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Formação humanística

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Formação humanística/Formação humanística – Itens cobrados nos concursos.docx
. NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
a) SOCIOLOGIA DO DIREITO 
1 – Introdução à sociologia da administração judiciária segundo Boaventura de Souza Santos. 
2 – Aspectos gerenciais da atividade judiciária – Gestão estratégica e gestão de pessoas. Liderança e motivação. 
3 – Relações sociais básicas e relações jurídicas elementares. Controle social e Direito. Transformações sociais e Direito. 
4 - Comunicação Social e a opinião pública – as novas mídias e as novas maneiras de produzir comunicação. A questão da comunicação institucional. 
5 – Os mecanismos de resolução dos conflitos sociais. 
b) PSICOLOGIA JUDICIÁRIA 
1 – Relacionamento do magistrado com o advogado, partes e servidores. 
2 – Problemas atuais da psicologia com reflexos no direito: assédio moral e assédio sexual. 
3 – O Juiz e a emoção: aspectos da lógica da decisão judicial segundo Lídia Reis de Almeida Prado. 
4 – Teoria do Conflito: conflito e cultura – diferenças. Expressão do sentimento e reações das partes em conflito. Os efeitos da palavra: a linguagem verbal, corporal e a linguagem real. Informação e transparência - efeitos. 
5 – Teoria da Mediação e Conciliação. Mediação transformativa e mediação conciliatória. O papel do mediador e do conciliador. Identificação de interesses. Equilíbrio de poder. Relação com as partes e advogados. 
6 – O processo psicológico e a obtenção da verdade judicial. Psicologia do testemunho. 
c) ÉTICA E ESTATUTO JURÍDICO DA MAGISTRATURA NACIONAL 
1 – Regime jurídico da magistratura nacional: carreiras, ingresso, promoções, remoções. 
2 – Direitos e deveres funcionais da magistratura. 
3 – Código de Ética da Magistratura Nacional. 
4 – Sistemas de controle interno do Poder Judiciário: Corregedorias, Ouvidorias, Conselhos Superiores e Conselho Nacional de Justiça. 
5 – Responsabilidade administrativa, civil e criminal dos magistrados. 
d) FILOSOFIA DO DIREITO 
1 – O conceito de Justiça segundo o jusnaturalismo e o positivismo. Divergências sobre o conteúdo do conceito. 
2 – O conceito de Direito segundo Hans Kelsen, segundo Miguel Reale e segundo o Realismo 
Jurídico de Alf Ross. 
3 – A evolução do conceito de equidade. Equidade e os mecanismos de resolução de conflitos. 
4 – A interpretação do Direito. A superação dos métodos de interpretação mediante puro raciocínio lógico-dedutivo. O método de interpretação pela lógica do razoável de Recaséns Siches. 
5 – Interpretação, aplicação e integração da norma jurídica na concepção unitarista. O concretismo interpretativo como método indutivo. 
e) TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA
1 – Direito objetivo e direito subjetivo.
2 – Fontes do Direito objetivo - problemas e espécies. Critérios de hierarquia. Os interesses e direitos dos grupos e das pessoas. A relevância da autonomia privada dos particulares. As relações entre os ordenamentos. 
3 – Princípios Gerais de Direito e a Constituição Federal de 1988. 
4 – Jurisprudência – conceito, importância como fonte. Súmula vinculante e segurança jurídica. 
5 – Eficácia da lei no tempo. Conflito de normas jurídicas no tempo e o Direito brasileiro: Direito Penal, Direito Civil, Direito Constitucional e Direito do Trabalho. 
6 – O conceito de Política. O poder político dos Juízes. O judiciário na organização do Estado. 
7 – Ideologias sindicais – a influência dos partidos políticos. 
8 – A declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU).
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Formação humanística/Formação humanística – Ponto 02 – Resumo 01.doc
		PONTO 9G
		Teoria Geral Do Direito
Fontes do Direito objetivo – problemas e espécies. Critérios de hierarquia
Orlando Gomes. Introdução ao Direito Civil. 20ª Edição. Pág. 31
		MAGISTRATURA DO TRABALHO - FORMAÇÃO HUMANÍSTICA E TEMAS FUNDAMENTAIS DO DIREITO - 
		JOSÉ ANTÔNIO RIBEIRO DE OLIVEIRA SILVA, FÁBIO NATALI COSTA E AMANDA BARBOSA.
FONTES DO DIREITO OBJETIVO
Generalidades
Fontes jurídicas são o manancial de onde provém o Direito (fonte: nascente de água).
Classificação
Fontes históricas, materiais e formais
Fontes históricas: indicam a gênese das modernas instituições jurídicas, ou seja, a época, o local e as razões que determinaram a sua formação; em suma, envolvem o trabalho legislativo na edição da regra jurídica, bem como o estudo dos institutos, desde o Direito antigo até os dias atuais.
Fontes materiais: são os fatos sociais que são origem à norma jurídica, investigando-se, outrossim, a eficácia da norma, vale dizer, se a regra posta de fato regula os casos por ela identificados, ou se não passa de abstração, sem qualquer concretude.
Fontes formais: são a fonte imediata da norma jurídica, de onde vem a concepção do Direito posto; são as formas de expressão de direito positivo.
Fontes diretas e indiretas
Fontes diretas: segundo Paulo Nader, são as fontes formais, a lei como fonte principal e o costume como fonte complementar, admitindo-se como tais ainda os atos ou negócios jurídicos denominados ‘atos-regras’.
Fontes indiretas: não criam a norma, apenas fornecem subsídios para o encontro desta, a exemplo da doutrina e da jurisprudência. 
Caio Mário não admite a jurisprudência como fontes jurídicas. Classifica-as em principais e acessórias, sendo a lei a fonte principal e a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito, fontes acessórias.
Washington de Barros Monteiro classifica as fontes em diretas ou imediatas (a lei e o costume) e indiretas ou mediatas (jurisprudência e doutrina). Todavia, conforme entendimento majoritário, a doutrina não é fonte de direito, pois não o cria. A jurisprudência é sim fonte de direito, pelo menos no âmbito do direito do trabalho, tal como se observa de súmulas e OJs do TST (v.g. súmula n. 372 do TST).
A lei, os costumes e os atos-regras ou negociais
A lei é ponto de partida para a compreensão do direito. Atende ao pressuposto de objetividade, ou de segurança jurídica, por ser um comando genérico e abstrato, emanado do Poder competente e dotado de sanção.
O costume é derivado do comportamento reiterado e uniforme de uma sociedade. Consiste, portanto, na prática de uma determinada forma de conduta, repetida de maneira uniforme e constante pelos membros da comunidade. Exige-se a concorrência de dois elementos para a caracterização do costume jurídico, o elemento objetivo e o elemento subjetivo. O elemento objetivo ou material do costume corresponde à prática, inveterada e universal, de uma determinada forma de conduta. O elemento subjetivo ou espiritual consiste no consenso, na convicção da necessidade social daquela prática.
Os atos-regras, especialmente no direito do trabalho, constituem verdadeira fonte do direito, criadores de regras concretas, atendendo-se ao princípio da autonomia da vontade.
Jurisprudência, analogia, princípios gerais do direito, equidade e direito comparado
A jurisprudência é fonte de direito do trabalho prevista expressamente no art. 8º da CLT. Nesse sentido, a súmula vinculante constitui expressão constitucional da jurisprudência enquanto fonte do direito.
A analogia é processo mental por meio do qual se aplica a um caso não previsto na legislação norma que regula situação semelhante. É “forma típica de raciocínio jurídico pelo qual se estende a facti species de uma norma a situações semelhantes para as quais, em principio não havia sido estabelecida"�. A maioria dos doutrinadores não considera a analogia fonte de direito, mas mecanismo de integração para suprir as lacunas do ordenamento jurídico.
Os princípios gerais do direito “são postulados que se encontram implícita ou explicitamente no
sistema jurídico, contendo um conjunto de regras. Maria Helena Diniz assim explica os princípios gerais do direito: ‘quando a analogia e o costume falham no preenchimento da lacuna, o magistrado supre a deficiência da ordem jurídica, adotando princípios gerais do direito, que, às vezes, são cânones que não foram ditados, explicitamente, pelo elaborador da norma, mas que estão contidos de forma imanente no ordenamento jurídico’. Entende-se, então, que os princípios gerais de direito são a última salvaguarda do intérprete, pois este precisa se socorrer deles para integrar o fato ao sistema”�.
A equidade consiste na justiça do caso concreto, ou em sua versão contemporânea, como a lógica do razoável. Assim, utilizando-se da equidade, o julgador se desapega à norma e julga de acordo com a sua razão, com a sua consciência, com aquilo que ele entende ser justo, observando a lógica do razoável. Em nosso ordenamento jurídico, a LICC apenas admite a sua utilização quando expressamente autorizada em lei.
Por fim, o direito comparado, que consiste exatamente em comparar as regras do sistema nacional com as regras do sistema jurídico estrangeiro, para a busca de uma solução mais satisfatória em determinado caso. Na hipótese de se aplicar a norma alienígena se estará criando uma nova norma no âmbito do sistema nacional.
Considerações críticas
De se registrar que não há consenso na classificação das fontes do direito, em especial as fontes formais do Direito. Para Orlando Gomes, por exemplo, as fontes formais como forma de expressão do Direito Positivo seriam apenas a lei e o costume. Em todo caso, quando consideramos a noção mais ampla de fontes do direito, em especial a noção de fontes do direito positivo trabalhista, a exemplo do já referido acerca da jurisprudência, esta deixa de lado a função meramente colaboradora de que falava a doutrina tradicional, mormente, como já dito, com a integração ao ordenamento jurídico brasileiro das súmulas vinculantes.
Hierarquia das fontes
Para Kelsen, há hierarquia das fontes, sendo ele o mentor da “pirâmide normativa”, em cujo ápice se encontra a Constituição (Norma Fundamental), abaixo dela a lei e os costumes e, num degrau abaixo o decreto. Quanto ao fundamento de validade do sistema normativo, Kelsen disse que há um escalonamento, sendo a norma fundamental que constitui a unidade de uma pluralidade de normas enquanto representa o fundamento de validade de todas as normas pertencentes a essa ordem normativa. Ele denommina sistema estático aquele em que o fundamento de validade das normas é deduzido de uma norma pressuposta, a norma fundamental. Haveria, pois, uma ‘estrutura escalonada da ordem jurídica’.
Em que pese ser o austríaco Kelsen responsável por estudo de referência quanto ao escalonamento de normas de um sistema jurídico, de se registrar que “as normas que constituem um sistema jurídico (...) ordenam-se segundo certos níveis de hierarquia, de modo que, ante o conflito entre a aplicação de uma ou de outra norma, deve ser aplicada aquela que está em plano hierárquico superior. Porém, a hierarquia das fontes jurídicas - no sentido de fontes com força coativa própria- não é algo uniforme, pois varia de sistema para sistema, de modo que deve ser examinada dentro do contexto de cada um. Outrossim, não se pode estabelecer, ‘a priori’, qual ou quais das diversas fontes do Direito são admitidas em cada sistema jurídico em particular, devendo a resposta para essa questão ser buscada mediante a aplicação de técnica específica. Em outras palavras, não existe uma escala hierárquica taxativa, que se aplique indistintamente para qualquer sistema jurídico. Para estabelecer a escala hierárquica num sistema jurídico, devemos primeiro considerá-lo isoladamente, em seguida verificar quais são as formas de criar Direito que são usualmente obedecidas nesse sistema e depois partir para a última etapa, que é a de saber quais são as normas que têm preferência sobre outras e qual a razão dessa preferência. Para averiguar por que umas normas têm preferência sobre outras, podemos nos socorrer dos critérios vigentes para identificação das normas pertencentes a um sistema e para definição da base desse sistema”�. 
No caso brasileiro, a Constituição é a norma superior, que prevalece sobre as demais (lei complementar, lei ordinária etc.). Quanto às fontes supletivas (ou acessórias) do direito (analogia, costumes, princípios gerais, equidade e outros), embora parte da doutrina entenda que nas lacunas da lei primeiro se deva recorrer à analogia, depois aos costumes e, posteriormente, aos princípios gerais do direito, a doutrina contemporânea mais abalizada a apontada hierarquia, mormente em razão da função normativa dos princípios, os quais em certos casos vêem sendo interpretados (sobretudo os constitucionais) com força normativa, podendo em tais casos se colocarem acima da própria lei. Bem verdade que o fundamento da superposição é, em tais casos, a base constitucional do princípio que, ao fim e ao cabo, permanece, em princípio, no ápice do sistema jurídico brasileiro.
Na temática, de se destacar a situação particular do direito do trabalho, no qual não se vislumbra hierarquia estática de fontes jurídicas e, nas palavras de Amauri Mascaro Nascimento, sim uma ‘hierarquia dinâmica das normas’, alicerçada no princípio da proteção, consistente na aplicação prioritária de uma norma fundamental que sempre será a mais favorável ao trabalhador, salvo disposições estatais imperativas de ordem pública. É, pois, a hierarquia dinâmica regida com base no principio da norma mais favorável ao trabalhador, sendo esta a norma que sempre ocupará o ápice da pirâmide.
A LEI COMO FONTE DO DIREITO
Características. A lei, enquanto comando genérico e abstrato, emanado do poder competente e dotado de sanção e coercibilidade, detém as seguintes características: generalidade, abstratividade e coercibilidade.
O processo legislativo (artigos 59 e seguintes da CF-88). A validade da lei depende da observância do processo legislativo que compreende a iniciativa ou propositura, a discussão, a votação ou deliberação, a aprovação e, por fim, a sanção (expressa ou tácita), a promulgação e a publicação da lei (art. 1º da LICC). No momento da sanção, em caso de discordância do chefe do Poder Executivo, em lugar de sanção ocorrerá o veto, que deve ser motivado e pode ser jurídico (fundado em inconstitucionalidade) ou político (fundado na contrariedade ao interesse público).
Validade, vigência, eficácia, efetividade e legitimidade. “A validade da norma jurídica pode ser vista como o vínculo estabelecido entre a proposição jurídica, considerada na sua totalidade lógico-sintática e o sistema de Direito posto, de modo que ela é válida se pertencer ao sistema, mas para pertencer a tal sistema dois aspectos devem ser observados: a adequação aos processos anteriormente estabelecidos para a criação da proposição jurídica (exceto no caso da recepção pela Constituição) e a competência constitucional do órgão criador. A corrente magistral do positivismo analítico, muito bem defendida pelo italiano Norberto Bobbio, ilustra que a validade de uma norma prescinde do fato da mesma ser ou não efetivamente aplicada na sociedade, vez que na definição de um Direito posto pelo Estado, atualmente tido como legítimo, não se induz o elemento eficácia. A validade não se confunde com a vigência, posto que pode haver uma norma jurídica válida sem que esteja vigente, isso ocorre claramente quando se vislumbra a vacatio legis ou quando o dispositivo legal é revogado, embora continue vinculante para os casos pretéritos. A vigência representa a característica de obrigatoriedade da observância de uma determinada norma, ou seja, é uma qualidade da norma que permite a sua incidência no meio social. A Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro trata da vigência da lei, estabelecendo de forma pragmática os critérios que determinam o início da vigência. Afirma
que, salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o território nacional quarenta e cinco dias após a sua publicação. Observe-se que, nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. A maioria das leis, porém, traz em seu texto a data em que passará a viger. Em geral, o início da sua vigência coincide com a data da sua publicação. Por vezes, faz-se necessária a concessão de um período de adaptação, para que os destinatários da nova disposição legal possam conhecer e compreender o que fora disciplinado. A norma jurídica perde a vigência quando outra a modifica ou a revoga, salvo nos casos em que a norma se destina à vigência temporária, estipulada no próprio texto legal ou em uma norma de hierarquia superior. A conceituação da eficácia da norma jurídica é o aspecto mais importante e difícil, posto que, enquanto alguns afirmam que vigência e eficácia se confundem (positivistas), há outros que alegam inexistir diferença entre validade e eficácia (realistas). A maioria distingue os três institutos e alguns, como o professor Paulo de Barros Carvalho, subdividem a eficácia em: a) técnica; b) jurídica; e c) social. Destarte, A eficácia de uma norma jurídica é a sua idoneidade para provocar, através da sotoposição de um fato aos fatos jurídicos descritos pela citada norma, as reações prescritas no seu conseqüente ou no ordenamento jurídico. A eficácia deriva diretamente dos efeitos da imputação normativa, partindo-se logicamente de uma relação de ‘dever-ser’”�. A doutrina faz distinção entre eficácia formal e eficácia material. A formal diz respeito à aptidão da lei para criar direitos e obrigações. Se a lei é válida e está em vigor, em princípio, ela obriga. A eficácia material diz respeito a se de fato a lei produz efeitos no meio social, significando a eficácia da lei na sociedade que a cumpre (efetividade da lei). Por fim a legitimidade, que diz respeito ao plano da justiça da lei. Se não produz os efeitos sociais almejados. De se registrar que para os positivistas é suficiente o plano da validade (vigência e eficácia formal).
Princípios da (1) obrigatoriedade e da (2) continuidade da lei. (1) LICC, Art. 3o – Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Embora, de se destacar no particular que o CC (art. 139, III) reconheça a possibilidade do ‘erro de direito’, desde que (em sintonia ao dispositivo da LICC transcrito) o erro não implique recusa manifesta à aplicação da lei e tal erro tenha sido o motivo único ou principal do negócio jurídico; (2) LICC, Art. 2o – Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Registro que no Brasil não se admite o fenômeno da ‘dessuetude’, ou seja, não há revogação pelo desuso da lei.
Cessação da eficácia da lei. A retirada da eficácia pode ocorrer por decurso do tempo (lei temporária, v.g. lei orçamentária), pela declaração de inconstitucionalidade e por revogação. A revogação pode ser por ab-rogação (revogação total da lei) ou por derrogação(revogação parcial da lei). Pode ser ainda expressa ou tácita. Não há em nosso ordenamento também a repristinação, conforme se depreende do §3º do art. 2º da LICC. LICC, Art. 2o – Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
Antinomia jurídica – critérios: cronológico, da especialidade e hierárquico. Antinomia jurídica é um antagonismo entre dispositivos legais, ou seja, uma contradição, um conflito entre normas do próprio sistema. Existem 3 critérios para solução de antinomia (de 1º grau): cronológico (Lex posterior derogat priori); especialidade (Lex especialis derogat generalis); hierárquico (Lex superior derogat inferiori). Norberto Bobbio entende que somente surgiria a antinomia havendo conflitos entre os referidos critérios (hierárquico e cronológico, especialidade e cronológico, hierárquico e especialidade), ou seja, antinomia de 2º grau, para cuja solução o autor cita metacritérios: para antinomia entre norma anterior-superior e norma posterior-inferior, a regra Lex posteriori inferiori non derogat priori superiori; para antinomia entre norma anterior-especiale norma posterior-geral, a regra Lex posteriori generalis inferiori non derogat priori speciali; para antinomia entre norma superior-geral e norma inferior-especial, não há metacritério, pois dever-se-ia aplicar o critério hierárquico, embora, na prática, a aplicação dos princípios gerais constitucionais pode levar à prevalência da lei especial, ainda que ordinária, por ser mais específica que a norma constitucional.
Repristinação e recepção. A repristinação é a restauração da lei revogadora, por ter a lei revogadora perdida a vigência. Tal hipótese é admitida pelo ordenamento pátrio, desde que expressa (art. 3º LICC). A recepção é o fenômeno relacionado à acolhida da normativa infraconstitucional anterior pela nova Constitucional.
Eficácia da lei no tempo. A lei nova, embora tenha efeito imediato, deve respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. O ato jurídico perfeito é aquele cujos efeitos já foram consumados sob a égide da lei anterior. É adquirido o direito que é conseqüência de um fato idôneo a produzi-lo em virtude da lei vigente ao tempo em que efetuou, embora a ocasião de fazê-lo valer não se tenha apresentado antes da atuação da nova lei e que, sob império da lei então vigente, integrou-se ao patrimônio do seu titular. Quanto à coisa julgada, trata-se de questão de natureza processual, resultando na imutabilidade dos efeitos substanciais dessa sentença.
Efeitos da nova lei. Direito Penal, Constitucional, Civil e Direito do Trabalho. No Direito Penal vige o princípio da retroatividade benigna da lei. As normas constitucionais têm vigência imediata, sobretudo em matéria de direitos fundamentais. No Direito Civil, em regra, aplica-se a regra tempus regit actum. No Direito do Trabalho, aplica-se a norma vigente ao tempo da constituição do direito, sendo que a norma posterior mais favorável terá aplicação imediata para os direitos que forem adquiridos durante sua vigência.
Eficácia da lei no espaço. A lei brasileira pode ser aplicada em outro país e vice-versa (extraterritorialidade da lei). A LICC adotou a teoria do domícilio para solucionar pendências relativas a tal fenômeno (arts. 7º e 10). No Direito do Trabalho, tradicionalmente, aplicava-se o critério da territorialidade (ou lex loci executionis), salvo os casos regulados pela Lei 7064/82 e Decreto-Lei 691/69. Contudo, por força da Lei nº 11962/09, o critério da territorialidade deixa de ser aplicado às transferências de trabalhadores que prestam serviços no exterior. Tais contratos passam a se submeter à legislação brasileira, naquilo que não for incompatível com a Lei 7064/82, quando mais favorável do que a legislação territorial estrangeira, observado o conjunto de normas em relação a cada matéria.
AS LACUNAS DO DIREITO
Em síntese, lacuna é a incompletude do sistema jurídico que não consegue prever regras – na lei ou no costume – para todos os fatos sociais.
Integração normativa – a concepção unitarista de Kelsen
A idéia da completude do Direito tem como fundamento a teoria da supremacia da lei escrita, pois a lei seria perfeita e resolveria todos os problemas sociais. Nessa esteira, Hans Kelsen (criador do normativismo) e Savigny (criador do historicismo) defendem o postulado da plenitude, não admitindo a existência de lacunas no sistema jurídico.
Contudo, segundo Paulo Nader, as lacunas são imanentes às codificações.
Surge, pois, a necessidade da integração normativa, mormente face à proibição do non liquet (art. 126 do CPC), pela qual os juízes não podem se escudar em lacuna ou obscuridade da lei para se eximirem de julgar, devendo recorrer aos costumes, à analogia e aos princípios gerais de direito.
Espécies de lacunas 
São três as principais espécies de lacunas: a) normativa, quando se tiver ausência de norma sobre determinado caso; b) ontológica, se houver norma, mas ela não corresponder aos fatos sociais, quando, por exemplo, o grande desenvolvimento das relações sociais, o progresso técnico acarretarem o ancilosamento da norma positiva; c) axiológica, no caso de ausência de norma justa, ou seja, quando existe preceito normativo, mas, se for aplicado, sua solução será insatisfatória ou injusta.
Luciano Athayde e Mauro Schiavi propõem que na investigação das lacunas do direito processual civil não se tenha em vista apenas as lacunas primárias (normativas), mas também as secundárias (axiológicas e ontológicas). Luciano Athayde, inclusive, cita como exemplos a aplicação do art. 544, §1º, do CPC e dos arts. 333 e 475-J do CPC.
Registro, por oportuno, que o C. TST não tem admitido a aplicação do art. 475-J do CPC no âmbito do processo do trabalho:
1. O art. 475-J do CPC dispõe que o não pagamento pelo devedor - em 15 dias - de quantia certa ou já fixada em liquidação a que tenha sido condenado gera a aplicação de multa de 10% sobre o valor da condenação e, a pedido do credor, posterior execução forçada com penhora.
2. A referida inovação do Processo Civil, introduzida pela Lei 11.232/05, não se aplica ao Processo do Trabalho, já que tem regramento próprio (arts. 880 e ss. da CLT), e a nova sistemática do Processo Comum não é compatível com aquela existente no Processo do Trabalho, no qual o prazo de pagamento ou penhora é de apenas 48 horas. Assim, inexiste omissão justificadora da aplicação subsidiária do Processo Civil, nos termos do art. 769 da CLT, não havendo como pinçar do dispositivo apenas a multa, aplicando, no mais, a sistemática processual trabalhista.
3. Cumpre destacar que, nos termos do art. 889 da CLT, a norma subsidiária para a execução trabalhista é a Lei 6.830/80 (Lei da Execução Fiscal), pois os créditos trabalhistas e fiscais têm a mesma natureza de créditos privilegiados em relação aos demais créditos. Somente na ausência de norma específica nos dois diplomas anteriores, o Processo Civil passa a ser fonte informadora da execução trabalhista, naqueles procedimentos compatíveis com o Processo do Trabalho (art. 769 da CLT).
4. Nesse contexto, merece reforma o acórdão recorrido, para que seja excluída da condenação a aplicação do disposto no art. 475-J do CPC.
Recurso de revista parcialmente conhecido e provido. ( RR - 117900-64.2007.5.09.0072 , Relator Ministro: Ives Gandra Martins Filho, Data de Julgamento: 24/06/2009, 7ª Turma, Data de Publicação: 26/06/2009) Nos termos da jurisprudência dominante desta Corte Superior, não é aplicável ao processo do trabalho a multa prevista no art. 475-J do CPC, que se refere ao cumprimento da sentença civil, haja vista a incompatibilidade com as disposições dos arts. 769 e 889 da CLT. Dessa orientação divergiu o acórdão recorrido, em afronta ao art. 5º, LIV e LV, da Constituição da República. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 177400-95.2007.5.08.0005 , Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 13/10/2010, 1ª Turma, Data de Publicação: 22/10/2010)
Banca Examinadora TRT/RJ
José Geraldo entende compatível com a execução trabalhista o art. 475-J do CPC, nos seguintes termos:
“O art.475-J do CPC2 é aplicável ao processo do trabalho porque procura estimular o pagamento voluntário da obrigação contida na sentença e desestimular a mora do devedor, encurtando o tempo de razoável duração do processo, uma garantia constitucional.Os que a isso se opõem argumentam que (1º) a legislação processual civil comum e a extravagante somente se aplicam ao processo do trabalho na omissão da CLT, e desde que não seja com ela incompatível, e a CLT não seria omissa nem o art.475-J é compatível com a celeridade que o processo do trabalho exige, (2º) o processo de execução trabalhista é regido pela L.nº 6.830/803, que não prevê multa por não cumprimento voluntário da sentença e (3º) sua aplicação criaria situações jurídicas intransponíveis no processo do trabalho. O art.769 da CLT diz que, nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com suas normas. O processo judiciário na CLT é tratado em 5 capítulos e 119 artigos4 e é completamente omisso sobre cumprimento de sentença. O art.882 da CLT diz que o executado que não pagar a quantia reclamada poderá garantir a execução nomeando bens ou depositando a quantia reclamada, atualizada e acrescida das despesas processuais. O art.475-J funciona como desestimulador da mora pratronal e garantia do direito constitucional à razoável duração do processo, um dos desdobramentos do devido processo legal. O único argumento que tenho ouvido a favor dessa aparente incompatibilidade se refere ao prazo do devedor para pagar ou discutir a execução. O art.475-J do CPC diz que se o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o fizer em quinze dias, sofrerá multa de 10%. Em tese, essa regra seria menos benéfica para o empregado e, portanto, incompatível com o art.880 da CLT. O art.880 da CLT diz que, requerida a execução, o juiz mandará citar o réu para que pague em 48h, ou garanta a execução, sob pena de penhora. Ou seja: enquanto o art.880 da CLT fala em 48h, o art.475-J do CPC fala em 15 dias. Por esse argumento, o prazo de 15 dias seria pior para o empregado. O art.880 da CLT dá ao executado prazo de 48h para garantir o juízo, pelo depósito ou pela penhora, para poder discutir a execução. Não é prazo de pagamento da obrigação contida na sentença. O art.475-J do CPC diz que o devedor condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação deve efetuar o pagamento em quinze dias, sob pena de sofrer acréscimo de 10%. Há uma diferença fundamental: o prazo exíguo de 48h de que trata a CLT é para garantia de uma execução que pode ser atacada por embargos do devedor, por embargos de declaração, por agravo de petição e, se for o caso, por agravo de instrumento, e que pode se eternizar por anos. O prazo do art.475-J é para o devedor de quantia certa pagar a dívida, solver a obrigação constante de sentença condenatória e por fim ao processo. O benefício direto do empregado é muito maior em aguardar o cumprimento voluntário da sentença, em 15 dias, com a possibilidade de acréscimo de 10% nos valores líquidos apurados, que aguardar uma execução longa e tormentosa, nem sempre bem sucedida pelo rito normal. O fato de o art.880 da CLT não prever o acréscimo da multa de 10% de que trata o art.475-J do CLT apenas mostra a omissão da CLT sobre o ponto, e não a sua opção por um outro sistema compulsório de execução. Argumenta-se, também, que a aplicação do art.475-J do CPC ao processo do trabalho viola o art.882 da CLT, que permite ao executado discutir a execução oferecendo bens à penhora ou garantindo a execução depositando a quantia atualizada, com juros e demais despesas processuais. Hoje, a indicação de bens é prerrogativa do credor, e não mais do devedor. O fato de a L.nº 6.830/80 não prever a multa de que trata o art.475-J do CPC não significa que o artigo não deva ser aplicado. A lei do executivo fiscal é de 1980; o art.475-J veio com a L. nº11.232, de 2005. Obviamente, a lei nº 6.830/80 não poderia prever uma inovação que somente ingressou no sistema em 2005. O argumento de que a L.nº 6.830/80 não prevê multa e, portanto, não se aplica ao processo do trabalho, apenas favorece a tese de que o art.475-J do CPC se aplica ao processo
do trabalho. É que o art.769 da CLT diz que, “nos casos omissos”, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas do direito do trabalho. Seja se sabe que não há incompatibilidade alguma na aplicação do art.475-J do CPC, e há omissão na CLT, o direito processual comum se aplicaria ao processo do trabalho e, nesse caso, a aplicação é inquestionável. A L.nº 6.830/80 não contém várias inovações trazidas pela reforma processual que são perfeitamente utilizadas na execução trabalhista sem que alguém se tenha levantado contra a sua aplicação. De último, argumenta-se que a aplicação do art.475-J do CPC criaria no processo do trabalho “situações jurídicas incontornáveis”. O art.475-J fala em “devedor condenado ao pagamento de quantia certa ou fixada em liquidação”. Logo, ou a quantia já foi fixada na própria sentença, como no caso dos procedimentos sumaríssimos, ou foi fixada em liquidação, após o trânsito em julgado, portanto. Não há dúvida de quem seja o devedor, e de quanto deve. Conquanto o artigo fale em “requerimento do credor”, penso que pode ser aplicado de ofício, com base no próprio art.880 da CLT, que diz que o juiz mandará expedir mandado pelo modo e com as cominações estabelecidas. O momento da sua fixação — sentença ou execução — não é, segundo penso, uma dificuldade. A cominação deve constar da sentença, porque é cláusula penal e, pois, um dos capítulos da sentença, mas pode ser estipulada por qualquer juiz, ainda que apenas na fase de execução. Não é cabível na execução provisória porque se exige o trânsito em julgado. Será sempre cabível no sumaríssimo porque a condenação é líquida e o devedor sabe,desde o trânsito em julgado,o valor do débito. O termo a quo para exigência da multa é o trânsito em julgado. Não há necessidade de intimação expressa do executado para pagar, sob pena de multa. A intimação, quando necessária, pode ser feita na pessoa do advogado, especialmente se detém poderes especiais. Na justiça do trabalho não se pede citação in faciem do devedor. São esses os fundamentos pelos quais entendo aplicável ao processo do trabalho o art.475-J do CPC, pela redação da L.nº 11.232/2005” (RO 0160100-14.2006.5.01.0050, 7ª T. Rel. José Geraldo da Fonseca, data do julgamento 20/10/2010)
Meios supletivos – autointegração e heterointegração
Autointegração é um método pelo qual se busca dentro do próprio ordenamento legal a fonte supletiva, sendo a analogia o seu procedimento típico. Heterointegração é técnica por meio da qual se busca dentro do sistema outras fontes, recorrendo-se aos costumes, princípios gerais de direito e equidade.
Analogia
A analogia consiste em aplicar, ao caso não regulado por norma específica, a prescrição normativa estipulada para hipótese distinta, porém semelhante ao caso não disciplinado, com fundamento na identidade do motivo da norma e não na identidade do fato. 
Há duas modalidades de analogia: legal (embora o fato não esteja previsto em lei, basta uma regra preconizada para fato semelhante para solucionar o problema) e jurídica (exige um conjunto de regras para solucionar o problema). 
Ademais, distingue-se da interpretação extensiva, método de interpretação, pois a analogia é método de integração, completude, supressão de lacuna.
Costumes
São normas derivadas da prática reiterada de determinados comportamentos, com a convicção de sua força obrigacional. 
Costume secundum legem é aquele autorizado por lei. Praeter legem é o verdadeiro costume como fonte de Direito, pois existe a lacuna e não há autorização legal para utilização do referido costume (art. 4º da LICC). Contra legem é o costume contrário à lei. 
Apenas os adeptos do historicismo jurídico admitem a força ab-rogatória do costume contra legem. O que se admite, excepcionalmente, é a presença de lacuna axiológica ou ontológica, levando o intérprete a não aplicação da lei, admitindo-se, por conseguinte, costume contra legem. 
Princípios Gerais do Direito
Os princípios gerais do direito “são postulados que se encontram implícita ou explicitamente no sistema jurídico, contendo um conjunto de regras. 
Hodiernamente, tais princípios assumem, ao lado da função informativa e interpretativa, uma função normativa. 
Há princípios explícitos: obrigatoriedade da lei (art. 3º da LICC), interpretação dos contratos segundo boa-fé, função social dos contratos e proibição do enriquecimento ilícito (arts. 113, 421 e 884 do CC), etc.
Há princípios que, conquanto positivados, não encontram na norma todo o seu conteúdo: dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), igualdade (art. 5º, I, da CF) e moralidade administrativa (art. 37 da CF).
Há princípios implícitos: ninguém pode se beneficiar da própria torpeza, boa-fé se presume e a má-fé deve ser provada, proibição do bis in idem.
Por fim, não se pode confundir os princípios gerais do direito com as regras de hermenêutica (também conhecidas por brocardos, máximas ou aforismos), as quais auxiliam na interpretação das normas jurídicas.
Equidade
A equidade consiste na justiça do caso concreto, ou em sua versão contemporânea, como a lógica do razoável. Em nosso ordenamento jurídico, a LICC apenas admite a sua utilização quando expressamente autorizada em lei.
A doutrina menciona as funções da equidade: informadora, interpretativa e integradora.
Quanto à primeira, não se pode negar a influência que a equidade exerce na elaboração legislativa, pois o legislador deve observar o imperativo da justiça.
Quanto à segunda, equidade pode significar (a) o predomínio da finalidade da lei sobre o seu texto ou (b) a preferência pela interpretação mais benigna e humana.
Por fim, analogia tem função normativa, de suprir as lacunas da lei, revelando função integradora.
A CLT faz expressa referência à equidade: art. 8º (fontes do direito laboral) e §1º art. 852-I (adoção da equidade nas decisões tomadas em procedimento sumaríssimo).
Jurisprudência
Trata-se a de um conjunto de decisões reiteradas dos juízes e tribunais a respeito de matéria trabalhista. 
Segundo Carlos Maximiliano, uniformidade e constância são requisitos indispensáveis para formação jurisprudencial. Ademais, segundo o autor, resta possível a formação jurisprudencial pelas sentenças de primeira instância.
A jurisprudência secundum legem manifesta o verdadeiro sentido da lei. Verifica-se a jurisprudência praeter legem quando o juiz cria a lei do caso concreto, por não haver até o momento da decisão dispositivo legal que discipline a situação. Há jurisprudência contra legem quando a lei existe, mas a sua aplicação seria contrária à finalidade da justiça, pelo que o juiz opta pelo que considera justo, em detrimento do rigorismo legal.
A jurisprudência e a criação do Direito – súmula vinculante. No direito do trabalho não se pode objetar sobre a possibilidade de a jurisprudência criar normas, mormente em face do poder normativo da Justiça do Trabalho. Jorge Luiz Souto Maior afirma que o juiz cria direito, pois o que o direito estabelece abstratamente é materializado na decisão judicial. Mauricio Godinho Delgado destaque o exame das súmulas do TST revela a qualidade de comando geral, impessoal e abstrato de que se revestem.
A EC nº 45/2004 introduziu no sistema jurídico brasileiro a súmula vinculante, prevista no art. 103-A da CF/88 e regulada na Lei 11.417.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma
estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 11.417, de 2006).
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. 
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso."
 
LEI Nº 11.417, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2006.
Art. 1o  Esta Lei disciplina a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal e dá outras providências.
Art. 2o  O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei.
§ 1o  O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão.
§ 2o  O Procurador-Geral da República, nas propostas que não houver formulado, manifestar-se-á previamente à edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula vinculante.
§ 3o  A edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula com efeito vinculante dependerão de decisão tomada por 2/3 (dois terços) dos membros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária.
§ 4o  No prazo de 10 (dez) dias após a sessão em que editar, rever ou cancelar enunciado de súmula com efeito vinculante, o Supremo Tribunal Federal fará publicar, em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União, o enunciado respectivo.
Art. 3o  São legitimados a propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – o Procurador-Geral da República;
V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VI - o Defensor Público-Geral da União;
VII – partido político com representação no Congresso Nacional;
VIII – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional;
IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares.
§ 1o  O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo em que seja parte, a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante, o que não autoriza a suspensão do processo.
§ 2o  No procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado da súmula vinculante, o relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de terceiros na questão, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
Art. 4o  A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal Federal, por decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.
Art. 5o  Revogada ou modificada a lei em que se fundou a edição de enunciado de súmula vinculante, o Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por provocação, procederá à sua revisão ou cancelamento, conforme o caso.
Art. 6o  A proposta de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula vinculante não autoriza a suspensão dos processos em que se discuta a mesma questão.
Art. 7o  Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.
§ 1o  Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias administrativas.
§ 2o  Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso.
Art. 8o  O art. 56 da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3o:
“Art. 56. ............................
........................................
§ 3o  Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.” (NR)
Art. 9o  A Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 64-A e 64-B:
“Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.”
“Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.”
Art. 10.  O procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula com efeito vinculante obedecerá, subsidiariamente, ao disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
Art. 11.  Esta Lei entra em vigor 3 (três) meses após a sua publicação.
Nessa esteira, o STF poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 de seus membros, aprovar súmula vinculante que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei.
A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão.
A súmula vinculante terá força de lei. Tanto que cabe reclamação ao STF contra ato administrativo ou decisão judicial que contrariá-la ou aplicá-la indevidamente.
Por fim, Ives Gandra da Silva Martins Filho, no artigo Critério de Transcendência no Recurso de Revista (Vol. 65, nº 08, Agosto de 2001 Revista LTr. 65-08/905), fala sobre a súmula vinculante:
“Basicamente dois têm sido os mecanismos discutidos como passíveis de adoção para viabilizar
a atuação das Cortes Superiores, havendo dois outros
que, apesar de não tão debatidos (dada a limitação de seus efeitos práticos), também podem, conjugados com os outros, contribuir para a redução dos recursos que chegam a esses Tribunais Superiores. São eles:
1) Argüição de Relevância ou Critério de Transcendência como mecanismo de seleção das causas que efetivamente serão apreciadas pela Corte Superior;
2) Súmula Vinculante ou Efeito Vinculante para as decisões das Cortes Superiores, obrigando as instâncias inferiores a seguir a jurisprudência já pacificada nas instâncias superiores, reduzindo os recursos repetitivos sobre matérias pacificadas; e
3) Recurso de Cassação, pelo qual a Corte Superior se limitaria a cassar a decisão que vai contra sua jurisprudência, devolvendo a causa a instância inferior para que a julgue de acordo com a orientação jurisprudencial superior, o que, pelo trabalho adicional que terão as instâncias inferiores, pode levar a que passem, ao menos por economia processual, a adotar a jurisprudência das Cortes Superiores. 
4) Recurso Per Saltum ou Incidente de Inconstitucionalidade (ou de Uniformização), através do qual se escolhe uma causa para apreciação rápida da Corte Superior, dentre as que estão ainda na primeira instância, para que haja logo um pronunciamento uniformizador da Corte Superior, pacificando logo a questão, antes que a celeuma se estabeleça, o que evitaria que a Corte tivesse que apreciar as causas repetitivas que viriam.” (sem grifos no original)
Súmula Vinculante 1 
Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela Lei Complementar nº 110/2001. 
Súmula Vinculante 2 
É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias. 
Súmula Vinculante 3 
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. 
Súmula Vinculante 4 
Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial. 
Súmula Vinculante 5 
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. 
Súmula Vinculante 6 
Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial. 
Súmula Vinculante 7 
A norma do §3º do artigo 192 da Constituição, revogada pela Emenda Constitucional nº 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicação condicionada à edição de lei complementar. 
Fonte de Publicação 
Súmula Vinculante 8 
São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. 
Súmula Vinculante 9 
O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58. 
Súmula Vinculante 10 
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. 
Súmula Vinculante 11 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
Súmula Vinculante 12 
A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal. 
Súmula Vinculante 13 
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 
Súmula Vinculante 14 
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
Súmula Vinculante 15 
O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo. 
Fonte de Publicação 
Súmula Vinculante 16 
Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público. 
Fonte de Publicação 
Súmula Vinculante 17 
Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos. 
Súmula Vinculante 18 
A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal. 
Súmula Vinculante 19 
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal. 
Súmula Vinculante 20 
A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa – GDATA, instituída pela Lei nº 10.404/2002, deve ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos no período de fevereiro a maio de 2002 e, nos termos do artigo 5º, parágrafo único, da Lei nº 10.404/2002, no período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o artigo 1º da Medida Provisória no 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta) pontos. 
Súmula Vinculante 21 
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. 
Súmula Vinculante 22 
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional no 45/04. 
Súmula Vinculante 23 
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. 
Súmula Vinculante 24 
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1o, incisos I a IV, da Lei no 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. 
Súmula Vinculante 25 
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. 
Súmula Vinculante 26 
Para
efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. 
Súmula Vinculante 27 
Compete à Justiça estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva necessária, assistente, nem opoente. 
Súmula Vinculante 28 
É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. 
Súmula Vinculante 29 
É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. 
Súmula Vinculante 31 
É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis. 
PROPOSTA DE SÚMULA VINCULANTE Nº 53�
EDITAL, com o prazo de 20 (vinte) dias, para ciência e eventual manifestação de interessados, nos termos da Resolução nº 388-STF, de 5 de dezembro de 2008, na forma abaixo:
A SECRETÁRIA JUDICIÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL,
F A Z  S A B E R
aos que este edital virem ou dele tiverem conhecimento que neste Tribunal se processam os autos da Proposta de Súmula Vinculante n. 53, em que é proponente a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho - ANPT, que visa à revisão da Súmula Vinculante n. 4, com a seguinte sugestão de verbete: “Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado da administração pública direta nem ser, em relação a estes, substituído por decisão judicial. Quanto aos demais empregados vinculados ao regime da CLT, o salário mínimo, igualmente, não pode ser usado como indexador de vantagens, devendo a Justiça do Trabalho definir as respectivas bases de cálculo, levando em consideração a legislação trabalhista, as convenções e os acordos coletivos de trabalho”.
Conforme a Resolução n. 388-STF, publicada em 10 de dezembro de 2008, no Diário da Justiça Eletrônico, e nos termos do § 2º do artigo 3º da Lei n. 11.417/2006, ficam cientes os interessados para, querendo, manifestarem-se no prazo de 5 (cinco) dias depois de findo o prazo de 20 (vinte) dias acima fixado, que passa a fluir a partir da publicação deste edital no Diário da Justiça Eletrônico.
Secretaria do Supremo Tribunal Federal, em 18 de outubro de 2010.
Eu, Valéria Cristina de Cantanhêdes Corrêa Alves, Chefe da Seção de Comunicações, extraí o presente. Publique-se no sítio do Tribunal e no Diário da Justiça Eletrônico.
Ana Lucia da Costa Negreiros,Secretária Judiciária/STF.
PROPOSTA DE SÚMULA VINCULANTE Nº 54
EDITAL, com o prazo de 20 (vinte) dias, para ciência e eventual manifestação de interessados, nos termos da Resolução nº 388-STF, de 5 de dezembro de 2008, na forma abaixo:
A SECRETÁRIA JUDICIÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL,
F A Z  S A B E R
aos que este edital virem ou dele tiverem conhecimento que neste Tribunal se processam os autos da Proposta de Súmula Vinculante n. 54, em que é proponente a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho - ANAMATRA, que visa à revisão da Súmula Vinculante n. 25, requerendo: “(a) a sujeição deste procedimento ao crivo do eg. Tribunal Pleno para, em sede de cognição sumária, deferir a SUSPENSÃO LIMINAR dos efeitos da Súmula Vinculante n. 25, até o julgamento final do presente pedido de revisão (ut artigos 10 e 12 da Lei n. 9.868/99, per analogiam); (b) em sede definitiva, a revisão parcial do enunciado n. 25 da Súmula Vinculante para ressalvar expressamente, em geral ou ao menos no restrito âmbito da Justiça do Trabalho, a prisão civil do depositário judicial infiel, “si et quando” economicamente capaz”.
Conforme a Resolução n. 388-STF, publicada em 10 de dezembro de 2008, no Diário da Justiça Eletrônico, e nos termos do § 2º do artigo 3º da Lei n. 11.417/2006, ficam cientes os interessados para, querendo, manifestarem-se no prazo de 5 (cinco) dias depois de findo o prazo de 20 (vinte) dias acima fixado, que passa a fluir a partir da publicação deste edital no Diário da Justiça Eletrônico.
Secretaria do Supremo Tribunal Federal, em 18 de outubro de 2010.
Eu, Valéria Cristina de Cantanhêdes Corrêa Alves, Chefe da Seção de Comunicações, extraí o presente. Publique-se no sítio do Tribunal e no Diário da Justiça Eletrônico.
Ana Lucia da Costa Negreiros,Secretária Judiciária/STF.
PROPOSTA DE SÚMULA VINCULANTE Nº 55
EDITAL, com o prazo de 20 (vinte) dias, para ciência e eventual manifestação de interessados, nos termos da Resolução nº 388-STF, de 5 de dezembro de 2008, na forma abaixo:
 
A SECRETÁRIA JUDICIÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL,
 
F A Z    S A B E R
  
aos que este edital virem ou dele tiverem conhecimento que neste Tribunal se processam os autos da Proposta de Súmula Vinculante n. 55, em que é proponente o Defensor Público-Geral Federal, que visa à edição de Súmula Vinculante, com a seguinte sugestão de verbete: “Não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias percebido pelo servidor público”.
 
Conforme a Resolução n. 388-STF, publicada em 10 de dezembro de 2008, no Diário da Justiça Eletrônico, e nos termos do § 2º do artigo 3º da Lei n. 11.417/2006, ficam cientes os interessados para, querendo, manifestarem-se no prazo de 5 (cinco) dias depois de findo o prazo de 20 (vinte) dias acima fixado, que passa a fluir a partir da publicação deste edital no Diário da Justiça Eletrônico.
Secretaria do Supremo Tribunal Federal, em 4 de novembro de 2010.
Eu, Valéria Cristina de Cantanhêdes Corrêa Alves, Chefe da Seção de Comunicações, extraí o presente. Publique-se no sítio do Tribunal e no Diário da Justiça Eletrônico.
Ana Lucia da Costa Negreiros,Secretária Judiciária/STF.
Os interesses e direitos dos grupos e das pessoas – difusos, coletivos e individuais homogêneos
Certo é que a doutrina nacional se satisfaz com a conceituação apresentada pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90, art. 81, parágrafo único).
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
II – Noção de Indivisibilidade: Para que possamos compreender realmente estes institutos mister se faz definir o alcance do termo indivisibilidade, pois este termo é pedra de toque na diferenciação entre os interesses coletivos e os individuais homogêneos, sendo aqueles indivisíveis e estes divisíveis. Conforme preciosa lição de Ricardo Ribeiro Campos (1) para verificarmos se um direito é indivisível ou não “devemos nos indagar se a transgressão ao interesse em exame pode ser direcionada exclusivamente a um sujeito determinado ou se é possível a qualquer um dos integrantes do grupo de pessoas invocar, isoladamente,
uma prestação jurisdicional que lhe assegure o bem jurídico para si”. Assim, se o direito puder ser pleiteado individualmente por qualquer integrante do grupo, estaremos diante de direitos divisíveis, caso contrário encontraremos direitos indivisíveis.
III - Interesses Difusos: São aqueles indivisíveis, cujos titulares são pessoas indeterminadas. Como exemplo podemos citar o direito à paz publica, à segurança pública, ao meio ambiente. O autor anteriormente citado nos traz como exemplo a ação que tivesse como interesse impedir a poluição de um Rio, pois o direito ao meio ambiente saudável é direito de todas as pessoas indeterminadamente.
IV – Interesses Coletivos: São aqueles de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contraria por uma relação jurídica. Ricardo Ribeiro Campos nos exemplifica que seria direito coletivo ação que visasse impedir o desrespeito à observância do quinto constitucional na composição dos Tribunais em detrimento da classe de advogados ou dos Membros do Ministério Público. Verificamos neste caso a impossibilidade de um advogado ou um membro do Ministério Público ingressar individualmente com uma ação judicial, pois o direito é indivisível, devendo a ação ser pleiteada pelo órgão representativo da categoria.
V – Interesses Individuais Homogêneos: São aqueles de natureza divisível, cujos titulares são pessoas determinadas. Como exemplo podemos apontar, conforme ilustrado pelo citado autor, o caso de consumidores que adquiriram veículos cujas peças saíram defeituosas de fábricas e também a hipótese de instituição de tributo inconstitucional. Verificamos nestas duas hipóteses que mesmo havendo a possibilidade de a lesão atingir várias pessoas, cada uma delas, individualmente, poderá pleitear jurisdicionalmente a reparação a sua lesão, buscando atingir a preservação de seu bem jurídico.
Autonomia Privada Sob a Visão Jurídica Contemporânea
A grande relevância repaginada do princípio da autonomia privada no direito contratual brasileiro permite que esse seja apontado com um dos principais paradigmas do Direito Civil contemporâneo. E é exatamente por essa razão tal paradigma deve ser repensado e redimensionado.
O conceito surgiu a partir das concepções liberais que especialmente se desenvolveram nos séculos XIX e XX, principalmente em função do prestígio que ganhou a liberdade inserida nos textos constitucionais dos chamados países democráticos. 
Na verdade foi a autonomia da vontade uma grande força propulsora das relações negociais e sofreu evolução conforme ensina Francisco Amaral influência dos glosadores, da escola do direito natural, da teoria do contrato social de Rousseau e de Kant que informava que a partir da autonomia da vontade adquire conotação dogmática, passando a ser imperativo categórico da ordem moral.
Justificava-se amplamente, nesse tempo, o rigor excessivo sobre o pacta sunt servanda, quer dizer, os pactos devem ser respeitados. Concebendo o contrato como instrumento jurídico vinculativo, criada pela vontade das partes e por isso mesmo, ato de força obrigatória.
A liberdade de contratar é a faculdade de se criar sem constrangimento, um pacto que concluído, nega a cada uma das partes a possibilidade de se afastar unilateralmente dele. Até por que o pacto nascia de duas vontades convergentes e livres.
A razão da vinculação do pacto está que a promessa livremente aceita gera expectativas fundadas. Portanto, o acordo realiza fins dignos de tutela de direito. A autodeterminação das partes gera a vinculação recíproca que não viola o princípio da autonomia privada.
A partir do incremento capitalista da metade do século XX bem como com o surgimento dos chamados direitos de segunda e terceira geração ou dimensão, observou-se progressiva preocupação legislativa na proteção dos vulneráveis nas relações negociais, como trabalhadores, consumidores e hipossuficientes em geral.
Ao lado da sociedade de consumo de massa surgiu a estandardização contratual, passou a liberdade contratual passou a contar com limitações de caráter protetivo, e o dirigismo contratual e com a intervenção estatal e da lei cada vez maior nas relações negociais. 
E justifica-se a intervenção do Estado culmina com a adoção do princípio da função social dos contratos, que é regramento aplicável tanto aos contratos de consumo como aos contratos civis. A função social do contrato inaugura então uma nova vertente: o Estado Social.
A autonomia privada confirma-se como fundamento das relações negociais inserido em contratos, no direito de família e no direito das coisas. Darcy Bessone lecionava mesmo antes da vigência do CDC e do CC de 2002 a vedação a lesão, possibilidade de revisão contratual por fato superveniente, vedação do enriquecimento sem causa e o abuso do direito e consagra que a evolução principiológica consagra os princípios da função social dos contratos e da boa-fé objetiva.
O conceito da autonomia privada e sua óbvia importância no atual direito contratual terão que ser dimensionados a partir da Constitucional Federal de 1988 e particularmente e a tendência de se privilegiar as normas fundamentais que protege a dignidade da pessoa humana e que possuem aplicação nas relações privadas, perfazendo a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, o que justifica sua aplicação nas relações entre particulares, entre iguais. O que rompe com a concepção original de eficácia vertical, imposta pela lei, pelo Estado.
A importância salutar da autonomia privada é essência para a teoria geral do negócio jurídico e para conservação negocial, e as atuais limitações à autonomia previstas seja pelo CDC ou pelo CC de 2002 seguem a finalidade de demonstrar a abertura do regramento do direito civil brasileiro contemporâneo escapando das linhas privatísticas tradicionais.
Situa-se o contrato no âmbito dos direitos pessoais obrigacionais, que veicula inegável importância da expressão da vontade humana, mais particularmente da vontade jurígena. Percebe-se que o negócio jurídico constitui verdadeiro instrumento da liberdade humana tendo sua origem na vontade.
É a declaração de vontade que constitui o elemento central e mais característico do negócio jurídico, sendo o seu estudo comum às declarações que afetam a relação negocial.
O domínio da vontade dos contratantes foi conquista advinda de um lento processo histórico, culminando com respeito à palavra dada, principal herança dos contratos romanos de cunho ritualístico e cerimonial.
Inicialmente, percebe-se plena liberdade para celebração de pactos e avenças, reconhecendo-se o direito à contratação como valor inerente à própria pessoa humana, um direito de personalidade advindo do princípio da liberdade. Por outro lado, a liberdade de contratar corresponde à escolha da pessoa ou das pessoas com quem o negócio será celebrado. Mas, num outro plano ainda, esta face da autonomia da vontade humana, dirigida à celebração dos contratos, pode estar relacionada com o conteúdo do negócio jurídico, onde estarão fixadas as limitações ainda mais severas à liberdade da pessoa humana, surge então o conceito da liberdade contratual.
A liberdade de contratar comum a todos os indivíduos sem preocupação, a priori, com o conteúdo negocial, se revela assim em conceito de plena liberdade que cada um tem de realizar contratos, ou de não os realizar, conforme sua exclusiva vontade.
A liberdade de contratar é em princípio ilimitada, levando-se em conta a autonomia privada daqueles que pretendem contratar enquanto a liberdade contratual pode ser limitada, principalmente por força de normas de ordem pública.
Atinente à essa diferença o art. 425 do CC de 2002 expressa a possibilidade de celebrar contratos atípicos, isto é, aqueles que apesar de estarem legalmente previstos, mas que são lícitos plenamente.
Expressiva parte da doutrina pátria e da estrangeira propõe a substituição do antigo princípio da autonomia da
vontade pelo princípio da autonomia privada, pois seria consentânea com a revisão sofrida pelo liberalismo econômico, sobretudo, as concepções individualistas e voluntaristas de negócio jurídico que se passou a cogitar em autonomia privada.
De fato, se a antiga autonomia da vontade com o conteúdo que lhe era atribuído já era alvo de críticas, a atual autonomia privada é noção mais sólida e temperada.
Foi Enzo Roppo um dos autores que melhor prescreveu sobre os elementos que formam o contrato, e referindo-se ao Código Civil Italiano aduz: “a autonomia e a liberdade dos sujeitos privados em relação à escolha do tipo contratual, embora afirma em linha de princípio pelo art. 1322º e 2 do CC, estão na realidade, bem longe de ser tomadas como absolutas, encontrando pelo contrário, limites não descuráveis no sistema de direito positivo.”
Assim o renomado doutrinado italiano reconhece explicitamente restrições à liberdade de contratar ou não o contrato, e tais restrições podem ser de caráter subjetivo, pois se referem particularmente aos sujeitos de direito com quem as avenças são celebradas.
Mas as principais limitações a liberdade de contratar gravitam no conteúdo dos pactos, daí ser curial entender o significado da chamada eficácia interna da função social dos contratos entre os contratantes.
A repersonalização do direito privado e da valorização da dignidade da pessoa humana como centro do direito privado, o conceito de autonomia privada é mais adequado que a autonomia da vontade. Visto que não é da vontade, e sim da pessoa.
Assim brilhantemente expõe Francisco Amaral quando aponta que autonomia privada é poder que os particulares possuem para regular, através do exercício de sua própria vontade,, as relações de que participam, estabelecendo-lhe o conteúdo e a respectiva disciplina jurídica.
Não seria sinônimo da autonomia da vontade posto que esta tem conotação mais subjetiva, psicológica ao passo que a autonomia privada marca o poder de vontade jurígena de modo objetivo, concreto e real. E, ouso acrescentar, finalístico.
A vontade, por si mesma, perdeu o destaque e a eloquência que exercia no passado relativamente à formação dos contratos e dos negócios jurídicos. E, são variados fatores que entraram em cena para a concretização da crise instaurada nas relações pessoais, o que acarreta em mudança estrutural nas relações negociais, sendo certo que deve ser analisado o contrato pelo que representa para o meio social.
Sem dúvida, corresponde a autonomia privada a um dos principais fundamentos do direito privado, tratando-se de projeção de direito personalíssimo, ético, axiológico da pessoa tratada como centro e destinatário principal da ordem jurídica privada, sem o que apesar da pessoa humana estar formalmente revestida de titularidade de direitos e jurídica, nada mais seria do que mero instrumento a serviço da sociedade, perdendo sua primacial qualidade de sujeito de direito. E, disputando lugar ao lado dos objetos de direito.
Inicialmente cravamos o campo de incidência da autonomia privada na seara patrimonial, no qual também se situam os contratos, mas não se pode esquecer que também exerce influencia importante no direito existencial, como no direito de família. Assim a autonomia privada traz nítidas limitações principalmente quanto à formação e reconhecimento de validade dos negócios jurídicos. (sendo a função social do contrato também apontada como uma dessas limitações, mas acredito ser vetor para releitura conceitual dos contratos e da autonomia privada).
A essência a autonomia privada reside na identidade entre sujeito do negócio e sujeito do interesse regulado, ou na coincidência imediata entre interesse regulado e poder regulador. Por essa razão, o princípio da autonomia privada pode ser conceituado como regramento basilar da ordem particular mas certamente influenciado pela norma de ordem pública, pela qual a formação dos contratos, além de depender da vontade das partes, também reputa atenção a outros fatores como psicológicos, políticos, econômicos e sociais.
É direito indeclinável do contratante de auto-regulamentar seus interesses, decorrente de sua própria dignidade humana, mas que encontra limitações em normas de ordem pública , particularmente nos princípios sociais contratuais.
Por vezes, é preciso defender a pessoa de sua própria torpeza e ignorância, no sentido de não estimular aos espertalhões o enriquecimento ilícito, o locupletamento indevido e outras formas fraudulentas de aferir vantagens nas relações negociais.
Salutar recordar que o Enunciado 23 do CJF aponta que a função social do contrato não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana. É interessante exemplo da eficácia interna da função social do contrato em prol da valorização da dignidade humana.
Larenz aponta concretamente que a autonomia privada é a possibilidade, oferecida e assegurada aos particulares, de regularem suas relações mútuas dentro de determinados limites, por meio de negócios jurídicos, em especial mediante contratos. É o poder auto-regulamentação dos próprios interesses e relações, exercida pelo próprio titular deles, de que cogita Betti, a ser exercido dentro dos limites e com as finalidades assinaladas pela função social do contrato.
É poder de auto-regulamentar seus próprios interesses, é o autogoverno de sua esfera jurídica e tem com matriz a concepção do ser humano com agente moral, dotado de razão e discernimento, capaz de decidir e prover escolhas, desde que estas não perturbem os direitos de terceiros e nem violem outros valores relevantes da comunidade.
A substituição do princípio da autonomia da vontade pela autonomia privada traz em seu bojo a relativização do princípio da força obrigatória dos contratos como um dos principais aspectos da eficácia interna da função social dos contratos, o que nos dá a nova dimensão em que se encontra a contratação privada. 
A grande interação que existe entre o direito civil e a Constituição Brasileira vigente traz como tendência definitiva a valorização da pessoa humana, e produz as cláusulas gerais (mecanismos de eficácia horizontal) contidas na codificação civil, como a boa-fé objetiva e a função social do contrato e que deverão ser preenchidas, conforme o caso concreto e de acordo com os valores, regras e princípios constitucionais.
Mas igualmente jaz a valorização constitucional da autonomia privada já que a liberdade é valor previsto e assegurado pela Magna Carta, e em seu art. 3º, inciso I reconhece como um dos objetivos da República Federativa do Brasil a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. 
Novamente a valorização da liberdade surge no art. 5º caput da CF de 1988 que garante o direito à liberdade como direito fundamental, e em complemento, 
o inciso II, do mesmo dispositivo prevê que: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, e adiante, o inciso XVII assegura ainda o direito à associação para fins lícitos, sem falar, na livre concorrência como um dos princípios gerais da atividade econômica (art. 170, inciso IV da CF).
Mas mesmo enquanto valor constitucional, também a liberdade encontra limitação em razão de outros valores e princípios constitucionais, como é o caso do princípio que protege a dignidade da pessoa humana, previsto no art. 1º, inciso II do mesmo diploma legal. 
Há célebre caso da jurisprudência francesa envolvendo a prática de arremesso de anão, à guisa de espetáculo em uma casa noturna. Quando então o prefeito local decidiu impedir aquele bizarro gênero de divertimento público que consistia em lançar um anão sobre um colchão pneumático, a fundamentação baseava-se no respeito à dignidade da pessoa humana que conflitou com a liberdade do anão, que se declara então satisfeito por trabalhar e para o qual a interdição promovida

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