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AN02FREV001/REV 4.0 138 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE QUÍMICA ORGÂNICA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 139 CURSO DE QUÍMICA ORGÂNICA MÓDULO IV Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 140 MÓDULO IV 15 REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO As reações químicas ocorrem de várias formas e envolvem muitas espécies com características distintas. Antes de iniciarmos os estudos das reações químicas veremos alguns conceitos importantes e os mecanismos usados para descrever as reações. Outros conhecimentos prévios, como cinética química e interação ácidos e bases são pré-requisitos para um melhor entendimento desse assunto e cabe ao aluno buscá-lo. Um dos principais elementos que sofre quebra de ligação nas reações orgânicas é o carbono. Este pode sofrer heterólise transformando-se em íons: carbocátion (íon de carga positiva) e carbânion (íon de carga negativa). Veja o mecanismo abaixo. carbocátion carbânion Observa-se acima que o carbocátion, com carga positiva, tem deficiência de elétrons, dessa forma eles buscam espécies com elétrons disponíveis, sendo chamados de eletrófilos. Eletrófilos são moléculas deficientes em elétrons que buscam outras com elétrons extras a fim de se estabilizarem. heterólise heterólise AN02FREV001/REV 4.0 141 Os carbânions se comportam como nucleófilos (possui carga negativa), ou seja, são ricos em elétrons, podendo doá-los ao eletrófilo. Nos exemplos mostrados, verificam-se setas curvas, estas demonstram a direção do fluxo de elétrons. A seta curva inicia em uma ligação covalente ou em um par de elétrons não compartilhados e aponta para o local com deficiência de elétrons. Exemplo: Analisando a reação acima nota-se que o oxigênio da molécula de água possui densidade eletrônica alta e "ataca" o hidrogênio do ácido clorídrico que está com densidade eletrônica baixa, formando o íon hidrônio através da quebra de ligação entre o cloro e o próton (hidrogênio). A reação mostrada acima é um exemplo de reação entre um ácido (HCl) e uma base (água). A água aqui atua como uma base de Lewis e de Bronsted-Lowry. Base de Lewis é aquela que doa par de elétrons. De acordo com Bronsted-Lowry, base é toda substância que pode receber um próton. Muitas reações ocorrem entre ácidos e bases que podem ou não envolver nucleófilos e eletrófilos, formando novas ligações e novos produtos. As reações podem ser classificadas de acordo com o processo ou mecanismo conforme os grupos funcionais. Nós estudaremos algumas reações como de substituição, de adição, de eliminação, de oxidação e redução e de polimerização. Reações de substituição são aquelas em que um átomo ou grupo é substituído por outro. Há dois tipos de substituição - a substituição nucleofílica e a substituição eletrofílica. A substituição nucleofílica, na qual o nucleófilo é a espécie que possui um par de elétrons não compartilhados, pode ocorrer com haletos de alquila, alcoóis e epóxidos. Já as reações de substituição eletrofílica, em que o eletrófilo reage com nucleófilos, ocorrem com compostos aromáticos. AN02FREV001/REV 4.0 142 15.1 REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO NUCLEOFÍLICA SN1 Quando a substituição nucleofílica envolve haletos de alquila, este denominado de substrato sofre reação com um nucleófilo, deslocando o halogênio substituinte (grupo retirante), formando o íon haleto. Nesta reação, a ligação carbono-halogênio do substrato sofre heterólise. Dessa forma, os elétrons do nucleófilo são compartilhados com o carbono obtendo uma nova ligação. Exemplos: Nucleófilo Haleto de alquila Produto íon haleto (substrato) Os nucleófilos que podem reagir com os haletos devem ser íons negativos, ou qualquer molécula que possua pares de elétrons não compartilhados, como por exemplo, o íon hidróxido e a água, produzindo alcoóis, como mostrado na primeira reação acima, onde o clorometano ou cloreto de metila reage com o íon hidróxido formando o álcool metílico ou metanol e o íon haleto (grupo retirante). Vejamos outro exemplo: O composto brometo de terc-butila sofre substituição nucleofílica por meio da reação com o solvente alcoólico - metanol, produzindo um éter e ácido bromídrico. Esta reação ocorre em duas etapas, uma lenta e uma rápida a qual chamamos de SN1. SN1 significa uma reação de substituição nucleofílica unimolecular, na qual a concentração do substrato (haleto de alquila) é que determina a ocorrência desse tipo de reação. Quanto mais volumosos os grupos ao redor do carbono central AN02FREV001/REV 4.0 143 halogenado mais favorecerá a ocorrência da reação SN1, pois um carbono terciário é mais estável que os outros e induz a saída do grupo retirante que é uma base fraca, neste caso representado pelo íon brometo. Na etapa lenta há uma reação de ionização em que se forma o carbocátion, sem que o nucleófilo interfira. Na etapa rápida, moléculas de metanol (nucleófilo) atacam o carbocátion e perdem rapidamente um próton resultando no produto final, o éter metil terc-butílico. Reação geral Mecanismo da reação acima A estabilidade dos carbocátions para as reações SN1 é um dos fatores determinantes para a ocorrência deste tipo de mecanismo de reação. A reatividade de SN1 diminui na seguinte ordem: carbocátion terciário > carbocátion secundário > carbocátion primário > cátion metila. Estes dois últimos são tão instáveis que não participam de reações SN1. 15.2 REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO NUCLEOFÍLICA SN2 As reações de substituição nucleofílica SN2 são bimoleculares, ou seja, duas espécies químicas que são responsáveis para que a reação ocorra, ao contrário de lenta rápida AN02FREV001/REV 4.0 144 SN1 onde só a concentração de um composto que determina a ocorrência da reação. A SN2 ocorre apenas em uma etapa. Observe o mecanismo da reação abaixo. A reação ocorre entre o íon hidróxido e o iodeto de metila, formando o etanol e o íon iodeto. O íon hidróxido é um ótimo nucleófilo e o iodeto polariza o carbono deixando-o parcialmente positivo (eletrófilo), assim o nucleófilo ataca o eletrófilo. Este ataque acontece por trás, isto é, pelo lado oposto do grupo retirante (iodeto), conforme a reação vai ocorrendo a ligação entre o carbono e o oxigênio vai se fortalecendo e a ligação entre carbono e grupo retirante (iodeto) se enfraquece, formando os produtos finais. Nota-se no mecanismo abaixo que na molécula, ao ser atacada por trás, sua configuração se inverte. Reação Geral Mecanismo da reação acima Ao contrário de SN1, na SN2 os haletos de alquilas simples são mais reativos que os secundários e terciários, conforme a ordem abaixo: metil > primário> secundário >> terciário (não reage) Essa posição na sequência deve-se ao efeito estérico, em que moléculas com grupos ao redor do átomo central causam um impedimento, o bloqueio estérico (Figura 49), que retarda ou impede a ocorrência de uma reação. O efeito estérico é causado pela ocupação espacial das partes de uma molécula que estão ligadas ao sítio reacional ou estão próximas deste sítio. AN02FREV001/REV 4.0 145 Observe na figura que a molécula da neopentila tem um grupo com quatro carbonos que dificulta o ataque do nucleófilo, mas a do carbono terciário é a que mais bloqueia a ação do nucleófilo. FIGURA 49 - EFEITOS ESTÉRICOS NA REAÇÃO SN2 . Metila Primário Secundário Neopentila Terciário O nucleófilo em rosa tem mais dificuldade em atacar a molécula de neopentila e o carbono terciário, devido ao bloqueio estérico. FONTE: Solomons & Fryhle (2001, p. 257). 15.3 REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO ELETROFÍLICA As reações de substituição eletrofílica estão ligadas diretamente a compostos aromáticos. Um eletrófilo (E+) reage com o anel aromático e substitui um dos seus átomos de hidrogênio. As principais reações de substituição eletrofílica são: alquilação e acilação de Friedel-Crafts, nitração, sulfonação e halogenação do benzeno, de acordo com os reagentes utilizados teremos essas reações. Pelos exemplos abaixo (Figura 50), observa-se que: na alquilação um grupo alquil (R) substitui um hidrogênio; na acilação um grupo acila (RC=O) substitui um hidrogênio; na sulfonação um grupo de ácido sulfônico (SO3H) substitui um hidrogênio; na nitração um grupo nitro (NO2) substitui um hidrogênio; na halogenação um halogênio (Cl, Br ou I) substitui um hidrogênio. AN02FREV001/REV 4.0 146 FIGURA 50 - EXEMPLOS GERAIS DE POSSÍVEIS SUBSTITUIÇÃO ELETROFÍLICA FONTE: Mc. Murry (1999, p. 559). O benzeno (Figura 51) reage com um eletrófilo na presença de um ácido de Lewis, formando uma molécula aromática substituída. O eletrófilo atrai os elétrons do anel formando uma ligação com um carbono aromático, resultando no íon arênio. O íon arênio perde um próton e a ligação dupla é refeita, estabilizando o eletrófilo para formar o benzeno substituído. FIGURA 51 - MECANISMO DA REAÇÃO GENÉRICA DA SUBSTITUIÇÃO ELETROFÍLICA FONTE: Sarker & Nahar (2007, p. 254). Alquilação e acilação de Friedel-Crafts A alquilação de Friedel-Crafts é uma reação de substituição aromática eletrofílica, em que há a formação intermediária de um carbocátion da molécula do haleto de alquila, por meio da reação catalisada pelo ácido de Lewis AlCl3. No AN02FREV001/REV 4.0 147 exemplo abaixo, o 2-cloropropano reage com o benzeno. De acordo com o mecanismo da reação, o ácido de Lewis promove a formação do carbocátion, deixando-o susceptível ao ataque eletrofílico do benzeno que tem um de seus hidrogênios substituído pelo grupo alquila, resultando como produto o isopropilbenzeno. Exemplo: Reação Geral Mecanismo da reação acima A alquilação de Friedel-Crafts possui limitações, pois os grupos haletos arílicos e vinílicos não reagem. Ela não ocorre em anéis aromáticos compostos por fortes grupos substituintes retiradores de elétrons como o - NO2; -CN; -CHO; -COR; - NHR; NH2 e -NR2. Na acilação o mecanismo é parecido, mas a reação deve ser aquecida e catalisada pelo AlCl3. Um hidrogênio do anel aromático é substituído pelo grupo acila (C=OR), por meio do cloreto de ácido (RCOCl). Por exemplo: AN02FREV001/REV 4.0 148 C O CH3 ++ AlCl3 Benzeno CH3 C O Cl 80ºC HCl Cloreto de acetila Acetofenona Nitração e sulfonação Na nitração o benzeno reage com ácido nítrico e na sulfonação com o ácido sulfúrico, conforme os exemplos abaixo. Neste tipo de reação eletrofílica não há a necessidade da presença do ácido de Lewis. Na letra a temos um exemplo de sulfonação e na b de nitração. a) b) AN02FREV001/REV 4.0 149 Substituição eletrofílica em anel aromático monossubstituído Quando o anel aromático já for monossubstituído o outro substituinte sofrerá interferência, pois o primeiro substituinte direcionará sua posição no anel. Os grupos que conferem ao anel maior reatividade que a própria do benzeno são chamados de grupos ativadores e os que tornam o anel menos reativos são denominados de grupos indutivos desativadores. Os grupos ativadores direcionarão o ataque ao anel na posição orto-para, como por exemplo, substituintes alquílicos. Estes empurram a densidade eletrônica (elétrons) para o anel, aumentando sua reatividade e fazendo-o atuar como um nucleófilo. Vamos analisar o grupo metil (-CH3) que ao doar os elétrons para o anel o torna mais estável, em relação ao hidrogênio. Ao contrário do que ocorre com o grupo -NH3 +: o nitrogênio é mais eletronegativo do que o carbono, deixando-o com carga parcialmente positiva e deficiente eletronicamente, dessa forma o nitrogênio puxa os elétrons do carbono do anel fazendo com que fique menos reativo, desativando-o. Estes grupos são chamados de grupos indutivos desativadores que direcionarão os grupos substituintes na posição meta. O anel aromático fica menos nucleofílico e menos susceptível a ataques de eletrófilos. Fazem parte desse grupo os substituintes nitro, acila, ácido carboxílico, ácido sulfônico, e os grupos nitrilas. Exemplo: ou ou No exemplo acima, vemos os possíveis produtos, pois depende do grupo - CH3, direcionar o substituinte. Abaixo, temos o mecanismo da reação com suas formas ressonantes, que mostra a atuação do grupo metil. Na reação 1, verifica-se que temos um intermediário orto e que o carbono de número 1, o ligado ao grupo metil, é um carbocátion, na 2 o intermediário é meta, e na 3 a posição do substituinte AN02FREV001/REV 4.0 150 está em para. As formas mais estáveis, para grupos doadores de elétrons (como o - CH3) serão aquelas em que os carbocátions se encontram ligados a estes grupos, como mostrado abaixo. Dessa forma, grupos doadores de elétrons só formarão produtos onde a posição dos substituintes seja orto-para. Os grupos que fazem parte de ativadores do anel e que direcionam para as posições orto-para são: -NH2;-NHR; -NR2; -OH; - OR; R; Ar, etc. A maioria dos orientadores orto-para possuem um par de elétrons não ligante no átomo diretamente ligado ao anel, com exceção dos grupos alquilas, arilas e vinilas. 1. mais estável 2. 3. mais estável Já os grupos que retiram elétrons do anel aromático direcionarão os substituintes para a posição meta, esses grupos possuem uma carga positiva sobre o átomo ligado diretamente no anel. Dessa forma, quando o carbocátion é um carbono que está diretamente ligado ao grupo retirador de elétrons acaba ficando instável, dessa forma a posição que dá mais estabilidade seria a meta. AN02FREV001/REV 4.0 151 Veja os exemplos abaixo, em que a anilina protonada reage com Y. Os resultados possíveis são mostrados nas reações 1, 2 e 3. A que oferece um produto mais estável seria a de número 2, em que a posição será em meta, pois é a única reação que a carga positiva não se encontra no carbocátion que está ligado ao grupo NH3 +, para todas as opções. Exemplo: 1. , menos estável 2. 3. menos estável 16 REAÇÕES DE ADIÇÃO Reações de adição ocorrem emcompostos que possuam ligações , ou seja, ligações duplas ou triplas entre carbonos ou carbono-oxigênio, como aldeídos e cetonas. AN02FREV001/REV 4.0 152 Assim como nas reações de substituição, a adição também pode ser eletrofílica ou nucleofílica. A eletrofílica ocorre em alcenos e alcinos e a nucleofílica em cetonas e aldeídos. Alcenos e alcinos são nucleofílicos reagindo com eletrófilos. As ligações insaturadas dessas espécies são quebradas para a incorporação de um novo átomo à molécula, ele é adicionado a ela, desde que haja quebra dessas ligações duplas ou triplas. Quando se trata dos alcinos duas moléculas de reagentes são requeridas para quebrar as duas ligações . Os alcinos são menos reativos que os alcenos. Alceno Reagente Produto Na adição eletrofílica qualquer átomo de caráter nucleofílico pode ser incorporado à molécula, formando outros grupos funcionais. A hidrogenação catalítica, um processo industrial muito utilizado para converter óleos vegetais em gorduras semissólidas como margarinas, é um exemplo de adição nucleofílica. Nas reações abaixo foi usado o catalisador platina, mas também se pode usar níquel, paládio, ródio e rutênio. Catalisadores são substâncias que aceleram a velocidade das reações com menos gasto energético e que não são consumidos na reação. Reação but-2-eno butano etino etano AN02FREV001/REV 4.0 153 Para a ocorrência das reações acima e aquelas que envolvem alcenos tri ou tetrassubstituídos deve-se levar em consideração a estabilidade deles. Quanto maior o número de grupos alquilas ligados ao carbono da dupla, maior será a estabilidade dos alcenos. 16.1 ADIÇÃO DE HALETOS DE HIDROGÊNIO AO ALQUENO (HX) Haletos de hidrogênio são formados por elementos da família dezessete da tabela periódica (Cl, Br e I). Os alcenos são convertidos em haletos de alquila pela adição do HX, essa adição segue a regra de Markovnikov. A regra coloca que o hidrogênio ácido se ligará ao carbono da dupla que tiver mais hidrogênio e o haleto ao outro carbono da dupla. A reação envolve a estabilidade do carbocátion intermediário. Na reação abaixo, o propeno reage com o brometo de hidrogênio (ácido bromídrico) e pela regra de Markovnikov, o hidrogênio se ligará no carbono 1 que é mais hidrogenado, ficando -CH3 e o outro carbono transforma-se em carbocátion, o qual será atacado pelo nucleófilo, o brometo, assim tem-se como produto final o 2- bromopropano. Este composto é gerado por conta do carbocátion mais estável, o terciário. Reação: propeno 2-bromopropano 1-bromopropano (maior produto) AN02FREV001/REV 4.0 154 Mecanismo da reação acima: 2-bromopropano 16.2 ADIÇÃO DE ÁGUA AO ALQUENO (HX) A adição de água é conhecida como uma reação de hidratação. Esta reação com alcenos deve ocorrer em meio ácido, o qual atua como um catalisador, para que a formação de alcoóis seja favorecida. Abaixo temos a reação entre o 2- metilpropano e a água, resultando no 2-metil-propan-2-ol ou álcool terc-butílico, a qual segue a regra de Markovnikov. Nesta reação o carbocátion é formado por meio da doação do hidrogênio por parte do ácido, formando um carbocátion terciário (é o mais estável). A água que é nucleofílica ataca o carbocátion, assim o átomo de hidrogênio se retira da molécula e é devolvida para o ácido. Esta reação é o inverso da reação de desidratação de um álcool. 1, 3, 4 Reação: 2-metilpropano álcool terc-butílico AN02FREV001/REV 4.0 155 Mecanismo da reação acima Essas reações mostradas acima são de natureza eletrofílica. Agora vamos analisar as de natureza nucleofílica. Geralmente aldeídos e cetonas participam das reações de adição nucleofílicas. Os aldeídos reagem mais rapidamente que cetonas. O grupo carbonila pode se comportar como um ácido ou base de Lewis, dependendo dos reagentes envolvidos. Como o oxigênio polariza a ligação com o carbono, ele fica com carga parcialmente negativa e o carbono com carga parcialmente positiva, veja o exemplo abaixo. O carbono se transforma em um eletrófilo sendo facilmente atacado por um nucleófilo que pode ser uma molécula com carga negativa ou neutra. Exemplo: Se o nucleófilo for de carga negativa a reação não necessita de um catalisador, mas forma o intermediário alcóxido, que em meio ácido se transforma em um álcool. AN02FREV001/REV 4.0 156 Exemplo: Alcóxido álcool (Y = H ou R) Para nucleófilos neutros a reação precisa de catalisador, pois moléculas neutras como água e álcool são nucleófilos fracos, assim o ácido protona o oxigênio carbonílico e aumenta a susceptibilidade do carbono da carbonila ser atacado nucleofilicamente. Existem muitas outras reações de adição, mas o princípio é o mesmo para todas. 17 REAÇÕES DE ELIMINAÇÃO Nas reações de eliminação ocorre a diminuição de átomos na molécula, pois estes são eliminados para formar produtos com ligações duplas. Assim como na reação de substituição a eliminação pode ser unimolecular, E1 (a velocidade da reação depende da concentração de apenas uma substância) e bimolecular, E2 (a velocidade da reação de eliminação depende das concentrações das duas substâncias). AN02FREV001/REV 4.0 157 As condições para que esse tipo de reação ocorra, deve ser na presença de ácidos ou bases fortes a temperaturas elevadas. Alcenos e alcinos podem ser formados a partir de reações de eliminação, por meio da desidratação de alcoóis e desidrohalogenação dos haletos de alquila. Ácidos carboxílicos também sofrem reação de eliminação. Por exemplo, quando um haleto de alquila sofre reação de eliminação, o halogênio X, é removido do carbono da extremidade e um hidrogênio é eliminado de um carbono adjacente, assim uma ligação dupla se estabelece, formando um alceno. Veja que na substituição forma-se o íon negativo, mas a molécula formada não é um alceno. alceno átomo eliminado O mecanismo E2 é o mais eficaz para a síntese de alcenos a partir de haletos de alquila. A reação E1 não é muito viável, pois concorre com a reação SN1. Haletos de alquila terciários e alguns haletos secundários podem reagir por este mecanismo, mas não os primários. 17.1 MECANISMO E2 O mecanismo E2 é um mecanismo que envolve o haleto de alquila e um nucleófilo. O resultado da reação depende da concentração de ambos, uma vez que é bimolecular. No exemplo abaixo a reação se dá com uma base forte, em que o nucleófilo (-OH) ataca o hidrogênio (próton) mais susceptível, assim uma dupla ligação se estabelece e o cloro se retira, temos então como produto um alceno. O carbono ligado ao carbono que possui o halogênio é chamado de beta (β) e o próton que está ligado neste carbono tem um pequeno caráter eletrofílico, por indução do AN02FREV001/REV 4.0 158 grupo halogenado, isto ocorre também nos ácidos carboxílicos. Dessa forma, esse próton favorece o ataque por parte do nucleófilo e é eliminado. Exemplo: 17.2 MECANISMO E1 O mecanismo E1 ocorre preferencialmente quando um haleto de alquila é dissolvido num solvente prótico para que este atue como um nucleófilo levementeácido. Solvente prótico é aquele que possui hidrogênios ligados a átomos fortemente eletronegativos (normalmente oxigênio), como por exemplo, água, alcoóis e aminas. Como estas condições são as mesmas para SN1, os reagentes acabam se transformado em produtos oriundos de E1 e SN1. Existem dois estágios para o mecanismo de E1, conforme o exemplo abaixo. Neste exemplo, o 2-iodo-2-metilbutano reage com o metanol (reagente prótico) para formar o alceno, 2-metil-but-2-eno. O primeiro estágio é o mesmo descrito para SN1, onde ocorre a clivagem da ligação C-I para formar um carbocátion intermediário em que a carga positiva é estabilizada pelos três grupos alquilas que o rodeiam. Na segunda etapa, o metanol ataca o β-próton que é o mais susceptível, induzindo a quebra da ligação com o β-carbono, dessa forma uma ligação dupla é formada. O primeiro passo desse mecanismo é o determinante, uma vez que este passo depende apenas da concentração do haleto de alquila. Reação 2-iodo-2-metilbutano AN02FREV001/REV 4.0 159 Mecanismo da reação acima 17.3 ELIMINAÇÃO CONTRA SUBSTITUIÇÃO Os produtos formados na eliminação e na substituição dependem das condições, bem como da natureza do nucleófilo e do haleto de alquila presente. Haletos de alquila primários terão preferência a SN2 em vez de E2. Mas se houver uma base forte e volumosa, sob aquecimento e com solvente prótico, a reação E2 é favorecida. Porém, se a base for um nucleófilo fraco, com solvente polar e aprótico (exemplo: cetonas), SN2 tem prevalência sobre E2. Haletos de alquilas secundários podem sofrer SN1 e E1, desde que estejam dissolvidos em solventes próticos. A eliminação pelo mecanismo E2 ocorre exclusivamente com um haleto de alquila terciário se tratada com uma base forte em um solvente prótico. O aquecimento do haleto de alquila terciário em um solvente prótico, aumenta a probabilidade da formação de uma mistura de produtos SN1 e de produtos de eliminação E1. AN02FREV001/REV 4.0 160 18 REAÇÕES DE OXIDAÇÃO E REDUÇÃO As reações de oxidação se estabelecem com perdas de elétrons e a redução com ganho de elétrons, do ponto de vista inorgânico. Na química orgânica, a oxidação significa perda de hidrogênio, adição de oxigênio ou adição de halogênio. O símbolo que representa a oxidação é [O]. A redução é o oposto da oxidação e é representada pelo símbolo [H]. As reações de óxido-redução são muito importantes no contexto biológico, principalmente no metabolismo celular. Os compostos aromáticos resistem à oxidação, mas grupos alquilas ligados nele, não. Geralmente os grupos alquilas do anel aromático são oxidados a ácido carboxílico. Alcoóis podem ser oxidados a cetonas, aldeído e estes a ácidos carboxílicos. Aldeídos também podem se oxidar a cetonas. Alcenos podem ser oxidados a epóxidos e a ácidos carboxílicos. Como um exemplo da oxidação de alcoóis temos o isopropanol, um álcool secundário que resulta numa cetona (propanona), observe que a reação se processa com o reagente H2CrO4 (ácido crômico). Esse reagente é o agente oxidante e atua como eletrófilo. Outros agentes oxidantes também são muito utilizados, como o permanganato de potássio (KMnO4) e o tetróxido de ósmio (OsO4). No exemplo abaixo ocorre uma reação de eliminação onde ocorre a remoção de um átomo de hidrogênio do carbono alcoólico. Assim, o crômio é reduzido (VI para IV) e o álcool oxidado. Nota-se que o número de hidrogênios diminuíram no novo composto, típico de reação de oxidação. AN02FREV001/REV 4.0 161 Alcoóis primários formam aldeídos e se sofrerem uma segunda oxidação formam ácidos carboxílicos. Alcoóis secundários geram cetonas e alcoóis terciários não sofrem oxidação, pois não possuem hidrogênio no carbono alcoólico. No exemplo abaixo temos um álcool primário formando um aldeído que com a segunda oxidação forma um ácido carboxílico. Nas reações de redução o processo é o inverso da oxidação, por exemplo, se uma cetona se reduz formará um álcool secundário na presença de um catalisador. Aldeídos são reduzidos a alcoóis primários. Alcenos e alcinos podem ser reduzidos a alcanos. cetona álcool secundário 19 REAÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO Polímeros são macromoléculas com alta massa molecular, formadas por monômeros, que por meio de reações de adição e condensação se polimerizam. Monômeros são subunidades que se unem para formar macromoléculas. Existem polímeros naturais como DNA, proteínas e carboidratos, mas temos também os sintéticos. Estes são de grande importância na modernidade. Uma grande maioria de compostos são polímeros, estamos cercados por eles em todo lugar. Exemplo: cerdas de escovas e pincéis, tintas, plásticos de todas as espécies, borracha, remédios, fraldas descartáveis, entre outras. H2 AN02FREV001/REV 4.0 162 19.1 POLÍMEROS DE ADIÇÃO Polímeros de adição são aqueles formados por meio da quebra de ligações dos alcenos, por reações de adição. Exemplo: Etileno (monômero) Polietileno (Polímero) Observação: A letras m e n da reação acima, significam números grandes de unidades. São exemplos de polímeros de adição: politetrafluoretileno (teflon); policianeto de vinila (poliacrilonitrila); poliacetato devinila (PVA), polieritreno (borracha sintética), etc. 19.2 POLÍMEROS DE CONDENSAÇÃO Estes polímeros são formados a partir de reações de condensação. As subunidades monoméricas se unem por meio de eliminação intermolecular de moléculas menores, como água ou alcoóis. São exemplos de polímeros de condensação: as poliamidas, os poliésteres, as poliuretanas e as resinas de formaldeído. Abaixo temos uma reação entre ácido tereftálico e o etileno-glicol (etanodiol), exemplo de um poliéster, o poli (tereftalato de etileno). Observe que os monômeros se unem pela perda de moléculas de água. Polimerização AN02FREV001/REV 4.0 163 20 BIOMOLÉCULAS Os organismos vivos são formados por muitas moléculas orgânicas e inorgânicas. As moléculas orgânicas, como já falado nos módulos anteriores, são formadas principalmente por carbonos, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo, sendo que a capacidade de formar cadeias do carbono possibilita a geração de uma diversidade de compostos, como as biomoléculas. As principais biomoléculas que discutiremos aqui são: carboidratos, lipídeos, aminoácidos e proteínas. 20.1 CARBOIDRATOS Carboidratos são polímeros naturais formados por unidades monoméricas chamadas de monossacarídeos. Alguns possuem alta massa molecular. São as moléculas biológicas mais abundantes da natureza. São formados por carbono, hidrogênio e oxigênio. Representam a principal fonte de energia para a célula e são importantes constituintes estruturais das membranas celulares e da matriz extracelular. Os carboidratos podem ser classificados de acordo com a quantidade de unidades monoméricas, - dissacarídeos (dois monossacarídeos); oligossacarídeos (até oito monossacarídeos) e polissacarídeos (acima de oito monossacarídeos). AN02FREV001/REV 4.0 164 A estrutura dos carboidratos é estabelecida como aldeídicas (aldoses) ou cetônicas (cetoses), como as moléculas abaixo. Os monossacarídeos se ligam por meio da reação de condensação conhecida como glicosídicas.(- H2O) A seguir estão representadas as fórmulas de alguns monossacarídeos, como aldoses e cetoses. condensação Cetose Aldoses e Ligação glicosídica AN02FREV001/REV 4.0 165 FIGURA 52 - CARBOIDRATOS a) b) a) Representam as aldoses. b) Representam as cetoses. FONTE: Nelson & Cox. (2004, p. 241). AN02FREV001/REV 4.0 166 Na figura acima os carboidratos estão representados pela fórmula de projeção de Fischer, porém essas moléculas sofrem ciclização, veja o exemplo abaixo. A molécula de glicose sofre ciclização por meio da reação intermolecular do grupo -OH no carbono 5 com o grupo aldeído (carbono 1), formando um hemiacetal. Os açúcares mais simples como os monossacarídeos e os dissacarídeos são cristalinos e solúveis em água. Os polissacarídeos são insolúveis em água, como o amido. Os polissacarídeos ou glicanas podem ser divididos em homopolissacarídeos e heteropolissacarídeos. Os homopolissacarídeos são formados por apenas um tipo de monossacarídeo. Exemplo: amido, glicogênio, celulose e quitina. Os heteropolissacarídeos ou glicosaminoglicanas servem como suporte extracelular a muitas formas de vida e componente estrutural de parede celular de bactérias. AN02FREV001/REV 4.0 167 Um exemplo de glicosaminoglicana é o ácido hialurônico. É um poliânion extremamente hidrófilo, sendo que a água de solvatação forma, ao redor desta macromolécula, várias camadas ordenadas e fixas. O ácido hialurônico é muito utilizado em cremes antienvelhecimento. Ele é uma substância fundamental amorfa que ocupa os espaços entre as fibras elásticas e colágenas, funcionando como lubrificante para esta microarquitetura móvel. Age como um poderoso antioxidante. Existem muitas doenças relacionadas com açúcares, entretanto a mais comum é o Diabetes mellitus. A mais frequente, que ocorre geralmente depois dos 40 anos, é a do tipo II, na qual o pâncreas tem deficiência na produção de insulina. 20.2 LIPÍDEOS Os lipídeos são moléculas de gorduras, altamente calóricos, possuindo o dobro de calorias dos carboidratos. Eles possuem duas regiões: uma hidrofílica (polar) e outra hidrofóbica (apolar). São os principais constituintes da membrana plasmática (Figura 53). FIGURA 53 - EXEMPLO DE UMA ESTRUTURA LIPÍDICA FONTE: Koolman & Roehm (2005, p. 49). Em virtude de sua insolubilidade em soluções aquosas, os lipídeos corporais são geralmente compartimentalizados, exemplo: gotículas de triglicerídeos AN02FREV001/REV 4.0 168 (triacilgliceróis) nos adipócitos ou transportados no plasma em associação com proteínas (lipoproteínas). Apresentam como principais funções: atuar como coenzimas, controlar a homeostase, pigmentos lipídicos absorvem a radiação luminosa, agentes emulsificantes, hormônios e mensageiros intracelulares. Os lipídeos podem estar na forma de triacilgliceróis, glicerofosfolipídeos, esfingomielinas, glicolipídeos e esteroides, conforme a figura 54. FIGURA 54 - ESQUEMA DAS POSSÍVEIS FORMAS DE LIPÍDEOS FONTE: Marzzoco (1999). Os triacilgliceróis ou triglicerídeos (Figura 55) são apolares, encontrados em plantas e animais. Em sua molécula há triésteres de glicerol com ácidos graxos. Sua principal função é a reserva energética. FIGURA 55 - EXEMPLO DE UMA MOLÉCULA DE TRIACILGLICEROL FONTE: Marzzoco (1999). AN02FREV001/REV 4.0 169 Os fosfolipídios (Figura 56) são formados por dois ácidos graxos unidos a uma molécula de glicerol ou esfingosina, além de fosfato e álcool. São moléculas anfipáticas e os principais componentes das membranas celulares. FIGURA 56 - ESTRUTURA GERAL DE UM FOSFOLIPÍDIO FONTE: Marzzoco (1999). Os esfingolipídios (Figura 57) são anfipáticos, derivados de ceramidas. Estão presentes em todas as membranas do corpo; compõem a camada externa da membrana plasmática, participam da regulação de interações, são fontes de antígenos dos grupos sanguíneos, atuam como receptores de certas toxinas e fazem parte da composição da bainha de mielina. AN02FREV001/REV 4.0 170 FIGURA 57 - ESTRUTURA GERAL DA ESFINGOSINA FONTE: Marzzoco (1999). Os esteroides compõem uma classe de lipídeos importantes, eles conferem maior rigidez à membrana plasmática e funcionam como precursores de hormônios esteroides, sais biliares e vitamina D. Um exemplo de esteroide é o colesterol, cuja molécula apresenta a função álcool que é a porção polar, como mostrado na figura abaixo. FIGURA 58 - MOLÉCULA DO COLESTEROL FONTE: Marzzoco (1999). AN02FREV001/REV 4.0 171 O transporte dos lipídeos no organismo se dá por meio de lipoproteínas, estas englobam dentro de si triglicerídeos, colesterol, ésteres de colesterol, uma vez que são insolúveis em água. Veja a figura abaixo. As apolipoproteínas auxiliam na solubilização dos lipídeos no plasma e atuam como sítios de reconhecimento, são receptores de superfície celular. FIGURA 59 - ESQUEMA GERAL DAS LIPOPROTEÍNAS PLASMÁTICAS FONTE: Reproduzida de Ritter (1996). As lipoproteínas são classificadas de acordo com sua densidade, como mostra o Quadro 1. O HDL conhecido como "bom colesterol" é aquele que retira o LDL "colesterol ruim" da corrente sanguínea a fim de ser excretado do organismo, protegendo-o. O desequilíbrio na quantidade de lipoproteínas pode gerar um quadro de dislipidemia. Dislipidemia: é a elevação da taxa de gorduras na corrente sanguínea. AN02FREV001/REV 4.0 172 QUADRO 1 - CARACTERÍSTICAS DAS LIPROPOTEÍNAS FONTE: Marzzoco (1999). Os lipídeos quando em excesso causam obesidade e aterosclerose. Outras doenças ligadas ao metabolismo dos lipídeos também são encontradas, como a adrenoleucodistrofia (ALD) - acúmulo de ácidos graxos de cadeia longa principalmente no cérebro que acaba destruindo a bainha de mielina. Doença de Refsum - Acúmulo de ácido fitâmico (ácido graxo ramificado) no plasma e tecidos. Ambas as doenças acarretam sérias consequências neurológicas. 20.3 AMINOÁCIDOS Os aminoácidos desempenham muitas funções no organismo, dentre elas a formação de peptídeos, proteínas e fosfolipídios; atuação como neurotransmissores; são precursores de cetoácidos, algumas aminas, nucleotídeos, grupos Heme e creatina e também agem como transportadores de grupos NH2. A estrutura dos aminoácidos é formada por um grupamento amina (-NH2), um grupamento carboxila (-COOH) e o grupo radical R, sendo que o carbono AN02FREV001/REV 4.0 173 central, ligado a esses grupos é chamado de alfa (α). O carbono α é assimétrico, pois possui quatro ligantes diferentes, fazendo com que os aminoácidos apresentem isomeria óptica, com exceção da glicina. A estrutura mostrada abaixo é um exemplo de um aminoácido genérico. Quando as duas cargas se anulam na molécula tem-se no aminoácido a forma iônica que é conhecida de zwiterion ou íon dipolar. Os aminoácidos se diferenciam entre si pela cadeia lateral, o grupo R, que apresentam. Os aminoácidos proteicos são classificados de acordo com as propriedades de suas cadeias laterais, como a polaridade e pH. Existem 20 tipos de aminoácidos (veja Figura 60). Observe na Figura 60 que existem os aminoácidos polares, em que o R é composto por grupos que podem realizar ligações de hidrogênio com a água e aqueles carregados também possuemcaracterística de certa solubilidade em água. Os apolares são poucos solúveis em água. AN02FREV001/REV 4.0 174 FIGURA 60 - OS 20 AMINOÁCIDOS COMUNS DAS PROTEÍNAS APOLARES - GRUPOS R ALIFÁTICOS GRUPOS R AROMÁTICOS POLARES, GRUPOS R NEUTROS GRUPOS R CARREGADOS POSITIVAMENTE GRUPOS R CARREGADOS NEGATIVAMENTE FONTE: Nelson & Cox (2004, p. 79). Grupo R, cadeia lateral. AN02FREV001/REV 4.0 175 Os 20 aminoácidos que ocorrem naturalmente em proteínas de todos os tipos de organismos são determinados por códons específicos (triplets de nucleotídeos) no material genético dos seres vivos (Quadro 2). QUADRO 2 - CÓDONS ESPECÍFICOS QUE FORMAM AMINOÁCIDOS FONTE: Nelson & Cox (2004, p. 1038). O organismo humano não sintetiza todos os aminoácidos, devendo adquiri- los pela ingestão de alimentos, fonte de tais aminoácidos. Estes aminoácidos são chamados de essenciais. São eles: arginina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano. Os aminoácidos não essenciais são também necessários para o funcionamento do organismo, sendo sintetizados in vivo a partir de determinados metabólitos. São eles: alanina, asparagina, ácido aspártico, cisteína, ácido glutâmico, glutamina, glicina, prolina, serina, tirosina. AN02FREV001/REV 4.0 176 20.4 PROTEÍNAS As proteínas são macromoléculas complexas mais abundantes do organismo humano, ocupando cerca de 50 a 80% do peso seco da célula eucariótica. Elas são formadas pela união de muitos aminoácidos por meio das ligações peptídicas, conforme o dipeptídeo mostrado abaixo. Nas ligações peptídicas ocorre uma reação de condensação, na qual uma molécula de água é perdida para que se una o grupo amino de um aminoácido com o grupo carboxila de outro aminoácido. No exemplo seguinte temos a condensação de cinco aminoácidos, a Ser- Gly-Tyr-Ala-Leu, formando um polipeptídeo. Ligação peptídica AN02FREV001/REV 4.0 177 As proteínas podem ser classificadas de acordo com sua composição e forma. Quanto à composição podem ser simples ou conjugadas. Para as proteínas simples tem-se como exemplo albumina e globulinas. A albumina está relacionada com a manutenção do equilíbrio osmótico e transporte de fármacos pelo organismo. As globulinas estão presentes no plasma sanguíneo e só solubilizam em água na presença de sal. Existem vários tipos globulinas, as alfa (α), beta (β) e gama (). As globulinas α possuem pesos moleculares menores, as β pesos moleculares intermediários e as com altos pesos moleculares. As globulinas α e β auxiliam no transporte de lipídeos, hormônios, vitaminas e metais iônicos. Além disso, elas fornecem fatores de coagulação, inibidores de protease, e as proteínas do sistema complemento. As globulinas ou imunoglobulinas estão relacionadas com a defesa, constituindo os diversos anticorpos. 7, 8, 11 As proteínas conjugadas são mais complexas que as mencionadas acima. Elas estão permanentemente associadas a outros componentes químicos diferentes de aminoácidos, o que chamamos de grupo prostético. Exemplo: Lipoproteínas (ligada a lipídeos); Glicoproteínas (ligada a carboidratos); Metaloproteínas (ligada a um metal). Quanto à forma, as proteínas podem ser fibrosas ou globulares. As fibrosas são insolúveis em água, possuem cadeias longas e filamentosas. A maioria tem função estrutural e protetora. Exemplo: Colágeno e queratina, etc. As proteínas globulares são geralmente solúveis em água, formam estruturas compactas fortemente enroladas em forma globular ou esférica. Função AN02FREV001/REV 4.0 178 relacionada com manutenção e regularização e processos vitais: enzimática, transporte, defesa e hormonal. Exemplo: hemoglobina. Uma proteína pode apresentar diferentes graus de estruturação (primária, secundária, terciária, quaternária) que são mantidas por vários tipos de ligação e/ou interações entre os vários grupos funcionais dos aminoácidos que as compõem. Essas interações poderão ser por ligações de hidrogênio, eletrostática, pontes de dissulfeto, interações hidrofóbicas, van der Walls, entre outras, que fazem com que as proteínas tomem várias formas, conforme mostrado na figura abaixo. Na estrutura primária a união entre os aminoácidos se faz covalentemente. FIGURA 61 - ESTRUTURAS DAS PROTEÍNAS a b c d a) Representa a estrutura primária, em que mostra a sequência de aminoácidos na cadeia polipeptídica. b) Estrutura secundária, parte da cadeia se enovela, os átomos estão ligados por ligações de hidrogênio. A primeira é um exemplo de folhas beta e a segunda, alfa-hélice. c) Representa uma estrutura terciária, em que enovelamento da cadeia como um todo pode ser visto. As ligações ocorrem entre os átomos dos radicais R de todos os aminoácidos da molécula. d) Mostra uma estrutura quaternária em que se visualiza a associação de mais de uma cadeia polipeptídica, o exemplo é um tetrâmero. FONTE: Francisco Junior & Francisco (2006). As proteínas desempenham diversas funções essenciais dinâmicas e estruturais em organismos de mamíferos como: estrutural, enzimática, hormonal, transporte, defesa, coagulação sanguínea, regulação, nutrição e armazenamento. Proteínas estruturais promovem diferentes formas, suporte e resistência a tecidos e células, como exemplo temos as lipoproteínas da parede celular, a flagelina, colágeno, miosina, actina e queratina. Enzimática: são proteínas especiais, com função catalítica. Exemplo: amilase. Hormonal: muitos hormônios são proteínas especializadas em estimular ou inibir as atividades de determinados órgãos. Exemplo: Insulina e glucagon. AN02FREV001/REV 4.0 179 Transporte: de nutrientes, e metabólitos entre fluídos e tecidos. Exemplo: Aquoporinas, hemoglobina – O2 sangue e mioglobina – O2 músculos. Defesa: antígenos e anticorpos, toxinas liberadas pelas bactérias. Coagulação sanguínea: fibrinogênio. Nutritiva e Armazenamento: são fontes de aminoácidos, indispensáveis aos seres vivos. Regulação: função desempenhada por um grupo especial de proteínas, as vitaminas. FIM DO MÓDULO IV AN02FREV001/REV 4.0 180 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, C. R. O. Química Orgânica I e II. Universidade de São Paulo - Escola de Engenharia de Lorena - EEL Campus USP – Lorena, 2009. ALVES, L. Hibridização. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/quimica/hibridizacao.htm>. Acesso em: 17 jan. 2012. BRUICE, P. Y. Organic Chemistry. 4. ed. Massachussets: Prentice Hall, 2003. CAREY, F. A.; SUNDBERG, R.J. Advanced Organic Chemistry- B. 4. ed. Charlottesville, Virginia: Kluwer Academic/ Plenum Publishers, 2000. CHAVES, M. H.; LOPES, J. A. 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