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Nulidades no processo penal O CPP é dividido em 4 livros: Livro 1 – dos processos em geral Livro 2 - dos processos em espécie Livro 3 – das nulidades e dos recursos em geral Das nulidades Livro 4 – da execução penal (revogado pela Lei de Execução Penal) O QUE É NULIDADE? É um vício ou defeito do ato processual que decorre da inobservância do ordenamento jurídico, capaz de invalida-lo no todo ou em parte. A nulidade está estreitamente ligada à noção de PREJUÍZO, efetivo ou potencial. É espécie do gênero vício processual; defeito do ato processual. Atos nulos Produzem efeitos até serem anulados, como também implicam consequências jurídicas mesmo após o reconhecimento de sua nulidade. As nulidades dependem de previsão legal para a sua declaração, já que constituem sanção ao ato praticado em desconformidade com a lei; Diz respeito aos requisitos de VALIDADE Atos inexistentes Não produzem qualquer efeito; não poderão ser convalidados. Falta aos atos inexistente elementos essenciais para a produção de quaisquer consequências jurídicas; Diz respeito aos pressupostos de EXISTÊNCIA do processo Vícios/defeitos processuais Nulida des São 4 espécies de defeitos: O vício é INEXISTENTE Nunca existiu, não chegou sequer a ser nulo. Não produzem qualquer efeito O vício é de NULIDADE ABSOLUTA Aqui o ato chega a existir, mas seu vício é tão grave que diz respeito à ordem pública, é nulo. O vício tem NULIDADE RELATIVA O ato também existe, assim como no anterior, mas aqui, o vício prejudica muito mais uma das partes do que propriamente a ordem pública; então é uma nulidade relativa O vício é IRREGULAR é um vício sem prejuízo; contém erro mas não invalida os outros atos do processo. INEXISTÊNCIA: O vício é tão grave, mas TÃO grave, que ele afeta um requisito imprescindível para a existência do ato. É um não-ato. Logo, se ele sequer existe, torna-se irrelevante discutir se ele é nulo ou válido, uma vez que ele sequer existiu. Este não precisa ser desconstituído, nem anulá-lo, basta ser desconsiderado, ignorado! Ex. sentença assinada por alguém sem competência, qualquer pessoa. Ex2. há casos em que o juiz obrigatoriamente deve submeter ao duplo grau de jurisdição, independente da vontade das partes (revisão obrigatória). Na hipótese em que ele esquece de aplicar este recurso ex offício (= recurso obrigatório), a certidão do trânsito em julgado é considerada inexistente. Este é o posicionamento da jurisprudência. Ex3. A morte leva à extinção da punibilidade (art. 107, I CPP). É a certidão de óbito que atesta a extinção da punibilidade pela morte. Se, o juiz o faz por testemunha ou por laudo de exame necroscópico, este ato é inexistente. (Art 155, parágrafo único CPP). NULIDADE ABSOLUTA Características principais - o ato existe - há um vício que afeta seu plano de validade - o vício é tão grave que afeta matéria de ordem pública - agressão direta aos princípios e garantias constitucionais do processo penal - não depende da demonstração de prejuízo, este é presumido! - não precisa ser arguida, pois não preclui. Pode ser conhecida de ofício (exceto se prejudicar o réu) Neste caso, o ato existe; tem-se aqui um defeito de tamanha gravidade, que viola o interesse de ordem pública; interesse generalizado; de todos. Aqui ocorre uma agressão direta e imediata ao texto constitucional! Uma violação à ampla defesa, ao contraditório, ao princípio do juiz ou promotor natural, ao duplo grau de jurisdição...aos princípios constitucionais e do processo penal. Sendo assim, a QUALQUER MOMENTO o juiz pode declarar sua nulidade absoluta de ofício, independentemente da manifestação das partes. Essa nulidade, portanto, não preclui. Se a nulidade absoluta é constatada após o trânsito em julgado, nada se pode fazer, pois o ato existiu! Ele deveria ser desconstituído, anulado, mas se deu-se o trânsito em julgado, só uma análise para beneficiar o réu seria possível. Isto porquê não existe revisão criminal pro societate. Ou seja, tratando-se de recurso contra sentença absolutória, nem mesmo as nulidades absolutas poderão ser reconhecidas ex officio em prejuízo da defesa. Tem-se aqui a aplicação dos princípios que garantem o réu: proibição da reformatio in pejus, princípio do favor rei (também conhecido como favor inocentiae). NULIDADE RELATIVA Principais características - o ato existe - seu vício também afeta sua validade - o vício afeta interesse predominante das parte, não a ordem pública - o vício decorre de afronta de matéria infra-constitucional; abaixo da CF (não constitucional) - o juiz não pode reconhecer de ofício; deve ser arguida pela parte interessada E no momento certo (passado este momento, a invalidade é convalidada, não pode ser modificada) - tem que demonstrar o prejuízo! IRREGULAR - é um vício de formalidade - não traz nenhuma consequência prática Ex. MP esqueceu de endereçar a denúncia, mas esta foi protocolada e recebida. Súmula 160 STF é nula a decisão do tribunal que acolhe contra os interesses do réu, nulidade não arguida no recurso da acusação. A doutrina e a jurisprudência têm entendido que esta súmula diz respeito tanto à nulidade absoluta quanto a relativa Princípios básicos que regem as nulidades - princípio do prejuízo Se aplica à nulidade relativa, quando as partes precisam demonstrar o prejuízo. Art. 563 CPP Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa - princípio da instrumentalidade das formas Também se refere às nulidades relativas e se refere ao princípio da instrumentalidade das formas: ou seja, se o vício não alterou a apuração da verdade ou na decisão, então não houve prejuízo. Lembrando; o que deve ser preservado é o conteúdo, não a forma do ato processual Art. 566 CPP Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa Art 572, II CPP Se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido seu fim - princípio da causalidade/sequencialidade Art 573, parágrafo 1º Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou retificados §1º A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência RELEMBRANDO O princípio da instrumentalidade das formas pressupõe que, mesmo que o ato seja realizado de forma diferente daquela prescrita em lei, se ele atingiu o objetivo, então este ato será considerado válido PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF Ex. a citação é nula. Logo, tudo que ocorrer após esta, será nulo. Ex2. Houve nulidade no depoimento da defesa: anula-se este ato, de forma que os anteriores não terão nexo causal, não precisará ser anulado - princípio do interesse Nenhuma das partes poderá alegar nulidade a que tenha dado causa ou que diga respeito apenas à outra. Art. 565 (novamente se refere à nulidade relativa, já que a absoluta pode ser feita pelo juízo) 1ª parte: só cabe alegar nulidade a quem tem interesse 2ª parte: - princípio da convalidação no caso das nulidades relativas, não arguidas na primeira oportunidade, elas serão convalidadas (consideradas válidas), o vício desaparece. Considera-se também sanada a nulidade por vícioou mesmo ausência de citação, de intimação ou de notificação, nos termos do art. 570 do CPP, “desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte” Art. 572 indica os momentos em que as nulidades podem ser declaradas. Hipóteses expressamente ensejadoras de nulidade pelo CPP Este artigo é a expressão direta, a base do princípio dos frutos da árvore envenenada, que consiste em: uma prova ilícita na sua origem, contaminará todos os demais atos que dele dependem (deve haver nexo causal) Em se tratando de incompetência relativa, parece fora de dúvidas a possibilidade de aproveitamento dos atos posteriores ao recebimento da denúncia, exceto os decisórios (sentença, pronúncia). E, também, a possibilidade de ratificação de tais atos. Art. 564 CPP, ocorrerá nulidade nos seguintes casos: I- por incompetência, suspeição ou suborno do juiz Nulidade absoluta! Sobre a incompetência do juízo, trata-se de causa de nulidade absoluta, por violação ao princípio constitucional do juiz natural. Sobre os vícios relativos à pessoa do juiz, estão a suspeição e o suborno. Trata-se da constatação de que a imparcialidade do juiz possa ser afetada. Sabe-se que a imparcialidade é requisito de validade do processo e da própria jurisdição penal. Pode ser reconhecida até mesmo após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória II- por ilegitimidade de parte Nulidade absoluta! Aqui há violação à regra da titularidade da ação penal, que pode ocorrer tanto em ação pública quanto privada. Ex. podemos citar como exemplo até mesmo o MP, no caso em que o Ministério Público Federal atue em matéria penal estadual. III- Por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: (...) b) o exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no art. 167. Esta cominação tem por finalidade evitar acusações infundadas, como garantia da pessoa. c) a nomeação de defensor ao réu presente, que não o tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 (vinte e um) anos Nulidade absoluta! Certamente a ausência de defesa técnica viola o princípio da ampla defesa e deve acarretar a nulidade absoluta d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública Nulidade absoluta! Neste item, resta claro que uma das partes não participou do processo; também tem o Estado a garantia de que a intervenção do Ministério Público nas ações públicas é uma exigência do próprio contraditório, da mesma maneira que se exige a internveção da defesa em todos os atos processuais em que seu interesse estiver presente. e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concediso à acusação e à defesa Neste caso, inexistinto o comparecimento espontâneo, ocorrerá nulidade absoluta e insanável do processo, por manifesta violação do devido processo legal, na quase totalidade dos seus princípios (ampla defesa, contraditório, igualdade de forças e/ou paridade de armas etc). Preserva-se também o ato do interrogatório, sendo este mais um reforço na direção da tese segundo a qual este ato constitui verdadeiro meio de defesa, sendo possível a sua realização até mesmo após a prolatação da sentença (art. 616 CPP). Tendo então o réu não comparecido por motivo justificado, esta é uma causa absoluta do processo, por cerceamento da defesa. E se o réu não compareceu à audiência e ao interrogatório por manifesta vontade própria? neste caso, guarda este seu direito ao silêncio, não se exigindo a repetição deste último ato. Sabendo mais sobre os posicionamentos dos nossos tribunais Do mesmo modo, a falta de intimação ou ainda a supressão de prazos para as partes serão também causa de nulidade absoluta do processo, sobretudo em relação à defesa, em face do princípio da ampla defesa. Súmula 156: “É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório”. Como foi comentado no texto do item anterior, a nulidade referente à formação do Conselho de Sentença e dos quesitos é sempre absoluta, porque se rela‐ ciona com a integridade do órgão julgador ou com sua manifestação de ciência e vontade. Quanto ao conteúdo do preceito, são quesitos obrigatórios os referentes à materialidade e autoria e à causalidade, incluindo‐se as qualificadoras, bem como um quesito que indague sobre a existência de atenuantes. São, também, obrigatórios os quesitos correspondentes às teses efetivamente sustentadas pela defesa. SÚMULA 523 STF No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
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