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Resumo cap. 9 - Diplomacia

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Resumo Diplomacia – Henry Kissinger - A nova fase da Diplomacia – capítulo 9 
Wilson e o tratado de Versalhes 
11/11/1918 – foi assinado um armistício (um acordo formal, segundo o qual, partes envolvidas em conflito armado concordam em parar de lutar) entre a Alemanha e os Aliados. 
Nada ocorreu como planejado na primeira guerra – os beligerantes previam uma guerra curta. 
1914-15 – França não queria um acordo de paz sem recuperar a Alsácia-Lorena; a Alemanha não admitia paz que exigisse abrir mão de um território conquistado. 
Os termos de paz tomaram caráter niilista (niilismo é uma doutrina filosófica que atinge as mais variadas esferas do mundo contemporâneo cuja principal característica é uma visão cética radical em relação às interpretações da realidade, que aniquila valores e convicções). 
Slogan dos aliados – “a guerra para acabar com as guerras” ou “um mundo seguro para a democracia” – especialmente depois que os EUA entraram na Guerra. 
“A guerra para acabar com as guerras” – praticamente desarmar a Alemanha. 
“Um mundo seguro para a democracia” – espalhar a democracia – exigia o fim das instituições internas alemãs e austríacas. 
A Inglaterra depois das guerras napoleônicas teve um projeto de Equilíbrio Europeu (Plano Pitt). Em 1914, uma soldagem alemã para retirar-se da Bélgica em troca do Congo Belga foi rejeitada pelo ministro exterior inglês, sob o argumento de que os aliados precisavam estar “seguros contra qualquer futuro ataque alemão”. 
A resposta de Grey (o ministro exterior) marcava uma nova atitude inglesa, uma vez que até um pouco antes da guerra, a Inglaterra ligara sua segurança ao equilíbrio de poder, que administrava apoiando o mais fraco contra o mais forte. 
1914 a Inglaterra se sentia cada vez pior neste papel	
Percebeu que a Alemanha se tornara mais forte do que todo o resto do continente junto, a Inglaterra viu que seria impossível sua linha tradicional das contendas da Europa. 
Com a Alemanha sendo uma ameaça hegemônica para a Europa, a volta do status quo em nada aliviaria o problema. 
Inglaterra queria garantir uma Alemanha mais fraca – especialmente por uma grande redução da Esquadra Alemã de Alto-Mar (algo que a Alemanha só aceitaria derrotada). 
Os termos alemães eram mais precisos e mais geopolíticos, mas eles demandavam uma rendição incondicional. Queriam as minas de carvão do norte da França, o controle militar da Bélgica, inclusive o porto da Antuérpia e queria criar na Polônia, um estado independente sob uma monarquia hereditária e constitucional – eliminando qualquer perspectiva de paz negociada com a Rússia. 
Após derrotar a Rússia, a Alemanha impôs o tratado de Brest-Litovsk (esse tratado mostrava que tipo de destino a Alemanha tinham em mente para os perdedores), pelo qual anexou um terço da Rússia europeia e estabeleceu um protetorado na Ucrânia. 
Ao definir, enfim, o que era a Weltpolitik, a Alemanha manifestava, no mínimo, pela dominação da Europa. 
Diferentemente das Guerras Napoleônicas, que geraram um século de paz, a Primeira Guerra Mundial foi a desordem social, o conflito ideológico e outra Guerra Mundial. 
Consequências da primeira guerra: 
O fim do Império Austro-Húngaro. 
Império Russo foi tomado pelos bolcheviques.
A Alemanha foi supliciada pela derrota, pela revolução, pela inflação, por crises econômicas e pela ditadura. 
A França e a Inglaterra não ganharam com a fraqueza de seu adversário 
Entrada dos EUA na Guerra ao lado dos aliados:
EUA desprezavam o equilíbrio de poder.
Eles consideravam a Realpolitik imoral.
(política prática política orientada para a obtenção de resultados e limitada apenas por exigências práticas, em detrimento de ideologias ou princípios morais).
Os fundamentos americanos para a ordem internacional eram a democracia, a segurança coletiva e a autodeterminação – nenhum dos quais havia alicerçado qualquer acordo europeu. 
Proclamando um abandono radical dos preceitos e experiencias do Velho Mundo, a ideia de Wilson da ordem mundial derivava da fé americana na natureza essencialmente pacífica do homem e na harmonia básica do mundo. 
Nações democráticas = a nações pacíficas.
Uma vez experimentando as bênçãos da paz e da democracia, os povos se ergueriam unidos para defendê-las.
A diplomacia europeia, diferentemente da ideia de Wilson, não se baseava na natureza pacífica dos estados, mas em sua propensão à guerra, que precisava ser desestimulada ou compensada em equilíbrio. Alianças se formavam na busca de objetivos definíveis e específicos, não na defesa da paz.
As doutrinas de Wilson de autodeterminação e de segurança coletiva deixaram os diplomatas europeus em terreno completamente desconhecidos. Na suposição de todos os acordos europeus, as fronteiras poderiam ser ajustadas para obter-se equilíbrio de poder, cujas necessidades tinham precedências sobre as preferências das populações afetadas.
Wilson achava que a tentativa de encontrar o equilíbrio de poder que causava instabilidade, ele propunha também que não era a autodeterminação que causava as guerras, mas a falta dessa. 
Wilson propôs fundar-se no princípio da segurança coletiva, isto é a segurança do mundo exigia, não a defesa de interesse nacionais, mas a paz como conceito legal.
A constatação de que uma quebra da paz ocorrera de fato seria uma instituição internacional, que Wilson definiu como a Liga das Nações.
Liga das Nações: associação universal das nações, para manter a segurança inviolável do caminho dos mares para o uso comum e livre de todas as nações do mundo, e para impedir qualquer guerra que comece de maneira contrária a dispositivos de tratados ou sem aviso, e total submissão das causas à opinião do mundo – uma garantia virtual da integridade territorial e da independência política. (Doutrina Monroe, américa para americanos, como modelo).
Entrada dos EUA: “quando acabar a guerra, vamos forçar-lhes nossa maneira de pensar, pois até lá estarão, entre outras coisas, financeiramente em nossas mãos”.
1918 – Wilson que, até então, não queria expor suas opiniões e objetivos, expressou-os na forma de Quatorze Pontos, divididos em duas partes: marcou 8 pontos como obrigatórios (diplomacia aberta, liberdade dos mares, desarmamento geral, remoção de barreiras comerciais, acerto imparcial de reivindicações coloniais, restauração da Bélgica, evacuação do território russo e uma Liga das Nações). Os outros seis pontos restantes não eram absolutamente indispensáveis: restauração da Alsácia-Lorena na França, autonomia para as minorias do Império Austro-Húngaro e Otomano, o ajuste das fronteira da Itália, a evacuação dos Bálcãs, a internacionalização dos Dardanelos e uma Polônia independente, com acesso ao mar. Primeira falha dos 14 Pontos: o acesso ao mar pela Polônia. 
O mundo que Wilson propunha teria base no princípio de não no poder, na lei, não interesse – do vencedor e do vencido. 
Wilson agia como se fosse o principal mediador.
1918 – Alemanha assina o armistício.
Enquanto louvavam o equilíbrio de poder, os lideres da Europa cortejavam os elementos mais nacionalistas da sua opinião pública. Nem os acordos militares nem os políticos permitiam qualquer flexibilidade, não haveria válvula de segurança entre o status quo e a conflagração. Isso levaria a crises sem solução e a posturas públicas internacionais que, por fim, não tinham volta. 
O remédio de Wilson, segurança coletiva, pressupunha as nações do mundo unidas contra a agressão, a injustiça e o egoísmo excessivo. 
O medo do fracasso francês e inglês impedia que estes discutissem os objetivos de guerra estadunidenses (idealistas).
França pós-guerra: sentia que conter a Alemanha estava além da capacidade de sua sociedade destroçada. A guerra exauria a França, e a paz continha premonições de mais catástrofes. A França que lutara por sua existência, lutara agora por sua identidade. Não ousava ficar sozinha; e seu aliado mais poderoso propunha uma paz sobre princípios que transformavam a segurança num processo judicial.
Diferenças dos pós-Viena e pós-Versalhes:a diferença foi que, em 1815, os promotores da paz, no Congresso de Viena, permaneceram unidos e formaram a Aliança Quádrupla – uma coalização forte de quatro potências que poderia esmagar quaisquer sonhos revisionistas. No período pós-Versalhes, os vencedores não permaneceram aliados, os EUA e a Rússia retiraram-se completamente e a Inglaterra mostrava-se assaz ambivalente em relação à França.
França queria dividir a Alemanha, dois obstáculos, no entanto, impediam a divisão da Alemanha. Um deles era que Bismark se dedicara a uma construção sólida e a França não era forte o suficiente para realizar isso sozinha.
No final, os EUA concordaram com cláusulas punitivas para a Alemanha, que contrariavam o tratamento igualitário prometido pelos Quatorze Pontos.
Por fim, ninguém atingiu seus objetivos, a Alemanha não se reconciliou, a França não se tornou segura e os EUA retiraram-se do acordo.
 Conferência de Viena, ao contrário da Conferência de Paz em Paris, não incluiu as potências derrotadas. 
Como resultado, os meses de negociação deixaram os alemães sob uma nuvem de incertezas. Eles acreditavam que o acordo feito pelos aliados seria relativamente brando.
Desse modo, quando os promotores da paz mostraram seu trabalho, em 1919, os alemães ficaram abismados e dedicaram-se a miná-lo sistematicamente durante duas décadas.
Rússia de Lênin, também não fora convidada, apesar de ter sido vitoriosa, encarou a coisa toda com o argumento de que era uma orgia capitalista montada por países cuja meta era intervir na guerra civil russa. 
E assim, foi que a paz que encerrou “a guerra para acabar com todas as guerras” não incluiu as duas nações mais fortes da Europa – Alemanha e Rússia – que, entre elas, tinham mais da metade da população da Europa e somavam o maior potencial militar.
Os homens de Viena concentraram-se em criar um novo equilíbrio de poder, tendo o Plano Pitt como projeto geral. Já os líderes de Paris perdiam tempo numa séria de coisas secundárias.
Na prática, a verdadeira questão da conferência, que se mostrou insolúvel, era a diferença entre o conceito americano de ordem internacional e a concepção dos europeus, especialmente os franceses. 
Wilson lutou por instituições que varressem a ilusão dos interesses conflitantes e firmassem o senso básica de uma comunidade global.
A França não se convenceu de que interesses nacionais conflitantes eram ilusões e de que existia uma harmonia na humanidade. Ela queria garantias tangíveis de segurança, isto é a Alemanha fraca ou compromisso de outros países, especialmente os EUA e a Inglaterra, ficarem ao lado da França em caso de outra guerra.
Opondo-se os EUA ao desmembramento da Alemanha, e sendo a segurança coletiva por demais etérea para os franceses, a solução que restava para o problema da França era uma promessa americana e inglesa de defende-la.
A França sugere que a Renânia se separe da Alemanha: para os EUA isso era contrário a convicção de que “a paz assim alcançada seria contra tudo que sempre defendemos”. Os EUA argumentaram que separar a Renânia da Alemanha e guarnece-la com tropas aliadas provocaria um ressentimento alemão permanente. 
Os líderes franceses estavam muito menos aflitos com futuros ressentimentos alemães, e atentos, sim, ao poder da Alemanha em si. 
Negar isso a França, significava dar-lhe alguma outra garantia, de preferência uma aliança com a Inglaterra e os EUA.
Várias vezes, Wilson descreveu a Liga como um tribunal internacional para adjudicar disputas, alterar fronteiras e instilar nas relações internacionais uma elasticidade muito necessária. Na essência, as ideias de Wilson previam instituições equivalentes a um governo mundial, coisa que o povo americano aceitava ainda menos que uma polícia global. 
Wilson tentou contornar o problema, mencionando a opinião pública mundial e não um governo mundial ou uma força militar global como castigo maior contra agressão – por meio da Liga das Nações passamos a depender, básica e principalmente, de uma grande força, a força moral de opinião pública do mundo. 
Para a França, portanto, a Liga das Nações tinha só um propósito, o de ativar a assistência militar contra a Alemanha. 
A França não conseguia confiar na premissa de segurança coletiva de que todas as nações veriam as ameaças da mesma maneira e chegariam a conclusões idênticas sobre a forma de resistir às mesmas. 
Para apaziguar a França, Wilson e os ingleses ofereceram no lugar do desmembramento da Alemanha um tratado garantindo o novo acordo – EUA e Inglaterra iriam à guerra se a Alemanha violasse o acordo. 
Após a Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra e os EUA não acreditavam numa ameaça alemã; ofereceram garantias sem estarem convencidos de que fossem necessárias e sem que estivessem particularmente decididos a cumpri-las. 
Depois de tantas contracorrentes, saiu, enfim, o Tratado de Versalhes: punitivo demais para a conciliação e por demais tolerante para impedir que a Alemanha se recuperasse, este tratado condenou as democracias exauridas à vigilância permanente e à necessidade de ações constantes contra uma Alemanha revisionista e irreconciliável. 
Apesar dos 14 pontos, o tratado foi punitivo nas questões territoriais, econômicas e militares. 
Alemanha teve que abrir mão de 13% de seu território.
Alemanha perdeu suas colônias. 
Reduziram o exército alemão a 100 mil voluntários e sua marinha a seis cruzadores e alguns navios menores. 
Alemanha foi proibida de possuir armas ofensivas.
Para supervisionar o desarmamento alemão, foi criada uma comissão de controle militar dos aliados, com uma autoridade, ao que se viu, extremamente vaga e ineficaz.
Os aliados começaram a perceber que uma Alemanha economicamente prostrada poderia produzir uma crise econômica mundial que afetaria a eles mesmos.
A recusa dos EUA em entrar na Liga condenou o Tratado de Versalhes – os EUA não ratificarem o tratado, nem a garantia das fronteiras francesas a ele associada, certamente contribuiu para a desmoralização da França;
O século de paz produzido pelo Congresso de Viena descansara em três pilares, cada qual indispensável: a paz conciliatória com a França, o equilíbrio de poder e o sentido comum de legitimidade. 
O Tratado de Versalhes não preencheu nenhum desses requisitos. Seus termos eram por demais onerosos para a conciliação, mas não severos o suficiente para a subjugação permanente.
A França tinha três escolhas:
1. Tentar formar uma coalizão antigermânica – as tentativas de alianças fracassaram, porque a Inglaterra e os EUA se recusaram e a Rússia não fazia mais parte do equilíbrio.
2. Tentar dividir a Alemanha – os mesmos países, que rejeitaram as alianças, resistiam.
3. Tentar conciliar-se com a Alemanha – a conciliação era incompatível com o tratado de Versalhes e a opinião francesa ainda não estava preparada para essa conciliação.
Para manter a paz, a França teria de fazer o papel de policial em toda a Europa. Mas, não só ela perdera o apetite e a força para uma política tão intervencionista, como houvesse tentado, iria se ver sozinha, abandonada tanto pelos EUA quanto pela Inglaterra.
O acordo de Versalhes nasceu morto, pois os valores por ele exaltados conflitavam com os incentivos necessários para pô-lo em vigor: a maioria dos estados necessários para defender o acordo considerava-o injusto.
O paradoxo da primeira guerra foi ter se travado para deter o poder alemão e o predomínio que se agigantava no horizonte e ter excitado a opinião pública a tal ponto que impediu uma paz conciliatória. 
Artigo 231 – cláusula de Culpa de Guerra: ele declarava que a Alemanha era a única responsável e dava-lhe uma severa repreensão moral.
A Alemanha tinha parcela de culpa, mas não era justo ser a única responsável. 
Os autores do acordo de Versalhes chegaram precisamente ao oposto de sua meta – haviam tentado enfraquecer a Alemanha fisicamente, mas fortaleceram-na geopoliticamente. Numa perspectiva de longo prazo, a Alemanha ficou em posição muito melhor para dominar a Europa, depois do acordo, do que estiveraantes da Guerra.

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