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38759490-nulidades - Direito Processual Penal - 2020GRAN CURSOS

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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PROCESSUAL 
PENAL
Nulidades
Livro Eletrônico
2 de 109https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Danielle Rolim
Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Sumário
Apresentação . ............................................................................................................................4
Nulidades . ..................................................................................................................................5
1. Introdução . .............................................................................................................................5
2. Espécies de Irregularidades no Processo Penal ................................................................6
3. Espécies de Nulidade no Processo Penal . ..........................................................................7
3.1. Nulidade Absoluta . .............................................................................................................8
3.2. Nulidade Relativa. ............................................................................................................ 12
4. Reconhecimento de Nulidade de Ofício . ........................................................................... 18
5. Princípios Aplicáveis às Nulidades .................................................................................... 19
5.1. Princípio da Tipicidade das Formas . .............................................................................. 19
5.2. Princípio da Instrumentalidade das Formas ................................................................ 20
5.3. Princípio do Prejuízo ou da Irrelevância . ...................................................................... 21
5.4. Princípio da Eficácia dos Atos Processuais . ................................................................. 21
5.5. Princípio da Causalidade ou da Consequencialidade ou da Extensão ou da 
Contaminação ...........................................................................................................................22
5.6. Princípio da Conservação dos Atos Processuais . ........................................................24
5.7. Princípio da Restrição Processual ..................................................................................25
5.8. Princípio do Interesse . ....................................................................................................26
5.9. Princípio da Lealdade. ......................................................................................................27
5.10. Princípio da Convalidação . .............................................................................................27
6. Nulidades em Espécie ........................................................................................................29
6.1. Incompetência .................................................................................................................. 30
6.2. Impedimento e Suspeição. Suborno do Juiz ................................................................. 31
6.3. Ilegitimidade de Parte . ................................................................................................... 31
***
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divisão
de custos
ClIqUe PaRa InTeRaGiR
Facebook
Gmail
Whatsapp
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Danielle Rolim
Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
6.4. Ausência de Denúncia ou Queixa, ou de Representação ou Requisição . ...................32
6.5. Ausência de Exame de Corpo de Delito .........................................................................32
6.6. Ausência de Defesa ao Réu e de Nomeação de Curador . ...........................................33
6.7. Falta de Citação, Ampla Defesa e Contraditório . .........................................................34
6.8. Nulidades no Procedimento do Tribunal do Júri . .........................................................35
6.9. Ausência de Sentença . ...................................................................................................38
6.10. Não Intervenção do Ministério Público . ......................................................................39
6.11. Falta de Recurso de Ofício, nos Casos Previstos em Lei . ...........................................39
6.12. Ausência de Intimação para Recurso.......................................................................... 40
6.13. Falta de Quórum Legal para o Julgamento nos Tribunais Superiores e nos 
Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais . .......................................................... 40
6.14. Falta de Formalidade Essencial ao Ato . .................................................................... 40
7. Nulidades no Inquérito Policial . ......................................................................................... 41
8. Súmulas que Dizem Respeito ao Tema Nulidades (com Breves Comentários 
Àquelas que Não Foram ainda Tratadas) . ............................................................................ 41
9. Julgados Importantes sobre Nulidades . ..........................................................................44
Questões de Concurso . ...........................................................................................................46
Gabarito . ................................................................................................................................. 69
Gabarito Comentado ................................................................................................................70
Referências ............................................................................................................................ 106
***
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Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
ApresentAção
Vamos tratar nesta aula de um dos temas mais recorrentes em provas de concurso: nu-
lidades. Até porque é muito fácil cobrá-lo com outros pontos do edital. Tanto assim que, 
quando passamos por outros assuntos, aqui e ali, acabamos por nos referir a alguma nuli-
dade: quando falamos de citação, de procedimento, de tribunal do júri, de recursos... ufa! Na 
vida prática, não é diferente. Alegação e reconhecimento de nulidade ou o afastamento dela 
rodeiam a praxe forense. Isso resulta em bastante jurisprudência e súmulas sobre o tema. Por 
isso, vamos nos ocupar do estudo das nulidades com atenção para responder com tranqui-
lidade às questões da prova e para evitar que pratiquemos atos nulos ou anuláveis quando 
estivermos ocupando o cargo que almejamos, não é verdade? Então, venha comigo!
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Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
NULIDADES
1. Introdução
Quando alguém pratica um fato criminoso, tem conhecimento de que contra si pode se 
movimentar o Estado com o objetivo de puni-lo. É o exercício do jus puniendi. Mas quem pra-
tica o fato criminoso, tem também a garantia de que a punição estatal apenas poderá decor-
rer de um devido processo legal, ou seja, apenas resultará da persecução penal, que seguirá 
procedimento previsto em lei, em que são obedecidos os direitos e as garantias fundamentais 
previstos na Constituição Federal, assim como os princípios dispostos na legislação infra-
constitucional. Assim, o acusado da prática de um fato criminoso tem o direito de saber o que 
irá enfrentar, de saber “qual o próximo passo” da marcha processual e que forma ela seguirá. 
Aqui, estamos diante da chamada tipicidade dos atos processuais, que tem a finalidade de 
garantir segurança jurídica a todos os envolvidos no processo criminal. A desobediência à 
forma prevista em lei pode culminar justamente no reconhecimento da nulidade do ato pro-
cessual praticado.
Com isso, temos, de um lado, a certeza de que o processo penal cumprirá sua missão 
ao mesmo tempo que asseguramosao acusado o atendimento de seus direitos e garantias 
fundamentais por meio de um instrumento coercitivo: a imposição de nulidade ao ato que 
não seguir a tipicidade prevista em lei. A nulidade se apresenta aqui, portanto, como a sanção 
imposta pela legislação ao ato praticado em desconformidade com a forma prevista em lei.
A consequência do reconhecimento dessa nulidade varia conforme o legislador considere 
tal ou qual forma como mais imprescindível ao atendimento dos ditames constitucionais. 
Mas já te alerto: a técnica legislativa aqui não é das melhores, o que gera a necessidade de um 
trabalho um pouco mais intenso. Tudo isso sem falar em alterações legislativas que geram a 
necessidade de que a leitura de alguns dos dispositivos referentes às nulidades seja feita com 
os olhos voltados para modificações que neles repercutem, apesar de o legislador não ter se 
ocupado de fazer os ajustes diretamente naqueles dispositivos. Ademais, imprescindível aqui 
a análise da jurisprudência, que também oscila bastante. Então, para provas objetivas, fique-
mos alertas às súmulas e jurisprudência dos tribunais superiores. Nas provas subjetivas, temos 
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Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
uma maior maleabilidade para, ao destacar esses posicionamentos dominantes, também le-
vantarmos discussões que passem sobre a parte teórica e estrutural do tema.
Tudo isso é o que passaremos a estudar.
2. espécIes de IrregulArIdAdes no processo penAl
Vamos analisar quais irregularidades podemos encontrar no ato processual praticado 
dentro do processo penal. A doutrina costuma nos apresentar quatro categorias: irregularida-
des; nulidades relativas; nulidades absolutas; inexistência.
As meras irregularidades ou irregularidades sem consequências são os defeitos que não 
afetam a validade do ato, pois possuem menor importância. Assim, ou não possuem qualquer 
consequência ou trazem sanções meramente extraprocessuais (a exemplo da imposição de 
uma multa). São atos que não geram prejuízo para as partes ou para o processo. São falhas 
irrelevantes, como erro na grafia do nome do réu que não seja capaz de impedir a identificação 
dele (imagine a professora como ré em um processo, mas a denúncia traz a grafia “Danielly” 
no lugar de “Danielle”). Trata-se de mera irregularidade, sem consequência processual. Ou-
tros exemplos: denúncia oferecida fora do prazo; decisão proferida após o prazo indicado na 
lei; citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, mas não transcreve a denúncia ou 
a queixa (está aí o teor da súmula 366 do STF); não observância das formalidades do art. 226 
do CPP quando do procedimento de reconhecimento pessoal do réu, dentre vários outros 
exemplos que extraímos de nossa jurisprudência.
Quando tratamos de atos nulos, entramos no rol de atos que possuem defeitos, atos 
que ferem algum princípio constitucional ou processual. São atos, portanto, que deixaram 
de seguir tipicidade. Diante disso, a regularidade do processo é comprometida. A despei-
to disso, são atos existentes. E aqui surge uma ponderação muito importante: produzem 
efeitos enquanto não for declarada a nulidade! Como assim, professora? Imagine você 
uma decisão judicial que decreta a prisão de alguém proferida nos seguintes termos: 
“Decreto a prisão preventiva de A. Expeça-se o mandado de prisão. Cumpra-se”. Perceba, 
no meu exemplo aqui, essa é a decisão integral, não tem nada além disso! Estamos dian-
te de uma decisão sem motivação, o que fere dispositivo constitucional – art. 93, IX da 
CRFB. Cuida-se de uma decisão nula (nulidade absoluta, inclusive, conforme veremos). 
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Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Apesar disso, enquanto não reconhecida essa nulidade, a decisão continua a produzir 
efeitos. Vale dizer: sendo expedido mandado de prisão, o réu poderá ser preso em razão 
dessa decisão! O agente não deixará de dar cumprimento a ela ao argumento de que é 
nula. Só outra decisão judicial poderá falar sobre essa nulidade. Reconhecida a nulidade, 
aí sim a decisão deixa de ter aptidão para produzir efeitos. Dentre os atos nulos, pode-
mos destacar: nulidades relativas ou sanáveis; nulidades absolutas ou insanáveis. Mais 
adiante, analisaremos com cuidado a classificação aqui apresentada.
Já os atos considerados inexistentes são aqueles que possuem vício tão grave que 
são chamados pela doutrina “não ato” ou “fantasmas verbais” (preste atenção a essas 
expressões!), excluídos da categoria de atos processuais. Estamos aqui diante da falta 
(inexistência) de elemento tido como essencial para o ato. Assim, não analisamos a vali-
dade desse ato, porque a constatação da existência/inexistência antecede a verificação 
da validade/nulidade. A doutrina traz como exemplo a sentença proferida por quem não é 
juiz e a sentença sem dispositivo. São exemplos não visualizados no dia a dia e, por isso, 
necessária a concentração do estudo nos atos nulos.
Por fim, há que se destacar o ato perfeito, ou seja, aquele praticado de acordo com o 
tipo legal de acordo com o modelo previsto em lei. Esse ato perfeito é plenamente válido 
e eficaz. É capaz de produzir os efeitos que lhe são próprios.
3. espécIes de nulIdAde no processo penAl
Como dito, a doutrina fala em nulidade relativa e nulidade absoluta. Para alguns: nulidade 
sanável ou insanável. Vamos ao estudo delas.
Ah, antes de prosseguirmos, só mais uma observação. Cuidado porque a palavra “nu-
lidade” ora é usada com um sentido ora é usada com outro. E um não exclui o outro. 
Como assim?
A questão passa pela indagação: o que é nulidade? Há dois significados:
1ª Acepção: sanção aplicada ao ato processual defeituoso, retirando dele a eficácia. Por-
tanto, utilizada como sinônimo de sanção de ineficácia aplicada ao ato processual defeituoso. 
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Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Essa é a acepção mais convencional do termo. No exemplo que dei acima, da decisão que de-
creta a prisão do réu sem nenhuma motivação, quando impetrar habeas corpus, o pedido será 
de declaração de nulidade. E o que você entende pela palavra “nulidade” aqui? Justamente o 
pedido para que o tribunal reconheça que aquela decisão não tem fundamentação e, portanto, 
diante desse grave defeito, que seja aplicada uma sanção – reconhecimento de que se cuida 
de uma decisão nula.
2ª Acepção: nulidade entendida como qualidade ou característica do ato ou processo de-
feituoso. Quando se diz que determinado ato é nulo, em verdade, estar-se a dizer que deter-
minado ato é dotado de um vício, que é ineficaz.
Não é incomum o uso, no dia a dia, do termo “nulidade” com os dois significados.
3.1. nulIdAde AbsolutA
Aqui, estamos diante de um vício que afeta o interesse público por causa da violação de 
norma cogente ou decorrente de violação de princípio constitucional. Há duas características 
fundamentais apontadas pela doutrina.
Ser o prejuízo presumido. Antes de mais nada, é preciso saber: não há nulidade sem pre-
juízo. É o que se infere da leitura do art. 563 do CPP. Então, aqui, já temos um facilitador: cui-
dando-se de nulidade absoluta, o prejuízo se presume. Renato Brasileiro nos faz uma obser-
vação: essa presunção de prejuízo não é absoluta. Em que sentido? Perceba. Quem alegar a 
existência de uma nulidade absoluta, não precisa demonstrar o prejuízo, pois ele é presumido. 
No entanto, essa presunção pode ser desconstituída por quem pretenda a preservação do ato. 
Para isso, tem que comprovar cabalmente que prejuízo não houve. Então, o que a presunção 
gera é uma inversão quanto ao ônus de provar o prejuízo: não cabe a quem alega a nulidade, 
mas a quem pretende refutá-la. Aqui, começamos com alguns problemas, como eu te alertei 
no começo da nossa aula. Que problemas são esses? A jurisprudênciatraz julgados em sen-
tido diverso. Explico. Muito embora haja toda essa construção doutrinária abarcando a teoria 
das nulidades, afirmando quanto à presunção de prejuízo na nulidade absoluta, há diversos 
julgados dos tribunais superiores afirmando a necessidade de comprovação do prejuízo pela 
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Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
parte que pretende ver o ato anulado ainda que se cuide de nulidade absoluta. E agora? Como 
resolver isso na prova? Temos que estar sempre de olho nos últimos julgados sobre o tema, 
pois os concursos costumam trazer questões, especialmente nesse ponto do edital, basea-
das na casuística enfrentada pelos tribunais superiores. Por todos, segue um julgado do STJ 
e outro do STF sobre o tema:
No ponto, a jurisprudência desta Corte Superior é firmada no sentido de que “todas 
as nulidades, sejam elas relativas ou absolutas, demandam a demonstração do efe-
tivo prejuízo para que possam ser declaradas (AgRg no AREsp n. 713.197/MG, rela-
tor Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 19/4/2016, DJe 
28/4/2016)
Quanto à alegação de nulidade por deficiência técnica na defesa, a jurisprudência desta 
Corte é no sentido de que a “demonstração de prejuízo, de acordo com o art. 563 do CPP, 
é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta” (RHC 122.467, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski). (RHC 177393 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira 
Turma, julgado em 21/02/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-051 DIVULG 09-03-2020 
PUBLIC 10-03-2020).
O entendimento da jurisprudência foi objeto de indagação no concurso para Promotor de 
Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul em 2018.
Questão 1 (MPE-MS/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2018) O Superior Tribunal de Justiça 
compreende que não se pode falar na existência de uma presunção de prejuízo, enten-
dendo que a demonstração do prejuízo é essencial à alegação de nulidade absoluta, sem 
o que não se declara a nulidade, aplicando-se o dogma fundamental da disciplina das 
nulidades pas de nullité sans grief.1
Em regra, a nulidade absoluta pode ser arguida a qualquer momento. Essa é a se-
gunda característica apontada pela doutrina como fundamental às nulidades absolutas. 
1 Certo.
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Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
A nulidade absoluta não pode ser saneada, não pode ser convalidada. Não falamos aqui 
em preclusão, seja temporal, seja lógica. Então, em qualquer momento que seja, pode ser 
utilizada a nulidade absoluta como uma “carta na manga” visando a retirar a eficácia de 
determinado ato processual. Sobre essa característica, duas observações importantes 
precisam ser feitas.
Primeira delas: posso arguir uma nulidade absoluta em sede de recurso extraordiná-
rio? Os recursos extraordinários trazem um detalhe importante. Um de seus pressupos-
tos é, exatamente, o prequestionamento. A nulidade absoluta pode ser arguida a qualquer 
momento, mas como os recursos extraordinários têm como pressuposto o prequestiona-
mento, temos que verificar se a questão invocada já havia sido analisada, pois estamos 
diante do regramento disposto nas súmulas 356 do STF: o ponto omisso da decisão 
sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios não pode ser objeto de recurso 
extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento; e 320 do STJ: a questão fe-
deral somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito do prequestionamento.
Nesse sentido, o julgado abaixo:
Mesmo se tratando de nulidades absolutas e condições da ação, é imprescindível o pre-
questionamento, pois este é exigência indispensável ao conhecimento do recurso espe-
cial, fora do qual não se pode reconhecer sequer matéria de ordem pública, passível de 
conhecimento de ofício nas instâncias ordinárias. Súmulas 282/STF e 356/STF” (AgRg 
no AREsp 1229976/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, 
DJe 29/6/2018).
Apesar disso, abre-se a possibilidade de os tribunais concederem habeas corpus ao acu-
sado, caso não constatada a supressão de instância. Veja esse julgado:
1. A ausência de intimação pessoal do defensor dativo, mesmo sendo matéria de ordem 
pública, não afasta a necessidade de prequestionamento. 2. Contudo, o Superior Tri-
bunal de Justiça firmou o entendimento de que o Defensor Público ou quem lhe faça 
as vezes deve ser intimado pessoalmente de todos os atos do processo, sob pena de 
***
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Danielle Rolim
Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
nulidade absoluta do ato, por violação à ampla defesa, conforme se extrai dos arts. 5º, 
§ 5º, da Lei n. 1.060/1950, e 128, I, da Lei Complementar n. 80/1994 (HC n. 309.685/
SC, Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 17/3/2016). 3. Agravo regimen-
tal conhecido parcialmente e, nessa extensão, improvido. Habeas corpus concedido de 
ofício para anular o julgamento proferido pela Corte de origem. (AgInt no REsp 1270317/
ES, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 05/05/2016, DJe 
18/05/2016).
Aqui, portanto, o STJ reconheceu que a ausência de prequestionamento impediria a análi-
se da alegação de nulidade absoluta decorrente da ausência de intimação pessoal do defen-
sor dativo, ainda que se cuide de matéria de ordem pública. A despeito disso, concedeu HC de 
ofício e anulou o julgamento proferido.
Segunda questão: depois do trânsito em julgado, posso arguir uma nulidade absoluta?
Antes de responder a essa pergunta, temos que construir o seguinte raciocínio: o reconheci-
mento da nulidade depende de pronunciamento judicial. Depois do trânsito em julgado, dis-
ponho de algum instrumento para que a nulidade seja declarada? É esse o caminho que você 
deve percorrer: já sabendo que a nulidade exige pronunciamento, você tem que indagar se 
existe algum instrumento no processo penal a ser usado depois do trânsito em julgado. 
A resposta é: depende. E depende do quê? De qual foi o resultado do processo, pois os meca-
nismos que temos para atacar sentença transitada em julgado apenas podem ser utilizados 
em benefício do réu. Quais são eles? HC e revisão criminal.
Então, cuidado.
Tratando-se de sentença condenatória ou absolutória imprópria (aquela que absolve o 
réu, mas impõe medida de segurança em razão da inimputabilidade) transitada em julgado, 
é possível a arguição de nulidade absoluta por meio da revisão criminal ou de habeas corpus. 
Por outro lado, se estivermos diante de uma sentença absolutória própria, ela não pode ser 
desconstituída, ainda que gritante uma nulidade absoluta que se deu no curso do processo. 
Não existe revisão criminal pro societate e não se pode usar o HC em prejuízo do acusado! 
Portanto, nessa hipótese, não vai ser possível o reconhecimento da nulidade após o trânsito 
em julgado.
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Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Essas são as duas principais características da nulidade absoluta.
Vamos avançar, mas sem antes abordar um problema. Mais um problema, professora? 
Pois é, mas pode se acalmar que já vamos resolvê-lo com certa facilidade! O problema é jus-
tamente saber quais são as hipóteses de nulidade absoluta, dentre aquelas elencadas pelo 
legislador. Sabe por quê?
O art. 564 do CPP traz um rol de nulidades. Mas ele precisa ser lido em conjunto com o 
art. 572 do CPP. O que diz esse dispositivo?
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão 
sanadas:
I – se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior;
II – se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III – se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceitado os seus efeitos.
Ao dispor o art. 572 que as nulidades do art. 564 nele mencionadas considerar-se-ão 
sanadas se não forem arguidas em tempo oportuno,está afirmando que elas são relativas. 
Logo, as demais têm natureza absoluta!
Assim, nulidades absolutas são aquelas listadas no art. 564 do CPP que não estejam res-
salvadas pelo art. 572 daquele mesmo dispositivo legal. Portanto, fazemos uma interpretação 
a contrario sensu do art. 572 do CPP para chegarmos às nulidades absolutas. Mas não para 
por aqui. Também haverá nulidade absoluta quando estivermos diante da violação de nor-
ma protetiva de interesse público prevista na Constituição e em Tratados Internacionais que 
versem sobre Direitos Humanos, mesmo que a nulidade não esteja expressa no art. 564 do 
CPP – o que já nos deixa antever que o rol do art. 564 do CPP é exemplificativo e não taxativo. 
Aqui falamos de princípios constitucionais, a exemplo do contraditório, da ampla defesa e 
do juiz natural, para citar alguns, os quais devem ser observados necessariamente sob pena 
de estarmos afrontando a existência de um processo penal legal. Não se pode admitir que a 
violação de uma norma constitucional produza mera irregularidade.
3.2. nulIdAde relAtIvA
Quando estamos diante de uma nulidade relativa, o interesse que prepondera é o das par-
tes. A norma violada, portanto, traz interesse preponderantemente da parte. Aqui, diferente do que 
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Nulidades
DIREITO PROCESSUAL PENAL
acontece na nulidade absoluta, o prejuízo deve ser comprovado, não se presume (lembrando 
do que falamos acima sobre o posicionamento da doutrina e da jurisprudência no que diz 
respeito à presunção de prejuízo da nulidade absoluta). Por causa de tudo isso, cuida-se de 
nulidade que não pode ser conhecida de ofício, devendo ser arguida pela parte, em momen-
to oportuno, sob pena de preclusão temporal. Também poderá haver preclusão lógica, caso 
aceitos os seus efeitos (falaremos disso mais adiante). Com a preclusão, dar-se-á a convali-
dação do ato praticado.
Portanto, as hipóteses de nulidades relativas são aquelas que estão descritas no art. 564 
do CPP, mas que estão sujeitas à convalidação pelo decurso do tempo, em uma leitura do 
art. 572, I do CPP. Portanto, são relativas as nulidades descritas no art. 564, III, “d” e “e”, se-
gunda parte, “g” e “h”, e IV. Também estaremos diante de hipótese de nulidade relativa quando, 
apesar da inexistência de cominação específica na lei, estivermos tratando da violação de 
uma forma prevista em lei, que tenha por fim proteger interesse que seja preponderante da 
parte.
Vamos a um exemplo aqui de nulidade considerada pela jurisprudência como relati-
va? Vou me valer de duas importantes súmulas. A primeira delas é a 273 do STJ que diz: 
intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação 
da data da audiência no juízo deprecado. Assim, o que precisa ser comunicado é que foi 
expedida a carta precatória. O que se espera da defesa, ciente da expedição, é que dili-
gencie junto ao juízo deprecado acerca da data da audiência. Não há necessidade de que 
seja a defesa intimada da data da audiência no juízo deprecado. Aí, vem o STF e comple-
menta no enunciado 155 de suas súmulas: é relativa a nulidade do processo criminal por 
falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha.
Veja bem: o Supremo entende que se não houver a intimação nem mesmo da expe-
dição da carta precatória, a nulidade é apenas relativa! Vai ter que ser aferido se houve 
ou não prejuízo para a defesa. Imagine você que foi nomeado um defensor dativo para o 
ato, que nada sabia sobre o fato delituoso e que deixou de formular perguntas impres-
cindíveis ao direito de defesa. Isso, certamente, configura prejuízo apto à anulação da 
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audiência realizada, por falta de comunicação ao advogado quanto à expedição da carta. 
Como ele sequer sabia que a carta foi expedida, não fez o acompanhamento necessário 
para tomar ciência quanto à designação de audiência no juízo deprecado, motivo pelo 
qual não compareceu.
E qual é o momento oportuno para arguição da nulidade relativa? Está previsto no 
art. 571, do CPP, que vou comentar inciso por inciso, ok? Segundo o art. 571, as nulidades 
relativas devem ser arguidas:
Inciso I – as nulidades relativas ocorridas na instrução criminal dos processos de 
competência do júri devem ser arguidas no prazo a que se refere o art. 406 do CPP, ou 
seja, até as alegações orais. Isso porque, o art. 406, em sua redação anterior, cuidava das 
alegações finais referentes à primeira fase do Tribunal do Júri. Hoje elas são orais, em 
conformidade com as alterações promovidas pela Lei n. 11.718/2008 (art. 411, §§ 4º, 5º 
e 6º do CPP). Assim, as nulidades que ocorram na primeira fase do tribunal do júri devem 
ser aduzidas em alegações orais sob pena de preclusão.
Observação importante. A redação do art. 571 não sofreu alteração direta pela lei n. 
11.718/08. Por isso, estamos fazendo as adaptações necessárias ao tratar dos dispositivos 
legais a que ele se refere (aqui, por exemplo, ao mencionar o art. 406 do CPP). Então, preste 
bem atenção! A doutrina afirma que, por ter a lei n. 11.718/08 introduzido a resposta à acu-
sação em nosso ordenamento jurídico com a previsão de que nela a parte poderá arguir preli-
minares e alegar tudo o que interesse à defesa, bem como diante do fato de que as nulidades 
relativas devem ser arguidas na primeira oportunidade que a parte falar nos autos, sob pena 
de preclusão, a leitura do art. 571, I do CPP, deve se dar nos seguintes moldes: a nulidade re-
lativa que ocorra em instante anterior à apresentação da resposta deve ser nela arguida. Não 
o sendo, estará convalidada. No entanto, nulidades que ocorram na primeira fase do tribunal 
do júri, após a apresentação da resposta, devem ser aduzidas em alegações orais sob pena 
de preclusão. Mas lembre-se: a letra expressa da lei não traz essa afirmação, o que deve ser 
observado em prova objetiva que questione os dizeres da lei. Em uma prova discursiva, no 
entanto, temos margem para mostrar esse conhecimento ao examinador.
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Inciso II – no prazo do art. 500, as nulidades da instrução criminal de processos de com-
petência do juiz singular e dos procedimentos especiais, salvo os dos Capítulos V e VI do 
Título II do Livro II (foram excluídos aqui pela lei o procedimento sumário e o procedimento de 
aplicação de medida de segurança por fato não criminoso, a serem estudados adiante). Aqui 
também, quando fala em art. 500, está o CPP se referindo àquele que tratava das alegações 
finais e que hoje foi substituído pelo art. 403, que disciplina as alegações orais ao final da au-
diência de instrução. Assim, a leitura que se faz é: nulidades relativas ocorridas no curso do 
procedimento comum deverão ser arguidas até a apresentação das alegações orais ou dos 
memoriais, em conformidade com a disciplina do art. 403 do CPP. Se eu tenho uma nulidade 
relativa que ocorre no procedimento comum, tenho obrigação de argui-la até o instante das 
alegações orais. Não adianta querer invocar depois porque ter-se-á operada a preclusão e, 
portanto, convalidado estará o ato.
A mesma observação feita acima quanto à resposta à acusação se aplica aqui.
Inciso III – as nulidades que ocorram no processo sumário devem ser arguidas no prazo 
a que se refere o art. 537 do CPP, ou se verificadas depois desse prazo, logo depois de aberta 
a audiência e apregoadas as partes. O art. 537 foi revogado. Trazia a defesa prévia para as 
hipóteses de procedimento comum sumário que tinha início com auto de prisão em flagrante 
ou portaria da autoridade policial ou juiz. Hoje, sabemos que não há mais essa possibilidade. 
Assim, o entendimento é de que às nulidades relativas que ocorrem no procedimentocomum 
sumário, aplica-se o regramento que estudamos no artigo anterior – devem ser arguidas na 
resposta à acusação, se anteriores a ela; se posteriores à resposta, devem ser arguidas até as 
alegações orais. Não havendo arguição no tempo oportunidade, opera-se a preclusão, com a 
consequente convalidação do ato.
Inciso IV – as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois de 
aberta a audiência. Esse capítulo a que se refere o inciso IV foi tacitamente revogado pela 
nova Parte Geral do Código Penal, com a reforma promovida pela lei n. 7.209/84 (e olha que já 
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tem tempo!). Trazia o procedimento de aplicação de medida de segurança por fato não crimi-
noso. Então, um inciso a menos para nos preocuparmos!
Inciso V – as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julga-
mento e apregoadas as partes (Art. 447). Portanto, a nulidade relativa ocorrida após a pro-
núncia deve ser argui-la imediatamente depois de anunciado o julgamento e apregoadas as 
partes. Vou fazer aqui algumas observações. Sabemos que o procedimento do Tribunal do 
Júri é bifásico (ao menos para a maioria, explico isso melhor na nossa aula de procedimento). 
Como já analisamos no inciso I, nulidades ocorridas na primeira fase devem ser alegadas na 
resposta à acusação, se anteriores a ela ou até as alegações orais da primeira fase, se poste-
riores à resposta e ocorridas ainda durante a instrução criminal. Havendo pronúncia, teremos 
a segunda fase do procedimento. Aqui, chamo a atenção! Se a nulidade relativa acontecer na 
decisão de pronúncia, deve ser arguida por meio de recurso em sentido estrito, nos termos 
do art. 581, IV, do CPP. Após a pronúncia, as nulidades devem ser arguidas imediatamente 
após anunciado o julgamento em plenário do júri e apregoadas as partes, conforme inciso 
que estamos agora analisando. Apenas esqueça a menção ao art. 447 do CPP, porque esse 
artigo já não mais diz respeito ao pregão e ao anúncio do julgamento. O dispositivo que trata 
da matéria agora é o art. 463, caput e seu §1º. Mas nossas observações não param por aqui. 
Lembra que te chamei a atenção para o fato de o art. 471 não ter sido alterado pelas leis que 
produziram mudanças no procedimento do processo penal? Temos mais um caso. Por que 
estou dizendo isso? Nós tínhamos, até a reforma de 2008, o chamado libelo crime acusatório, 
inaugurando a segunda fase do procedimento do Tribunal do Júri. Hoje, o que se tem é a cha-
mada fase de preparação do julgamento em plenário. Preclusa a pronúncia, as partes serão 
intimadas para apresentar rol de testemunhas, juntar documentos, requerer diligências, no 
prazo de 5 dias, nos termos do art. 422 do CPP. Em seguida, o juiz trata desses requerimentos 
e provas e ordena diligências necessárias para sanar qualquer NULIDADE (art. 423, I). Acende 
nosso sinal amarelo! O Código passou a prever mais um momento em que o juiz deverá con-
siderar e sanar eventuais nulidades: ainda na preparação do processo para julgamento em 
plenário ao analisar os requerimentos e arguições das partes. Após esse instante, em que o 
juiz faz uma espécie de saneamento do processo, surgindo novas nulidades, aqui sim devem 
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ser elas arguidas imediatamente após anunciado o julgamento em plenário do júri e aprego-
adas as partes.
Lembrando: estamos conversando sobre preclusão para arguição de nulidades relativas. 
As absolutas, como já tratamos, não são convalidadas pelo decurso do tempo.
Vamos esquematizar tudo isso para facilitar?
Momento de arguição de nulidades relativas no procedimento do Tribunal do júri:
Ocorridas até a resposta - na resposta à acusação
Ocorridas após a resposta - até as alegações orais da primeira fase
Ocorridas na pronúncia - Recurso em Sentido Estrito
Ocorridas após a pronúncia, antes do art. 422 - no prazo a que se refere o art. 422
Ocorridas após a deliberação a que se refere o 
art. 423, I
- depois de anunciado o julgamento em 
plenário do júri e apregoadas as partes
Ocorridas em plenário de julgamento *
Assim que ocorram *
Se não acatada – preliminar de apelação
* Já adiantei aqui inciso que iremos tratar adiante, para termos todos os aspectos do Tri-
bunal do Júri inseridos em nossa tabela, ok? Segura aí que já, já te explico esse ponto.
Inciso VI – as da instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tri-
bunal Federal e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500. Atenção! 
Os crimes de competência originária dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, dos Tribunais Regionais Federais, do Superior Tribunal de Justiça e do Supre-
mo Tribunal Federal têm hoje o procedimento previsto na Lei n. 8.038/90. Assim, devem 
ser arguidas as nulidades relativas quando da apresentação das alegações escritas ou 
quando da sustentação oral, nos termos dos arts. 11 e 12, I daquela lei. Dessa forma, 
a previsão do inciso VI deve ser lida em conformidade com tal normativo. O art. 500 do 
CPP foi revogado.
Inciso VII – se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recur-
so ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes. Aqui, 
não houve alteração na legislação processual penal que traga repercussão a esse inciso 
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(finalmente, né?). Assim, se uma nulidade relativa ocorrer depois da decisão de primeira 
instância, deve ser arguida nas razões recursais ou logo depois de anunciado o julga-
mento perante o tribunal.
Inciso VIII – as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo 
depois de ocorrerem. Nulidades relativas que aconteçam durante a audiência, sessão ou ple-
nário devem ser arguidas de imediato, sob pena de ser o vício convalidado. Sendo rejeitada 
pelo juiz, deverá constar em ata a impugnação, visando a que seja reiterada em preliminar de 
eventual apelação.
O tema foi objeto de questionamento no concurso para Juiz Substituto do Tribunal de Justiça 
do Ceará. Confira.
Questão 2 (CESPE/TJ-CE/JUIZ SUBSTITUTO/2018) No âmbito do tribunal do júri, a alega-
ção de nulidade na quesitação deve ocorrer logo em seguida à leitura dos quesitos e à expli-
cação dos critérios pelo juiz presidente do órgão, sob pena de preclusão.2
4. reconhecImento de nulIdAde de ofícIo
Em primeira instância, as nulidades podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz, sejam 
elas absolutas ou relativas. Inclusive, até mesmo a incompetência relativa, no processo penal, 
pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, a despeito da previsão da súmula 33 do STJ, que aqui 
não é aplicada. E na segunda instância? No tribunal, temos que estar com os olhos abertos 
para verificar a questão referente ao efeito devolutivo do recurso. O tribunal, ao apreciar o re-
curso, fica adstrito ao objeto da impugnação, em razão do princípio da inércia da jurisdição. 
Assim, ao julgar um recurso, o tribunal não tem a mesma liberdade que o juiz de primeira ins-
tância porque ele fica preso ao que foi objeto de impugnação.
Se a nulidade é aventada no recurso, o Tribunal deverá conhecê-la, seja ela absoluta ou 
relativa. Quanto à relativa, o Tribunal não irá declará-la se já tiver ocorrido a preclusão.
2 Certo.
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O grande questionamento que se faz aqui é: o tribunal pode conhecer uma nulidade contra 
o réu? Perceba. Se houver recurso da acusação, aventando a nulidade, o tribunal pode conhe-
cer dela, ainda que prejudicial ao réu, quer se cuide de nulidade absoluta ou relativa que não 
tinha sido convalidada.
Agora, fique bem atento! Quando a nulidadefor a favor do acusado, o tribunal deverá re-
conhecê-la, mesmo que não tenha havido impugnação! Isso porque vige em favor do recurso 
a reformatio in mellius. 
Isto é, havendo recurso exclusivo da defesa ou mesmo dentro de um recurso do órgão mi-
nisterial, ainda que nenhuma nulidade tenha sido aventada, poderá ser reconhecida em favor do 
acusado, seja ela absoluta ou relativa (quanto a esta, cabe a repetição: se não tiver ainda conva-
lidada).
Vale anotar: nas hipóteses de reexame necessário, o tribunal pode reconhecer a nulidade 
(absoluta ou relativa) de forma livre, tanto em favor como contra o acusado, pois aqui o co-
nhecimento de toda a matéria é devolvido ao tribunal.
É esse o entendimento sumulado do STF: é nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o 
réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício 
(Súmula 160).
Última pergunta agora, e que vai ter uma resposta fácil, diante de toda nossa construção 
até aqui: tribunal pode reconhecer de ofício uma nulidade? “Depende” é a melhor resposta. Se 
for para melhorar a situação do réu, pode. Se for para prejudicar, não.
5. prIncípIos AplIcáveIs às nulIdAdes
5.1. prIncípIo dA tIpIcIdAde dAs formAs
Conforme falamos acima, o ato processual tem uma forma prevista em lei, que deve ser 
seguida em atendimento a diversos princípios constitucionais e processuais penais. A inob-
servância da forma prevista na lei pode gerar nulidade, absoluta ou relativa, conforme a natu-
reza do interesse que a norma pretenda proteger.
Com efeito, a decisão se legitima pela obediência ao procedimento, motivo pelo qual o 
devido processo legal é trazido pela doutrina como garantia insuprimível. O processo é, sem 
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sombra de dúvida, um importante instrumento de preservação da garantia do cidadão que 
está sendo submetido à persecução criminal. Assim, ao pensarmos em processo, devemos 
ter em mente uma cadeia de atos que serão praticados, seguindo modelo previsto em lei. 
O curso da persecução penal é previamente conhecido (ou passível de conhecimento) por 
quem quer que resolva praticar um fato delituoso, conforme adiantamos ao introduzir a aula. 
Visando a que tanto o Estado-juiz quanto as partes adiram a essa sequência processual e 
às formalidades previstas em lei, é que se culmina uma sanção a ser aplicada diante do não 
atendimento delas – estamos aqui no campo da sanção. Não seguida a formalidade, podere-
mos ter tanto o reconhecimento da nulidade, em algumas hipóteses, como a constatação da 
inexistência do ato processual, em outras, ou uma mera sanção extraprocessual.
5.2. prIncípIo dA InstrumentAlIdAde dAs formAs
Cuida-se de princípio que mitiga o anteriormente estudado. Em que sentido? A despeito 
de a lei processual penal prever procedimento a ser seguido em caso de prática de um fato 
criminoso, visando à punição do agente, temos que ter em mente a finalidade da norma. O ato 
processual não é um fim em sim mesmo. Apesar da função protetora que se extrai da previsão 
legal de uma forma para a prática do ato, certo é que ele tem por fim assegurar uma finalidade. 
Dessa forma é que se entende que, se apesar do vício na forma, a finalidade do ato tiver sido 
atingida, devem ser mantidas a sua validade e eficácia.
Tudo isso porque o processo é um instrumento. O melhor exemplo que temos, extraído 
da própria legislação processual penal, é o vício da citação, que será suprido pelo compareci-
mento do acusado. É o exemplo mais clássico de todos, trazido pela doutrina.
Assim, se alguém for citado, mas houver vício nessa citação (em nossa aula de comuni-
cação de atos processuais, dou o exemplo da citação feita na pessoa do irmão do réu, que 
tentava se passar por ele), comparecendo o réu, ainda que estejamos diante de uma hipóte-
se de nulidade absoluta, a finalidade da citação foi cumprida. Isso porque a citação tem por 
fim assegurar o contraditório e a ampla defesa. Se o réu comparece, significa que ele tomou 
conhecimento da imputação (ou tomará ao comparecer) e que, a partir daí, terá plenas condi-
ções de se defender! Assim é que o art. 570 do CPP dispõe que a falta ou a nulidade da citação, da 
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intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato 
se consumar, embora declare que o faz para o único fim de argui-la.
No concurso para Juiz Substituto do Tribunal de Minas Gerais, em 2018, foi cobrado conheci-
mento sobre a possibilidade de ser sanada a nulidade ou falta de citação quando o réu com-
parece a juízo, ainda que o faça unicamente para arguir a falta ou nulidade. Veja:
Questão 3 (CONSULPLAN-TJMG/JUIZ SUBSTITUTO/2018) A falta ou a nulidade da citação 
fica sanada quando o réu comparece antes de o ato consumar-se, mesmo que o faça, expres-
samente, para o único fim de arguir a falta ou a nulidade.3
5.3. prIncípIo do prejuízo ou dA IrrelevâncIA
Não há dúvida quanto à importância do modelo típico previsto em lei para a prática do ato 
processual. Já destacamos isso. Mas, ao se invalidar o ato processual, deve-se ter em mente 
se houve ou não prejuízo. Conforme já deixamos antever, esse princípio se aplica tanto à nu-
lidade relativa quanto à absoluta.
Portanto, não há nulidade sem prejuízo – pas de nullité sans grief. Está previsto no Códi-
go de Processo Penal, tanto no art. 563, que diz que nenhum ato será declarado nulo, se da 
nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa, quanto no art. 566, ao dispor 
que não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da 
verdade substancial ou na decisão da causa.
5.4. prIncípIo dA efIcácIA dos Atos processuAIs
De acordo com esse princípio, o ato nulo continua a produzir efeitos enquanto não for pro-
ferida decisão judicial declarando a nulidade. Assim, até tal declaração, o ato praticado, ainda 
que nulo, produz efeitos regulares.
É o exemplo que demos da decisão proferida sem qualquer motivação, decretando a pri-
são de alguém. Cuida-se de um ato nulo, mas que tem eficácia até que haja decisão judicial 
declarando a nulidade.
3 Certo.
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5.5. prIncípIo dA cAusAlIdAde ou dA conseQuencIAlIdAde ou dA extensão
ou dA contAmInAção
Em razão desse princípio, declarada a nulidade de um ato processual, os demais que dele 
dependam ou dele decorram, também deverão ser anulados, por extensão.
E por que isso ocorre? O processo é uma sequência de atos ordenados. Portanto, havendo 
ato posterior dependente do ato invalidado, será ele necessariamente também considerado 
nulo, por estar contaminado por aquele ato pretérito.
Mas temos que ler isso com atenção! Imagine você que, em determinado momento do 
procedimento, foi reconhecida a nulidade do ato processual X. Isso significa que todo o res-
tante do procedimento também é considerado nulo? Ou melhor, significa que todo e qual-
quer ato praticado depois dele (em uma perspectiva unicamente cronológica) é também nulo? 
Causalidade significa isso? Não!
Perceba. Essa relação de dependência a que estamos nos referindo traz uma relação ló-
gica e não meramente cronológica ou sequencial. Serão nulos os atos processuais que estão 
relacionados ao ato nulo, que decorrem do ato originariamente nulo. Os demais atos perma-
necem íntegros e válidos!
O Código de Processo Penal traz o princípio da causalidade relacionado às nulidades no 
§1º de seu art. 573 ao dispor que a nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos 
que dele diretamente dependam ou sejam consequência, sendo seguido do § 2º, que diz que 
o juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. O Código de Processo 
Civil é aindamais feliz ao trazer, após a descrição do defeito por derivação, a ressalva expres-
sa contida na parte final de seu art. 281 do CPC: anulado o ato, consideram-se de nenhum 
efeito todos os subsequentes que dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não 
prejudicará as outras que dela sejam independentes.
Imagine o seguinte exemplo. Denúncia inepta. O órgão ministerial apresentou a seguin-
te denúncia: “A, mediante violência ou grave ameaça, subtraiu coisa alheia móvel. Assim, 
o Ministério Público oferece a presente ação penal, visando a que ele seja condenado nas 
penas do art. 157 do CP”. Não narra o fato, o local, o horário. Não traz, em resumo, as cir-
cunstâncias do fato criminoso. Apesar disso, o juiz recebeu essa denúncia e fez a instrução 
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processual (mesmo com o advogado do réu alegando, em resposta à acusação, que se 
cuidava de denúncia inepta e repetindo essa afirmação em todos os atos processuais que 
praticou!). O réu foi condenado (pasme, com base naquela denúncia!) e apelou. O tribunal, 
ao reconhecer a inépcia da denúncia, vai anular absolutamente tudo o que foi praticado 
nesse processo, porque, nesse caso, não tem para onde correr! Todo o restante do processo 
foi contaminado por esse vício. Não tem como validar a prova produzida nesses autos. Esse 
processo tem que voltar para a estaca zero, inclusive, e, obviamente, com o oferecimento de 
nova peça acusatória!
Mas por que isso ocorre? É em razão de os demais atos serem todos posteriores à de-
núncia em uma perspectiva meramente cronológica? Não. O que temos aqui, em verdade, 
vai muito além da questão cronológica (também presente neste exemplo), mas que avança 
e atinge uma perspectiva lógica. É clara a dependência de todos os atos praticados quanto 
ao que consta da denúncia! O réu se defende dos fatos que lhes são atribuídos na peça de 
início. Não havendo a perfeita descrição da conduta, as provas colhidas nos autos não são 
abrangentes o suficiente para se falar em exercício da ampla defesa. A sentença, qualquer 
que fosse o resultado, teria se espelhado em denúncia que não descreve os fatos praticados 
pelo réu. Tudo isso para ressaltar que a dependência que gera o chamado efeito expansivo 
da declaração de nulidade é uma dependência lógica. Constatada a nulidade originária (ato 
processual considerado nulo), há que se verificar quais atos do procedimento também restam 
afetados e, portanto, terão a nulidade derivada reconhecida.
Outra seria a solução se não fosse verificada essa relação de dependência. Imagine um 
determinado caso concreto. O réu “A” estava sendo acusado da prática do crime de roubo. 
No curso da instrução processual, o advogado que acompanhou o réu agiu de forma extre-
mamente diligente. Por ter sido requerida a juntada de determinada prova, as alegações fi-
nais não foram orais, mas por memoriais. No entanto, antes disso, o acusado achou por bem 
trocar de advogado (o primo dele acabou de se formar em Direito, e ele queria prestigiá-lo). 
Então, o primo advogado, que não era muito afeto à área do processo penal (e, pelo jeito, 
nem ao réu), manifestou-se em memoriais da seguinte forma: “comprovadas a materialida-
de e a autoria, requeiro a condenação do réu nas penas do artigo 157 do CP”. Só isso, nada 
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mais. Não falou nem mesmo em aplicar uma atenuante de pena! O juiz sentencia esse feito e 
condena o réu. Indignado, o réu apela (ele mesmo, independentemente de qualquer atuação 
da defesa técnica – no processo penal isso pode acontecer, conforme estudamos em nossa 
aula de recursos). O Tribunal, ao analisar o recurso do réu, percebe que a defesa foi extrema-
mente falha na apresentação dos memoriais, causando prejuízo ao réu. A súmula 523 do STF 
dispõe que, no processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua defi-
ciência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. Analisando os autos, o Tribunal 
entendeu que a deficiência da defesa causou prejuízo ao réu, pois deixou de mencionar im-
portantes questões que, se consideradas pelo magistrado, poderiam conduzir à absolvição 
do réu ou a uma pena mais favorável. É certo que questões que beneficiam o réu poderiam 
ter sido reconhecidas de ofício pelo juiz. Mas, se ele não fez e não estava o réu amparado 
por uma defesa técnica capaz, tendo em razão disso prejuízo, a nulidade está clara. Assim, 
o que o Tribunal fará? Reconhecer a nulidade que decorre da deficiência da defesa, mas tão 
somente para atingir o ato praticado e os que dele decorram. Nesse caso: as alegações da 
defesa e a sentença! Os demais atos são válidos e devem ser conservados, pois não depen-
dem logicamente da peça defensiva apresentada.
Tudo bem, professora, mas também nesse exemplo, estamos diante de uma situação que 
afeta os atos seguintes. Em alguma hipótese, eu posso ter a anulação de um ato processual 
que não afete os próximos? Sim! Um claro exemplo disso: é reconhecida a nulidade de uma 
prova produzida nos autos. Apesar disso, as demais provas, que dela não dependem, ainda 
que posteriores ou concomitantes, continuam válidas. A decisão, portanto, pode se limitar, 
nessa hipótese, a determinar que seja a prova excluída dos autos, mantendo-se a validade 
dos demais atos processuais praticados.
É dessa conservação dos atos processuais que independem daquele que foi anulado que 
vou tratar ao falar do próximo princípio aqui aplicável.
5.6. prIncípIo dA conservAção dos Atos processuAIs
De acordo com esse princípio, deve ser conservado o ato processual que não dependa 
do ato anterior que foi considerado válido. É também chamado de princípio do confinamento 
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da nulidade – ela ficará restrita àquilo que for necessário. Está bastante ligado ao princípio 
anterior, sendo a outra face da mesma moeda.
Assim, da mesma forma que os atos que dependam do ato nulo devem ser anulados, 
o contrário também se aplica. Se você visualiza que um ato processual não guarda qualquer 
relação de dependência com o ato que foi anulado, ele deve ser preservado. Esse é o princípio 
da conservação dos atos processuais. Não está previsto expressamente no CPP, mas como 
destacamos acima, veio disposto no art. 281 do Código de Processo Civil.
5.7. prIncípIo dA restrIção processuAl
Conforme falamos, o ato processual continua a produzir efeitos enquanto não for declara-
da a nulidade. No entanto, para o reconhecimento da nulidade, precisamos ter um panorama 
que leve a essa possibilidade, sob duas perspectivas:
• deve haver um instrumento processual adequado para impugnar o ato.
• o instrumento deve ser manejado no momento adequado.
Então vejamos. De início, temos que verificar: há instrumento processual apto a impugnar 
o ato cuja nulidade se pretende ver reconhecida? Os instrumentos mais comumente utiliza-
dos para arguição da nulidade são os recursos, o habeas corpus e a revisão criminal. Isso 
sem falar nos atos processuais praticados no curso do processo, em que a nulidade pode (e 
até mesmo deve, sob pena de preclusão, quando se trata de nulidade relativa) ser aventada, 
a exemplo das alegações orais no procedimento ordinário. Em alguns casos, no entanto, não 
vislumbramos qualquer possibilidade de impugnação, por ausência de instrumento apto a 
essa finalidade. É o que se dá, por exemplo, em caso de sentença absolutória própria transita-
da em julgado – não se pode manejar revisão criminal ou habeas corpus visando a descons-
tituir essa decisão.
No que diz respeito ao momento adequado, temos que a nulidade absoluta pode ser ar-
guida, em tese, a qualquer momento. E por que em tese? Vamos nos valer do mesmo exemplo 
que falamosacima: cuidando-se de nulidade ocorrida em processo que culminou em uma 
sentença absolutória própria, não resta margem à impugnação. Por outro lado, caso se trate 
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de nulidade relativa, aqui sim iremos nos preocupar com o momento adequado, em conformi-
dade com o disposto no art. 571 do CPP.
5.8. prIncípIo do Interesse
De acordo com esse princípio, não se pode arguir nulidade referente à formalidade que 
não foi cumprida e que só interesse à parte contrária. Como assim?
Se eu estou invocando uma nulidade, tenho que demonstrar meu interesse. A doutrina 
traz como exemplo situação em que o promotor de justiça não comparece à audiência desig-
nada unicamente com o objetivo de interrogar o réu. Nessa hipótese, a questão é: quem tem 
interesse em que o promotor de justiça esteja presente àquele ato é o próprio órgão ministe-
rial, para fazer perguntas e esclarecer pontos que entenda relevantes. Ausente ele e sobrevin-
do a condenação do réu, é incabível o pedido da defesa de anulação do ato do interrogatório, 
usando como fundamento justamente a ausência do promotor. Se o Ministério Público não 
compareceu e tivesse ele interesse que a nulidade fosse declarada, este quem deveria entrar 
com uma apelação e não a defesa! Essa nulidade apenas interessa ao Ministério Público. 
Aplicável aqui o pedido do interesse para fundamentar a manutenção do ato impugnado.
Por isso, dispõe o art. 565, 2ª parte do CPP: “Nenhuma das partes poderá arguir nulidade 
[...] referente à formalidade cuja observância só à parte contrária interesse”. Portanto, a pre-
sença do Ministério Público àquele ato processual é formalidade que apenas a ele interessa, 
não podendo ser arguida pelo réu a nulidade decorrente do desatendimento dela.
Quanto a esse princípio, duas observações importantes:
Não se aplica às hipóteses de nulidade absoluta. Por quê? O interesse, cuidando-se de 
nulidade absoluta, é de ordem pública. Por isso, não é vinculado especificamente a uma das 
partes, motivo pelo qual a matéria de nulidade absoluta pode ser invocada por qualquer das 
partes.
Não se aplica ao Ministério Público, pois como a ele cabe a tutela da ordem jurídica e de 
direitos individuais indisponíveis, pode arguir nulidade relativa em favor do acusado, visando 
a preservar o estado de inocência dele, assim como a liberdade de locomoção.
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5.9. prIncípIo dA leAldAde
De acordo com esse princípio, a nulidade não pode ser arguida por aquele que a ela deu 
causa. É o ensinamento que se extrai do art. 565 do Código de Processo Penal, ao dispor que 
nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa.
No exemplo que falamos acima, de ausência do promotor de justiça à audiência de in-
terrogatório, vamos imaginar agora que o próprio promotor é que venha a alegar a nulidade. 
Observando os autos do processo, o tribunal verifica que o órgão ministerial foi devidamente 
intimado para o ato e que não houve qualquer justificativa para a ausência. Ora, foi o próprio 
Ministério Público quem deu causa àquela ausência, não havendo que se falar em nulidade a 
ser reconhecida a partir disso.
Outro ponto importante aqui é que o princípio da lealdade não se aplica, geralmente, às hi-
póteses de nulidade absoluta. Um exemplo é um advogado que, agindo com o fim específico 
de ter uma nulidade posteriormente reconhecida, atua de maneira absolutamente displicente 
durante todo o curso do processo, causando prejuízo ao réu. Ele, portanto, deu causa à nuli-
dade. Apesar disso, por ser o direito de defesa questão de ordem pública, essa nulidade pode-
rá ser arguida pelo réu e reconhecida pelo tribunal.
5.10. prIncípIo dA convAlIdAção
De acordo com esse princípio, as nulidades relativas podem ser convalidadas por exem-
plo, pela preclusão, seja ela temporal ou lógica. E as nulidades absolutas, nunca serão conva-
lidadas? Há uma hipótese em que sim: no caso de trânsito em julgado de sentença absolutó-
ria própria, pois como falamos não há, no ordenamento jurídico, instrumento processual apto 
a desconstituir essa decisão (não há revisão criminal pro societate, de igual forma, não pode 
ser o habeas corpus impetrado em desfavor do réu).
Vamos analisar algumas hipóteses de convalidação.
A forma mais convencional de convalidação do ato processual é a que decorre da preclu-
são temporal, ou seja, do decurso do tempo. Assim, teremos a perda da faculdade processual 
de arguir a nulidade relativa, por não ter sido ela levantada no momento oportuno. E qual o 
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momento oportuno? A nulidade relativa deve ser arguida nos prazos do art. 571 do CPP, que 
já analisamos nesta aula. Se isso não foi feito, por mais que houvesse uma nulidade relativa 
evidente, ela estará convalidada.
Também não podemos descurar da preclusão lógica, ou seja, estará convalidado o ato 
praticado com nulidade relativa se a parte aceitar os seus efeitos, ainda que tacitamente, 
conforme dispõe o art. 572 do CPP. Dessa forma, nulidade que aconteça durante sessão de 
julgamento em plenário do Tribunal do Júri, por exemplo, se a parte não a arguir naquele ins-
tante e praticar os demais atos que decorram daquele ato nulo, estará tacitamente aceitando 
o ato processual passível de impugnação, o qual restará convalidado.
O art. 569 do CPP diz que as omissões da denúncia ou da queixa ou da representação “[...] 
poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final”. Traz aqui, portanto, o instituto 
denominado suprimento. Ou seja, abre a possibilidade de que o ato defeituoso praticado seja 
complementado. É o que acontece, por exemplo, quando o Ministério Público adita a denún-
cia, para incluir questão que tenha restado omissa na peça inicialmente apresentada.
Outra forma de sanar o ato processual é por meio da ratificação. Imagine a hipótese de 
uma procuração outorgada ao advogado para oferecimento de queixa-crime por pessoa me-
nor de 18 anos de idade. Ainda que se cuide de defeito grave, ele pode ser ratificado pelo 
representante legal que comparece em juízo e ratifica o ato processual. É o que diz o art. 568, 
CPP: a nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, 
mediante ratificação dos atos processuais. Então, se não foi percebida inicialmente a meno-
ridade da vítima, e o processo seguiu seu curso regular, essa falha pode ser posteriormente 
corrigida, bastando que o representante do menor ratifique os atos praticados.
Também resta a possibilidade de sanar o ano nulo praticado por meio da retificação ou 
correção. Verificado, por exemplo, um erro material que possa dar ensejo a eventual nulidade, 
poderá ser ele corrigido antecipadamente, evitando que se tenha que declarar a nulidade.
Também funciona como causa de convalidação a prolação de sentença. Essa regra se 
extrai do art. 282, § 2º do CPC que diz: quando puder decidir do mérito a favor da parte a 
quem aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o 
ato, ou suprir-lhe a falta. Então, imagine a hipótese que, ao proferir sentença, o juiz percebe 
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a existência de nulidade que poderia ser reconhecida em favor do réu. Mas percebe também 
que a hipótese é de absolvição do acusado! Não faz nenhum sentido que seja declarada essa 
nulidade, determinando a repetição do ato, por exemplo, se para o réu é muito mais favorá-
vel uma decisão de mérito que o absolva desde logo. O mesmo ocorre quando o tribunal, em 
julgamento de recurso da defesa, constata a existência da nulidade, mas entende, também, 
que a hipótese seriade absolvição do réu no mérito. Aqui há posição doutrinária que defende, 
inclusive, a possibilidade de aplicação da teoria da causa madura no processo penal, para 
que o réu seja absolvido (apesar de bastante discussão quanto ao tema, que analisaremos 
na aula de recursos)! Mas preste muita atenção! Isso apenas poderia ocorrer se a decisão de 
mérito fosse a favor da parte a quem aproveite a nulidade. Não sendo a hipótese, deve ser ela 
reconhecida, e praticado o ato processual em conformidade com os ditames legais.
Por fim, ressalto a coisa julgada como forma de convalidar as nulidades, que não poderão 
mais ser arguidas pelas partes, sendo chamada pela doutrina como causa de saneamento 
geral, tendo em vista que atinge as irregularidades que não foram sequer alegadas ou apre-
ciadas no processo. A ressalva que se faz aqui é no que diz respeito às nulidades absolutas 
que aproveitem à defesa, pois podem ser arguidas a qualquer tempo, em sede de revisão cri-
minal ou de habeas corpus. Assim, cuida-se de hipótese de sanativa geral para a acusação, 
que nada mais poderá argumentar visando ao reconhecimento de nulidade posteriormente 
identificada.
6. nulIdAdes em espécIe
Vamos analisar agora as nulidades em espécie que estão descritas no Código de Proces-
so Penal, no rol do art. 564. Aqui vale destacar: cuida-se de rol meramente exemplificativo, 
sendo certo que podemos pensar sobre nulidades quando forem feridas normas procedimen-
tais, ainda que não estejam expressamente descritas neste dispositivo legal.
Alguns dos itens aqui analisados são objeto de comentário mais pormenorizado na aula 
específica sobre o respectivo conteúdo. Assim, para evitar repetições desnecessárias e para 
atender ao objetivo específico desta aula, falarei das ponderações mais importantes sobre 
cada um dos temas. Combinado assim? Então, vamos lá.
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6.1. IncompetêncIA
Quando estamos diante de hipótese de incompetência absoluta, a consequência será a 
nulidade absoluta e não a inexistência do ato, conforme posição que prevalece na doutrina. 
Por outro lado, sendo ferida regra de competência relativa, a nulidade será relativa.
Em caso de nulidade relativa, conforme doutrina majoritária, são nulos os atos decisórios, 
mas devem ser mantidos os instrutórios, em uma aplicação do princípio da conservação dos 
atos processuais. Em caso de nulidade absoluta, no entanto, a nulidade abrange todos os atos 
processuais (decisórios e não decisórios), que devem ser novamente praticados pelo juízo com-
petente.
A jurisprudência tem entendimento diferente. O STF entende que, mesmo que se cuide de 
incompetência absoluta, apenas os atos decisórios são anulados, sendo possível a ratifica-
ção dos instrutórios. Em caso de incompetência relativa, poderiam ser aproveitados todos os 
atos do processo, decisórios e não decisórios.
Importante inovação decorreu do entendimento do STF contido no julgamento do HC 
83.006/SP. Preste atenção aqui! Neste julgado, analisando hipótese de incompetência abso-
luta, a Corte destacou que é possível a ratificação até mesmo dos atos decisórios!
Na hipótese, o STF examinou a questão do oferecimento e recebimento da denúncia por 
juízo absolutamente incompetente, tendo decidido nos seguintes moldes: “Tanto a denúncia 
quanto o seu recebimento emanados de autoridades incompetentes rationae materiae são 
ratificáveis no juízo competente”. Precedentes. (HC 83006, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, 
Tribunal Pleno, julgado em 18/06/2003, DJ 29-08-2003 PP-00030 EMENT VOL-02121-17 PP-
03374).
O entendimento do STF, pois, é no sentido de que o recebimento de denúncia por juízo in-
competente pode ser ratificado pelo competente, ainda que se trate de situação de incompe-
tência absoluta. Atenção! A própria denúncia pode ser ratificada pelo Ministério Público que 
atua perante o juízo competente, não havendo necessidade de oferecimento de nova inicial 
acusatória.
Ainda sobre as consequências que incidem nos atos praticados por juízo incompetente, 
no HC 121189/PR, o STF concedeu a ordem para declarar insubsistentes os atos decisórios 
proferidos pela justiça militar, em caso que era de competência da justiça federal. Naquela 
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decisão, explicitou que ao STF caberia apenas anular a decisão condenatória, competindo ao 
juízo competente verificar se seria o caso de anular ou não os demais atos praticados. Além 
disso, acrescentou o Ministro Luiz Fux que, atualmente, a divisão de competência em abso-
luta ou relativa deveria ter como única consequência remeter os autos ao juízo competente, 
pois a jurisdição é una. (Informativo 755 STF). Assim, o que se depreende desse julgado é 
uma tendência dos tribunais superiores de flexibilizarem as consequências da declaração de 
incompetência do juízo, quer se cuide de incompetência relativa ou absoluta.
Atenção para um ponto importante, aproveitando para revisar conteúdo: recebimento de 
denúncia por juízo absolutamente incompetente não interrompe a prescrição, o que apenas 
se dará quando do recebimento pelo juízo competente (ratificação). Por outro lado, o ofere-
cimento da queixa perante juízo incompetente é suficiente para evitar a decadência, que se 
contenta com o exercício do direito de ação, ainda que se cuide de incompetência absoluta.
6.2. ImpedImento e suspeIção. suborno do juIz
Conforme doutrina majoritária, decisão proferida por juiz impedido é absolutamente nula. 
Para parte minoritária da doutrina, cuida-se de decisão inexistente. Por outro lado, a suspei-
ção do juiz gera nulidade relativa.
O suborno do juiz a que se refere a lei é a hipótese em que o juiz pratica o crime de concus-
são, ou seja, quando exige para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da 
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Afeta a imparcialidade 
do julgador, de modo a gerar nulidade absoluta do feito em que atue.
6.3. IlegItImIdAde de pArte
A ilegitimidade da parte, seja ad causam, seja ad processum, gera nulidade absoluta do 
processo. Seria o exemplo de ação penal promovida contra pessoa menor de 18 anos de ida-
de ou de crime que se processe mediante ação penal privada, cujo início se deu por iniciativa 
do Ministério Público. O processo que assim se iniciar e processar terá seus atos declarados 
nulos, não havendo que se falar em convalidação.
Já quando estamos diante de ilegitimidade do representante da parte, a hipótese é de nu-
lidade relativa, tendo em vista a possibilidade de ratificação dos atos processuais, nos termos 
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do art. 568 do CPP. É a hipótese que já falamos do ofendido menor de 18 anos que outorga 
procuração para advogado, visando a iniciar ação penal de iniciativa privada.
6.4. AusêncIA de denúncIA ou QueIxA, ou de representAção ou 
reQuIsIção
A ausência da denúncia, gera nulidade absoluta. Se a questão disser respeito a falhas da 
denúncia, estaremos diante de nulidade relativa, que deve ser arguida oportunamente, sob 
pena de preclusão. Se a falha for tamanha que impeça o direito de defesa e não apenas o pre-
judique, aí sim a questão diz respeito a uma nulidade absoluta.
De igual modo, não havendo representação ou requisição, nos crimes em que elas são exi-
gidas, a hipótese é de nulidade do processo desde o início, pois nenhum ato poderia ter sido 
praticado sem o preenchimento destas condições de procedibilidade.
6.5. AusêncIA de exAme de corpo de delIto
Nos termos do art. 158 do CPP, quando o crime deixa vestígios, é obrigatória a realização 
do exame de corpo de delito, sob pena de nulidade absoluta. O art. 564, III, b, fala em nulidade 
na hipótese de ausência de exame de corpode delito, e o art. 572 não listou essa hipótese 
dentre aquelas que podem ser sanadas. Por isso, o entendimento é de que a hipótese é de 
nulidade absoluta se era possível a realização do exame direto, ou se a ausência dele não foi 
suprida pelo exame indireto. A anulação se dará a partir do momento em que o laudo deveria 
ter sido juntado aos autos.
Se o exame for feito por número insuficiente de peritos, a hipótese é de nulidade relativa. 
A propósito do tema, a súmula 361 do STF que diz que, no processo penal, é nulo o exame re-
alizado por um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado, anteriormente, na 
diligência de apreensão. Essa súmula hoje deve ser lida com cautela. Isso porque o art. 159 
do CPP passou a exigir a presença de apenas um perito oficial para realização de perícia. No 
entanto, cuidando-se de hipótese de perícia complexa, a autoridade policial ou judiciária pode 
designar mais de um perito oficial. O que importa destacar aqui é que, na falta de perito oficial, 
duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área 
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame, 
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serão nomeadas para a realização do exame pericial, nos termos do art. 159, §1º. É a hipótese 
que sobeja para aplicação do entendimento sumulado. Nesse sentido:
Outrossim, inexiste razão que justifique a concessão da ordem de habeas corpus para 
declarar a ausência de materialidade do crime, fundada na premissa exclusiva de que o laudo 
pericial que atestou a natureza da substância entorpecente foi subscrito por um único perito. 
Isso porque, em primeiro lugar, há precedentes do Supremo Tribunal Federal no sentido de que 
a Súmula 361 (no processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se 
impedido o que tiver funcionando anteriormente na diligência de apreensão) não se aplica a 
peritos oficiais, como ocorre com o Laudo Pericial acostado aos autos [...].[HC 115.530, rel. 
min. Luiz Fux, 1ª T, j. 25-6-2013, DJE 158 de 14-8-2013.]
6.6. AusêncIA de defesA Ao réu e de nomeAção de curAdor
A falta de defesa técnica, no processo penal, realizada por profissional habilitado, qual 
seja advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, conduz à nulidade absoluta! As 
peças defensivas são obrigatórias. Assim, se o réu não constitui advogado para apresentar 
resposta à acusação, deve o juiz tomar as medidas necessárias para nomear defesa técnica 
que pratique tal ato. Não pode o processo prosseguir, por exemplo, sem resposta à acusação. 
O mesmo vale para as alegações finais defensivas. Ainda que se trate de réu revel, é necessá-
rio que tenha defesa técnica constituída e atuante nos autos.
Também na execução, deve ser assegurada defesa técnica ao réu, inclusive para repre-
sentá-lo em procedimento administrativo disciplinar para apurar falta grave. A ausência de 
defesa técnica, nessa hipótese, é causa de nulidade, não se aplicando aqui a Súmula Vincu-
lante n. 5: a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não 
ofende a Constituição.
A falha da defesa, por outro lado, é hipótese de nulidade relativa, só conduzindo à anula-
ção do processo se houver prejuízo para o réu. Nesse sentido, a Súmula 523 do STF: no pro-
cesso penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará 
se houver prejuízo para o réu.
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Quanto à nomeação de curador, apenas persiste a necessidade, no processo penal, quan-
do o réu foi inimputável ou semi-imputável, caso seja determinada a realização de exame de 
insanidade mental, bem como quando o réu for índio não adaptado ao convívio social.
6.7. fAltA de cItAção, AmplA defesA e contrAdItórIo
A falta de citação, de ampla defesa ou de contraditório, conduz à nulidade absoluta. Im-
porta lembrar que o art. 570 do CPP dispõe que a falta ou nulidade da citação, da intimação 
ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-
-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la. A citação por edital feita sem que 
tenham sido esgotados todos os meios para localização do réu é considerada nula. De mais 
a mais, há que se atentar para a Súmula n. 351 do STF, que diz: é nula a citação por edital de 
réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
Essa súmula parte de um primeiro pressuposto: citação por edital só é possível depois de 
esgotados os meios de localização do acusado. Assim, é um absurdo que o juiz determine a 
citação do réu por edital quando ele estiver preso na mesma unidade da federação em que 
o juiz exerce a jurisdição. Se o cidadão está preso no seu Estado, o juiz tem que ter ciência e 
determinar a citação pessoal. A propósito, a citação do réu preso deve ser pessoal e não por 
requisição, sob pena de nulidade.
A súmula foi objeto de questionamento do examinador no concurso para Juiz de Direito 
Substituto do Tribunal de Minas Gerais:
Questão 4 (CONSULPLAN/TJ-MG/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2018) A nulidade decor-
rente da citação, por edital, de réu preso só será verificada se o denunciado estiver custodiado 
no mesmo estado em que atuar o Juiz processante.
Certo.
Em conformidade com o entendimento sumulado.
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Também haverá nulidade se não for oportunizado, no curso do processo, o interrogatório 
do réu. O réu tem o direito de ficar em silêncio, bem como de não comparecer ao ato. Mas 
isso deve partir de vontade dele, após ser cientificado da data designada para essa finalidade, 
salvo se revel, hipótese em que dispensada a intimação. Comparecendo ao ato, o réu tem o 
direito de ser interrogado.
Além disso, questão que se coloca é sobre a necessidade de advertência ao réu quanto 
ao direito que ele tem de permanecer em silêncio. A jurisprudência considera que a omissão 
dessa advertência gera a nulidade do feito, mas é hipótese de nulidade relativa, devendo ser 
arguida no instante do ato processual, sob pena de preclusão. A matéria foi objeto de indaga-
ção em prova de concurso:
Questão 5 (CESPE/TJ-CE/JUIZ SUBSTITUTO/2018) A falta de advertência ao réu sobre o 
direito de permanecer em silêncio durante o interrogatório policial é causa de nulidade pro-
cessual absoluta.4
A lei fala também em concessão de prazos à acusação e à defesa. Ora, as partes têm o 
direito de ter ciência dos atos praticados e sobre eles se manifestarem, o que decorre do con-
traditório. Têm também direito ao prazo previsto em lei para esse fim. Caso o juiz não conceda 
prazo ou o reduza, está clara a nulidade, que deve ser arguida em tempo oportuno, sob pena de 
preclusão.
6.8. nulIdAdes no procedImento do trIbunAl do júrI
As nulidades tratadas nos itens seguintes, dizem respeito ao procedimento do Tribunal do 
Júri. São elas.
6.8.1. Falta de Decisão de Pronúncia, do Libelo e da Entrega de sua Cópia
Haverá nulidade absoluta se o réu for levado a plenário de julgamento no Tribunal do Júri, 
sem que haja decisão de pronúncia ou quando ela for incompleta ou defeituosa. A fundamentação 
4 Errado.
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da pronúncia, conforme art. 413, §1º, limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da 
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dis-
positivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras 
e as causas de aumento de pena. Ultrapassados esses limites, estará viciada a decisão de 
pronúncia.
Quanto à referência ao libelo, há

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