em 1492, o continente já era totalmente povoado, de norte a sul, numa estimativa de cerca de cinquenta milhões de pessoas.
A denominação de índios dada a essas pessoas tem a ver com o fato de Colombo ter pensando que havia chegado à Índia. Portanto, o fato de chamarmos os descendentes dos antigos moradores do continente americano de “índios”, ou “ameríndios”, já denota uma visão europeizada sobre a história da América.
Os primeiros grupos humanos da América pré-colombiana a receberam contato, nas ilhas do Caribe, foram os caraíbas, cuja organização era bastante simples. Os caraíbas foram os primeiros a ter contato com os europeus e sua exposição às doenças trazidas por estes, para as quais eles não tinham imunidade, chegou quase a extinguir essa etnia.
À medida que os espanhóis foram avançando para o continente, eles encontraram uma grande diversidade de povos.
Com relação à organização social, política e econômica desses primeiros habitantes da América, quando os europeus aqui chegaram, alguns deles viviam da caça, pesca e coleta, portanto, num estágio de nomadismo, enquanto outros já praticavam uma pequena agricultura de subsistência, o que os tornava semi-sedentários.
Tanto no primeiro caso quanto no segundo, não havia a ideia de uma organização política centralizada, pois não havia o Estado. Quanto à economia, não eram praticadas trocas, pois não havia excedente para isso. Os grupos humanos organizados segundo esses princípios estavam espalhados por toda a América, desde o norte, passando pelo centro, até o sul, antes da chegada dos europeus.
América pré-colombiana.
Contudo, havia três grupos organizados de maneira bastante complexa, a exemplo das primeiras civilizações surgidas no nordeste da África, no Oriente Médio e na Ásia, há 4.000 a.C. Essas três civilizações ameríndias – os maias, os astecas e os incas – tinham organização política, praticavam agricultura em larga escala com técnicas de irrigação, promoviam trocas (comércio) e tinham grandes cidades, o que impressionou muito os europeus.
Mas, infelizmente, o propósito dos europeus era explorar as novas terras, a fim de arrancar delas a maior quantidade de riquezas possível. Por isso, as populações pré-colombianas, todas elas, sem exceção, foram desprezadas pela maioria dos conquistadores. Escravizados, aculturados e dizimados por epidemias trazidas pelos europeus, os ameríndios foram reduzidos drasticamente para dar lugar ao “conquistador”.Maias
A civilização maia desenvolveu-se na América Central, na região da península de Yucatán. Dividiam-se em várias cidades-Estado autônomas, com governos teocráticos. A economia era basicamente agrícola, com produção de milho, algodão e cacau.
A organização social compunha-se de três camadas: a mais alta era a família real e membros do governo, a segunda constituía-se de funcionários do Estado e trabalhadores especializados e a terceira era constituída por agricultores e trabalhadores braçais. Essa divisão social era bastante rígida, sendo difícil a mobilidade de uma camada social para outra. Eram politeístas.
Os maias desenvolveram um sistema numérico vigesimal – agrupamento de números em vintena – e o conceito do zero, o que permitiu o uso do cálculo matemático e de descobertas astronômicas. A escrita, por sua vez, ficou indecifrável até a década de 1950, quando o cientista soviético Knorozov conseguiu decifrá-la parcialmente. Porém, pouca coisa restou para se ler, pois os espanhóis e a Igreja Católica destruíram praticamente tudo o que pudesse ser lido, com vistas a obrigar os maias a aceitarem a cultura espanhola.
Por volta do ano 900, a civilização maia sofreu um declínio de população e iniciou um processo de decadência. Alguns estudiosos supõem que o abandono das cidades ocorreu em função de guerras, insurreições, revoltas sociais, entre outros cataclismos. De fato, os grandes centros foram abandonados, mas não de um momento para outro. Além das hipóteses aventadas, pode ter ocorrido outro fator, por exemplo a exploração intensiva dos meios de subsistência de forma inadequada, provocando exaustão do solo e deficiência alimentar. Quando os espanhóis avançaram sobre o território maia, este já era dominado pelos astecas.
Astecas
A civilização asteca se estabeleceu no vale do México por volta do ano 1200 da Era Cristã e, no início do século XIV, fundou Te​nochtitlán, sua capital e centro de um vasto império que se estendia desde o norte do atual México até a Guatemala, ao sul, e do oceano Atlântico até o Pacífico.
A base da economia era a agricultura, destacando-se o cultivo do milho, do tomate, do algodão e do tabaco. A terra era propriedade coletiva, dividida entre os clãs. O comércio, por sua vez, constituía-se na base da troca, contudo algo tinha de ser encontrado que pudesse equilibrar uma desigualdade de troca: a semente de cacau satisfazia essa necessidade.
A sociedade asteca era rigidamente hierarquizada: o governante, semidivino, situava-se no topo da pirâmide social, seguido pela aristocracia, pelos artesãos de elite e comerciantes e, por último, os camponeses e os escravos. Politicamente, o Império Asteca constituía-se numa monarquia de caráter teocrático e militar.
Apesar de a maior parte das realizações culturais e artísticas ter sido destruída pelos conquistadores espanhóis, até hoje é possível admirar as pirâmides e as construções arquitetônicas imponentes, o que permite constatar a importância da religião politeísta na cultura asteca. Os astecas possuíam uma escrita pictográfica, um sistema numérico vigesimal e um complicado calendário solar.
Incas
A civilização inca constituiu um vasto império nos altiplanos andinos. Muitas lendas falam de sua origem, destacando-se a que os trata como “filhos do Sol”. No Império, as ter​ras pertenciam ao Estado, assim como a maior parte dos rebanhos e das minas. Os campone​ses trabalhavam coletivamente a terra, sendo que o Estado concedia a eles uma pequena parte da produção para a sua subsistência.
As colheitas eram reunidas em armazéns. As reservas do imperador serviam para a manutenção da aristocracia, dos funcionários do Estado, dos artesãos urbanos, dos soldados e de outros grupos não ligados à terra.
A exploração da massa camponesa pelo Estado se manifestava também pela instituição da mita, ou seja, a obrigatoriedade de fornecer trabalho gratuito nas obras públicas, como construção de templos, canais de irrigação, estradas e minas.
A sociedade inca dividia-se em classes, tendo o imperador – o Inca – como personagem mais importante, seguido pela aristocracia e pelos sacerdotes; em seguida, vinham os funcionários do Estado, seguidos pelos artesãos e, finalmente, pelos camponeses. Eram politeístas. Do ponto de vista político, o Estado inca era uma monarquia teocrática, tendo o imperador, ou Inca, como um deus, descendente do Sol.
Ao contrário dos maias e dos astecas, os incas não chegaram a desenvolver uma escrita pictográfica. Utilizavam os quipos, um sistema de cordas com diferentes nós que possuíam um sentido numérico. Alguns autores afirmam que esses quipos possuem também um caráter alfabético. Contudo, há uma dificuldade para a decifração de tal sistema de escrita.
Ruínas da cidade inca de Machu Picchu.
Conclusão
Ainda hoje, o misticismo e a magia que envolvem as ruínas dessas três civilizações pré-colombianas despertam curiosidade. O desconhecimento de vários aspectos da história dessas civilizações é resultado, em grande parte, da destruição provocada pelo processo violento implementado, primeiro, na conquista e, depois, na colonização europeia, especificamente dos espanhóis, e na ambição desmedida de arrancar os metais preciosos das minas de ouro e prata. E, para isso, exploraram até a última gota de sangue dos nativos no trabalho incessante nessas minas.
Por: Messias Rocha de Lira
As Populações Indígenas do Brasil
No caso da América lusa, a população ameríndia era de aproximadamente 5 milhões de indivíduos, espalhados pelo imenso território brasileiro e que, num primeiro momento, não ofereceu grande resistência ao colonizador europeu.
A catequese, realizada principalmente nas missões, reduziu os indígenas ao cristianismo.
Classificação
A primeira classificação dos indígenas foi feita pelos jesuítas, baseada na língua e na localização. Os que habitavam o litoral (os tupis), foram chamados de índios de língua geral e os que viviam no interior (tapuias), de índios de língua travada. No século XIX, o estudioso alemão Karl von den Steinen, apresentou a primeira classificação científica dos indígenas bra-sileiros, dividindo-os em quatro grandes grupos básicos ou nações: tupis-guaranis, jês ou tapuias, nuaruaques ou maipurés e caraíbas ou caribas e quatro grupos menores: goitacás, panos, miranhas e guaicurus.
A imagem de um indígena brasileiro, segundo a visão de um europeu do século XIX.
A organização dos povos indígenas do Brasil
O estágio de desenvolvimento cultural do indígena brasileiro era atrasado, não apenas em relação ao branco europeu, como em relação a outros povos pré-colombianos mais avança-dos, como os incas e os astecas. Mesmo entre os índios brasileiros, não há homogeneidade, por suas variadas culturas e nações.
Os brasilíndios tinham como organização básica a aldeia ou a taba, formadas pelas ocas ou malocas,dispostas em círculos, onde viviam as famílias. O governo era exercido por um conselho – nheengaba -, formado pelos mais velhos, e só em época de guerra escolhiam um chefe, o cacique ou morubixaba.Além de praticar a caça, a pesca, a coleta de frutos e raízes, desenvolviam ainda a agricultura de subsistência, com o cultivo da mandioca, do milho e do tabaco, valendo-se para isso de técnicas rudimentares, como a queimada ou coivara. Os casamentos eram endogâmicos, isto é, entre pretendentes de uma mesma tribo; a sucessão se dava pela linha paterna e a poligamia era permitida, embora pouco freqüente. A mulher, mera procriadora, tinha um papel secundário, mesmo na divisão de trabalho, em que cuidava das plantações, da coleta de frutos, do preparo dos alimentos, e por fim, das crianças. Eram politeístas e animistas, vinculando suas divindades à natureza, e mesmo a prática da antropofagia tinha um caráter ritual. Utilitaristas, produziam utensílios de cerâmica, de madeira e de palha, sempre para o uso cotidiano.
O avanço da colonização e a resistência
Os primeiros contatos entre portugueses e indígenas podem ser considerados amistosos. Aos índios,atribuiu-se o espírito de colaboração quando do extrativismo do pau-brasil e de docilidade diante da ação conversora dos jesuítas. Sua belicosidade ficava por conta das guerras que travavam entre si, na defesa de territórios da tribo ou nas primeiras guerras que os portugueses moveram contra invasores estrangeiros. Caso das lutas contra a França Antártica, quando os portugueses foram apoiados pelos temiminós para derrotar os franceses, aliados dos tamoios.
A partir de meados do século XVI, ficava claro que o branco português representava a colonização e era, portanto, o verdadeiro inimigo. A ação dos religiosos, em especial nos grandes aldeamentos (missões), era a distribalização. Já a ação do colono nada mais era do que a expropriação territorial e a escravidão.Para o europeu, o índio tinha significados diferentes: para o jesuíta, era um meio de propagação da fé e de fortalecimento da Igreja Católica; para o colono, ele era a terra e o trabalhador: livre, no extrativismo da Amazônia ou na pecuária, e escravo, nas regiões mais pobres ou nos engenhos, quando se obstruía o tráfico negreiro. Assim, ao indígena não restou outra opção senão a resistência armada e desigual, contra um inimigo que já dominava as armas de fogo.
Alguns momentos dessa luta foram marcados pela proibição da escravidão vermelha. Exemplo disso, foi o ato do papa Paulo III, de 1537, que pela primeira vez declarava ilícita a exploração do trabalho indígena. Seguiram-se outros no mesmo sentido, sempre apoiados pelos jesuítas, e desrespeitados pelos colonos, com as chamadas guerras justas – uma exceção prevista na legislação – em que se atribuía sempre ao índio a primeira agressão. Além da abertura legal, os colonos contavam com as rivalidades entre as tribos, que impediam a formação de alianças contra o inimigo comum.
No século XVIII, o Marquês de Pombal aboliu a escravidão indígena. O decreto de 1755 dava liberdade absoluta ao índio, equiparando-o à mesma condição de um colono, e suprimia o poder dos jesuítas sobre as missões. Contudo, ainda no século XIX, eram decretadas as “guerras justas”, prosseguindo, assim, a ação devastadora do branco, dizimando tribos inteiras e destruindo a cultura indígena.
Atualmente, a população de índios brasileiros, agora denominados povos da floresta, está reduzida a menos de 200 mil indivíduos, a maior parte desenraizada e sem identidade cultural
Brasil Antes de Cabral
Os primeiros habitantes do Brasil
Até pouco tempo, era comum associar a ideia do nascimento histórico do Brasil à chegada de Cabral, em 1500, e esquecer que a Pré-História não é exclusiva da trajetória europeia. Mas o “homem das cavernas” também existiu no território nacional. Estudos arqueológicos têm encontrado vestígios de grupos humanos que habitaram a região há pelo menos 15 mil anos.
Pouco se sabe sobre a história desses grupos. Alguns estudos indicam que os indígenas brasileiros podem ter herdado os olhos levemente puxados de ancestrais asiáticos, que teriam vindo ao longo de milhares de anos.
Na década de 1970, uma descoberta trouxe novos elementos a essa discussão: num sítio arqueológico perto de Belo Horizonte foi achado o crânio de uma mulher, chamada pelos estudiosos de Luzia, que teria vivido há cerca de 11 mil anos. Uma simulação feita sobre esse fóssil mostrou uma mulher com traços diferentes da população indígena tipicamente brasileira, o que pode indicar antepassados de origem africana ou australiana, além da asiática.
Sítios arqueológicos brasileiros
Os primeiros habitantes das terras que viriam a se chamar Brasil não desenvolveram nenhuma forma de
escrita, mas deixaram numerosos vestígios, como pinturas rupestres, fósseis de animais pré-históricos e utensílios variados, descobertos em locais considerados importantes sítios arqueológicos. Os principais, até o momento, são:
• Sambaquis (em tupi, “amontoado de conchas”). Essas construções revelam antigos cemitérios comunais, pois já foram encontrados sepultamentos de milhares de pessoas nesses locais.
A quantidade de sepultamentos ajuda a comprovar, por exemplo, se as populações de determinado local eram sedentárias. Muitos sambaquis ainda contêm restos de fogueiras, além de uma rica fauna pré-histórica.
Esses “depósitos” localizam-se principalmente em regiões lagunares, como o sambaqui brasileiro de Garopaba do Sul, em Jaguaruna (SC), considerado o maior do mundo.
• Sítios cerâmicos, líticos e arte rupestre. A cultura marajoara é o exemplo mais conhecido de povos ceramistas que viviam na Ilha de Marajó, na foz do rio Amazonas. Objetos feitos de pedra também foram encontrados na região paulista do Vale do Ribeira, constituindo um importante sítio lítico.
A pintura rupestre pode ser vista em todo o país, sendo famosas as do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, e as da Toca da Esperança, na Bahia.
Cotidiano das populações brasileiras antes da chegada de Cabral:
Vida em aldeia (1); indo caçar (2); mulheres cuidando das crianças e da alimentação (3) e mata sendo derrubada para o plantio (4), no sistema conhecido como “agricultura de coivara”.
Por: Paulo Magno da Costa Torres
Povoamento Brasileiro
Quando estudamos a história do povoamento do Brasilno período colonial, percebemos a existência de expedições oficiais e particulares. As expedições oficiais eram chamadas de entradas e, normalmente, respeitavam os limites estabelecidos pela Coroa, não ultrapassando o que havia sido estabelecido no Tratado de Tordesilhas.
Já as particulares, denominadas bandeiras, tentavam atender aos interesses dos colonos que enfrentavam dificuldades econômicas nas áreas portuguesas. Assim realizavam incursões em regiões que cabiam aos espanhóis pelo acordo feito entre Portugal e Espanha. Algumas dessas expedições eram conhecidas também por monções, por utilizarem os rios como forma de comunicação com regiões longínquas e de difícil acesso.
As expedições particulares, tendo como ponto de irradiação o povoado de São Paulo de Piratininga, foram fundamentais na constituição territorial brasileira, como será visto adiante.
O povoamento litorâneo
Os primeiros momentos desse processo de colonização podem ser descritos da forma como o historiador Sérgio Buarque de Holanda colocou ao dizer que os portugueses pareciam caranguejos arranhando a costa brasileira, pois a colonização foi marcadamente litorânea.
Tal colonização não foi homogênea, pois existiam verdadeiros vazios em trechos do litoral que ainda permitiam incursões de grupos estrangeiros. Exemplo disso foi o povoamento francês no Rio de Janeiro, em 1555.
Aproveitando-se de divisões de grupos indígenas e da oposição dos tamoios à presença portuguesa na área, os franceses entabularam relações amistosas com os nativos e conseguiram, por doze anos, domínio sobre a região que corresponde à baía de Guanabara. Foram expulsos definitivamente por Estácio de Sá em 1567, após duros combates que dizimaram parte da população nativa.
A área mais defendida da costa e mais povoada foi, nesses primórdios da colonização, o Nordeste, região procurada pela proximidade da metrópole e pela capacidade de produção do açúcar, produto de maior valor desenvolvido no Brasil até aquele momento.
É fundamental saber a importância das atividades econômicas no processo de povoamento do Brasil, afinal o que os portugueses pretendiam era realizar a exploração econômica, principal motor da colonização.
A interiorização do povoamento brasileiro
O povoamento da região norte
No norte do Brasil, houve a ação das missões jesuíticas que pretendiam catequisar os nativos. A permanência dos jesuítas na área esteve condicionada ao desenvolvimento de uma atividade econômica, a coleta das chamadas “drogas do sertão”.
Produtos como o anil, a salsaparrilha, a baunilha, o guaraná, o cacau, a castanha-do-pará, o urucum e a pimenta foram explorados e enviados para a Europa, pois tinham bons preços no mercado europeu. Assim, pode-se afirmar que o extrativismo vegetal foi uma atividade importantepara o povoamento do norte do Brasil.
O povoamento do Sertão Nordestino
O Sertão Nordestino também foi povoado entre os séculos XVI e XVII e sua ocupação se deve, principalmente, a uma atividade que subsidiava a produção açucareira do litoral: a pecuária.
O rebanho bovino era utilizado na produção de cana, desde a lavoura até a produção do açúcar. A pecuária era uma atividade necessária, mas não podia tomar o espaço que poderia ser utilizado na plantação de cana. Assim, seguindo o leito do rio São Francisco, fazendas de gado foram criadas, ensejando a interiorização no vale do rio e atingindo o sertão.
O povoamento do Centro-Sul
O Centro-Sul também foi área de interiorização portuguesa e o foco de irradiação desse povoamento foi o povoado de São Paulo de Piratininga, no planalto paulista. O início dessa história remonta à incapacidade dos habitantes de São Vicente, instalados por Martim Afonso de Souza, de viver na depen-dência da produção açucareira limitada pela serra do Mar e distante do mercado consumidor europeu. Alguns de seus habitantes decidiram subir a dita serra e, no planalto, fundaram o povoado de São Paulo de Piratininga. A situação não ficou melhor, pois os colonos mais pobres se encontravam nessa povoação e, ao misturarem-se com os nativos, deram origem aos paulistas.
Esses mestiços, que sabiam mais o tupi do que a língua portuguesa, seguiram trilhas indígenas, capturaram nativos, realizaram todo tipo de atividade que lhes rendesse sustento para a sobrevivência e, por fim, atingiram o local que hoje corresponde ao centro do Brasil, o estado de Minas Gerais. Nessa região, houve a exploração das jazidas auríferas, descobertas no final do século XVII e ampliadas ao longo do século XVIII.
Quando os bandeirantes se dirigiram para o Sul, acompanhando a bacia do rio Paraná, chegaram às terras dominadas pelos espanhóis. No que diz respeito a essas áreas mais ao sul, atuaram destruindo as missões jesuíticas espanholas para a preação do índio guarani catequizado. Dessa destruição, rebanhos que eram criados no interior dos aldeamentos jesuíticos foram espalhados e, logo, passou-se a realizar a caça aos rebanhos livres. Veremos adiante que essa região ocupada foi importante para abastecer a área mineradora com alimentos.
Esse povoamento lusitano foi decisivo, pois estabeleceu as bases da formação territorial brasileira em pleno período colonial.
Referência
PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1999. P. 39.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
Povoamento Brasileiro
Quando estudamos a história do povoamento do Brasilno período colonial, percebemos a existência de expedições oficiais e particulares. As expedições oficiais eram chamadas de entradas e, normalmente, respeitavam os limites estabelecidos pela Coroa, não ultrapassando o que havia sido estabelecido no Tratado de Tordesilhas.
Já as particulares, denominadas bandeiras, tentavam atender aos interesses dos colonos que enfrentavam dificuldades econômicas nas áreas portuguesas. Assim realizavam incursões em regiões que cabiam aos espanhóis pelo acordo feito entre Portugal e Espanha. Algumas dessas expedições eram conhecidas também por monções, por utilizarem os rios como forma de comunicação com regiões longínquas e de difícil acesso.
As expedições particulares, tendo como ponto de irradiação o povoado de São Paulo de Piratininga, foram fundamentais na constituição territorial brasileira, como será visto adiante.
O povoamento litorâneo
Os primeiros momentos desse processo de colonização podem ser descritos da forma como o historiador Sérgio Buarque de Holanda colocou ao dizer que os portugueses pareciam caranguejos arranhando a costa brasileira, pois a colonização foi marcadamente litorânea.
Tal colonização não foi homogênea, pois existiam verdadeiros vazios em trechos do litoral que ainda permitiam incursões de grupos estrangeiros. Exemplo disso foi o povoamento francês no Rio de Janeiro, em 1555.
Aproveitando-se de divisões de grupos indígenas e da oposição dos tamoios à presença portuguesa na área, os franceses entabularam relações amistosas com os nativos e conseguiram, por doze anos, domínio sobre a região que corresponde à baía de Guanabara. Foram expulsos definitivamente por Estácio de Sá em 1567, após duros combates que dizimaram parte da população nativa.
A área mais defendida da costa e mais povoada foi, nesses primórdios da colonização, o Nordeste, região procurada pela proximidade da metrópole e pela capacidade de produção do açúcar, produto de maior valor desenvolvido no Brasil até aquele momento.
É fundamental saber a importância das atividades econômicas no processo de povoamento do Brasil, afinal o que os portugueses pretendiam era realizar a exploração econômica, principal motor da colonização.
A interiorização do povoamento brasileiro
O povoamento da região norte
No norte do Brasil, houve a ação das missões jesuíticas que pretendiam catequisar os nativos. A permanência dos jesuítas na área esteve condicionada ao desenvolvimento de uma atividade econômica, a coleta das chamadas “drogas do sertão”.
Produtos como o anil, a salsaparrilha, a baunilha, o guaraná, o cacau, a castanha-do-pará, o urucum e a pimenta foram explorados e enviados para a Europa, pois tinham bons preços no mercado europeu. Assim, pode-se afirmar que o extrativismo vegetal foi uma atividade importante para o povoamento do norte do Brasil.
O povoamento do Sertão Nordestino
O Sertão Nordestino também foi povoado entre os séculos XVI e XVII e sua ocupação se deve, principalmente, a uma atividade que subsidiava a produção açucareira do litoral: a pecuária.
O rebanho bovino era utilizado na produção de cana, desde a lavoura até a produção do açúcar. A pecuária era uma atividade necessária, mas não podia tomar o espaço que poderia ser utilizado na plantação de cana. Assim, seguindo o leito do rio São Francisco, fazendas de gado foram criadas, ensejando a interiorização no vale do rio e atingindo o sertão.
O povoamento do Centro-Sul
O Centro-Sul também foi área de interiorização portuguesa e o foco de irradiação desse povoamento foi o povoado de São Paulo de Piratininga, no planalto paulista. O início dessa história remonta à incapacidade dos habitantes de São Vicente, instalados por Martim Afonso de Souza, de viver na depen-dência da produção açucareira limitada pela serra do Mar e distante do mercado consumidor europeu. Alguns de seus habitantes decidiram subir a dita serra e, no planalto, fundaram o povoado de São Paulo de Piratininga. A situação não ficou melhor, pois os colonos mais pobres se encontravam nessa povoação e, ao misturarem-se com os nativos, deram origem aos paulistas.
Esses mestiços, que sabiam mais o tupi do que a língua portuguesa, seguiram trilhas indígenas, capturaram nativos, realizaram todo tipo de atividade que lhes rendesse sustento para a sobrevivência e, por fim, atingiram o local que hoje corresponde ao centro do Brasil, o estado de Minas Gerais. Nessa região, houve a exploração das jazidas auríferas, descobertas no final do século XVII e ampliadas ao longo do século XVIII.
Quando os bandeirantes se dirigiram para o Sul, acompanhando a bacia do rio Paraná, chegaram às terras dominadas pelos espanhóis. No que diz respeito a essas áreas mais ao sul, atuaram destruindo as missões jesuíticas espanholas para a preação do índio guarani catequizado. Dessa destruição, rebanhos que eram criados no interior dos aldeamentos jesuíticos foram espalhados e, logo, passou-se a realizar a caça aos rebanhos livres. Veremos adiante que essa região ocupada foi importante para abastecer a área mineradora com alimentos.
Esse povoamento lusitano foi decisivo, pois estabeleceu as bases da formação territorial brasileira em pleno período colonial.
Capitanias Hereditárias
O sistema de capitanias hereditárias consistia na distribuição de lotes de terra para grupos heterogêneos que viam a possibilidade de enobrecimento comaquisições territoriais no Novo Mundo; a partir de então, eram chamados de donatários.
Esses nobres ficavam encarregados de povoar e defender a parte que lhes cabia do ataque de estrangeiros, entre outros aspectos. Eram administradores das terras em nome da Coroa portuguesa e podiam passar o governo para seus descendentes.
O sistema de capitanias refletia a incapacidade econômica da Coroa em promover diretamente a colonização. Ao conceder terras a particulares, o Estado transferia também para a iniciativa privada o ônus da colonização.
Os donatários recebiam lotes em caráter hereditário, indivisíveis e inalienáveis no todo ou em parte, e que podiam ser readquiridos somente pela Coroa. Vale dizer que o Estado concedia apenas a posse da terra, reservando para si o domínio, ou seja, a propriedade dela.
Carta de doação e foral
Esse sistema foi fundamentado em dois documentos básicos: a carta de doação e o foral.
A carta de doação estabelecia a dimensão do território e as competências do donatário, definindo propriamente a posse da terra. Além disso, estabelecia possibilidades econômicas, instituía o poder judicial dos donatários e incluía, também, os deveres do donatário, dentre os quais estava o de distribuir terras aos que quisessem cultivá-las.
O foral contemplava, principalmente, as questões relativas à exploração da terra e dos indígenas, estabelecendo o sistema de tributação da Coroa e a possibilidade de participação do donatário nas riquezas que porventura fossem descobertas.
Sobre metais preciosos, o documento definia, por exemplo, que 20% deles seriam da Coroa; sobre outras atividades, o donatário tinha direito a 10% do que fosse desenvolvido em sua área de administração. A distribuição legal do uso da terra pelo sistema lusitano de sesmarias era outro aspecto da carta de foral.
As 15 capitanias
Representação do Brasil-colônia dividido em capitanias hereditárias.
O Brasil foi dividido em 15 lotes que abrangiam de 30 a 100 léguas de costa, aprofundando-se para o interior até alcançar o meridiano de Tordesilhas.
Foram criadas 14 capitanias (a de São Vicente compreendia 2 lotes) distribuídas a 12 donatários (Martim Afonso recebeu 2 lotes, e seu irmão, Pero Lopes recebeu 3).
A partir daí, os donatários ficavam com a responsabilidade do cultivo, colonização e defesa das terras recebidas. Posteriormente, foram criadas mais duas capitanias: a de Trindade, em 1539, e a de Itaparica, em 1556.
O fracasso das capitanias hereditárias
Apesar do empenho da Coroa, o sistema de capitanias hereditárias não logrou êxito, pois as dificuldades dos donatários eram enormes. O custo da empreitada era alto e a possibilidade de ganho, a princípio, pequena. Além disso, ataques de indígenas e de corsários dificultavam o controle da região recebida, sendo as condições climáticas outro empecilho ao povoamento da capitania.
A capitania de Pernambuco, de Duarte Coelho, e a capitania de São Vicente foram as que conseguiram manter população e realizar incursões eficientes sobre os grupos nativos, preservando-se. A capitania de Pernambuco já desenvolvia a lavoura de cana por essa época e se destacava no conjunto das capitanias. Pode-se concluir que o sistema criado por Portugal já se encontrava em crise.
Referência:
LINHARES, Maria Yedda (org.). História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus. 1990.
Por: Wilson Teixeira Moutinho

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