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Universidade de Bras´ılia Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Mecaˆnica Disciplina: Mecaˆnica dos Fluidos II Professores: Francisco Ricardo da Cunha / Gustavo Coelho Abade Monitores: Adriano Possebon; Murilo Vidigal; Nuno Dias EXPERIMENTO 2 MEDIDAS DE VISCOSIDADE DE FLUIDOS NEWTONIANOS E NA˜O-NEWTONIANOS 1 INTRODUC¸A˜O TEO´RICA Fluidos sa˜o materiais que se deformam continuamente quando submetidos a uma tensa˜o de cisalhamento, sendo assim diferenciados dos so´lidos, que sa˜o materiais que se deformam de um valor fixo para uma dada tensa˜o. Segundo a lei da viscosidade de Newton, a tensa˜o exercida sobre o l´ıquido e´ pro- porcional a` velocidade com que as partes do l´ıquido se deslocam umas em relac¸a˜o as outras, isto e´, proporcional ao gradiente de velocidade (ou taxa de deformac¸a˜o). Assim, suponha o escoamento de um l´ıquido entre duas placas paralelas distanciadas de uma altura d. A placa superior se desloca com velocidade U e a inferior esta´ fixa (figura 1.1). Figura 1.1: Cisalhamento simples entre placas paralelas. O escoamento e´ unidirecional (lami- nar) em que uma laˆmina de fluido desliza paralelamente com relac¸a˜o a outra. A placa superior desloca-se com velocidade tangencial U e inferior e´ fixa. O escoamento se da´ em regime permanente e e´ incompress´ıvel. A tensa˜o de cisalhamento τ e´ dada por: τ ∝ U/d ⇒ τ = µγ˙ (1.1) em que γ˙ e´ a taxa de cisalhamento em qualquer ponto do fluido e e´ uma raza˜o entre a velocidade da placa superior e a distaˆncia entre as placas. A constante de proporciona- lidade µ e´ denominada viscosidade. No sistema SI a viscosidade possui unidade de Pa.s, e uma unidade comumente utilizada e´ o Poise (P), sendo que 1 cP = 1 mPa.s. Para os fluidos newtonianos (ou lineares), como a a´gua, a glicerina e o o´leo de soja, µ e´ uma constante que depende apenas das propriedades f´ısicas do fluido, como a tempe- ratura. A raza˜o entre a viscosidade dinaˆmica e a massa espec´ıfica ρ do fluido e´ deno- 1 minada viscosidade cinema´tica (ν) ou coeficiente de difusa˜o molecular hidrodinaˆmico. A viscosidade dinaˆmica mede, em termos efetivos, a eficieˆncia de transporte de quan- tidade de movimento ou vorticidade entre camadas adjacentes de um fluido quando sujeito a cisalhamento. De outra maneira pode-se interpretar a viscosidade do fluido como a resisteˆncia que o mesmo tem a` forc¸as tangenciais aplicadas. A viscosidade dinaˆmica de fluidos newtonianos varia com a temperatura segundo a lei de Arrhenius: µ = AeB/T , (1.2) em que T e´ a temperatura absoluta e A e B sa˜o constantes do fluido. Enquanto que para gases a viscosidade aumenta com o aumento da temperatura, ja´ que uma flutuac¸a˜o t´ıpica de velocidade molecular e´ proporcional a √ T , nos l´ıquidos, em que as mole´culas possuem mobilidade bem menor, a viscosidade diminui com o aumento da temperatura. Nesse caso, o mecanismo preponderante para transportar quantidade de movimento por flutuac¸o˜es moleculares e´ a coesa˜o molecular, praticamente inexistente em gases dilu´ıdos. Na natureza e na indu´stria sa˜o tambe´m encontrados diversos fluidos que na˜o apre- sentam esse comportamento linear. Fluidos como soluc¸o˜es polime´ricas, sangue, sus- penso˜es e emulso˜es apresentam viscosidade dependente da taxa de cisalhamento. Esses fluidos sa˜o denominados na˜o-newtonianos viscosos ou simplesmente newtonianos gene- ralizados nos quais existe uma dependeˆncia da viscosidade dinaˆmica com a taxa de cisalhamento, mas os mesmos na˜o apresentam efeitos ela´sticos, diferenc¸as de tenso˜es normais e como os fluidos newtonianos sa˜o tambe´m instantaˆneos (i.e. sem memo´ria). Neste caso a tensa˜o se relaciona com a taxa de cisalhamento da seguinte maneira: τ = µ(γ˙)γ˙. (1.3) A viscosidade dinaˆmica depende ale´m da temperatura de uma propriedade do es- coamento e nessas circunstaˆncias e´ denominada viscosidade aparente do fluido na˜o- newtoniano viscoso. Um dos modelos ad hoc mais usados para caracterizar a viscosidade aparente de um fluido newtoniano generalizado foi proposto por Ostwald (fluido “power law”) e e´ dado pela seguinte correlac¸a˜o emp´ırica: µ(γ˙) = cγ˙n−1. (1.4) 2 em que c e n sa˜o constantes do fluido determinadas experimentalmente. E´ importante notar que substituindo a equac¸a˜o (1.4) em (1.3), obte´m que τ = cγ˙n, (1.5) o que resulta realmente em uma dependeˆncia na˜o linear entre a tensa˜o e a taxa de deformac¸a˜o. Note que quando c = µ constante e n = 1, o modelo recupera a condic¸a˜o linear puramente newtoniana. Quando n < 1 os fluidos sa˜o denominados na˜o-newtonianos pseudo-pla´sticos e quando n > 1 na˜o-newtonianos dilatantes. A figura (1.2) mostra o comportamento desses fluidos. Figura 1.2: Comportamento de um fluido na˜o-newtoniano em que a viscosidade aparente segue a lei de poteˆncia (power-law). (a): tensa˜o de cisalhamento em func¸a˜o da taxa de cisalhamento. (b): viscosidade aparente em func¸a˜o da taxa de cisalhamento. 1.1 OBJETIVOS Este experimento tem por objetivo a familiarizac¸a˜o do aluno com diferentes formas de medir a viscosidade de fluidos newtonianos e na˜o-newtonianos. Sera˜o medidas as viscosidades dos seguintes fluidos: • A´gua • O´leo de Soja • O´leo Mineral • O´leo de Silicone 3 • Soluc¸a˜o de Poliacrilamida. As medic¸o˜es de viscosidade sera˜o realizadas utilizando-se os seguintes aparatos e ins- trumentos do Laborato´rio de Microhidrodinaˆmica e Reologia - VORTEX: • Cannon-Fenske • Viscos´ımetro de Cilindros Conceˆntricos • Tubo Capilar - Bomba de Seringa • Aparato de Stokes - Sedimentac¸a˜o de uma Esfera em Fluido Viscoso (o´leo de silicone). 1.2 CANNON-FENSKE O Cannon-Fenske e´ basicamente um tubo em U disposto na vertical, como mostra a figura (1.3). De um lado e´ formado por um tubo capilar e do outro e´ composto por Figura 1.3: Esquema ilustrativo do aparato Cannon-Fenske. Aqui g e´ a acelerac¸a˜o da gravi- dade local. um tubo de maior diaˆmetro. A medic¸a˜o da viscosidade e´ feita atrave´s da medic¸a˜o do tempo que o fluido leva para escoar entre as marcas 1 e 2. A diferenc¸a de pressa˜o devido a` altura h entre 1 e 2 (∆P ) e´ igual a soma das presso˜es perdidas pelo fluido 4 devido a acelerac¸a˜o na entrada do tubo ate´ ser atingido o perfil parabo´lico (∆P1) e as perdas por atrito ao longo do capilar (∆P2). Assim: ∆P = ρg∆h = ∆P1 +∆P2 = V 2 ∆t2 16ρ pi2d4 + V ∆t 128µL pid4 (1.6) e isolando a viscosidade cinema´tica temos: ν = ( pig∆hd4 128LV ) ∆t− ( V 8piL ) 1 ∆t = A∆t− B ∆t (1.7) com A e B constantes. Para um intervalo de tempo ∆t suficientemente longo tal que A∆t ≫ B/∆t, o termo proporcional ao inverso do intervalo de tempo pode ser desprezado em relac¸a˜o ao termo proporcional a ∆t. Portanto a viscosidade cinema´tica e´ dada por: ν = K∆t com K = ( pig∆hd4 128LV ) . (1.8) A constante K e´ fornecida pelo fabricante na tabela 1 (ver apeˆndice 1 para detalhes), incluindo os intervalos da viscosidade cinema´tica associada a cada numerac¸a˜o do vis- cos´ımetro Cannon-Fenske. A viscosidade deve obedecer ao intervalo associado para que o fluido com uma determinada viscosidade escoe no capilar apropriado a uma veloci- dade ou vaza˜o suficientemente pequena tal que a condic¸a˜o acima para ∆t seja atendida e o erro dessa aproximac¸a˜o seja o menor poss´ıvel. 1.2.1 Aparato Experimental e Procedimentos Os instrumentos usados nessa etapa sa˜o: • Dens´ımetro - Marca: Specific Gravity, ERTO CO. ASTM 86 • Viscos´ımetro Cannon-Fenske - Marca: Induchem LAB Glass CO. • Banho Te´rmico - Marca: Cannon; modelo CT-2000 • Cronoˆmetro - Marca: Cronobio; modelo SW2018 Com este instrumento sera˜o determinadas as viscosidades dos o´leos de sojae mineral em func¸a˜o da temperatura. Primeiro e´ feita a medic¸a˜o da massa espec´ıfica do fluido no dens´ımetro. O fluido e´ enta˜o colocado no Cannon-Fenske previamente selecionado. O Cannon-Fenske e´ colocado dentro do banho te´rmico e e´ selecionada a temperatura 5 em que se deseja medir a viscosidade. E´ necessa´rio aguardar em torno de 15 minutos para que o fluido entre em equil´ıbrio te´rmico com a temperatura escolhida (segundo o fabricante). Enta˜o, e´ feita a medida do tempo que o fluido leva para escoar entre os pontos A e B. Com esse ∆t em segundos e a constante do viscos´ımetro utilizado e´ poss´ıvel determinar ou calcular a viscosidade cinema´tica do fluido. Multiplicando esse valor pela massa espec´ıfica do fluido encontramos a sua viscosidade dinaˆmica. 1.3 VISCOSI´METRO DE CILINDROS CONCEˆNTRICOS O referido viscos´ımetro baseia-se no escoamento laminar no espac¸amento entre dois cilindros rotativos. Quando o espac¸amento entre os cilindros e´ pequeno o suficiente, o l´ıquido de trabalho entre os mesmos experimenta sempre uma taxa constante de cisalhamento γ˙ (Figura 1.4). Figura 1.4: Esquema do escoamento entre cilindros rotativos. O cilindro maior de raio R2 permanece fixo enquanto o cilindro menor de raio R1 gira com velocidade ω. O fluido ocupa o espac¸o entre os cilindros δ. Seja R1 o raio do cilindro interno, R2 o raio do cilindro externo e ω a velocidade angular do cilindro interno (com o externo estaciona´rio), a taxa de cisalhamento e´ determinada por: γ˙ = R1ω R2 −R1 (1.9) Sendo T o torque do fluido sobre o cilindro de Raio R1, a tensa˜o de cisalhamento e´ dada por: τrθ = T 2piR21L (1.10) 6 em que L e´ o comprimento do cilindro imerso no l´ıquido. Igualando-se a equac¸a˜o cons- titutiva para fluido newtoniano (equac¸a˜o 1.1), a expressa˜o da tensa˜o de cisalhamento e´ dada por: τrθ = µγ˙ = T 2piR21L ⇒ µ = T 2piR21Lγ˙ . (1.11) E portanto obte´m-se a seguinte expressa˜o para a viscosidade do fluido: µ = T (R2 −R1) 2piR31Lω . (1.12) Assim, para uma dada velocidade angular de rotac¸a˜o do cilindro interno e´ poss´ıvel obter a viscosidade do fluido medindo-se o torque do fluido aplicado sobre este cilindro. Com esse mesmo aparato e´ poss´ıvel medir tambe´m viscosidades aparentes de fluidos na˜o newtonianos. 1.3.1 Aparato Experimental e Procedimentos O aparato utilizado nessa etapa do experimento e´ composto por: • Viscos´ımetro de Couette - Marca: Brookfield, PROGAMMABLE DV-II + VIS- COSIMETER • Computador - com os softwares VBLOADER e WINGATHER • Pipeta graduada - Marca: Costar, 20oC 5ML. Com a pipeta sa˜o colocados 8 ml do l´ıquido que se deseja medir no viscos´ımetro. E´ aberto enta˜o o software VBLOADER para entrar com os paraˆmetros do experimento, como a velocidade angular e o tempo de execuc¸a˜o. O software WINGATHER armazena os dados em um arquivo de texto. Com esse arquivo sa˜o obtidos os dados principais do experimento. A figura(1.5) mostra o viscos´ımetro utilizado. Com esse viscos´ımetro sera˜o avaliadas as viscosidades dos o´leos de soja e mineral e da soluc¸a˜o de poliacrilamida em func¸a˜o da taxa de cisalhamento. 1.4 TUBO CAPILAR Nesse passo e´ determinada a viscosidade efetiva de um fluido a partir da Lei de Poiseuille. Considere que o fluido escoa em um tubo de raio R, como mostra a figura (1.6). 7 Figura 1.5: Viscos´ımetro Brookfield de cilindros conceˆntricos utilizado nos experimentos. (Laborato´rio do Vortex - ENM - UnB) Figura 1.6: Escoamento laminar em tubo capilar. Resolvendo a equac¸a˜o de Navier-Stokes para escoamento unidirecional em tubo determina-se um perfil de velocidade parabo´lico que integrado em uma sec¸a˜o do tubo resulta na seguinte expressa˜o para vaza˜o: Q = −piR 4 8µ ∆P L (1.13) para fluidos newtonianos. Q e´ a vaza˜o e −∆P/L e´ o gradiente de pressa˜o. Conhecendo- se, enta˜o, a vaza˜o e o gradiente de pressa˜o encontra-se a viscosidade µ. A viscosidade µ obtida e´ denominada viscosidade efetiva do fluido, ja´ que e´ determinada atrave´s da vaza˜o do mesmo em um tubo capilar. Para fluidos na˜o-newtonianos generalizados e´ 8 utilizada a relac¸a˜o entre a taxa de cisalhamento e a tensa˜o na parede. A tensa˜o de cisalhamento na parede e´ dada por: τw = µ(γ˙w)γ˙w = ( Po − PL L ) R 2 (1.14) e a taxa de cisalhamento: γ˙w = Q piR3 ( 3 + d ln |Q| d ln |∆P | ) . (1.15) Portanto encontra-se a viscosidade na parede a partir da vaza˜o e da variac¸a˜o de pressa˜o. A deduc¸a˜o das equac¸o˜es (1.14) e (1.15) e´ apresentada no apeˆndice 2. 1.4.1 Aparato Experimental e Procedimentos Os instrumentos que compo˜e a bancada de medic¸a˜o da viscosidade efetiva sa˜o (ver figura 1.7): Figura 1.7: Esquema do aparato bomba de seringa e tubo capilar para determinac¸a˜o da viscosidade em escoamento com cisalhamento quadra´tico (a taxa de cisalhamento na˜o e´ cons- tante). • Manoˆmetro - Marca: ZU¨RICH, modelo: Z-10-B, Faixa: 0 a 280 mmHg • Bomba de Seringa - Marca: Cole Parmer, Faixa: 1,426 µl/h a 36 ml/min • Seringa - Marca: Arti Glass, 20 ml • Tubo Capilar - Marca: Vorsicht Glass, com diaˆmetro interno de 300 µm. 9 Primeiramente, preenche-se a seringa com o fluido teste. Posiciona-se a seringa com cautela na bomba de seringa. Enta˜o e´ imposta uma vaza˜o na bomba. E´ feita a leitura no manoˆmetro da diferenc¸a de pressa˜o obtida entre a bomba desligada e a bomba ligada. Com essa diferenc¸a de pressa˜o e com a vaza˜o (que e´ dado de entrada), pode-se determinar a viscosidade efetiva e a viscosidade aparente do fluido sujeito a cisalhamento quadra´tico. Nessa bancada sera˜o medidas as viscosidades da a´gua e da soluc¸a˜o de poliacrilamida. 1.5 MEDIDA DE VISCOSIDADE PORMEIO DA SEDIMENTAC¸A˜O DE UMA ESFERA A sedimentac¸a˜o de uma esfera em baixos nu´meros de Reynolds (Re→ 0) e´ regida pela Lei de Stokes. Essa lei e´ obtida a partir da soluc¸a˜o das equac¸o˜es de Navier-Stokes em coordenadas esfe´ricas com as seguintes condic¸o˜es de contorno: r = R ; u = UT r →∞ ; u = 0 (1.16) em que UT e´ a velocidade terminal da esfera e R e´ o raio da esfera. A forc¸a de arrasto viscoso Fd agindo sobre a esfera nessas condic¸o˜es e´ dada por Fd = 6piµRUT (1.17) Portanto para uma esfera se movendo com velocidade constante UT (velocidade termi- nal) sob ac¸a˜o da gravidade, a equac¸a˜o do movimento (segunda lei de Newton) se reduz ao balanc¸o entre a forc¸a de arrasto e o peso l´ıquido (peso da esfera menos a forc¸a de empuxo) da mesma, ja´ que na˜o ha´ acelerac¸a˜o. Assim: Fd = Pliq 6piµRUT = ∆ρg 4 3 piR3 (1.18) em que Pliq e´ o peso l´ıquido da esfera de raio R, g e´ a acelerac¸a˜o gravitacional local e ∆ρ e´ a diferenc¸a entre a massa espec´ıfica da esfera e do fluido. Logo: µ = 2∆ρgR2 9UT . (1.19) 10 Figura 1.8: Ilustrac¸a˜o de uma part´ıcula r´ıgida esfe´rica sedimentando em um fluido viscoso em baixo nu´mero de Reynolds. Desta maneira, pode-se determinar a viscosidade de um fluido viscoso conhecendo-se a diferenc¸a entre as massas espec´ıficas, a velocidade terminal da esfera e o raio da esfera. A figura (1.8) mostra um esquema desse arranjo experimental. A equac¸a˜o (1.19) na˜o leva em considerac¸a˜o a influeˆncia das paredes do reservato´rio no movimento da part´ıcula. A parede produz um distu´rbio em primeira ordem do tipo d/D, que e´ um decaimento t´ıpico de movimentos de corpos em baixos Reynolds. De um ponto de vista pra´tico um reservato´rio infinito na˜o e´ poss´ıvel e assim diante do decaimento lento d/D existe sempre algum efeito de parede sobre o movimento da esfera. Propo˜e-se uma correlac¸a˜o emp´ırica para corrigir os efeitos de parede na medida de viscosidade como sendo: µc = µ 1− 2, 104 d D + 2, 09 (d D )3 − 0, 95 ( d D )5 (1.20) em que µc e´ a viscosidade corrigida e D e´ o comprimento caracter´ıstico do reservato´rio de confinamento do fluido. 1.5.1 Aparato Experimental e Procedimentos Para a realizac¸a˜o do experimento de Stokes sa˜o utilizados os seguintes instrumentos: 11 • Computador - com os programas VideoTizer e Sion Image • Recipiente de vidro • Caˆmera de v´ıdeo - Marca: Panasonic, OMNIMOVIE VHS/HQ; Frequeˆncia de captura: 30Hz Nessa etapa e´ medida a viscosidade do o´leo de silicone. Primeiramente o reser- vato´rio e´ preenchido com o referido o´leo. Em seguida, a esfera e´ inserida na superf´ıcie livre do l´ıquido. O movimento descendente da esfera e´ filmado. Essa filmagem e´ digi- talizada no computador para que, pelo uso dos programas Sion Image e Videotizer, o movimento da esfera seja quantificado juntamente com o intervalo de tempo necessa´rio para ocorrer um deslocamento significativo da mesma. Assim e´ poss´ıvel trac¸ar o gra´fico de deslocamento versus tempo, obtendo a velocidade terminal UT e com isso a viscosi- dade do fluido. 1.6 RELATO´RIO O relato´rio devera´ conter os seguintes elementos: 1. Introduc¸a˜o teo´rica 2. Descric¸a˜o dos experimentos 3. Resultados Cannon-Fenske: apresentar os gra´ficos da viscosidade da a´gua e da viscosidade do o´leo de soja em func¸a˜o da temperatura e comparar com a Lei de Arrhenius, obtendo as constantes A e B para cada material 4. Resultados Viscos´ımetro de Cilindros Conceˆntricos: apresentar os gra´ficos dos o´leos de soja e mineral e da soluc¸a˜o de poliacrilamida em func¸a˜o da taxa de cisalhamento. Comparar o gra´fico da poliacrilamida com uma Power Law, deter- minando as constantes n e C para esse fluido. 5. Resultados Tubo Capilar: trac¸ar o gra´fico de (Po − PL) versus Q para a a´gua e determinar a viscosidade atrave´s da inclinac¸a˜o da reta obtida. Determinar a viscosidade da soluc¸a˜o de poliacrilamida em func¸a˜o da taxa de cisalhamento na parede a partir das equac¸o˜es para fluidos na˜o-newtonianos (equac¸o˜es 1.14 12 e 1.15). Comparar esse resultado com o resultado obtido no viscos´ımetro de cilindros conceˆntricos. 6. Resultados do experimento de Stokes: com a velocidade terminal encontrada obter a viscosidade sem correc¸a˜o µ e a viscosidade corrigida µc, analisando se e´ significativa a diferenc¸a entre as duas. 7. Concluso˜es: analisar brevemente os experimentos realizados e classificar os fluidos estudados como newtonianos ou na˜o newtonianos, expondo os argumentos para essa classificac¸a˜o. BIBLIOGRAFIA Barnes, H. A., Hutton, J. F., Walters K., 1989, “An Introduction to Rheology”, 1. ed - Elsevier Science Cengel, Y. A., Cimbala, J. M., 2007, “Mecaˆnica dos Fluidos - Fundamentos e Aplicac¸o˜es”, 1 ed. - Editora McGrawHill Cunha, F. R., 2010, “Notas de aula do curso de Mecaˆnica dos Fluidos 2”, Univer- sidade de Bras´ılia, Departamento de Engenharia Mecaˆnica Larson, R. G., 1999, “The structure and rheology of complex fluids”, 1 ed. - Oxford University Press. Pao, R. H. F., 1967, “Fluid Dynamics”, 1 ed. - Purdue University Press. APEˆNDICE 1 A tabela abaixo conte´m as constantes de cada Cannon-Fenske e a faixa em que a viscosidade cinema´tica deve estar situada para que o erro relativo a` aproximac¸a˜o que considera uma dependeˆncia linear da viscosidade cinema´tica com o ∆t seja o menor poss´ıvel (dados fornecidos pelo fabricante). 13 Tabela 1.1: Classificac¸a˜o dos Viscos´ımetros Nu´mero Constante K Variac¸a˜o da Viscosidade (centistokes/segundo) (centistokes) 25 0.002 0.5 a 2 50 0.004 0.8 a 4 75 0.008 1.6 a 8 100 0.015 3 a 15 150 0.035 7 a 35 200 0.1 20 a 100 300 0.25 50 a 250 350 0.5 100 a 500 400 1.2 240 a 1200 450 2.5 500 a 2500 500 8 1600 a 8000 600 20 4000 a 20000 APEˆNDICE 2 A partir de um balanc¸o integral de forc¸as na regia˜o do tubo tem-se: PopiR 2 − PLpiR2 − 2τwpiRL = 0 (1.21) e portanto: τw = ( Po − PL L ) R 2 (1.22) que e´ a equac¸a˜o (1.14). A relac¸a˜o entre a tensa˜o de cisalhamento em um ponto ao longo do tubo e a tensa˜o na parede e´ dada por: τ = − r R τw. (1.23) A vaza˜o no capilar e´ dada por: Q = 2pi ∫ R 0 u(r)rdr. (1.24) 14 Uma intergrac¸a˜o por partes da equac¸a˜o acima leva a: Q = pi [ ur2 ]R 0 − 2pi ∫ R 0 r2 2 γ˙(τ)dr = −pi ∫ R 0 r2γ˙(τ)dr, (1.25) ja´ que a velocidade na parede e´ nula. Utilizando a mudanc¸a de varia´veis r = −R τ τw (1.26) na equac¸a˜o (1.25), tem-se: Q = piR3 τ 3w ∫ −τw 0 γ˙(τ)τ 2dτ, (1.27) cuja derivac¸a˜o resulta em: γ˙w = 1 τ 2w d dτw ( τ 3wQ piR3 ) . (1.28) E, finalmente, substituindo a relac¸a˜o obtida para τw: γ˙w = Q piR3 ( 3 + d ln |Q| d ln |∆P | ) , (1.29) que e´ a equac¸a˜o (1.15). 15
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