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DIREITO CIVIL I

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DIREITO CIVIL 
INTENSIVO I 
Prof. Pablo Stolze 
 
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I 
 
PERSONALIDADE JURÍDICA ..................................................................................................................................... 2 
CONCEITO E TEORIA EXPLICATIVAS DO NASCITURO .................................................................................... 3 
CAPACIDADE ................................................................................................................................................................. 8 
EMANCIPAÇÃO ........................................................................................................................................................... 15 
MORTE .......................................................................................................................................................................... 23 
PESSOA JURÍDICA................................................................................................................................................... 25 
Teorias explicativas da PJ (natureza jurídica): .......................................................................................................... 28 
Corrente Negativista (Brinz, Planiol, Duguit) - negava ........................................................................................... 29 
Corrente Afirmativista.......................................................................................................................................................... 29 
Teoria da Ficção, desenvolvida a partir de Windscheid, Savigny. ................................................................. 29 
Teoria da Realidade Objetiva/Teoria Organicista (Lacerda de Almeida, C. Beviláqua) ....................... 29 
Teoria da Realidade Técnica (Ferrara) ..................................................................................................................... 29 
Entes despersonificados com capacidade processual. ....................................................................................... 31 
Espécies de PJ de Direito Privado .................................................................................................................................... 32 
I - as associações; ............................................................................................................................................................... 34 
II - as sociedades; ............................................................................................................................................................... 34 
III - as fundações. ............................................................................................................................................................... 34 
IV - as organizações religiosas; (2003) ..................................................................................................................... 34 
V - os partidos políticos. (2003) .................................................................................................................................. 34 
ASSOCIAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 34 
SOCIEDADES ........................................................................................................................................................................ 38 
Empresárias ..................................................................................................................................................................... 39 
1º) req. material (exercício de atividade típica de empresário) e ....................................................... 39 
2º) req. formal (registro na JC). .......................................................................................................................... 39 
Simples ............................................................................................................................................................................... 39 
Cooperativa ...................................................................................................................................................................... 40 
FUNDAÇÕES PRIVADAS .................................................................................................................................................. 41 
Extinção da Pessoa Jurídica .................................................................................................................................................... 45 
DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ...................................................................................................... 45 
Histórico ..................................................................................................................................................................................... 45 
Conceito da Desconsideração da Pessoa Jurídica ..................................................................................................... 46 
O que é Teoria Ultra Vires Societatis? ....................................................................................................................... 46 
BEM DE FAMÍLIA ....................................................................................................................................................... 50 
Referência Histórica .............................................................................................................................................................. 50 
Espécies do Bem de Família ............................................................................................................................................... 50 
DOMICÍLIO ................................................................................................................................................................... 57 
Espécies de domicílio ............................................................................................................................................................ 60 
BEM JURÍDICO ............................................................................................................................................................ 63 
FATO JURÍDICO .......................................................................................................................................................... 70 
1.Fato Jurídico ............................................................................................................... Erro! Indicador não definido. 
2.Ato-fato jurídico .................................................................................................................................................................. 70 
 
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II 
3.Ações Humanas.................................................................................................................................................................... 70 
NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................................................................................................... 74 
1.Teorias Explicativas ........................................................................................................................................................... 76 
2.Planos de Análise do NJ .................................................................................................................................................... 76 
3.Eficácia ..................................................................................................................................................................................1104.Elementos Acidentais do NJ ..........................................................................................................................................122 
PRESCRIÇÃO / DECADÊNCIA .............................................................................................................................. 131 
OBRIGAÇÕES ............................................................................................................................................................ 142 
Conceito ....................................................................................................................................................................................142 
Conceito e Estrutura da Obrigação................................................................................................................................145 
Classificação Moderna – Fontes das Obrigações: ...............................................................................................146 
Estrutura/Elementos .....................................................................................................................................................146 
Classificação ............................................................................................................................................................................149 
Teoria do Pagamento ...............................................................................................................................................................186 
Conceito ....................................................................................................................................................................................186 
Requisitos/Condições .........................................................................................................................................................187 
Subjetivas ............................................................................................................................................................................187 
Objetivas ..............................................................................................................................................................................190 
Objeto do pagamento: CC 313 .........................................................................................................................................193 
Prova do pagamento: CC 319...........................................................................................................................................196 
Efeitos ...................................................................................................................................................................................202 
Novação ....................................................................................................................................................................................203 
Requisitos ...........................................................................................................................................................................204 
Espécies ...............................................................................................................................................................................206 
Efeitos ...................................................................................................................................................................................207 
Dação em Pagamento ..........................................................................................................................................................208 
Compensação .........................................................................................................................................................................210 
Mora ................................................................................................................................................................................................222 
1.Conceito ................................................................................................................................................................................222 
2.Mora do Credor / Mora Credendi / Mora Accipiendi ........................................................................................222 
3.Mora do Devedor / Mora Solvendi / Mora Debendi ...........................................................................................223 
RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................................................................................................. 231 
Conceito ....................................................................................................................................................................................231 
Elementos ................................................................................................................................................................................236 
Conduta humana ..............................................................................................................................................................236 
Nexo de causalidade .......................................................................................................................................................237 
Dano/Prejuízo ...................................................................................................................................................................239 
Dano Moral ..............................................................................................................................................................................241 
Conceito ...............................................................................................................................................................................242 
Quantificação do Dano Moral......................................................................................................................................243 
Arbitramento Judicial.................................................................................................................................................244 
Natureza Jurídica da reparação por Dano Moral ............................................................................................245 
Causas Excludentes .........................................................................................................................................................254 
DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................................................................................................ 282 
1.Introdução Constitucional à Matéria ........................................................................................................................282 
2.Conceito ................................................................................................................................................................................283 
3.Natureza Jurídica do Casamento ................................................................................................................................285 
 
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III 
4.Plano de Existência do Casamento ............................................................................................................................286 
5.Espécies de casamento: ..................................................................................................................................................289 
6.Deveresdo Casamento ...................................................................................................................................................290 
7.Impedimentos Matrimoniais........................................................................................................................................294 
8.União estável.......................................................................................................................................................................297 
REGIME DE BENS .................................................................................................................................................... 301 
1.Conceito ................................................................................................................................................................................301 
2.Regime de Comunhão Parcial de Bens .....................................................................................................................306 
3.Comunhão Universal de Bens ......................................................................................................................................309 
4.Regime de Participação Final dos Aquestos ..........................................................................................................309 
5.Regime de Separação Convencional de Bens ........................................................................................................311 
6.Outorga Uxória / Autorização Marital .....................................................................................................................312 
INVALIDADE DO CASAMENTO ........................................................................................................................... 313 
 
 
 
 
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, para a teoria do direito civil, é a aptidão genérica PERSONALIDADE
para se titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica, ou seja, é o 
atributo necessário para ser sujeito de direito. 
Pessoa física ou natural ou ente de existência visível (termo criado 
por Teixeira de Freitas) 
 
 
 
 Aparentemente, a reposta encontra-se na primeira parte do art. 2 do 
CC. O surgimento da personalidade jurídica ocorre a partir do nascimento com 
vida (funcionamento do aparelho cardiorrespiratório). 
 
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com 
vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do 
nascituro. 
 
O sistema brasileiro, à luz do princípio da dignidade da pessoa 
humana, não exige para efeito civil na aferição do nascimento com vida a forma 
humana e o tempo mínimo de sobrevida. 
 
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DIREITO COMPARADO: na Espanha é necessário forma humana e 
vida mínima de 24h. (art. 30 CC na sua forma original). 
Ex: pai rico morre em acidente com a mãe ainda grávida, o filho nasce 
com vida e logo depois morre, os direitos do pai são transmitidos ao filho que 
logo após se transmitem à sua mãe (princípio da saisine). 
 
 
 
 
O artigo 2º do Código Civil abre uma exceção em relação ao nascituro 
ao garantir alguns direitos a ele, p.ex., os alimentos gravídicos. A doutrina critica 
o dispositivo, sob o argumento: se o nascituro é sujeito de direitos não seria ele 
também pessoa, isto é, teria personalidade jurídica ? 
Nesta linha de raciocínio nascem as teorias explicativas do 
nascituro. 
 
 
Para Limongi França, NASCITURO é o ente concebido, mas ainda não 
nascido, com vida intrauterina, diferente do embrião que é concebido em 
laboratório e tem vida in-vitro. 
 
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Não posso confundir NASCITURO
com os conceitos de e . CONCEPTURO
 é aquele nascido morto e que, a teor do 
Enunciado 1 da primeira jornada de Direito Civil (doutrina), teria proteção 
jurídica quanto ao nome, imagem e sepultura. Quanto ao nome segundo 
a Lei de Registro Públicos, o tratamento do natimorto não é tão moderno 
ainda. 
 é aquele que nem concebido ainda foi, também 
chamado de (no direito sucessório a importantes efeitos 
práticos como se lê no artigo 1799, I). 
 
 
 
 
Defendida por autores como Eduardo Espínola, Vicente Ráo e Silvio 
Rodrigues trata-se da teoria mais tradicional – majoritária. Vale lembrar que 
recentemente esta teoria ganhou força por conta do julgamento da ADIN que 
discutiu a lei de biossegurança, uma vez que um dos ministros utilizou de seus 
parâmetros para fundamentar seu julgamento. 
 
 
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OBS: a simples leitura da ementa referente ADIN 3510, que discutiu a 
validade da lei de biossegurança, de certa forma reforçou a corrente natalista no 
contexto da acirrada polêmica entre as teorias. 
Para esta teoria, a personalidade jurídica só seria adquirida a partir do 
nascimento com vida, de maneira que, tecnicamente, o nascituro não seria 
considerado pessoa, gozando de mera expectativa de direitos. O nascituro, neste 
caso, é tratado como coisa. 
 
 
Segundo esta teoria, o nascituro gozaria desde já de uma 
personalidade formal atinente a direitos personalíssimos (vida), mas 
somente adquire personalidade material quanto a direitos patrimoniais sob a 
condição de nascer com vida, isto é, a teoria sustenta que o nascituro gozaria 
formalmente de personalidade no que tange a direitos personalíssimos (direito 
a vida; pré-natal), mas direitos patrimoniais em geral só seriam consolidados 
sob a condição de nascimento com vida. 
 
 
 
Sob a influência do direito Francês, os adeptos da linha concepcionista 
afirmam que o nascituro é pessoa, ou seja , adquire personalidade jurídica desde 
a concepção, inclusive, no que tange a certos direitos patrimoniais, como o 
direito a alimentos. Os concepcionista entendem que os efeitos jurídicos do 
nascimento com vida teria efeito retroativo desde a concepção. 
OBS:: Ver quadro esquemático material de apoio pg. 3. 
 
 
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Sim, uma vez que a LEI de ALIMENTOS GRAVÍDICOS não é só para 
gestante, mas principalmente para o nascituro. Para a concessão dos 
alimentos é necessário haver indícios convincentes sobre a paternidade 
invocada (AGI nº 70018406652), não sendo atendida a postulação caso não 
ocorram elementos seguros sobre a genitora ou sobre o início da prenhez (AGI 
nº 70009811027). Assim também acontece quando os cônjuges estão separados 
de fato por mais de quatro meses (APC nº 587002155). 
 
 
 
Independentemente da teoria adotada, o nascituro goza de tutela 
jurídica em diversos pontos do sistema (ver quadro no material de apoio). 
 
Clóvis Beviláqua (elaborou o artigo art.2 que foi usado como base para 
atual Código). Em sua obra “Comentários ao Código Civil dos EstadosUnidos 
do Brasil “(Ed. Rio, 1975 ,pg. 178), ele afirma que o legislador teria adotado a 
teoria natalista por ser mais “prática”, mas em diversos pontos do sistema 
é sentida a influência concepcionista, na medida em que o nascituro é 
tratado como se pessoa fosse. 
 
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A jurisprudência do TJ-RS já havia apontado no sentido de reconhecer 
o nascituro como pessoa e titular de direito patrimonial dos alimentos 
(agravo de instrumento 70006429096), tendência esta consolidada pela Lei dos 
Alimentos Gravídicos (Lei 11.804/08). 
O próprio STJ já admitiu, em mais de uma oportunidade, a 
possibilidade de se reconhecer direito a indenização em favor do nascituro que 
houver sofrido dano moral - RESP 931556-RS e RESP 399028 –SP – nítida 
influência concepcionista. 
: é passível de correção monetária o valor da JURISPRUDÊNCIA
indenização por dano moral a partir da data de seu arbitramento – ver acórdão 
material de apoio, pg. 10. 
Ex: na ditadura, mulher presa grávida ouvindo o marido sendo 
torturado. 
Ex: Pai morto em acidente de carro causado por pessoa bêbada. 
: excelência o STJ já reconheceu este direito não somente RESPOSTA
uma vez citar julgados. 
 
 
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A capacidade se desdobra em e capacidade de direito capacidade de 
. fato
A é uma capacidade genérica que toda CAPACIDADE DE DIREITO
pessoa tem por ser pessoa. 
 Ex.: recém-nascido; débil-mental, criança 
Orlando Gomes (introdução ao direito civil) sustenta que a capacidade 
de direito, nos dias de hoje, confunde-se com a personalidade jurídica, pois 
toda pessoa é capaz de direito, mas nem todo mundo tem capacidade de fato. 
A é a capacidade pessoal de exercício dos atos CAPACIDADE DE FATO
da vida civil. A falta de capacidade de fato gera a incapacidade civil. 
“A incapacidade civil é a ausência de capacidade de fato ou de 
exercício.” 
 
A incapacidade civil se divide em incapacidade absoluta, que são 
representados ( art.3, CC) e incapacidade Relativa ( art.4, CC), que são 
assistidos. 
 
 
A capacidade civil plena é a junção da capacidade de direito mais a 
capacidade de fato, que, em geral se consegue ao completar os dezoito anos. 
 
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A LEGITIMIDADE, segundo pensamento do professor Calmon de 
passos, traduziria a pertinência subjetiva para prática de determinado ato, 
vale dizer, uma pessoa pode até ser capaz , mas está impedida de praticar 
determinado ato, sob pena de invalidade, falta-lhe, no caso, legitimidade (ex: 
art.1521, inciso IV , CC ). 
Ex: dois irmãos capazes estão impedidos de casar. 
 
OBS: A idade avançada não justifica a incapacidade civil, ou seja , a 
ausência de capacidade de fato. Diferentemente ocorre, se com a senilidade a 
pessoa apresente outros indícios que levem à situação incapacidade, v.g, 
presença de problemas de saúde mental apto a justificar a sua interdição. 
 
 
Incapacidade Civil consiste na falta de capacidade de fato. 
 
 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os 
atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; - chamados menores impúberes 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática desses atos; o Código 
antigo denominava essas pessoas como loucos de todo gênero. 
 
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III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua 
vontade. 
 
No que se refere ao inciso II do art.3, vale lembrar que, nos termos 
dos artigos 1177 e seguintes do CPC, a incapacidade derivada de enfermidade 
ou deficiência mental deve ser aferida no bojo de procedimento de 
interdição - condição objetiva. Em direito processual, veremos que os incapazes 
portadores de enfermidade ou deficiência mental submetem-se a um 
procedimento de interdição (artigo 1177 e seguintes), por meio do qual o juiz 
de direito oficialmente reconhecerá a incapacidade nomeando-lhe curador. A 
competência é do Juiz de Direito Estadual, uma vez que se trata de estado da 
capacidade, mesmo que isto seja reflexo de benefícios previdenciários, motivo 
este que, em regra, leva as pessoas a pedirem a interdição (Justiça Federal). 
 
 
O Código brasileiro é omisso quanto a este problema. Segundo 
Orlando Gomes, amparado na doutrina italiana, o ato praticado por incapaz 
ainda não interditado poderá ser invalidado se ocorrerem três requisitos: 
 Incapacidade anterior. 
 Prejuízo ao incapaz que decorra da prática do ato. 
 Má fé da outra parte (está má fé poderá ser investigada segundo as 
circunstâncias do caso). 
Ex: compra de carro importado por baixo valor. 
Direito comparado: o Código Frances, na redação original do 
art.503, regulava que os atos anteriores a interdição poderão ser anulados se 
a causa de interdição existiam anteriormente a realização do ato. 
 
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O inciso III cuida de outras situações, v.g., intoxicação fortuita 
(pessoa involuntariamente drogada) - fator exógeno que priva sua capacidade 
jurídica. 
Ex: droga em bebida. 
Os atos praticados neste interregno, que privaram a vontade 
consciente da prática dos atos, podem ser justificados pelos motivos que 
levaram a causa transitória. 
 COMA – causa transitória que priva a manifestação da vontade, 
consiste estado de incapacidade absoluta. Para prática de determinados 
atos, como saque em dinheiro na conta; é preciso alvará (presença do 
Juiz). 
Hermenêutica básica: A hipótese de incapacidade absoluta do 
“surdo-mudo” sem habilidade especial para se manifestar é 
implicitamente admitida no inciso III do artigo 3 do CC . Já o ausente, 
conforme veremos a seguir, não é mais tratado como absolutamente incapaz, 
e sim tratado no Código Civil, em seu art.6, como morte por presunção. 
 
“A idade avançada por si só não é causa de incapacidade” 
OBS: ver no site o editorial 16, a título de complementação de 
pesquisa, sobre o aumento para 70 anos da idade de aplicação do regime de 
separação obrigatória de bens. 
 
O Artigo 4º 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de 
os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; - chamados 
menores púberes 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por 
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
 
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IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por 
legislação especial. 
 
 
Se a embriaguez(ébrio) for patológica (plena, completa) ou a pessoa 
tiver toxicomania, essas situações são enquadradas como de doença 
mental, que neutraliza a vontade a pessoa, de modo que o discernimento é 
aniquilado, Caso isso ocorra, a pessoa será considerada absolutamente 
incapaz, desde que com laudo de médico forense (psicólogo / psiquiatra).Ex: pessoa que bebe perfume. 
OBS:: O grande Alvino Lima, em sua clássica obra “Da Culpa ao Risco” 
observa a possibilidade de se aplicar a teoria da “actio libera (líbera) in causa” 
– teoria da ação livre na causa ou da culpa preexistente – para justificar a 
responsabilidade civil da pessoa que voluntariamente se embriagou ou intoxicou 
para cometer o ilícito 
Ex: se embriaga e comete ato ilícito. 
www.cienciaspenales.net artigo de Claus Roxin , sobre a teoria da 
“actio libere in causa”. 
 
A prodigabilidade, causa de incapacidade relativa, é um grave desvio 
comportamental com caracteres compulsivos, por meio do qual a pessoa gasta 
imoderamente o seu patrimônio podendo se reduzir a miséria. 
Ex; vício de jogo em casos extremos. Senhora gastando fichas de 100 
U$ em Cassino desenfreadamente. 
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem 
curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, 
demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não 
sejam de mera administração. 
A incapacidade do pródigo justifica a sua interdição nos termos do 
artigo 1782 do Código Civil, de maneira que lhe seja nomeado um curador que 
 
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deverá assisti-lo em todos os atos de conteúdo ou disposição patrimonial. Esta 
proteção justifica-se, em nível constitucional, pela teoria do estatuto jurídico do 
patrimônio mínimo – Luís Edson Fachin – MP MG dissertação. De acordo com 
esta tese as normas civis, segundo o princípio da dignidade da pessoa humana, 
devem sempre resguardar um mínimo de patrimônio para que cada individuo, 
não apenas sobreviva (quem sobrevive é naufrago), mas tenha vida digna. 
O curador do pródigo deve autorizar o casamento do prodigo ? 
 
O curador do pródigo deverá ser ouvido no procedimento de 
habilitação para casamento no que tange a escolha do regime de bens, caso em 
que havendo discordância caberá ao juiz decidir. 
 
Índios 
Curiosidade: O silvícola (o que vem da selva) antigamente era 
considerado relativamente incapaz. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada 
por legislação especial. 
 
OBS:: veremos em grade própria que o artigo 8º do estatuto do índio (l. 
6001/73), ainda que de forma oblíqua (a norma não é tão clara), considera como 
regra geral a incapacidade absoluta daqueles índios em comunidades que não 
mantenham contato a nossa civilização, estes serão representados pela FUNAI. 
 
Artigo 8° - São nulos os atos praticados entre o índio não 
integrado e qualquer pessoa estranha a comunidade quando não 
tenha havido assistência do órgão tutelar competente. 
Parágrafo Único - Não se aplica a regra deste Artigo no 
caso em que o índio revele consciência e conhecimento do ato 
praticado, desde que não lhe seja prejudicial, e da extensão dos 
seus efeitos. 
 
 
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Questões especiais envolvendo o tema capacidade 
 
Houve impacto com a redução da maioridade civil para os 18 anos o 
campo de família e previdenciário ? 
 
O que se entende por benefício de restituição (restitutio in integrum) ? pg. 12 do 
material de apoio. 
OBS:: ver material de apoio questão especial referentemente ao termo 
“ restitutio in integrum ? Ainda é aplicável ? 
Segundo Clóvis Beviláqua o direito de restituição era conferido aos 
incapazes para que pudessem invalidar negócio jurídico celebrado com as 
observâncias da lei simplesmente por alegarem prejuízo. O código velho vedava 
este benefício dada a insegurança jurídica, embora o novo Código não seja 
explicito entende-se que a vedação continua. 
OBS:: no material de apoio, ver comentários ao artigo 119. 
 
EFEITOS DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE CIVIL NOS ÂMBITOS DO 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO E DA FAMÍLIA – juiz Federal 
 
No campo previdenciário, o governo havia publicado a nota SAJ n.42 
/03 no sentido de não permitir o cancelamento de pagamento de beneficio 
previdenciário, sob o argumento de redução de maioridade no Código Civil, uma 
vez que deveria ser respeitado o limite etário da lei previdenciário especial.(ver 
também enunciado.3 da primeira jornada de direito civil 
 
No campo previdenciário a redução da maioridade civil para 18 anos 
não implica o cancelamento de pagamento de auxílio, salvo exceções da própria 
lei previdenciária, sobretudo pelo fato de que é a própria lei especial que deve 
prever o limite do pagamento – enunciado 3 da primeira jornada de direito civil 
e SAJ n. 42/03. 
 
 
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15 
O STJ, já pacificou o entendimento(material de apoio; HC 55606-SP)no 
sentido de que ao atingir a maioridade civil o credor não poderá ter cancelada 
automaticamente a pensão alimentícia paga em geral até a conclusão dos 
estudos , antes que se garanta o contraditório para que possa demonstrar ainda 
ter necessidade dos alimentos. 
A súmula 358 do STJ deixa claro a necessidade deste contraditório. 
“O cancelamento da pensão alimentícia de filho que atingiu a 
maioridade está sujeita a decisão do judicial mediante contraditório ainda que 
nos próprios autos.” 
 OBS:: no Resp. 1074181/PB, entendeu STJ ser inviável a prorrogação 
de benefício previdenciário, além do limite da lei especial, sob a alegação de que 
o beneficiário ainda não atingiu os 24 anos ou não conclui os estudos. 
 
 
EMANCIPAÇÃO 
 
Introdução 
 
A emancipação instituto também encontrado em outros sistemas no 
mundo (artigo 133 do Código de Portugal) regulado no artigo 5º do Código Civil. 
A emancipação poderá ser, segundo a doutrina, de três espécies: voluntária 
(artigo 5º Parágrafo único, I, primeira parte), judicial (artigo 5º, parágrafo 
único,I , segunda parte) e legal (5º, Parágrafo único, II a V). 
 
Conceito 
 
 
Consiste no Instituo que antecipa o momento de aquisição da 
capacidade civil plena, que normalmente é adquirida ao completar 18 anos. 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a 
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
 
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16 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por 
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de 
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos 
completos tenha economia própria. 
 
Sabemos que aos 18 anos a pessoa atinge a maioridade e a capacidade 
civil plena. No dia em que a pessoa completa 18 anos, qual momento que será 
considerado completo os dezoitos anos? 
 
Segundo Washington de Barros monteiro que a maioridade é atingida 
no primeiro instante do dia em que se completam 18 anos de idade. 
 
ESPÉCIES 
Voluntária (Art.5 , Parágrafo único , I , primeira parte). 
Judicial (Art.5 , Parágrafo único , I , segunda parte ). 
Legal (Art.5 , Parágrafo único , II , segunda parte ). 
OBS:: vale lembrarque mesmo emancipado o menor continua sob a 
proteção do ECA. 
 
Voluntária 
 
A emancipação voluntária , é aquela concedida por ato dos pais, ou por 
um deles na falta do outro(morte, destituição do poder familiar, ausente), 
mediante instrumento público em caráter irrevogável independentemente de 
homologação judicial, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos. 
 
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17 
“ Para se emancipar o filho sozinho, será ainda necessário a anuência do 
outro pai.” 
“O ato emancipatório é irrevogável, independe de homologação do juiz, 
mas é necessário instrumento público lavrado em cartório.” 
“O que é antecipado é a capacidade civil, mas não a penal.” 
OBS:: A Doutrina brasileira (Sílvio Venosa), assim como a 
jurisprudência(RTJ 62/108, RT 494/92, já apontaram no sentido de que para 
evitar situações de injustiça, a EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA não exclui a 
responsabilidade civil dos pais por ilícito cometido pelo menor emancipado até 
que complete 18 anos – pg.24 
 
Atenção! A guarda unilateral e exclusiva de um dos pais não o confere 
legitimidade para sozinho, realizar o ato antecipatório, sobretudo porquê o 
poder familiar de ambos os pais será extinto. 
 
Judicial 
 
Na emancipação judicial, o menor está sem tutela (pais mortos, 
destituídos do poder familiar), sendo a mesma concedida pelo juiz desde que o 
menor tenha 16 anos completos, ouvindo-se o tutor. Em suma, a emancipação 
judicial é aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor (sem pais – menor sob 
tutela), desde que o menor tenha 16 anos completos, concedida por sentença em 
jurisdição voluntária. 
Quem emancipa é o juiz e não o tutor, esse será ouvido, mas quem 
decidirá é o juiz. Como há direito de menor também poderá ser ouvido o Ministério 
Público” 
 
No caso do interesse do incapaz conflitar com seu representante, o juiz 
poderá nomear-lhe curador para pedir sua emancipação, ou a , depender do 
entendimento do Ministério Público, até mesmo a pedido do promotor. 
 
 
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18 
Legal 
 
A emancipação legal é aquela que decorre diretamente da lei regulada 
dos incisos II a V do artigo 5º Parágrafo único do Código Civil. 
 
Hipóteses: 
 Casamento. Qual 
idade mínima para casar ? Mulher 16 ; Homem 16. (código antigo , 
mulher 16 , homem 18, pela premissa que a mulher amadurecia mais 
rápido que o homem, fere o discrímen – checar termo). 
 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos 
podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de 
seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade 
civil. 
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, 
aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631. 
 
 
Parêntese: Do Poder FAMILIAR 
Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, 
enquanto menores. 
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, 
compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um 
deles, o outro o exercerá com exclusividade. 
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício 
do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz 
para solução do desacordo. 
Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução 
da união estável não alteram as relações entre pais e filhos senão 
 
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quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua 
companhia os segundos. 
Art. 1.633. O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob 
poder familiar exclusivo da mãe; se a mãe não for conhecida ou 
capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor. 
 
“Mesmo em casos de divórcio a emancipação obtida é mantida” 
 
OBS:: Veremos na aula de família situações excepcionais em que se 
admite casamento abaixo dos 16 anos de idade e analisaremos ali se também há 
emancipação. 
OBS:: Abaixo dos 16 anos, conforme na aula de família, o artigo 1520 
admite excepcionalmente o matrimônio em caso de gravidez ou para evitar 
imposição ou cumprimento de pena criminal. A questão é polêmica, no entanto, 
também nesses casos, na letra fria da lei a emancipação ocorreria mesmo que 
haja futura separação ou divórcio uma vez que os seus efeitos são para frente. 
 
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o 
casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), 
para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em 
caso de gravidez. 
 
 
Em caso de invalidade a emancipação persistiria ? a questão é 
controvertida. Partindo da linha de pensamento de autores que projetam os 
efeitos da sentença de invalidade para o futuro, a emancipação não seria 
atingida (Orlando Gomes), no entanto, seguindo a linha de pensamento segunda 
a qual os efeitos da sentença de invalidade são retroativos, inclusive para 
cancelar o registro de casamento restituindo as partes ao estado anterior, a 
emancipação perderá efeitos, ressalvada a hipóteses do casamento putativo 
(veremos em breve). Pensamentos neste sentido , Zeno Veloso , Flavio Tartuci. 
 
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20 
 
 
 Exercício de emprego 
público efetivo. 
 
A leitura correta do dispositivo seria o exercício de uma função 
pública efetiva. Em geral esta emancipação é muita rara pelos requisitos de 
idade mínima nos editais, porém em algumas carreiras militares é possível 
que a pessoa venha assumir uma função pública efetiva antes dos 18 anos. 
 
 Colação de grau em 
ensino superior 
CESPE: a aprovação vestibular em curso superior ocorre na 
colação de grau. Inciso de dificílima aprovação. 
 
 Estabelecimento civil, 
comercial, ou a relação de emprego, desde que o menor, com 16 anos 
completos, em função deles, tenha economia própria. 
 
 
Estabelecimento civil, em geral traduz uma situação de prestação de 
serviço , que pode ser técnico , intelectual ou até mesmo artístico. 
Ex: professor de música. 
 
Capacidade para emprego : 16 anos completos. 
Capacidade para ser aprendiz : 14 anos completos. 
 
E se o menor vier a perder o emprego ? 
 
Ele não retorna a seu estado anterior, se retornasse iria gerar grande 
insegurança jurídica em nosso país. 
 
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O que se entende por estabelecimento civil. 
*Pelo estabelecimento civil(ex. prestação de serviço) ou comercial (ex. 
Box na feira), ou pela existência de emprego (empregado) e por função disso ele 
(o menor de 16) tenha economia própria neste caso, quando a falta do emprego, 
ele não retorna ao estado anterior, antes da emancipação. 
OBS:: à luz do principio da operabilidade (ver referência de texto do 
Miguel Reale no material de apoio) temos que “economia própria” traduz um 
conceito aberto, vago (Arruda Alvim) ou indeterminado que deverá ser 
preenchido pelo juiz, observado o ônus da argumentação jurídica (Robert Alexy) 
segundo as circunstâncias do caso concreto. 
 
O que é sistema aberto no direito civil ?(Magistratura). 
 
Significa que nosso ordenamento é poroso, ou seja, é permeado de 
poros axiológicos que permitem uma atividade de hermenêutica maisprecisa. A 
100 anos atrás, quando eram concebidas as legislações, o legislador imaginava 
que a lei era perfeita (pedra monolítica que daria todas as respostas, na França o 
juiz não poderia julgar se não houvesse previsão legal). Hoje, o sistema precisa 
ser aberto e poroso, existem conceitos vagos e cláusulas gerais para melhor 
aplicação da lei ao caso concreto. 
 
Judith Martins-Costa observa que cláusula geral é a noção ainda 
abrangente na medida em que, além de conter um conceito indeterminado 
possui uma carga normativa mais ampla, acentuada de observância rvânc 
obrigatório pelo próprio juiz. 
Questões Finais 
O menor emancipado poderá cumprir pena ? 
A emancipação não antecipa a imputabilidade penal que só advêm a 
partir dos 18 anos, entretanto poderá sofrer prisão civil. 
O menor emancipado pode ser criminalmente responsabilizado? 
 
 
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22 
O menor emancipado não comete crime e sim ato infracional, pois a 
emancipação não repercute no âmbito do direito penal. 
 
Segundo Paulo Godoy, o menor pode falir pela lei de falências, e se caso 
ele falir poderá praticar crime falimentar, entretanto responderá por ato 
infracional segundo o ECA. 
 
Luís Flávio Gomes e outros autores nesta linha sustentam que embora 
o menor emancipado não pode ser preso criminalmente ele poderá sofrer prisão 
civil (cela separada ; estabelecimento próprio). ex : devedor de alimentos. 
Por que o menor antecipado não pode dirigir ? (concurso). 
 
Menor emancipado deve respeitar norma administrativa específica : o 
art.140, I do CTB , este estabelece que a imputabilidade penal é condição para 
ser condutor de veículo. 
Art. 140. A habilitação para conduzir veículo automotor 
e elétrico será apurada por meio de exames que deverão ser 
realizados junto ao órgão ou entidade executivos do Estado ou do 
Distrito Federal, do domicílio ou residência do candidato, ou na 
sede estadual ou distrital do próprio órgão, devendo o condutor 
preencher os seguintes requisitos: 
 
 
 
 
I - ser penalmente imputável; 
 
II - saber ler e escrever; 
 
III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente. 
 
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23 
Parágrafo único. As informações do candidato à 
habilitação serão cadastradas no RENACH. 
 
 
MORTE 
 
 
A parada do sistema cardiorrespiratório com a cessação das funções 
vitais indica o falecimento do indivíduo. Tal aferição, permeada de dificuldades 
técnicas , deverá ser feita por médico, com base em seus conhecimentos clínicos 
e de tanatologia. 
 
O estado da morte, em medicina legal é feito pela tanatologia. Para 
efeito de estudo da parte geral o critério estabelecido atualmente pela 
comunidade científica mundial para identificação do óbito, inclusive para fins de 
transplante, dada a sua irreversibilidade (ver resoluções 1480/97 e 1826/07 do 
CFM – Conselho Federal de Medicina). 
 
Nos termos da LRP (lei de registros públicos – l. 6015/73) artigos 77 e 
seguintes, a morte deve ser atestada por um médico ressalvada a hipótese de 
não haver profissional habilitado no local, neste caso será necessário duas 
testemunhas para atestarem. 
 
Morte presumida 
 
A ausência , conceitualmente ocorre quando uma pessoa desaparece 
do domicílio sem deixar notícia ou representante, nos termos do artigo 23 e 
seguintes do Código Civil. 
 
 
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24 
Nos termos do artigo 6º do Código Civil, durante o procedimento da 
ausência no momento em que há a sucessão definitiva dos bens do ausentes ele 
é considerado morto por presunção. 
 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a 
morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a 
lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
 
O artigo 7º traz outras hipóteses de morte presumida que não se 
confundem com a ausência. São hipóteses em que se é declarada a morte mesmo. 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem 
decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem 
estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito 
prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da 
guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, 
nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas 
as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável 
do falecimento. 
 
Ex: Ulisses Guimarães. Caso o ausente ou morto presumido volte será 
necessário a desconstituição do ato. 
 
O que se entende por comoriência? 
 
Não pode ser confundido com a denominada premoriência, que traduz 
um estado pré morte. Na comoriência diferentemente opera-se uma situação de 
morte simultânea não se podendo averiguar a sequência temporal dos óbitos. 
 
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25 
Em tal sequência consideram-se os comorientes simultaneamente mortos. 
ABRINDO-SE CADEIAS SUSSÓRIAS AUTONOMAS E DISTINTAS –artigo 8º; 
OBS:: por mesma ocasião não é necessário mesmo local , ex: pai e filho 
no telefone têm infartos. 
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma 
ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes 
precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. – 
Magistratura SP 
 
 
Na jurisprudência ver TJ/RS o AI 598569952 – Maria Berenice Dias 
Ementa: INVENTARIO. COMORIENCIA. INDENIZACAO 
DECORRENTE DE SEGURO DE VIDA. TENDO O CASAL E OS 
FILHOS FALECIDO SIMULTANEAMENTE, VITIMAS DE ACIDENTE 
AUTOMOBILISTICO, NAO SE OPEROU SUCESSAO ENTRE 
AQUELES, NEM ENTRE AQUELES E ESTES. ASSIM, A 
INDENIZACAO DECORRENTE DE APOLICE DE SEGURO DE VIDA 
EM GRUPO, EM QUE OS CONSORTES CONSTAVAM 
RECIPROCAMENTE COMO BENEFICIARIOS, E DE SER PAGA DE 
FORMA RATEADA AOS HERDEIROS DE AMBOS. AGRAVO 
IMPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 598569952, Sétima 
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Berenice 
Dias, Julgado em 17/03/1999) 
 
 
 
 
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26 
A noção primeira, a ideia da pessoa jurídica nasceu na sociologia. O ser 
humano é gregário por excelência, pois temos a vocação de vivermos em grupo. 
 
Seguindo o pensamento do sociólogo Antônio Luís Machado Neto, 
podemos concluir que a pessoa jurídica, em primeiro plano, é decorrência do 
próprio fato associativo, da natural tendência humana, de se agrupar para 
melhor atingir determinadas finalidades. Por isso, nessa linha inicial, podemos 
conceituar a pessoa jurídica como um grupo humano, criado na forma da lei e 
dotado de personalidade jurídica própria para a realização de fins comuns – 
conceito primário de pessoa jurídica- 
 
O empresário individual, em determinados pontos de sua atuação 
social, por ficção é tratado como pessoa jurídica, mas em sua essência, na teoria 
do direito civil, trata-se de pessoa física, tanto é que seus bens que responderam 
por sua atividade. 
 
 
Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? 
 
Corrente predominante no Brasil, não só na doutrina como também na 
jurisprudência (súmula 227STJ ; RESP 785777/ MA) aponta no sentido da 
possibilidade jurídica da pessoa jurídica sofrer dano moral 
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a 
proteção dos direitos da 
personalidade. Ex: direito a imagem, nome, ao segredo. 
 
STJ Súmula nº 227 - 08/09/1999 - DJ 20.10.1999 
Pessoa Jurídica - Dano Moral 
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
 
RESP: 785777: 
 
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27 
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. DIREITO CIVIL. DANO 
MORAL. INDENIZAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. REVISÃO DO VALOR 
NO STJ. HIPÓTESE EXCEPCIONAL. AFASTAMENTO DA SÚMULA 
7/STJ. INOCORRÊNCIA DE REVALORAÇÃO DO CONTEXTO FÁTICO 
E PROBATÓRIO. MONTANTE COMPENSATÓRIO A SER 
ARBITRADO COM OBSERVÂNCIA DA OFENSA MORAL 
EXPERIMENTADA. IMPOSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DO QUANTUM 
PELA MULTIPLICAÇÃO DO VALOR APONTADO. PRECEDENTES. 1 
- A JURISPRUDÊNCIA DESTE SUPERIOR TRIBUNAL É PACÍFICA 
NO SENTIDO DE ADMITIR INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS 
À PESSOA JURÍDICA, NOS TERMOS DO VERBETE SUMULAR N.º 
227. 2 - Esta Corte, cuja missão é uniformizar a interpretação do 
direito federal, há alguns anos começou a afastar o rigor da técnica 
do recurso especial para controlar o montante arbitrado pela 
instância ordinária a título de dano moral, com o objetivo de 
impedir o estabelecimento de uma "indústria do dano moral" 
(REsp 504.639/PB, Min. Sálvio de Figueiredo, DJ de 25/08/2003, 
p. 323). 3 - O Superior Tribunal de Justiça, em situações 
especialíssimas como a dos autos - de arbitramento de valores por 
dano moral - ciente do seu relevante papel de Tribunal do Pacto 
Federativo, e com o escopo final de estabelecer a pacificação 
social, se pronuncia nos casos concretos para aferir a 
razoabilidade do quantum destinado à amenização do abalo moral 
(REsp 1.089.444/PR, Min. Nancy Andrighi, DJe de 03/02/2009). 4 
- Não se tem dúvida de que esta Corte, ao reexaminar o montante 
arbitrado pelo Tribunal a quo nesta situação, mergulha nas 
particularidades soberanamente delineadas pela instância 
ordinária para aferir a justiça da indenização (se ínfima, equitativa 
ou exorbitante), afastando-se do rigor da técnica do recurso 
especial, consubstanciada, na hipótese em tela, pela Súmula 7/STJ. 
5 - A atuação deste Tribunal na revisão do quantum arbitrado 
 
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28 
como dano moral não consubstancia revaloração da prova, 
segundo a qual o STJ, mantendo as premissas delineadas pelo 
acórdão recorrido, e sem reexaminar a justiça ou injustiça da 
decisão impugnada, qualifica juridicamente os fatos 
soberanamente comprovados na instância ordinária (AgRg no 
REsp 461.539/RN, Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ de 14/02/2005, 
p. 244; REsp 327.062/MG, Min. Menezes Direito, DJ de 
05/08/2002, p. 330). 6 - NO CASO DOS AUTOS, DEVE SER 
ADEQUADO O VALOR ARBITRADO A TÍTULO DE DANOS 
MORAIS PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO 
MARANHÃO, LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO AS CONDIÇÕES 
PESSOAIS E ECONÔMICAS DOS ENVOLVIDOS, BEM COMO O 
DANO PROPRIAMENTE SOFRIDO PELA ORA RECORRIDA. 7- O 
critério utilizado, o qual estipulou o montante indenizatório com 
base na multiplicação do valor dos títulos devolvidos é aleatório e 
por isso, inadequado. Precedentes. 8 - Recurso Especial conhecido 
parcialmente, e nessa parte provido para reduzir o valor da 
indenização por danos morais para R$ 50.000, 00 (cinquenta mil 
reais). 
 
 
 
Outra linha de raciocínio que remonta a obra de Wilson Melo da Silva 
nega o dano moral à pessoa jurídica especialmente pelo fato de inexistir a sua 
dimensão psicológica (de certa forma o enunciado 286 da 4ª jornada acaba por 
reforçar este entendimento que não prevalece na jurisprudência brasileira). 
 
Teorias explicativas da PJ (natureza jurídica): 
 
2 correntes doutrinárias se digladiavam: 
 
 
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29 
 Corrente Negativista (Brinz, Planiol, Duguit) - negava 
Corrente Afirmativista 
 
A – Corrente Negativista – negava a PJ, não aceitava a tese, dizendo que 
não existe. Diziam que era patrimônio coletivo, grupo de PF reunidas, mas não 1 
pessoa distinta da de seus membros. Não aceitava que se criasse outro sujeito, 
ao lado da PF. 
 
No direito moderno, ganhou espaço a Corrente Afirmativista. 
 
B – Corrente Afirmativista – aceitava a tese da PJ. Dentre as várias 
Teorias Afirmativistas, selecionar 3 para concurso. 
 
Teoria da Ficção, desenvolvida a partir de Windscheid, Savigny. 
 
 Teoria da Realidade Objetiva/Teoria Organicista (Lacerda de 
Almeida, C. Beviláqua) 
 
Teoria da Realidade Técnica (Ferrara) 
 
 
Teoria da Ficção: a PJ, mero produto da técnica jurídica, teria 1 
existência apenas abstrata ou ideal. A PJ não integraria as relações sociais, seria 
apenas abstrata. Reduziam a teoria a uma mera abstração, a qual seria apenas 
uma ideia do direito e sem uma atuação social. 
 
 
 
Teoria da Realidade Objetiva/Teoria Organicista: contraponto da 
primeira, nega a PJ como fruto da técnica do Direito, afirmando-a 
sociologicamente como 1 organismo social vivo e de interação na sociedade, de 
 
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30 
atuação social. Cai no exagero de reconhecer a PJ como 1 organismo sociológico, 
porém a PJ também se relaciona com o Direito. 
 
 
Teoria da Realidade Técnica (Ferrara) – teoria + moderada, a PJ, 
posto personificada pela técnica do direito, integraria relações sociais, de forma 
autônoma, como as pessoas físicas. PJ teria autonomia para integrar relações 
sociais. 
 
O registro de nascimento é constitutivo ou declaratório de 
personalidade? 
Declaratório. 
 
E o da PJ? 
 
 
Aquisição da Personalidade pela PJ 
 
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito 
privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, 
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, 
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em 3 anos o direito de anular a constituição das 
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o 
prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
O CC Brasileiro, no art. 45, estabelece as condições para o começo da 
existência legal das PJ de direito privado em geral. 
 
O registro da PJ é constitutivo da sua personalidade. 
 
 
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31 
Art. 45 – Começa a existência legal da PJ a partir do registro do seu ato 
constitutivo no respectivo cartório. 
 
 
O que é ato constitutivo? 
Em geral, é o seu estatuto ou seu contrato social. 
 
Em geral, onde se registra o ato constitutivo? 
Em geral, no registro público de empresas (JC - RPE) ou CRPJ (Cartório 
de Registro de PJ). 
 
* Excepcionalmente, é condição existencial da própria PJ 1 autorização 
específica do PE, para que possa se constituir. Determinadas PJ precisam de 
autorização específica para serem criadas. Ex.: bancos. 
 
O registro da PJ não só firma a sua constituição, como sua própria 
regularidade, razão porqueo Prof. Caio Mário afirma que tal eficácia é ex nunc. 
 
PJ não registrada, tecnicamente nem PJ é – sociedade despersonificada. 
Nos termos dos arts. 986 e ss., concluímos que as tradicionalmente 
denominadas “sociedades irregulares ou de fato” (Waldemar Ferreira) são hoje 
tratadas como “entes despersonificados” em que há a responsabilidade pessoal e 
ilimitada dos seus próprios sócios ou administradores. 
 
Grupo despersonificado ou de personificação anômala 
O que se entende por grupo despersonificado ou de personificação 
anômala? 
Entes despersonificados com capacidade processual. 
Massa falida, espólio, condomínio, herança jacente, bem como as 
próprias sociedades irregulares/de fato, são entes despersonificados com 
capacidade processual (CPC 12). 
 
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32 
 
PJ pode sofrer dano moral? 
Sim – honra objetiva. 
Existe na doutrina clássica resistência à tese segundo a qual PJ sofreria 
dano moral (Wilson Melo da Silva) na medida em que careceria de dimensão 
psicológica. 
A PJ possui honra objetiva (privacidade, sigilo das informações). Em 
virtude de se reconhecer 1 dimensão objetiva à PJ, inclusive direitos da 
personalidade compatíveis (CC 52), a jurisprudência do STJ é firme no sentido 
de que a PJ pode sofrer dano moral (REsp 752.672-RS, Súm. 227), a exemplo do 
dano à sua imagem. 
 
Súmula: 227 
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
Possui alguns direitos da personalidade. 
Não goza de todos os direitos da personalidade. 
 
A PJ não goza de todos os direitos da personalidade, mas de alguns, 
como o direito à imagem. 
 
O Enunciado 286 da IV Jornada, indo de encontro ao art. 52 do CC, nega 
à PJ o reconhecimento de direitos da personalidade. É 1 enunciado contra legem. 
 
286 – Art. 52. Os direitos da personalidade são direitos inerentes e 
essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas 
jurídicas titulares de tais direitos. 
 
 
Espécies de PJ de Direito Privado 
 
 
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33 
O CC 44, em sua redação original, admitia 3 espécies de PJ de direito 
privado: 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
 
 
Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na 
forma das leis anteriores, terão o prazo de um ano para se adaptarem às 
disposições deste Código, a partir de sua vigência; igual prazo é concedido aos 
empresários. 
Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na 
forma das leis anteriores, terão o prazo de 2 (dois) anos para se adaptar às 
disposições deste Código, a partir de sua vigência igual prazo é concedido aos 
empresários. (Redação dada pela Lei nº 10.838, de 2004) (Vide Medida 
Provisória nº 234, de 2005) 
Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na 
forma das leis anteriores, bem como os empresários, deverão se adaptar às 
disposições deste Código até 11 de janeiro de 2007. (Redação dada pela Lei nº 
11.127, de 2005) 
 Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às organizações 
religiosas nem aos partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 
22.12.2003) 
 
Redação atual: 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
 
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34 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
IV - as organizações religiosas; (2003) 
V - os partidos políticos. (2003) 
 
As organizações religiosas e os partidos políticos, ainda que espécies 
de associação, a partir da lei 10.825/2003, foram contempladas em incisos 
autônomos (art. 44) visando especialmente a permitir ao legislador, em sede do 
art. 2.031 isentá-los da necessidade de adaptação ao NCC. 
OBS:.: ver no material de apoio o tópico “Breve drama existencial 
vivido pelo art. 2031 do CC”. 
 
As PJ que não se adaptaram ao NCC podem sofrer diversas sanções: 
impossibilidade de obtenção de linha de crédito em banco, impossibilidade de 
participação em licitação, problemas tributários e previdenciários, por estarem 
funcionando como sociedades irregulares. Os sócios poderão pessoalmente 
responder por obrigações sociais. 
 
 
 
ASSOCIAÇÃO 
 
O CC, no 53, deixa claro que associação é 1 tipo de PJ de direito privado 
de finalidade ideal ou não econômica. 
O seu ato constitutivo é o estatuto, a ser registrado no CRPJ (não é na 
JC). 
 
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se 
organizem para fins não econômicos. 
 
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Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações 
recíprocos. 
 
 
 
A receita gerada é aplicada na própria atividade. 
Não pode ter finalidade econômica (distribuição de lucros) 
Pode ter conteúdo econômico (gerar receita). 
REsp 1.181.410-RJ, STJ. Sindicato é associação. Os sindicatos, segundo 
jurisprudência pacífica do STJ, são considerados “associação civil”, inclusive para 
efeito de propositura de ação civil pública. 
 
Os requisitos do estatuto da associação estão previstos no CC 54: 
 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
I - a denominação, os fins e a sede da associação; 
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
III - os direitos e deveres dos associados; 
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; 
V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e 
administrativos; 
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos 
deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a 
dissolução. 
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas 
contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005) 
 
 
 
 
 
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Dentro de 1 mesma associação, 1 associado pode ter + direito do que 
outro? 
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá 
instituir categorias com vantagens especiais. 
=/=s Categorias -> =/=s Direitos 
Em 1 associação pode haver diferentes categorias de associados com 
diferentes direitos, porém dentro de 1 mesma categoria, os direitos dos sócios 
devem ser iguais. 
 
 
Como se estrutura a associação? 
O associado poderá ser excluído da associação? 
É possível excluir o condômino do seu condomínio? Discussão 
ferrenha. 
 
 
ASSOCIAÇÃO não pode buscar lucro para seus administradores. 
 
O ato normativo (estatuto) que estrutura a associação é o seu estatuto 
que deve ser levado a registro no CRPJ. 
 
Requisitos do Estatuto da Associação 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
I - a denominação, os fins e a sede da associação; 
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
III - os direitos e deveres dos associados; 
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; 
V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e 
administrativos; 
V – o modo deconstituição e de funcionamento dos órgãos 
deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) 
 
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VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a 
dissolução. 
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas 
contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005) 
 
 
Assembleia Geral 
 
O órgão mais relevante de uma associação é a sua Assembleia Geral de 
associados. Competência: 
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: (Redação dada 
pela Lei nº 11.127, de 2005) 
I – destituir os administradores; 
II – alterar o estatuto. 
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II 
deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para 
esse fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de 
eleição dos administradores. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) 
Vale lembrar, nos termos do art. 61, que, regra geral, dissolvida a 
associação, o seu patrimônio será atribuído a entidades de fins não econômicos 
designadas no estatuto ou, em sendo este omisso, a instituição municipal, 
estadual ou federal de fins iguais ou semelhantes. 
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio 
líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas 
no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos 
designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à 
instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. 
 
Possível a exclusão de associado por justa causa. Contraditório, 
A.D., Recurso. 
 
 
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O art. 57, modificado pela lei 11.127/2005, admite a exclusão do 
associado em havendo justa causa (conceito aberto), garantindo-se o 
contraditório e o direito de recurso, a ampla defesa. 
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, 
assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de 
recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 
2005) 
 
Se o estatuto não previu, a base será legal para lhe garantir o direito de 
defesa. 
 
 
O art. 57 refere-se a associações, e não a condomínios, que tem 
regulamentação própria para condôminos com comportamento antissocial. 
 
 
 
 
SOCIEDADES 
 
A sociedade, espécie corporativa de pessoa jurídica de direito privado, 
formada pela união de indivíduos (sócios), instituída por meio de contrato 
social, visa à realização de atividade econômica e partilha de lucro (art. 981). 
 
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que 
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício 
de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou 
mais negócios determinados. 
Sociedades têm finalidade lucrativa. 
 
 
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CC/1916 – Sociedades 
 
 
- Civis 
 
 
- Mercantis/Comerciais (atos de comércio) 
 
 
CC/2002 – Sociedades 
Empresárias 
1º) req. material (exercício de atividade típica de empresário) e 
2º) req. formal (registro na JC). 
 
Simples 
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a 
sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário 
sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. 
 
Existe uma correspondência, mas não uma perfeita identificação, entre 
sociedade empresária e mercantil e sociedade simples e civil. 
 
 
Sociedade Empresária X Sociedade Simples 
 
A diagnose diferencial entre SE e SS, a despeito da acesa polêmica, 
encontra a sua regra no art. 982 do CC, segundo o qual, para uma sociedade ser 
empresária, dois requisitos devem ser OBSErvados: 
 
1º) requisito material (exercício de atividade típica de empresário) e 
 
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40 
 
2º) requisito formal (registro na JC). 
Ausente qualquer desses requisitos, a sociedade é simples. 
 
 
Na sociedade simples, a atividade é prestada ou supervisionada 
pessoalmente pelos próprios sócios. A figura do sócio é indispensável para a 
realização da atividade. 
 
A SE, tipicamente capitalista, de natureza impessoal, sujeita a 
legislação falimentar e a registro na JC, é aquela em que os sócios atuam como 
meros articuladores de fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e MP) 
de forma que a sua atividade pessoal não importa diretamente para o objeto da 
sociedade (ex. revendedora de veículos). 
 
Já a SS, sujeita a registro em regra no CRPJ, é aquela em que o sócio é 
referencial da própria sociedade, realizando ou supervisionando pessoal e 
diretamente a atividade desenvolvida (em geral, são prestadoras de serviços, 
como sociedades de médicos ou advogados). 
 
 
SA é sempre empresária e cooperativa é sociedade simples. 
 
Art. 982, § único. Independentemente de seu objeto, considera-se 
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. 
 
Cooperativa 
Princípio da adesão livre. 
Os cooperados trabalham. 
Esforço -> Partilha de resultado 
 
 
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41 
A atividade dos cooperados interessa. 
 
As cooperativas, reguladas pela lei 5.764/1971, caracterizam-se pelo 
PRINCÍPIO DA ADESÃO LIVRE, segundo o qual os cooperados têm a liberdade de 
ingresso e saída, respeitadas as obrigações estatutárias (MHD), e também pelo 
fato de operar-se uma PARTILHA DE RESULTADOS NA PROPORÇÃO DO 
ESFORÇO DE CADA UM. 
 
 
Registro: RCPJ ou JC? 
A doutrina discute fervorosamente se o registro da cooperativa 
permanece na JC na forma da lei anterior (Sérgio Campinho, En. 69, I JDC) ou se 
o registro passa a ser feito no RCPJ por se tratar de sociedade simples (Julieta 
Lunz, Paulo Rego). 
 
 
É possível sociedade entre cônjuges? 
 
O art. 977 do CC, de constitucionalidade duvidosa, proíbe sociedade 
entre cônjuges, inclusive com terceiros, se forem casados em comunhão 
universal ou separação obrigatória de bens. 
 
O DNRC exarou parecer jurídico nº 125/2003 no sentido de que 
sociedades entre cônjuges anteriores ao código estariam protegidas pelo manto 
do ato jurídico perfeito 
 
 
FUNDAÇÕES PRIVADAS 
 
Diferentemente das sociedades e associações, as fundações resultam 
não da união de indivíduos, mas da afetação de um patrimônio que se 
 
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personifica para determinada finalidade. Tem finalidade ideal, não tem 
finalidade econômica. Pode ter receita, não fins econômicos. 
 
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura 
pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que 
se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. 
Somente

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