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Caso Concreto Aula 02 ARTHUR

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O Foral de Olinda de 1537 é o documento histórico mais antigo relativo à cidade e elevou o
povoado de Olinda à condição de Vila, estabelecendo seu patrimônio público, bem como um
plano de ocupação territorial. Foi produzido pelo primeiro capitão donatário de Pernambuco
(Duarte Coelho) aos povoadores e moradores, cedendo o direito de uso da terra, mas sem
transferir sua propriedade. Ainda hoje a Prefeitura Municipal se utiliza do documento para
fundamentar a cobrança de foro anual e também de laudêmio? Inconformado, José, morador
em terreno passível de cobrança, afirma que no Brasil não se reconhece um documento com
quase cinco séculos de existência, além do que os forais não possuem força jurídica.
Diante da informação acima, pesquise e responda:
a) o que é uma Carta Foral?
Uma carta de foral, ou simplesmente foral, era um documento real utilizado em Portugal, que visava
estabelecer um concelho e regular a sua administração, deveres e privilégios. A palavra "foral"
deriva da palavra portuguesa "foro", que por sua vez provém do latina "fórum". Nas Cartas Forais
eram estabelecidas as obrigações do donatário de povoar a Capitania, criar vilas, direito de doar
sesmarias, entre outros (indicavam seus direitos e seus deveres). 
Numa definição simples ou preliminar, podemos dizer que uma Carta Foral era um diploma
concedido pelo rei, ou por um senhor laico ou eclesiástico, à determinada terra, contendo normas
que disciplinam as relações dos povoadores e destes com a entidade outorgante. Essas cartas
delimitavam e indicavam poderes e deveres como:
Liberdade e garantia das pessoas e bens da terra; 
Impostos;
Sanções para delitos e contravenções;
Imunidades;
Formas de detenções, etc.
Os forais eram feitos em três cópias sendo enviados para a Torre do Tombo (Portugal), aos
donatários (para exercerem) e a última para edilidade (Câmara de vereadores, ou Concelhos). Os
Forais também eram divididos em três tipos, conforme seu alcance e conteúdo:
Cartas de Povoação – tratava da ocupação territorial;
Foro Breve – indicava a conduta moral; e
Foro extenso – documentos mais pormenorizados
b) Com que fundamento o Município de Olinda continua cobrando o foro anual e laudêmio? 
O foral de Olinda é (pois está vigente) uma carta de doação de terras para a Câmara da cidade
criando sua Vila/Concelho, dada pelo seu donatário, Duarte Coelho em 1537, com o objetivo de
povoar e arrecadar receita para a terra. Sua extensão vai além do espaço físico da cidade/vila de
Olinda, ele se estende pelo Recife, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho,
entre outras localidades. 
Este foral se diferencia dos demais, pois nele não se encontram os elementos chaves de um foral 
comum, tais como: 
As normais judiciais e penais;
As diretrizes fiscais; e
Limites da jurisdição das vilas 
O seu texto era bem específico e relatava a respeito da criação do povoado em Vila, onde
estabeleceu um grande patrimônio ao Concelho. Além dos vários acontecimentos ocorridos ao
longo da história, aonde o mesmo ia sendo ratificado no decorrer do tempo, chegando até os
dias atuais, legitimado e vigente. 
Não podemos aqui entender o Foral como um imposto, pois como o próprio nome diz, é um
foro. E como tal, tem regras estabelecidas no seu próprio texto. Ainda hoje se discute a
legitimidade da cobrança por parte da cidade de Olinda deste foro, sendo que os foros são
receitas originárias, ou seja, são rendimentos que o Governo aufere através dos seus próprios
recursos, por isso não podemos considerá-las como tributos, pois tributos são receitas
derivadas. Importante frisar que não estão sujeitos às normas do Código Tributário Nacional. 
O fato é que um título de aquisição não perde sua eficácia por ser antigo. Lembremos que o ato 
jurídico perfeito é intangível, salvo por força de norma constitucional originária, de modo que o 
Foral de Olinda vai se perpetuando, a não ser para quem resgate o contrato de aforamento, uma 
alternativa dada a quem é foreiro. 
O Foral de Olinda está assegurado ainda hoje com base em três princípios jurídicos: 
Ato Jurídico Perfeito – já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. É o ato 
plenamente constituído, cujos efeitos se esgotaram na pendência da lei sob cujo império se 
realizou, e que fica a cavaleiro da lei nova”. 
A Coisa Julgada – quando a sentença judicial se torna irrecorrível, ou seja, não admite mais a 
interposição de qualquer recurso”.; e
Direito Adquirido – é o direito que seu titular pode exercer, ou alguém por ele. Vantagem jurídica,
líquida, lícita e concreta que alguém adquire de acordo com a lei vigente na ocasião e incorpora 
definitivamente, sem contestação, ao seu patrimônio”. 
Com base em tudo que foi externado, podemos sim afirmar que a Carta Foral de Olinda, se encontra
em todo o seu gozo, em face de preencher todos os preceitos exigidos por Lei. A Prefeitura de
Olinda, na qualidade senhorial, ou seja, proprietária e administradora do patrimônio da antiga Vila
são asseguradas pelo direito à propriedade, pela irretroatividade das leis e como dita acima
amparada pelos três alicerces jurídicos básicos: Ato jurídico perfeito, direito adquirido e a coisa
julgada.

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