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Ciencias Socias Contéudo AV2

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AULA 06 - O contexto histórico da formação das Ciências Sociais e as teorias sociológicas clássicas
* Positivismo
		O positivismo é uma corrente de pensamento filosófico, sociológico e político que surgiu no início do século XIX na Europa, que vivia um momento de transição para a modernidade.
		A principal ideia do positivismo estava relacionada ao reconhecimento do conhecimento científico como o único conhecimento verdadeiro.
		O principal idealizador e sistematizador do movimento positivista foi o pensador francês Augusto Comte (1798-1857). O positivismo é uma corrente filosófica que busca explicar as leis do mundo social através da razão humana , ou seja, com critérios das ciências exatas e biológicas. Foi também o grande sistematizador da sociologia, dividindo a sociologia em duas áreas: a estática social e a dinâmica social.
“No entender de Comte, a sociedade apresenta duas leis fundamentais: a estática social e a dinâmica social. De acordo com a lei da estática social, o desenvolvimento só pode ocorrer se a sociedade se organizar de modo a evitar o caos, a confusão. Uma vez organizada, porém ela pode dar saltos qualitativos, e nisso consiste a dinâmica social. Essas duas leis são resumidas no lema ‘ordem e progresso’” (VASCONCELOS apud LAGAR et al., 2013, p. 18)
		O positivismo entende que somente o conhecimento científico é verdadeiro, este movimento descartou as afirmações impostas à sociedade relacionadas à divindade e ao sobrenatural. 
* A Lei dos Três Estados
		Comte via o positivismo como uma evolução inevitável da natureza humana. Através deste entendimento Comte acreditava que todas as sociedades passariam por três estados consecutivos, ou seja, cada um caracterizado por uma forma de pensar específica. 
		Os três tipos de estados são:
a) Estado teológico - aqui os fenômenos sociais e da natureza seriam explicados enquanto resultados das ações divinas, isto é, o imaginário e a criatividade humana sobrepõe à racionalidade. Comte definiu que Deus está presente em todas as coisas e que os fatos e fenômenos ocorrem de acordo com a vontade divina, Deus.
		O estado teológico foi dividido em:
a.1) Animismo (fetichismo) – neste as coisas da natureza tem sua própria “animação”, acontecem porque desejam isto, e não por fatores externo;
a.2) Politeísmo – aqui a vontade dos deuses possui controle absoluto sobre todas as coisas;
a.3) Monoteísmo - a vontade do Deus (único) controla todas as coisas e todos os acontecimentos.
b) Estado metafísico (abstrato) – neste os fenômenos são explicados por meio de forças ocultas e/ou entidades abstratas. As abstrações personificadas substituem as vontades sobrenaturais (exemplo : a existência de espíritos).
c) Estado positivo – aqui ocorre a busca pela explicação de tudo que ocorre na natureza, o uso da razão, a desmistificação de todos os fenômenos. A natureza passaria a ser estudada e explicada com um enfoque científico, e não mais com enfoque religioso ou místico.
* Características do positivismo
		Para o positivismo uma teoria será considerada verdadeira se for comprovada a partir de técnicas válidas.
		Outra característica do pensamento positivista é a ideia de ciência cumulativa, ou seja, que transcultural, atingindo toda a humanidade, não importando em qual cultura surgiu ou se desenvolveu.
		E, por último pode-se dizer que o pensamento positivista foi centralizada em sete termos e significados, de acordo com Comte: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático.
* Influência no Brasil
		O pensamento positivista chegou ao Brasil por estudantes brasileiros que estudaram na França, durante o Segundo Império, ou seja, por volta de 1850.
		Foi no Rio de Janeiro, entre o final do Império e a República que o Positivismo foi mais notável em nosso país, desempenhando um papel central tanto no processo de Abolição da Escravatura quanto no de Proclamação da República no Brasil, destacando-se o Coronel Benjamim Constant (que, depois, foi homenageado como o epíteto de “Fundador da República Brasileira”).
		O positivismo influenciou especialmente a alta oficialidade do exército e algumas camadas da burguesia brasileira, que se empenharam no movimento republicano no final do século XIX. Em determinado momento. Toda a alta oficialidade havia virado as costas ao imperador D Pedro II, acreditando que eles eram os únicos preparados para governar o país de forma eficiente. Apesar de unidos pela mesma causa, os militares, a burguesia e os intelectuais brasileiros se desentendem após a proclamação da república, já que os, militares tinham essa visão (positivista) de que eram os mais preparados para governar.
		Desta forma, a influência do positivismo de Comte traduziu-se não só no ideário de nossos republicanos, mas nas ações políticas que acompanharam a Proclamação da República. Entre elas, a separação entre igreja e Estado, o estabelecimento do casamento civil, o fim do anonimato na imprensa e a reforma educacional proposta por Benjamin Constant, um dos mais influentes positivistas brasileiros.
Aula 07 - A sociologia de Émile Durkheim (I)
* Émile Durkheim 
		Considerado por muitos como o grande fundador das Ciências Sociais,  nasceu na França em 1858 e lá viveu até sua morte, em 1917. 
		Foi influenciado pela corrente do positivismo e dedicou os seus estudos para a elaboração de uma ciência que possibilitasse o entendimento dos comportamentos coletivos.
		Sua grande preocupação era explicar os elementos capazes de manter associadas a nova sociedade que ia se configurando após a Revolução Industrial (século XIX).
		Para Durkheim, é preciso delinear com clareza os fatos que podem e devem ser objeto de estudo da sociologia. Eles não se confundem com fenômenos orgânicos, pois consistem em representações e ações coletivas; nem com os fenômenos psíquicos que tem por substrato o indivíduo.
		Estamos constantemente cercados por fatores coercitivos e a maioria deles estão impregnados em nossas vidas que acabamos agindo de acordo com suas normas sem ao menos raciocinar o motivo.
		Em seu livro "As Regras do Método Sociológico", Durkheim conceitua fato social. Para ele são maneiras de pensar e agir que pensamos elaborar por nós mesmos, porém são exteriores a nós. Por esse motivo, o fato social é por excelência, um dos maiores fatores coercitivos que regulamentam nossa vida social.
* O Processo de Socialização
		O crescimento de um indivíduo é acompanhado de outro processo simultâneo, socialização, sem a qual ele não se integraria à sociedade.
		Pode-se dizer que socialização é o crescimento de um indivíduo é acompanhado de outro processo simultâneo, socialização, sem a qual ele não se integraria à sociedade.
		A socialização é um processo pelo qual o indivíduo internaliza as regras sociais. É por meio desse processo que adquirimos cultura e nos diferenciando dos demais animais.
		A socialização pode ser entendida como um aprendizado social constante, pelo qual aprendemos a língua, os símbolos, as normas sociais, a usar objetos, a crer em determinadas coisas ou seres, a termos determinados tipos de sentimentos, etc.
* Fato Normal e Patológico
		Afirma, ainda, que existem duas formas de fato social, o normal e o patológico. 
a) Fato normal: é aquele que apresenta-se cristalizado, generalizado aceito pelo consenso social, apresentando alguma função importante para a evolução ou adaptação do organismo social. 
		A normalidade do “fato social”, é entendida como um “fenômeno que passa no interior da sociedade”, pode expressar-se na reação da sociedade, confirmando a moral vigente.
Exemplo: quando crianças vão desde cedo para a escola.
b) Fato patológico: o fato social que coloca em risco o funcionamento da sociedade diante de um comportamento anômalo do corpo social em discordância com suas regras de conduta. 
Exemplo : aumento de usuários de drogas.
		Durkheim afirma que se um fato é comum em várias sociedades no mesmo estado, ele é normal, mas, se esse fato é algo que vai além e desestabilizaa ordem social, pode-se afirmar que ele é patológico.
Aula 08 - A Sociologia Científica de Émile Durkheim (II)
* Consciência Coletiva e Individual
a) Consciência coletiva - é o conjunto de crenças e de sentimentos comuns à média da população de uma determinada sociedade, formando um sistema com vida própria, que exerce uma força coercitiva sobre seus membros. É um sistema que existe fora do indivíduo, mas que o controla pela pressão moral e psicológica, ditando as maneiras como a sociedade espera que se comporte.
Exemplo : educação dada as crianças.
b) Consciência individual – seria aquela própria de cada indivíduo; refere-se ao nosso modo particular de pensar e enxergar o mundo ao redor. Ela está relacionada às nossas características psíquicas e, sendo assim, é posta por Durkheim como objeto de estudo da Psicologia, em nada interessando à Sociologia. 
		O indivíduo se submete à sociedade e é nessa submissão que ele encontra abrigo. A sociedade que o força a seguir determinados padrões, é a mesma que o protege e o faz sentir-se como parte de um todo estruturado e coeso. Essa dependência da sociedade traz consigo o conforto de pertencer a um grupo, um povo, um país. Nesse sentido, não há contradição alguma na relação submissão-libertação.
		Émile Durkheim percebeu a importância de se compreender os fatores que explicariam a organização social, isto é, compreender o que garantia a vida em sociedade e uma ligação (maior ou menor) entre os homens. Chegou à conclusão de que os laços que prenderiam os indivíduos uns aos outros nas mais diferentes sociedades seriam dados pela solidariedade social, sem a qual não haveria uma vida social.
 * Solidariedade
		Na obra “De la Division du Travail Social”, Durkheim buscou esclarecer que a existência de uma sociedade, bem como a própria coesão social, está baseada no grau de consenso produzido entre os indivíduos. Tal conformidade foi chamada de solidariedade por Durkheim.
* Tipos de Solidariedade
		Para Durkheim existem dois tipos de solidariedade: a  mecânica e a orgânica.
a) Solidariedade mecânica - é característica das sociedades ditas “primitivas” ou “arcaicas”, ou seja, em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo. São justamente essa correspondência de valores que irão assegurar a coesão social.
b) Solidariedade orgânica - é a que predomina nas sociedades ditas “modernas” ou “complexas” do ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser aplicado às sociedades capitalistas). Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada.
		Para garantir a coesão social, portanto, onde predomina a solidariedade orgânica, a coesão social não está assentada em crenças e valores sociais, religiosos, na tradição ou nos costumes compartilhados, mas nos códigos e regras de conduta que estabelecem direitos e deveres e se expressam em normas jurídicas: isto é, o Direito.
* Anomia
		A anomia é uma situação social produzida pelo enfraquecimento dos vínculos sociais e pela perda da capacidade da sociedade regular o comportamento dos indivíduos, gerando, por exemplo, fenômenos sociais como o suicídio. 
		Trata-se de uma ausência de um “corpo de normas sociais” capaz de regular o convívio social marcado pela “solidariedade”.
		Para Durkheim a anomia é uma etapa temporária, produto das rápidas transformações sociais, perda da fé (em seu sentido mais amplo) e das tradições. Essa etapa, para ele, é superada a partir do momento que grupos de interesses determinam novas regras a fim de regulamentar o que encontra-se “desajustado” na sociedade, assim como afirmar novas tradições ou refortalecer as já estabelecidas. 
		Nesse sentido, anomia seria um mal crônico das sociedades modernas, marcada pelas rápidas transformações sociais, as quais levam a situações de desajustes sociais causadas pela crise (ou ausência) de uma forte consciência coletiva.
		No contexto de uma situação anômica, os limites sociais se encontram frágeis ou não existem, não estando claro o que é justo ou injusto, legítimo ou ilegítimo; perde assim, os indivíduos, as referências sociais. Essa situação gera um sentimento de frustração e mal-estar, parecendo que não existem normas e imperar o “tudo pode”.

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