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Parâmetros fermentativos ruminais hora.

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XXVI CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA 
ZOOTEC 2016 
Cinquenta Anos de Zootecnia no Brasil 
Santa Maria - RS, 11 a 13 de maio de 2016 
 
 
 
 
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Parâmetros fermentativos ruminais em ovinos suplementados com óleos funcionais. 
Fermentative ruminal fermentation in sheep supplemented with functional oils 
 
1° Andressa Alaine Michailoff2, 2° Magali Floriano da Silveira3, 3°Bruno Damo4, 4° Lucas Felipe 
Francisco4, 5° Patrícia Romani4, 6° Ana Carolini Barbosa Sordi4, 7° Roberta Farenzena5 e Cassiano Albino 
Lorensetti6 
 
1Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela Capes. 
2Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois 
Vizinhos, Paraná, Brasil. Bolsista da Capes. E-mail: michailoff@zootecnista.com.br 
3Professora Adjunta da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos, Paraná, Brasil. 
4 Graduando em Zootecnia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos, Paraná, Brasil. 
5 Pós-doutoranda da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos, Paraná, Brasil. Bolsista 
Capes/Fundação Araucária. 
6 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 
Dois Vizinhos, Paraná, Brasil, Bolsista Capes. 
 
Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da inclusão de óleos funcionais na dieta de ovinos sobre 
os parâmetros ruminais. O experimento foi realizado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, 
Dois Vizinhos – PR, na UNEPE de metabolismo animal, utilizando quatro ovinos SRD, peso médio de 50 kg, 
portadores de cânula ruminal, confinados em gaiolas de digestibilidade, distribuídos em quadrado latino 4 x 4. 
Os ovinos foram suplementados com 0, 2, 4 e 6g de óleos funcionais na dieta. As coletas de líquido ruminal 
foram realizadas no vigésimo dia cada período, com coletas de 2 em 2 horas, totalizando 24h. Os maiores 
valores de N amoniacal foram encontrados até 8 horas após alimentação com efeito linear crescente. Em 
concentração de açúcares totais e pH, maiores e menores valores foram registrados 2 a 3h e 8 horas 
respectivamente, após fornecimento da alimentação. Com o decorrer das 24 horas, a amônia exibiu efeito linear 
crescente enquanto que pH e açúcares apresentaram resultados quadráticos. 
 
Palavras–chave: açucares totais, concentração de amônia, óleo casca de castanha de caju, óleo de mamona, 
pH, 
 
Abstract: The objective of this study was to evaluate the effect of inclusion of functional oils in the diet of 
sheep on ruminal fermentation. The experiment was conducted at the Federal Technological University of 
Paraná - UTFPR, Dois Vizinhos - PR in animal metabolism UNEPE using four sheep SRD, average weight of 
50 kg, rumen cannula carriers confined in digestibility cages distributed in Latin square 4 x 4. 
The sheep were supplemented with 0, 2, 4 and 6g of dietary functional oils. The samples of rumen fluid were 
performed on the twentieth day each period, with collections of 2 in 2 hours, totaling 24 hours. The largest 
ammonia N values were found up to 8 hours of power with increasing linear effect. In total sugar content and 
pH, the highest and lowest values were recorded 2 to 3 hours and 8 hours, respectively, after supplying the 
power . In the course of 24 hours, the ammonia exhibited a linear increase while pH and sugars showed a 
quadratic results. 
 
Keywords: ammonia concentration, castor oil, peel oil cashew nut, pH, total sugars 
Introdução 
A alimentação animal é um dos principais fatores que determinam os custos de produção, sobretudo 
em sistemas intensivos de criação. Objetivando o aumento lucrativo da produção, é essencial que haja redução 
de custos e ou, uma melhora na eficiência alimentar com redução nas perdas de energia através da melhoria da 
digestibilidade da dieta e manipulação da fermentação ruminal. Para esse efeito, a inclusão de aditivos 
alimentares destaca-se pela otimização nas reações de fermentação. 
Os ionóforos foram os aditivos alimentares mais utilizados na manipulação da fermentação ruminal, 
porém devido à proibição do uso pela União Européia em 2006, intensificou-se a busca por aditivos alternativos 
que pudessem substitui-los. De acordo com Calsamiglia et al (2007), alguns óleos essenciais possuem este 
potencial, pois atuam de modo seletivo sobre as populações microbianas do rúmen. Se destacam ainda, por 
apresentarem propriedades antimicrobianas, antifúngicas e antioxidantes. Entretanto grande parte dos estudos 
sobre a utilização destes compostos foram realizados in vitro, excluindo assim a grande influência que o 
 
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ambiente e as condições reais exercem. Com isso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da inclusão de 
óleo de Casca de castanha de caju e óleo de mamona, sobre os parâmetros de fermentação ruminal em ovinos. 
 
Material e Métodos 
O experimento foi conduzido na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) em Dois 
Vizinhos - PR, durante o período de 80 dias. Foram utilizados quatro ovinos machos, castrados, fistulados, sem 
raça definida, e com peso médio inicial de 50 kg, distribuídos em quadrado latino (4x4), com quatro tratamentos 
(níveis de inclusão), em quatro períodos experimentais. Os animais foram alojados em gaiolas metabólicas, 
com comedouros e bebedouros individuais, e acesso livre a água. A dieta, com relação de volumoso : 
concentrado de 50:50, foi constituída de feno de tifton 85 picado (5 a 10cm) acrescido de concentrado a base 
de farelo de soja, farelo de trigo e milho moído com 93,02% de matéria seca, 17,82% de proteína bruta, 1,41% 
de extrato etéreo e 59,05% de fibra em detergente neutro. O fornecimento foi ad libitium com base em 3,5% 
do peso vivo (PV). A inclusão dos óleos funcionais (Ricinus communis e Anacardium occidentale) na dieta foi 
de zero, 2, 4 e 6 g/dia fracionados entre as duas refeições diárias e fornecidos em uma pré-mistura com o 
concentrado. Cada período experimental teve durabilidade de 20 dias, sendo 15 para adaptação e cinco para 
coletas. Durante o 20º dia de cada período de coleta, amostras de líquido ruminal foram coletadas manualmente 
via cânula ruminal para determinação de pH, concentração de N amoniacal, e teor de açúcares totais. Trinta 
mililitros de líquido ruminal foram coletados a cada 2 horas ao longo de um período de 24h. Após a coleta e 
filtragem, o pH foi aferido com auxílio de pHmetro digital (Technos). A determinação de N amoniacal foi 
realizada por meio de método colorimétrico através de técnica descrita por Weatherburn (1967). O mesmo 
procedimento foi adotado para análise do teor de açúcares totais, determinado pelo método fenol-sulfúrico 
descrito por Dubois et al., (1956). Os dados foram avaliados por meio de análises de variância e teste f a 5% 
de significância e adicionalmente foi realizada análise de regressão. 
 
Resultados e Discussão 
 Os valores de N-NH3 ruminal nas diferentes horas ao longo do dia são mostrados na Figura 1. O efeito 
do tempo foi significativo (P>0,05). As equações de regressão mostram um aumento linear nas concentrações 
de N-NH3 ruminal com o decorrer das horas durante o dia. Os maiores valores encontrados foram registrados 
até 8 horas após alimentação, com valores obtidos de 21,84, 22,50, 17,66 e 23,13 mg/dL em suplementação de 
zero, 2, 4 e 6 gramas por dia. Van Soest (1993) descreve que o valor ótimo para a concentração de nitrogênio 
amoniacal no rúmen para máximo crescimento microbiano é de 7mg/100mL. Altos valores de concentração de 
amônia indicamque a proteína dietética degradada no rúmen pode estar em excesso e/ou que haja uma baixa 
concentração de carboidratos degradados no rúmen (RIBEIRO et al., 2001). Desta forma, a amônia somente 
será utilizada, eficientemente, quando a taxa de digestão da proteína for similar à dos carboidratos. 
 
Figura 1 - Concentração de N-amoniacal (mg/dL), e ph do fluido ruminal ao longo de 24h com níveis de OF 
=0g/dia, OF2= 2g/dia, OF4 = 4g/dia e OF6 = 6 gramas de óleos funcionais na dieta de ovinos 
 
 Os valores do pH ruminal apresentaram efeito quadrático, podendo ser observado através da equação, 
onde Y = valor de pH e x = tempo em horas, havendo um aumento nas duas horas após arraçoamento, seguindo 
de decréscimo por pelo menos 6 horas, conforme ilustra a figura 1. A diminuição do pH normalmente ocorre 
após a ingestão rápida de alimento, ocasionada pela rápida taxa de fermentação, e este fator está diretamente 
relacionado com o tempo após a alimentação, pois quando o pH é mais baixo, situa-se em 0,5 a 4 horas, 
refletindo no balanço entre as taxas de produção de ácidos graxos voláteis, influxo de tampões ou bases do 
alimento. Van Soest (1994), elucida que a fermentação de amido e açúcares diminui o pH ruminal, por produzir 
 
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maior quantidade de AGVs, principalmente propionato pela via do ácido láctico, que pode se acumular no 
rúmen, reduzindo a digestão da fibra. 
 O maior e menor valor de pH encontrado, foi em 3 e 8 horas após a alimentação com valores médios 
respectivos de 6,37 e 5,91. De acordo com Church (1993), as variações no pH ruminal ocorridas durante o dia, 
são reflexos das atividades metabólicas do rúmen e estas variações são consideradas resultantes de mudanças 
nas concentração de ácidos graxos voláteis, na quantidade de saliva produzida e na velocidade de absorção 
dos produtos finais da fermentação. Desta forma, a degradação da proteína pode ser afetada devido às alterações 
do pH e consequente alterações na atividade microbiana. 
 A concentração de açúcares variou significativamente (P > 0,05) ao longo das horas, aumentando nas 
primeiras horas após a refeição e, a seguir, retornando novamente aos valores pré-alimentares (efeito 
quadrático, P < 0,05) (Figura 2). Isso ocorreu por que o teor de açúcares no fluído ruminal está associado à 
disponibilidade ruminal de carboidratos não estruturais, como o amido, cuja taxa e extensão da degradação são 
mais altas que os carboidratos presentes na fibra. 
 
Figura 2 - Concentração de açúcares totais (mg/dL) no fluido ruminal ao longo de 24h com níveis de OF 
=0g/dia, OF2= 2g/dia, OF4 = 4g/dia e OF6 = 6 gramas de óleos funcionais na dieta de ovinos 
 
Conclusões 
Os valores de N amoniacal foram crescentes ao longo do dia, devido a fermentação ruminal e 
consequente liberação de acetato : propionato. Os valores de pH e açúcares totais apresentaram valores 
máximos em até duas horas após alimentação e em até 8 horas depois do arraçoamento houve diminuição aos 
valores pré-alimentares, evidenciando efeito quadrático. 
 
Agradecimentos 
À Natupremix por todo o auxílio e fornecimento dos óleos funcionais. 
 
Literatura citada 
CASALMIGLIA, S.; BUSQUET, M.; CARDOZO, P.W.; CASTILEJOS, L.; FERRET, A. 2007. Invited review: 
essencial oils as modifiers of rumen microbial fermentation. Journal of dairy Science, Champaign, v. 90, p.2580-
2595. 
CHURCH, D.C. 1993. El rumiante: fisiologia digestiva y nutricion. Metabolismo de la proteína en lo ruminantes. 
Zaragoza: ACRIBIA, p.255-258. 
DUBOIS, M.; GILLES,K.A.; HAMILTON,J.K.; P.A; SMITH, F. 1956. Colorimetric method for determination of 
sugars and related substances. Analytical Chemistry, v. 28, p. 350-356. 
RIBEIRO, K.G., GARCIA, R., PEREIRA, O.G. et al. 2001. Consumo e digestibilidade aparente total e parcial, de 
nutrientes, em bovinos recebendo rações contendo feno de capim-tifton 85 de diferentes idades de rebrota. Rev. bras. 
zootec., v. 30, p.533-540. 
VAN SOEST, P. J. 1994. Nutritional Ecology of the Ruminant. 2.ed. New York: Cornell University Press, 476 p. 
WEATHERBURN, M.W. 1967. Phenol-hypochlorite reaction for determination of ammonia. Anal. Chem., v.39, 
p.971-974.

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