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7 
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NO CONTEXTO ESCOLAR 
 
Karolaine da Luz Mendes¹ 
Letícia dos Santos Matos 
Michele Ap. Vieira da Rosa Dorner 
Tainara Angelita Petri 
Profª Tutor Externo Shirley Karla Dias Veríssimo² 
 
 	 
RESUMO 
 
Se pararmos e olharmos à nossa volta de forma atenta vemos que, na sociedade em que vivemos, é cada vez mais evidente a presença da diversidade linguística e cultural e que pessoas de diferentes nacionalidades, convicções, valores, línguas e culturas habitam os mesmos espaços. Baseado nisso este paper aborda a questão da diversidade linguística na escola, com o objetivo de mostrar que, apesar de alguns avanços, a instituição escolar ainda está presa a preconceitos linguísticos e repudia a linguagem popular em benefício da linguagem padrão. A metodologia de pesquisa utilizada será a bibliográfica, baseada principalmente em autores como: Magda Soares, um dos maiores nomes na área de alfabetização e letramento com ênfase em ensino-aprendizagem, e Marcos Bagno, autor renomado no assunto do preconceito linguístico. Por intermédio das fundamentações aqui apresentadas, pode-se perceber o quanto é importante considerar a diversidade linguística inerente à língua portuguesa, e também a necessidade de trabalhar com as variedades linguísticas na escola como forma de valorização cultural, para que se possa permitir aos alunos condições propícias de acesso ao conhecimento construído nesta instituição. 
 
 
Palavras-chave: Linguística. Diversidade. Escola. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A língua de um povo constitui-se como um dos seus bens mais preciosos. É na língua que se apresentam refletidas as representações e construções de uma sociedade. É pela língua que se dão as relações de poder e dominação, os consensos, as discórdias, as transmissões culturais. Assim como é pela língua que o sujeito constrói seu lugar na sociedade, também é através dela que é excluído. 
Se pararmos e olharmos à nossa volta de forma atenta vemos que, na sociedade em que vivemos, é cada vez mais evidente a presença da diversidade linguística e cultural e que pessoas de diferentes nacionalidades, convicções, valores, línguas e culturas habitam os mesmos espaços, portanto, é impossível ignorar que a diversidade étnica caracteriza nosso país. 
A escola passou a ser um ambiente voltado à reflexão e o educador passou a atuar como mediador da aprendizagem, sabendo respeitar e interagir com as diferenças étnicas, culturais, sociais e econômicas do educando. A sociedade está cada vez mais exigente, então não basta seguir
Nome dos acadêmicos 
Nome do Professor tutor externo 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (1969) – Prática do Módulo III - 28/11/2018 
rigidamente as normas linguísticas, sem deixar espaço para o desenvolvimento do educando como ser crítico, capaz de expressar suas ideias e lutar pelos seus ideais. 
 
Portanto, não se busca uma melhor transmissão de conteúdos, nem a informatização do processo ensino-aprendizagem, mas sim uma transformação educacional, o que significa uma mudança de paradigma, que favoreça a formação de cidadãos mais críticos, com autonomia para construir o próprio conhecimento. E que, assim, possam participar da construção de uma sociedade mais justa, com qualidade de vida mais igualitária.(ALMEIDA, 2000, p. 37). 
 
Sobre a escola recai também a responsabilidade de acolher, de modo inclusivo, toda esta diversidade e de preparar os alunos e a sociedade para lidar positivamente com ela, através do contato com um leque variado de culturas que predisponha para viver com o outro de forma harmoniosa. 
 O tema foi escolhido em grupo, de acordo com o a proposta do tutor externo, buscamos nos aprofundar na diversidade linguística brasileira, bem como na importância de valorizar a linguagem popular e refletir como o professor e a escola podem lidar com a diversidade linguística trazida pelos alunos, possibilitando a valorização de sua linguagem. 
A modalidade de pesquisa será bibliográfica, a qual será realizada em livros de autores como Magda Soares (1996), quando ela analisa as relações entre linguagem e escola, revelando os pressupostos sociais e linguísticos dessas relações, temos como principal foco de interesse a compreensão dessa análise para o entendimento do problema da educação das camadas populares no Brasil. O linguista Marcos Bagno (2003), é outro autor em quem o texto está embasado, pois ele pretende conscientizar os educadores, principalmente os de Língua Portuguesa, da necessidade de repensar a prática escolar, relacionando-a ao preconceito linguístico existente na sociedade e na escola. 
O livro Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire (1996), também orientou esta pesquisa, onde buscamos apresentar o papel do professor e as práticas pedagógicas necessárias a educação como forma de construir autonomia dos educandos, valorizando e respeitando sua cultura e seu acervo de conhecimentos. 
Analisaremos as fontes que buscamos em livros interpretando os dados de cada autor, entendendo assim o tema proposto e aprofundando nosso conhecimento sobre o assunto. Buscamos fontes e autores confiáveis, que já tiveram a diversidade linguística como objeto de estudo, fornecendo assim pensamentos e críticas sobre esse assunto no contexto escolar. Vimos que os pensamentos de cada autor interligam-se, sendo que todos sugerem que a escola valorize a linguagem popular que o aluno traz consigo. 
 
2. A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM 
 
O ato de educar, na atualidade, tem se apresentado como um desafio aos educadores, já que o papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e das sociedades amplia-se cada vez mais, apontando para a necessidade de se construir uma escola reflexiva, voltada para a formação de cidadãos, um espaço de transformação, onde seja permitido a todos o acesso de conhecimento. 
A população vive em uma era marcada pela competição e pela excelência, em que progressos científicos e avanços tecnológicos definem exigências novas para a sociedade. Tal influência do processo e modernização impõe uma revisão dos métodos de ensinar e aprender, enfatizando o uso da língua como instrumento de transformação social, através da educação. 
Segundo Soares (1996), a escola tem-se mostrado incompetente para a educação das camadas populares e a grande parte da responsabilidade deve ser atribuída a problemas de linguagem. Uma das questões cruciais que envolvem problemas de linguagem na escola está no fato de existir uma barreira entre aqueles que preconizam a gramática pedagógica e aqueles que ensinam a língua a partir do uso cotidiano. 
 Em geral, a escola ainda tende a valorizar a gramática pedagógica, considerando-a linguisticamente correta e superior, por ser usada pelas classes sociais de prestígio. Essa postura contribui para ocorrência de discriminações e fracasso daqueles alunos pertencentes às camadas populares, que não possuem essa forma de manifestação linguística. 
 
 
A variação é constitutiva das línguas humanas e ocorre em todos os níveis. Ela sempre existiu e sempre existirá, independente de qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em “Língua Portuguesa” está se falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades. A imagem de uma língua única, mas próxima da linguagem, subjacente às prescrições normativas da gramática escolar, dos manuais e mesmo dos programas de difusão da mídia sobre “o que se deve e o que não se deve falar e escrever”, não se sustenta na análise empírica dos usos da língua. (Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, 1997, p.18) 
 
 
Para Soares (1996), a transformação social através da educação será conseguida com uma escola que leve a um bidialetalismo funcional que é a situação linguística em que os falantes, de acordo com a situação comunicativa, fazem uso de dialetos sociais, porém não com o objetivo de substituir a variedade linguística do aluno pela variedade privilegiada, mas para que o educando compreenda as relações deforça que se estabelecem socialmente e qual a posição de sua variedade na economia dessas relações. 
A proposta pedagógica para uma escola transformadora baseada no bidialetalismo pede que se observem diferenças entre a linguagem culta e a linguagem popular, rejeitando a qualificação da linguagem popular como incorreta ou inadequada. Assim, a apropriação da linguagem culta, pelas camadas populares se realiza não com objetivo de substituição de sua linguagem, mas para que se acrescente como mais um instrumento de comunicação. 
 
Em primeiro lugar, uma escola transformadora não aceita a rejeição dos dialetos dos alunos pertencentes às camadas populares, não apenas por eles serem tão expressivos e lógicos quanto o dialeto de prestígio (argumento em que se fundamenta a proposta da teoria das diferenças linguísticas), mas também, e sobretudo, porque essa rejeição teria um caráter político inaceitável, pois significaria uma rejeição da classe social, através da rejeição de sua linguagem. Em segundo lugar, uma escola transformadora atribui ao bidialetalismo a função não de adequação do aluno às exigências da estrutura social, como faz a teoria das diferenças linguísticas, mas a de instrumentalização do aluno, para que adquira condições de participação na luta contra desigualdades inerentes a essa estrutura. (SOARES, 1996, p. 78) 
 
 
Sabe-se que, no Brasil, a língua oficial é o português e pela dimensão transcontinental não há uniformidade do idioma nos falares regionais ou estaduais, observa-se que a homogeneidade existe na norma padrão, do registro culto da língua. Contudo, todas as variedades, do ponto de vista da estrutura linguística, são perfeitas e completas entre si, e, por si só, define essas variações regional, estadual e nacional. 
 
[….] que no Brasil, embora a língua falada pela grande maioria da população seja o português, esse português apresenta um alto grau de diversidade e de variabilidade, não por causa da grande extensão territorial do país – que gera as diferenças regionais, bastante conhecidas e também vítimas, algumas delas, de muito preconceito, mas principalmente na causa da trágica injustiça social que faz do Brasil o segundo país com a pior distribuição de renda em todo mundo. (BAGNO, 2003, p. 16) 
 
 
É necessário conhecer muito bem o que a criança ou o adolescente traz consigo, qual é o seu equipamento enquanto emissor e receptor e, também qual foi à evolução através da qual chegou à idade escolar. De acordo com Luft (1985), não se deve negligenciar os hábitos linguísticos dos mesmos, pois estão determinados pelo fato de que vivem numa certa área caracterizada por particularidades regionais ou dialetais. Subentende-se, que o educador deverá explorar esse saber prévio da língua coloquial do aluno a um outro saber mais formal. 
A gramática tradicional despreza totalmente os fenômenos da língua oral e considera a língua literária como a única forma de manifestação linguística que merece ser estudada. A escola deve valorizar as duas formas linguísticas, tanto a escrita quanto a oral, elas são igualmente importantes dentro da nossa sociedade. Elas são apenas diferentes quanto a sua aplicabilidade e aceitabilidade no contexto social. 
Sendo a escola uma instituição que deveria ser responsável pela democratização, considerase que ela não pode assumir uma postura de discriminações em relação ao dialeto popular, mas ao contrário, deve ter uma atitude respeitosa em relação à maneira de falar da comunidade na qual exerce seu trabalho. Ela precisa compreender que todas as variedades linguísticas têm seu valor, são veículos perfeitos de comunicação dentro da comunidade linguística que a utilizam. 
Bagno (1999), afirma que não existe nenhuma variedade nacional, regional ou local que seja intrinsecamente “melhor”, “mais pura”, “mais bonita”, “mais correta” que outra. Toda variedade linguística atende às necessidades da comunidade de seres humanos que a empregam. Quando deixar de atender, ela inevitavelmente sofrerá transformações para se adequar às novas necessidades. 
Conforme Bagno (2003), é de fundamental importância construir uma maneira adequada de como trabalhar a variação linguística em sala de aula, uma questão que parece exaurida, mas que ainda há o que pesquisar a partir das bases teóricas existentes para o ensino de língua portuguesa em sala de aula para que os objetivos do ensino da língua nacional sejam cumpridos e diminua a presença do preconceito linguístico, consequentemente, desenvolva no aluno a competência comunicativa em seus diferentes contextos discursivos. 
A linguagem precisa ser considerada o meio pelo qual ocorre a integração social, é por meio dela que ocorrem as relações humanas, e nesse sentido necessita estar veiculada com as situações de uso em que o aluno está inserido. A escola deve mostrar a importância da compreensão da linguagem, sem, contudo, deixar de reconhecer a necessidade das regulamentações normativas pretendidas pela gramática normativa que garantem a conservação da unidade linguística. Portanto, deverá trabalhar de forma contextualizada, associando a fala e a escrita no processo ensinoaprendizagem. 
A escola não pode tomar a atitude linguística de que vale tudo, de que não existe o certo e o errado, porque tudo comunica [...]. A língua é falada por pessoas e as pessoas usam e abusam da língua, inclusive para justificar seus preconceitos. Portanto, a escola tem que fazer do ensino de português uma forma de o aluno compreender melhor a sociedade em que vivemos, o que ela espera de cada um linguisticamente e o que podemos fazer usando essa ou aquela variedade do português. (CAGLIARI, 1990, p. 48) 
 
 
 
Dentro dessa perspectiva contribuirá para a participação ativa dos alunos pertencentes às camadas populares no contexto escolar e social, pois oferecerá oportunidade deles conhecerem a linguagem padrão sem desprezarem seu dialeto. É muito importante esta abordagem em sala de aula, pois é possível ensinar ao aluno a possibilidade de utilizar formas coloquiais e a necessidade de aprender formas mais elaboradas, devido à situação interativa. 
 Nesse sentido, Antunes (2015) define que o papel do professor de língua portuguesa é levar o aluno ao contato com diversos gêneros orais e escritos, propiciando a percepção da linguagem e adequando essa para o convívio social nas relações interpessoais face a face. 
A Lei número 9.394, de 1996, no artigo 26 endossa que: 
 
Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. (BRASIL, 2012, p. 171) 
 
 
A partir desse princípio entende-se que o gestor da unidade escolar pode consolidar essas variantes linguísticas na parte diversificada ao fazer um projeto e elaboração de uma disciplina que possa atender essa flexibilidade de conteúdo. No entanto, à escola deve-se adequar os conteúdos a realidade dos alunos para que se possa contribuir para a aprendizagem em massa e com alto índice de desenvolvimento humano, ou desenvolvimento intelectual notório ao saber fazer ser e ser. 
Nesse sentido, é importante que as instituições de ensino e as políticas públicas educacionais priorizem a formação e a capacitação dos professores. Normalmente, os professores ensinam o que eles aprendem mesmo que de forma deficitária na academia não se pode esquecer que os conteúdos linguísticos demandam tempo e pesquisa para a sua aprendizagem. Enquanto que em sala de aula, exige que o professor seja dinâmico para efetivar o processo de ensino mediante as ponderações e intervenções aplicadas a classe estudantil. 
Do mesmo modo o professor não pode ver sua formação como suficiente, deve estar disposto a filiar-se ao regime de formação continuada como diz Freire (1996, p. 85) “como professor devo saber que sem a minha curiosidade que me move, que me inquieta, que me inserena busca, não aprendo nem ensino”. 
O ensino da língua é um desafio para os professores de Língua Portuguesa, eles têm que se esforçar para não cometerem atitudes preconceituosas, ao privilegiar uma forma linguística em detrimento de outra. Precisam ensinar a norma-padrão para que os alunos das camadas populares usem-na em situações formais, mas também lhes mostrar a importância do seu dialeto. Ao ter como finalidade diminuir o preconceito linguístico em relação à linguagem desses alunos, torna-se fundamental uma conscientização de todos os envolvidos no processo escolar, com o objetivo de valorização de todos os dialetos, e assim proporcionar a inserção de todos no processo ensinoaprendizagem. 
O professor de língua materna não deve estigmatizar os erros e as incompreensões do aluno; deve sim, a partir daí, criar as condições para o desvelo do objeto a ser conhecido, na interação da realidade com o pensamento, “em um modelo de aprendizagem espontâneo no qual o aluno, por si próprio, descobre, analisa e estrutura a realidade graças a sua interação diretamente com o mundo físico” (CETEB, 2008, p.52). 
 
 
Por isso o ensino da língua materna na escola deve ser dinâmico, crítico e reflexivo. É preciso que o aluno seja capaz de interpretar o mundo de forma que ele seja menos manipulado e para isso o professor necessita urgentemente repensar sua prática pedagógica, precisa reconhecer que a maneira prescritiva de ensinar a língua não contribui para o seu desenvolvimento crítico e reflexivo, pois com essa postura tende a aumentar o fracasso dos alunos pertencentes às camadas populares. 
 
3. CONCLUSÃO 
 
A língua é considerada um objeto histórico, possível de transformações e acompanha a evolução da humanidade em um espaço-tempo, portanto, se modifica no tempo e se diversifica no espaço. A linguagem padrão que é ensinada nas escolas é muitas vezes reconhecida como a única forma correta de se comunicar. 
 
A escola geralmente não reconhece a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, impondo assim, sua linguística como se ela fosse, de fato, a língua comum a todos 160 milhões de brasileiros, independentemente de sua idade, de sua origem geográfica, de sua situação socioeconômica, de grau de escolarização. (BAGNO,1999, p.15) 
 
 
É importante identificar a compreensão de que, quanto maior a exposição dos alunos às variedades linguísticas e às diversidades culturais, mais lhe enriquece como pessoa sábia de intelectual desenvolvido nas ciências humanas. 
 
A verdade é que no Brasil, embora a língua falada pela grande maioria da população seja o português, esse português apresenta um alto grau de diversidade e de variabilidade, não por causa da grande extensão territorial do país que gera as diferenças regionais, bastante conhecidas e também vítimas, algumas delas, de muito preconceito, mas principalmente por causa da trágica injustiça social que faz do Brasil o segundo país com a pior distribuição de renda em todo mundo. (BAGNO, 2003. p.16) 
 
 
Conforme o autor, é de fundamental importância construir uma maneira adequada de como trabalhar a variação linguística em sala de aula, uma questão que parece exaurida, mas que ainda há o quê pesquisar a partir das bases teóricas existentes para o ensino de língua portuguesa em sala de aula para que os objetivos do ensino da língua nacional sejam cumpridos e diminua a presença do preconceito linguístico, consequentemente, desenvolva no aluno a competência comunicativa em seus diferentes contextos discursivos. 
É importante que o professor promova integração, de modo que os alunos consigam compreender as diferenças existentes na língua portuguesa. Assim, conhecer e expressar essa diversidade é fundamental para compreender a língua como um processo vivo, sempre em transformação. Além disso, considerar, comparar e valorizar as variedades orais é uma forma de combater o preconceito linguístico, prática que deprecia o diferente e ainda, hoje, exclui milhões de pessoas do acesso aos bens da cultura letrada. 
Nessa perspectiva, o educador valorizará e respeitará o repertório linguístico do educando e, ao mesmo tempo, permitirá o contato com outras formas linguísticas, com o intuito de acrescentar novos conhecimentos. É preciso entender que o aluno é um ser social, que precisa saber os usos da linguagem de acordo com sua aplicabilidade e aceitabilidade no contexto social. 
 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, Maria Elizabeth de. Duas grandes linhas para a educação. In:______. Informática e Formação de Professores. Brasília: Ed. Parma Ltda, 2000, v. 1. p. 23 – 37. 
ANTUNES, C. C. O gênero textual: cartaz informativo. In.: SALEM, Khalil(Org.). Linguagem e Conhecimento: teorias e aplicabilidades. 1ª ed. São Bernardo do Campo, SP: Garcia, 2015, v., p. 
64-76. 
BAGNO, Marcos. A norma oculta: língua e poder na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola, 2003. 
 
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999. 
 
BRASIL. [Lei Darcy Ribeiro (1996)]. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional [recurso eletrônico]. – 7. ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2012. 
 
BRASIL. Secretaria de educação fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa – ensino de 1ª a 4ª série. Brasília: MEC / SEF, 1997. 
 
CAGLIARI, L. C.. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione, 1990. 
 
CETEB. Áreas da Educação: construção do conhecimento e teorias da aprendizagem na Educação Básica. Brasília, Universidade Gama Filho, 2008. 
 
FREIRE, Paulo, Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários a prática educativa: - São Paulo: Terra e paz, 1996. 
 
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A.Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, EPU, 1986. 
 
LUFT, Celso Pedro. Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino. Porto Alegre. L&PM, 1985. 
 
SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia Científica: a construção do conhecimento. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. 
 
SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 14 ed. São Paulo: Editora Ática, 1996.

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