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Jusnaturalismo: Teorias Medievais e Modernas

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JUSNATURALISMO
	Na Idade Média a teoria jusnaturalista apresentava conteúdo teológico, pois os fundamentos do direito natural eram a inteligência e a vontade divina, devido ao fato de a sociedade e a cultura estarem marcadas pela vigência de um credo religioso e pelo predomínio da fé. 
	Na era medieval prevalecia a concepção do direito natural objetivo e material, que estabelecia o valor moral da conduta pela consideração da natural do respetivo objeto, conteúdo ou matéria, tomada como base de referência a natureza do sujeito humano, mas enquanto reveladora do seu dever ser real e essencial. Todavia, não é puramente objetivo, mas objetivo-subjetivo, tomando o objeto como ponto de partida e o sujeito como termo da relação de conveniência ou do valor moral, nem direito puramente material, mas material e formal, porque a matéria da conduta não é fato ou objeto indiferente, por ser carregada de sentido ou valor humano, positivo ou negativo. Portanto, o jusnaturalismo dos escolásticos concebia o direito natural como um conjunto de normas ou de primeiros princípios morais, que são imutáveis, consagrados ou não na legislação da sociedade, visto que resultam da natureza das coisas e do homem, sendo por isso apreendidos imediatamente pela inteligência humana como verdadeiros.
	A lei natural é imutável em seus primeiros princípios. O direito natural independe do legislador humano. As demais normas, positivadas, são aplicações dos primeiros princípios naturais às contingências da vida, mas não são naturais, embora derivem do direito natural. 
	Com essa doutrina dos escolásticos, o saber jurídico começou a ter as aparências de uma ideia científica.
	A concepção do direito natural objetivo e material do século XIII foi substituída, a partir do século XVII, pela doutrina jusnaturalista de tipo subjetivo e formal, devido ao processo de secularização da vida, que levou o jusnaturalismo a arredas suas raízes teológicas, buscando os seus fundamentos de validade na identidade da razão humana. O direito natural tornou-se subjetivo enquanto radicado na regulação do sujeito humano, cuja vontade cada vez mais assume o sentido de vontade subjetivo e autônoma. 
	Nítida é a feição dedutiva desse jusnaturalismo, por influência do racionalismo matematicista; assim, a partir de uma hipótese lógica sobre o estado natural do homem, se deduzem racionalmente todas as consequências. Nessa teoria que encontrava sua legitimidade perante a razão, a ciência jurídica passa a ter uma dignidade metodológica especial. Foi nessa época que se deu a ligação entre ciência e pensamento sistemático.
	Nesta segunda concepção jusnaturalista a natureza do ser humano foi concebida:
Como genuinamente social, por Grotius, Pufendorf e Locke.
	Grotius dividiu o direito em duas categorias: jus voluntarium, que decorre da vontade divina ou humana e jus naturale, oriunda da natureza do homem devido a sua tendência inata de viver em sociedade. Grotius libertou a ciência do direito de fundamentos teológicos e instituiu que o senso social é fonte do direito propriamente.
	Locke afirma que alei natural é mais inteligível e clara. Só o pacto social pode sanar as deficiências do estado de natureza.
	Pufendorf dizia que a principal propriedade do homem é o desamparo em que se acha na sua solidão, surgindo a necessidade de viver em sociedade. O direito natural, na sua função imperativa, funda-se na vontade divina, que originariamente fixou os princípios da razão humana perpetuamente. As normas de direito natural podem ser absolutas, se obrigam independentemente das instituições criadas pelo homem, e hipotéticas, se as pressupõem. Estas últimas possibilitam ao direito natural uma adequação à evolução temporal
Como originariamente “individualista”, por Hobbes, Spinoza e Rousseau.
	Segundo Hobbes as leis naturais são as normas morais que incutem no ser humano o desejo de assegurar sua autoconservação e defesa por uma ordem político-social garantida por um poder coercitivo absoluto.
	Para Rousseau o homem é insocial por natureza, sendo bom no estado natural, é a sociedade que o corrompe.
	Para essa teoria do direito natural subjetivo, os preceitos do justo e do injusto continuam válidos, mesmo se suposta a inexistência de Deus, por terem seu fundamento nas leis imanentes à razão humana (Grotius).
	A concepção do direito natural subjetivo e formal considera inatas no homem as tendências para a liberdade física e moral e para a igualdade (Pufendorf).
	Com Kant surgiu a teoria do direito racional. Kant organizou uma ciência do direito rigorosamente lógica.
	Kant identifica o direito com o poder de constranger.
	Para o jusnaturalismo de Kant, sendo racional e livre, o homem é capaz de impor a si mesmo normas de conduta, designadas por normas éticas. Logo, a norma básica de conduta moral que o homem se pode prescrever é que em tudo o que faz deve sempre tratar a si mesmo e a seus semelhantes como fim e nunca como meio. A obediência do homem à sua própria vontade livre e autônoma constitui, para Kant, a essência da moral e do direito natural. 
	O direito natural kantiano aparece como uma filosofia social da liberdade, por atribuir a esta um valor moral que se manifesta numa teoria dos direito subjetivos. 
	Kant, portanto, pode ser considerado como jusnaturalista, enquanto admite leis jurídicas anteriores ao direito positivo. Não é ele jusnaturalista no sentido de que o direito se baseia na natureza, mas porque se funda na metafísica dos costumes, na razão prática.
	Durante o século XIX houve reações contra o jusnaturalismo, encabeçadas pelo historicismo, sociologismo e positivismo jurídico. Em contrapartida, surge a doutrina jusnaturalista de Stammler, Del Vecchio e outros, como reação antijuspositivista.
	Stammler procurou fazer uma teoria de conteúdo variável, rejeitando o direito natural material baseado na natureza humana, enaltecendo o método formal. Sustenta ele que o direito natural tem que ser visto como um critério diretor, que plasme as figuras jurídicas, de acordo com as circunstâncias.
	Na base da teoria stammleriana está uma concepção ideal de sociedade, que se desenvolve por meio de critérios formais de valoração. A justiça é a noção formal da comunidade pura. Se o direito concreto repousar no ideal social será considerado justo, apesar de ter conteúdo variável. O único direito existente é o direito positivo, justo ou injusto.
	Del Vecchio também procurou restaurar o jusnaturalismo, no sentido de dar-lhe uma nova base idealista depurada. É no aspecto teleológico da natureza humana que se deve fundar a moral e o direito, englobados num mesmo princípio ético, regulador da atividade humana. O ser humano deve comportar-se como um ser dotado de inteligência e como ser autônomo. O direito natural representa o reconhecimento das propriedades e exigências essenciais da pessoa humana.
	Del Vecchio outorga à teoria do direito natural um importante papel na prática do direito, não só no aperfeiçoamento das normas, mas também na sua interpretação e aplicação, e, sobretudo, na integração do direito positivo.
	Contudo, o jusnaturalismo, no entender de Carlos Cossio, jamais pôde proporcionar um fundamento suficiente à ciência do direito. 
	Bobbio observa que para o jusnaturalismo a ciência jurídica não seria uma ciência, porque o jurista se move num mundo de mutabilidade e provisoriedade. Seria uma arte prática.
	O jusnaturalismo, longe de ser ciência, era uma ideologia.	
	Para Goffredo Telles Jr., o direito natural não é o conjunto dos primeiros e imutáveis princípios da moralidade, que, por não serem normas jurídicas, não são direito. Tais princípios não são normas jurídicas, logo não há por que rotulá-los de direito natural, mas sim de moral social.
	Goffredo Telles Jr. confere ao direito natural, ao direito legítimo, o nome de direito quântico, porque é o direito resultante do processo da organização do humano. O direito quântico é o direito do eu histórico. É quântico porque é feito sobmedida, e é a medida da liberdade humana. É quânticoporque relaciona o dever ser com o ser de um sistema social de referência. A norma promulgada pelo governo legítimo é o único dogma da ciência jurídica, é o porto de partida e fundamento de toda ação do jurista.
	Características do direito natural: 
	Eterno, imutável e universal. 
	Eduardo Novoa Monreal ainda dizia que não se pode abrir mão nem ser esquecido, deve ser igual para todos e respeitado por todos, há necessidade e validez.
	Críticas ao jusnaturalismo: Vagueza, por faltar fundamentos; subjetivismo, pois o era usado para cometer atrocidades; irrelevância, por considerar que enquanto as leis não forem positivadas não serão obedecidas; e conservadorismo, pois, por ser imutável, o direito natural não atende as necessidades, uma vez que o homem evolui.

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