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1 DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br I PERSONALIDADE JURÍDICA ..................................................................................................................................... 2 CONCEITO E TEORIA EXPLICATIVAS DO NASCITURO .................................................................................... 3 CAPACIDADE ................................................................................................................................................................. 8 EMANCIPAÇÃO ........................................................................................................................................................... 15 MORTE .......................................................................................................................................................................... 23 PESSOA JURÍDICA................................................................................................................................................... 25 Teorias explicativas da PJ (natureza jurídica): .......................................................................................................... 28 Corrente Negativista (Brinz, Planiol, Duguit) - negava ........................................................................................... 29 Corrente Afirmativista.......................................................................................................................................................... 29 Teoria da Ficção, desenvolvida a partir de Windscheid, Savigny. ................................................................. 29 Teoria da Realidade Objetiva/Teoria Organicista (Lacerda de Almeida, C. Beviláqua) ....................... 29 Teoria da Realidade Técnica (Ferrara) ..................................................................................................................... 29 Entes despersonificados com capacidade processual. ....................................................................................... 31 Espécies de PJ de Direito Privado .................................................................................................................................... 32 I - as associações; ............................................................................................................................................................... 34 II - as sociedades; ............................................................................................................................................................... 34 III - as fundações. ............................................................................................................................................................... 34 IV - as organizações religiosas; (2003) ..................................................................................................................... 34 V - os partidos políticos. (2003) .................................................................................................................................. 34 ASSOCIAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 34 SOCIEDADES ........................................................................................................................................................................ 38 Empresárias ..................................................................................................................................................................... 39 1º) req. material (exercício de atividade típica de empresário) e ....................................................... 39 2º) req. formal (registro na JC). .......................................................................................................................... 39 Simples ............................................................................................................................................................................... 39 Cooperativa ...................................................................................................................................................................... 40 FUNDAÇÕES PRIVADAS .................................................................................................................................................. 41 Extinção da Pessoa Jurídica .................................................................................................................................................... 45 DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ...................................................................................................... 45 Histórico ..................................................................................................................................................................................... 45 Conceito da Desconsideração da Pessoa Jurídica ..................................................................................................... 46 O que é Teoria Ultra Vires Societatis? ....................................................................................................................... 46 BEM DE FAMÍLIA ....................................................................................................................................................... 50 Referência Histórica .............................................................................................................................................................. 50 Espécies do Bem de Família ............................................................................................................................................... 50 DOMICÍLIO ................................................................................................................................................................... 57 Espécies de domicílio ............................................................................................................................................................ 60 BEM JURÍDICO ............................................................................................................................................................ 63 FATO JURÍDICO .......................................................................................................................................................... 70 1.Fato Jurídico ............................................................................................................... Erro! Indicador não definido. 2.Ato-fato jurídico .................................................................................................................................................................. 70 DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br II 3.Ações Humanas.................................................................................................................................................................... 70 NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................................................................................................... 74 1.Teorias Explicativas ........................................................................................................................................................... 76 2.Planos de Análise do NJ .................................................................................................................................................... 76 3.Eficácia ..................................................................................................................................................................................1104.Elementos Acidentais do NJ ..........................................................................................................................................122 PRESCRIÇÃO / DECADÊNCIA .............................................................................................................................. 131 OBRIGAÇÕES ............................................................................................................................................................ 142 Conceito ....................................................................................................................................................................................142 Conceito e Estrutura da Obrigação................................................................................................................................145 Classificação Moderna – Fontes das Obrigações: ...............................................................................................146 Estrutura/Elementos .....................................................................................................................................................146 Classificação ............................................................................................................................................................................149 Teoria do Pagamento ...............................................................................................................................................................186 Conceito ....................................................................................................................................................................................186 Requisitos/Condições .........................................................................................................................................................187 Subjetivas ............................................................................................................................................................................187 Objetivas ..............................................................................................................................................................................190 Objeto do pagamento: CC 313 .........................................................................................................................................193 Prova do pagamento: CC 319...........................................................................................................................................196 Efeitos ...................................................................................................................................................................................202 Novação ....................................................................................................................................................................................203 Requisitos ...........................................................................................................................................................................204 Espécies ...............................................................................................................................................................................206 Efeitos ...................................................................................................................................................................................207 Dação em Pagamento ..........................................................................................................................................................208 Compensação .........................................................................................................................................................................210 Mora ................................................................................................................................................................................................222 1.Conceito ................................................................................................................................................................................222 2.Mora do Credor / Mora Credendi / Mora Accipiendi ........................................................................................222 3.Mora do Devedor / Mora Solvendi / Mora Debendi ...........................................................................................223 RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................................................................................................. 231 Conceito ....................................................................................................................................................................................231 Elementos ................................................................................................................................................................................236 Conduta humana ..............................................................................................................................................................236 Nexo de causalidade .......................................................................................................................................................237 Dano/Prejuízo ...................................................................................................................................................................239 Dano Moral ..............................................................................................................................................................................241 Conceito ...............................................................................................................................................................................242 Quantificação do Dano Moral......................................................................................................................................243 Arbitramento Judicial.................................................................................................................................................244 Natureza Jurídica da reparação por Dano Moral ............................................................................................245 Causas Excludentes .........................................................................................................................................................254 DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................................................................................................ 282 1.Introdução Constitucional à Matéria ........................................................................................................................282 2.Conceito ................................................................................................................................................................................283 3.Natureza Jurídica do Casamento ................................................................................................................................285 DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br III 4.Plano de Existência do Casamento ............................................................................................................................286 5.Espécies de casamento: ..................................................................................................................................................289 6.Deveresdo Casamento ...................................................................................................................................................290 7.Impedimentos Matrimoniais........................................................................................................................................294 8.União estável.......................................................................................................................................................................297 REGIME DE BENS .................................................................................................................................................... 301 1.Conceito ................................................................................................................................................................................301 2.Regime de Comunhão Parcial de Bens .....................................................................................................................306 3.Comunhão Universal de Bens ......................................................................................................................................309 4.Regime de Participação Final dos Aquestos ..........................................................................................................309 5.Regime de Separação Convencional de Bens ........................................................................................................311 6.Outorga Uxória / Autorização Marital .....................................................................................................................312 INVALIDADE DO CASAMENTO ........................................................................................................................... 313 DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 1 Fazer o Download das Apostilas em E do MATERIAL DE APOIO na DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 2 , para a teoria do direito civil, é a aptidão genérica PERSONALIDADE para se titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica, ou seja, é o atributo necessário para ser sujeito de direito. Pessoa física ou natural ou ente de existência visível (termo criado por Teixeira de Freitas) Aparentemente, a reposta encontra-se na primeira parte do art. 2 do CC. O surgimento da personalidade jurídica ocorre a partir do nascimento com vida (funcionamento do aparelho cardiorrespiratório). Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. O sistema brasileiro, à luz do princípio da dignidade da pessoa humana, não exige para efeito civil na aferição do nascimento com vida a forma humana e o tempo mínimo de sobrevida. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 3 DIREITO COMPARADO: na Espanha é necessário forma humana e vida mínima de 24h. (art. 30 CC na sua forma original). Ex: pai rico morre em acidente com a mãe ainda grávida, o filho nasce com vida e logo depois morre, os direitos do pai são transmitidos ao filho que logo após se transmitem à sua mãe (princípio da saisine). O artigo 2º do Código Civil abre uma exceção em relação ao nascituro ao garantir alguns direitos a ele, p.ex., os alimentos gravídicos. A doutrina critica o dispositivo, sob o argumento: se o nascituro é sujeito de direitos não seria ele também pessoa, isto é, teria personalidade jurídica ? Nesta linha de raciocínio nascem as teorias explicativas do nascituro. Para Limongi França, NASCITURO é o ente concebido, mas ainda não nascido, com vida intrauterina, diferente do embrião que é concebido em laboratório e tem vida in-vitro. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 4 Não posso confundir NASCITURO com os conceitos de e . CONCEPTURO é aquele nascido morto e que, a teor do Enunciado 1 da primeira jornada de Direito Civil (doutrina), teria proteção jurídica quanto ao nome, imagem e sepultura. Quanto ao nome segundo a Lei de Registro Públicos, o tratamento do natimorto não é tão moderno ainda. é aquele que nem concebido ainda foi, também chamado de (no direito sucessório a importantes efeitos práticos como se lê no artigo 1799, I). Defendida por autores como Eduardo Espínola, Vicente Ráo e Silvio Rodrigues trata-se da teoria mais tradicional – majoritária. Vale lembrar que recentemente esta teoria ganhou força por conta do julgamento da ADIN que discutiu a lei de biossegurança, uma vez que um dos ministros utilizou de seus parâmetros para fundamentar seu julgamento. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 5 OBS: a simples leitura da ementa referente ADIN 3510, que discutiu a validade da lei de biossegurança, de certa forma reforçou a corrente natalista no contexto da acirrada polêmica entre as teorias. Para esta teoria, a personalidade jurídica só seria adquirida a partir do nascimento com vida, de maneira que, tecnicamente, o nascituro não seria considerado pessoa, gozando de mera expectativa de direitos. O nascituro, neste caso, é tratado como coisa. Segundo esta teoria, o nascituro gozaria desde já de uma personalidade formal atinente a direitos personalíssimos (vida), mas somente adquire personalidade material quanto a direitos patrimoniais sob a condição de nascer com vida, isto é, a teoria sustenta que o nascituro gozaria formalmente de personalidade no que tange a direitos personalíssimos (direito a vida; pré-natal), mas direitos patrimoniais em geral só seriam consolidados sob a condição de nascimento com vida. Sob a influência do direito Francês, os adeptos da linha concepcionista afirmam que o nascituro é pessoa, ou seja , adquire personalidade jurídica desde a concepção, inclusive, no que tange a certos direitos patrimoniais, como o direito a alimentos. Os concepcionista entendem que os efeitos jurídicos do nascimento com vida teria efeito retroativo desde a concepção. OBS:: Ver quadro esquemático material de apoio pg. 3. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 6 Sim, uma vez que a LEI de ALIMENTOS GRAVÍDICOS não é só para gestante, mas principalmente para o nascituro. Para a concessão dos alimentos é necessário haver indícios convincentes sobre a paternidade invocada (AGI nº 70018406652), não sendo atendida a postulação caso não ocorram elementos seguros sobre a genitora ou sobre o início da prenhez (AGI nº 70009811027). Assim também acontece quando os cônjuges estão separados de fato por mais de quatro meses (APC nº 587002155). Independentemente da teoria adotada, o nascituro goza de tutela jurídica em diversos pontos do sistema (ver quadro no material de apoio). Clóvis Beviláqua (elaborou o artigo art.2 que foi usado como base para atual Código). Em sua obra “Comentários ao Código Civil dos EstadosUnidos do Brasil “(Ed. Rio, 1975 ,pg. 178), ele afirma que o legislador teria adotado a teoria natalista por ser mais “prática”, mas em diversos pontos do sistema é sentida a influência concepcionista, na medida em que o nascituro é tratado como se pessoa fosse. : DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 7 A jurisprudência do TJ-RS já havia apontado no sentido de reconhecer o nascituro como pessoa e titular de direito patrimonial dos alimentos (agravo de instrumento 70006429096), tendência esta consolidada pela Lei dos Alimentos Gravídicos (Lei 11.804/08). O próprio STJ já admitiu, em mais de uma oportunidade, a possibilidade de se reconhecer direito a indenização em favor do nascituro que houver sofrido dano moral - RESP 931556-RS e RESP 399028 –SP – nítida influência concepcionista. : é passível de correção monetária o valor da JURISPRUDÊNCIA indenização por dano moral a partir da data de seu arbitramento – ver acórdão material de apoio, pg. 10. Ex: na ditadura, mulher presa grávida ouvindo o marido sendo torturado. Ex: Pai morto em acidente de carro causado por pessoa bêbada. : excelência o STJ já reconheceu este direito não somente RESPOSTA uma vez citar julgados. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 8 A capacidade se desdobra em e capacidade de direito capacidade de . fato A é uma capacidade genérica que toda CAPACIDADE DE DIREITO pessoa tem por ser pessoa. Ex.: recém-nascido; débil-mental, criança Orlando Gomes (introdução ao direito civil) sustenta que a capacidade de direito, nos dias de hoje, confunde-se com a personalidade jurídica, pois toda pessoa é capaz de direito, mas nem todo mundo tem capacidade de fato. A é a capacidade pessoal de exercício dos atos CAPACIDADE DE FATO da vida civil. A falta de capacidade de fato gera a incapacidade civil. “A incapacidade civil é a ausência de capacidade de fato ou de exercício.” A incapacidade civil se divide em incapacidade absoluta, que são representados ( art.3, CC) e incapacidade Relativa ( art.4, CC), que são assistidos. A capacidade civil plena é a junção da capacidade de direito mais a capacidade de fato, que, em geral se consegue ao completar os dezoito anos. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 9 A LEGITIMIDADE, segundo pensamento do professor Calmon de passos, traduziria a pertinência subjetiva para prática de determinado ato, vale dizer, uma pessoa pode até ser capaz , mas está impedida de praticar determinado ato, sob pena de invalidade, falta-lhe, no caso, legitimidade (ex: art.1521, inciso IV , CC ). Ex: dois irmãos capazes estão impedidos de casar. OBS: A idade avançada não justifica a incapacidade civil, ou seja , a ausência de capacidade de fato. Diferentemente ocorre, se com a senilidade a pessoa apresente outros indícios que levem à situação incapacidade, v.g, presença de problemas de saúde mental apto a justificar a sua interdição. Incapacidade Civil consiste na falta de capacidade de fato. Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; - chamados menores impúberes II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; o Código antigo denominava essas pessoas como loucos de todo gênero. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 10 III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. No que se refere ao inciso II do art.3, vale lembrar que, nos termos dos artigos 1177 e seguintes do CPC, a incapacidade derivada de enfermidade ou deficiência mental deve ser aferida no bojo de procedimento de interdição - condição objetiva. Em direito processual, veremos que os incapazes portadores de enfermidade ou deficiência mental submetem-se a um procedimento de interdição (artigo 1177 e seguintes), por meio do qual o juiz de direito oficialmente reconhecerá a incapacidade nomeando-lhe curador. A competência é do Juiz de Direito Estadual, uma vez que se trata de estado da capacidade, mesmo que isto seja reflexo de benefícios previdenciários, motivo este que, em regra, leva as pessoas a pedirem a interdição (Justiça Federal). O Código brasileiro é omisso quanto a este problema. Segundo Orlando Gomes, amparado na doutrina italiana, o ato praticado por incapaz ainda não interditado poderá ser invalidado se ocorrerem três requisitos: Incapacidade anterior. Prejuízo ao incapaz que decorra da prática do ato. Má fé da outra parte (está má fé poderá ser investigada segundo as circunstâncias do caso). Ex: compra de carro importado por baixo valor. Direito comparado: o Código Frances, na redação original do art.503, regulava que os atos anteriores a interdição poderão ser anulados se a causa de interdição existiam anteriormente a realização do ato. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 11 O inciso III cuida de outras situações, v.g., intoxicação fortuita (pessoa involuntariamente drogada) - fator exógeno que priva sua capacidade jurídica. Ex: droga em bebida. Os atos praticados neste interregno, que privaram a vontade consciente da prática dos atos, podem ser justificados pelos motivos que levaram a causa transitória. COMA – causa transitória que priva a manifestação da vontade, consiste estado de incapacidade absoluta. Para prática de determinados atos, como saque em dinheiro na conta; é preciso alvará (presença do Juiz). Hermenêutica básica: A hipótese de incapacidade absoluta do “surdo-mudo” sem habilidade especial para se manifestar é implicitamente admitida no inciso III do artigo 3 do CC . Já o ausente, conforme veremos a seguir, não é mais tratado como absolutamente incapaz, e sim tratado no Código Civil, em seu art.6, como morte por presunção. “A idade avançada por si só não é causa de incapacidade” OBS: ver no site o editorial 16, a título de complementação de pesquisa, sobre o aumento para 70 anos da idade de aplicação do regime de separação obrigatória de bens. O Artigo 4º Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; - chamados menores púberes II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 12 IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Se a embriaguez(ébrio) for patológica (plena, completa) ou a pessoa tiver toxicomania, essas situações são enquadradas como de doença mental, que neutraliza a vontade a pessoa, de modo que o discernimento é aniquilado, Caso isso ocorra, a pessoa será considerada absolutamente incapaz, desde que com laudo de médico forense (psicólogo / psiquiatra).Ex: pessoa que bebe perfume. OBS:: O grande Alvino Lima, em sua clássica obra “Da Culpa ao Risco” observa a possibilidade de se aplicar a teoria da “actio libera (líbera) in causa” – teoria da ação livre na causa ou da culpa preexistente – para justificar a responsabilidade civil da pessoa que voluntariamente se embriagou ou intoxicou para cometer o ilícito Ex: se embriaga e comete ato ilícito. www.cienciaspenales.net artigo de Claus Roxin , sobre a teoria da “actio libere in causa”. A prodigabilidade, causa de incapacidade relativa, é um grave desvio comportamental com caracteres compulsivos, por meio do qual a pessoa gasta imoderamente o seu patrimônio podendo se reduzir a miséria. Ex; vício de jogo em casos extremos. Senhora gastando fichas de 100 U$ em Cassino desenfreadamente. Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. A incapacidade do pródigo justifica a sua interdição nos termos do artigo 1782 do Código Civil, de maneira que lhe seja nomeado um curador que DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 13 deverá assisti-lo em todos os atos de conteúdo ou disposição patrimonial. Esta proteção justifica-se, em nível constitucional, pela teoria do estatuto jurídico do patrimônio mínimo – Luís Edson Fachin – MP MG dissertação. De acordo com esta tese as normas civis, segundo o princípio da dignidade da pessoa humana, devem sempre resguardar um mínimo de patrimônio para que cada individuo, não apenas sobreviva (quem sobrevive é naufrago), mas tenha vida digna. O curador do pródigo deve autorizar o casamento do prodigo ? O curador do pródigo deverá ser ouvido no procedimento de habilitação para casamento no que tange a escolha do regime de bens, caso em que havendo discordância caberá ao juiz decidir. Índios Curiosidade: O silvícola (o que vem da selva) antigamente era considerado relativamente incapaz. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. OBS:: veremos em grade própria que o artigo 8º do estatuto do índio (l. 6001/73), ainda que de forma oblíqua (a norma não é tão clara), considera como regra geral a incapacidade absoluta daqueles índios em comunidades que não mantenham contato a nossa civilização, estes serão representados pela FUNAI. Artigo 8° - São nulos os atos praticados entre o índio não integrado e qualquer pessoa estranha a comunidade quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente. Parágrafo Único - Não se aplica a regra deste Artigo no caso em que o índio revele consciência e conhecimento do ato praticado, desde que não lhe seja prejudicial, e da extensão dos seus efeitos. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 14 Questões especiais envolvendo o tema capacidade Houve impacto com a redução da maioridade civil para os 18 anos o campo de família e previdenciário ? O que se entende por benefício de restituição (restitutio in integrum) ? pg. 12 do material de apoio. OBS:: ver material de apoio questão especial referentemente ao termo “ restitutio in integrum ? Ainda é aplicável ? Segundo Clóvis Beviláqua o direito de restituição era conferido aos incapazes para que pudessem invalidar negócio jurídico celebrado com as observâncias da lei simplesmente por alegarem prejuízo. O código velho vedava este benefício dada a insegurança jurídica, embora o novo Código não seja explicito entende-se que a vedação continua. OBS:: no material de apoio, ver comentários ao artigo 119. EFEITOS DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE CIVIL NOS ÂMBITOS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO E DA FAMÍLIA – juiz Federal No campo previdenciário, o governo havia publicado a nota SAJ n.42 /03 no sentido de não permitir o cancelamento de pagamento de beneficio previdenciário, sob o argumento de redução de maioridade no Código Civil, uma vez que deveria ser respeitado o limite etário da lei previdenciário especial.(ver também enunciado.3 da primeira jornada de direito civil No campo previdenciário a redução da maioridade civil para 18 anos não implica o cancelamento de pagamento de auxílio, salvo exceções da própria lei previdenciária, sobretudo pelo fato de que é a própria lei especial que deve prever o limite do pagamento – enunciado 3 da primeira jornada de direito civil e SAJ n. 42/03. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 15 O STJ, já pacificou o entendimento(material de apoio; HC 55606-SP)no sentido de que ao atingir a maioridade civil o credor não poderá ter cancelada automaticamente a pensão alimentícia paga em geral até a conclusão dos estudos , antes que se garanta o contraditório para que possa demonstrar ainda ter necessidade dos alimentos. A súmula 358 do STJ deixa claro a necessidade deste contraditório. “O cancelamento da pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeita a decisão do judicial mediante contraditório ainda que nos próprios autos.” OBS:: no Resp. 1074181/PB, entendeu STJ ser inviável a prorrogação de benefício previdenciário, além do limite da lei especial, sob a alegação de que o beneficiário ainda não atingiu os 24 anos ou não conclui os estudos. EMANCIPAÇÃO Introdução A emancipação instituto também encontrado em outros sistemas no mundo (artigo 133 do Código de Portugal) regulado no artigo 5º do Código Civil. A emancipação poderá ser, segundo a doutrina, de três espécies: voluntária (artigo 5º Parágrafo único, I, primeira parte), judicial (artigo 5º, parágrafo único,I , segunda parte) e legal (5º, Parágrafo único, II a V). Conceito Consiste no Instituo que antecipa o momento de aquisição da capacidade civil plena, que normalmente é adquirida ao completar 18 anos. Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 16 Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Sabemos que aos 18 anos a pessoa atinge a maioridade e a capacidade civil plena. No dia em que a pessoa completa 18 anos, qual momento que será considerado completo os dezoitos anos? Segundo Washington de Barros monteiro que a maioridade é atingida no primeiro instante do dia em que se completam 18 anos de idade. ESPÉCIES Voluntária (Art.5 , Parágrafo único , I , primeira parte). Judicial (Art.5 , Parágrafo único , I , segunda parte ). Legal (Art.5 , Parágrafo único , II , segunda parte ). OBS:: vale lembrarque mesmo emancipado o menor continua sob a proteção do ECA. Voluntária A emancipação voluntária , é aquela concedida por ato dos pais, ou por um deles na falta do outro(morte, destituição do poder familiar, ausente), mediante instrumento público em caráter irrevogável independentemente de homologação judicial, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 17 “ Para se emancipar o filho sozinho, será ainda necessário a anuência do outro pai.” “O ato emancipatório é irrevogável, independe de homologação do juiz, mas é necessário instrumento público lavrado em cartório.” “O que é antecipado é a capacidade civil, mas não a penal.” OBS:: A Doutrina brasileira (Sílvio Venosa), assim como a jurisprudência(RTJ 62/108, RT 494/92, já apontaram no sentido de que para evitar situações de injustiça, a EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA não exclui a responsabilidade civil dos pais por ilícito cometido pelo menor emancipado até que complete 18 anos – pg.24 Atenção! A guarda unilateral e exclusiva de um dos pais não o confere legitimidade para sozinho, realizar o ato antecipatório, sobretudo porquê o poder familiar de ambos os pais será extinto. Judicial Na emancipação judicial, o menor está sem tutela (pais mortos, destituídos do poder familiar), sendo a mesma concedida pelo juiz desde que o menor tenha 16 anos completos, ouvindo-se o tutor. Em suma, a emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor (sem pais – menor sob tutela), desde que o menor tenha 16 anos completos, concedida por sentença em jurisdição voluntária. Quem emancipa é o juiz e não o tutor, esse será ouvido, mas quem decidirá é o juiz. Como há direito de menor também poderá ser ouvido o Ministério Público” No caso do interesse do incapaz conflitar com seu representante, o juiz poderá nomear-lhe curador para pedir sua emancipação, ou a , depender do entendimento do Ministério Público, até mesmo a pedido do promotor. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 18 Legal A emancipação legal é aquela que decorre diretamente da lei regulada dos incisos II a V do artigo 5º Parágrafo único do Código Civil. Hipóteses: Casamento. Qual idade mínima para casar ? Mulher 16 ; Homem 16. (código antigo , mulher 16 , homem 18, pela premissa que a mulher amadurecia mais rápido que o homem, fere o discrímen – checar termo). Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631. Parêntese: Do Poder FAMILIAR Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores. Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações entre pais e filhos senão DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 19 quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos. Art. 1.633. O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar exclusivo da mãe; se a mãe não for conhecida ou capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor. “Mesmo em casos de divórcio a emancipação obtida é mantida” OBS:: Veremos na aula de família situações excepcionais em que se admite casamento abaixo dos 16 anos de idade e analisaremos ali se também há emancipação. OBS:: Abaixo dos 16 anos, conforme na aula de família, o artigo 1520 admite excepcionalmente o matrimônio em caso de gravidez ou para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal. A questão é polêmica, no entanto, também nesses casos, na letra fria da lei a emancipação ocorreria mesmo que haja futura separação ou divórcio uma vez que os seus efeitos são para frente. Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. Em caso de invalidade a emancipação persistiria ? a questão é controvertida. Partindo da linha de pensamento de autores que projetam os efeitos da sentença de invalidade para o futuro, a emancipação não seria atingida (Orlando Gomes), no entanto, seguindo a linha de pensamento segunda a qual os efeitos da sentença de invalidade são retroativos, inclusive para cancelar o registro de casamento restituindo as partes ao estado anterior, a emancipação perderá efeitos, ressalvada a hipóteses do casamento putativo (veremos em breve). Pensamentos neste sentido , Zeno Veloso , Flavio Tartuci. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 20 Exercício de emprego público efetivo. A leitura correta do dispositivo seria o exercício de uma função pública efetiva. Em geral esta emancipação é muita rara pelos requisitos de idade mínima nos editais, porém em algumas carreiras militares é possível que a pessoa venha assumir uma função pública efetiva antes dos 18 anos. Colação de grau em ensino superior CESPE: a aprovação vestibular em curso superior ocorre na colação de grau. Inciso de dificílima aprovação. Estabelecimento civil, comercial, ou a relação de emprego, desde que o menor, com 16 anos completos, em função deles, tenha economia própria. Estabelecimento civil, em geral traduz uma situação de prestação de serviço , que pode ser técnico , intelectual ou até mesmo artístico. Ex: professor de música. Capacidade para emprego : 16 anos completos. Capacidade para ser aprendiz : 14 anos completos. E se o menor vier a perder o emprego ? Ele não retorna a seu estado anterior, se retornasse iria gerar grande insegurança jurídica em nosso país. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 21 O que se entende por estabelecimento civil. *Pelo estabelecimento civil(ex. prestação de serviço) ou comercial (ex. Box na feira), ou pela existência de emprego (empregado) e por função disso ele (o menor de 16) tenha economia própria neste caso, quando a falta do emprego, ele não retorna ao estado anterior, antes da emancipação. OBS:: à luz do principio da operabilidade (ver referência de texto do Miguel Reale no material de apoio) temos que “economia própria” traduz um conceito aberto, vago (Arruda Alvim) ou indeterminado que deverá ser preenchido pelo juiz, observado o ônus da argumentação jurídica (Robert Alexy) segundo as circunstâncias do caso concreto. O que é sistema aberto no direito civil ?(Magistratura). Significa que nosso ordenamento é poroso, ou seja, é permeado de poros axiológicos que permitem uma atividade de hermenêutica maisprecisa. A 100 anos atrás, quando eram concebidas as legislações, o legislador imaginava que a lei era perfeita (pedra monolítica que daria todas as respostas, na França o juiz não poderia julgar se não houvesse previsão legal). Hoje, o sistema precisa ser aberto e poroso, existem conceitos vagos e cláusulas gerais para melhor aplicação da lei ao caso concreto. Judith Martins-Costa observa que cláusula geral é a noção ainda abrangente na medida em que, além de conter um conceito indeterminado possui uma carga normativa mais ampla, acentuada de observância rvânc obrigatório pelo próprio juiz. Questões Finais O menor emancipado poderá cumprir pena ? A emancipação não antecipa a imputabilidade penal que só advêm a partir dos 18 anos, entretanto poderá sofrer prisão civil. O menor emancipado pode ser criminalmente responsabilizado? DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 22 O menor emancipado não comete crime e sim ato infracional, pois a emancipação não repercute no âmbito do direito penal. Segundo Paulo Godoy, o menor pode falir pela lei de falências, e se caso ele falir poderá praticar crime falimentar, entretanto responderá por ato infracional segundo o ECA. Luís Flávio Gomes e outros autores nesta linha sustentam que embora o menor emancipado não pode ser preso criminalmente ele poderá sofrer prisão civil (cela separada ; estabelecimento próprio). ex : devedor de alimentos. Por que o menor antecipado não pode dirigir ? (concurso). Menor emancipado deve respeitar norma administrativa específica : o art.140, I do CTB , este estabelece que a imputabilidade penal é condição para ser condutor de veículo. Art. 140. A habilitação para conduzir veículo automotor e elétrico será apurada por meio de exames que deverão ser realizados junto ao órgão ou entidade executivos do Estado ou do Distrito Federal, do domicílio ou residência do candidato, ou na sede estadual ou distrital do próprio órgão, devendo o condutor preencher os seguintes requisitos: I - ser penalmente imputável; II - saber ler e escrever; III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 23 Parágrafo único. As informações do candidato à habilitação serão cadastradas no RENACH. MORTE A parada do sistema cardiorrespiratório com a cessação das funções vitais indica o falecimento do indivíduo. Tal aferição, permeada de dificuldades técnicas , deverá ser feita por médico, com base em seus conhecimentos clínicos e de tanatologia. O estado da morte, em medicina legal é feito pela tanatologia. Para efeito de estudo da parte geral o critério estabelecido atualmente pela comunidade científica mundial para identificação do óbito, inclusive para fins de transplante, dada a sua irreversibilidade (ver resoluções 1480/97 e 1826/07 do CFM – Conselho Federal de Medicina). Nos termos da LRP (lei de registros públicos – l. 6015/73) artigos 77 e seguintes, a morte deve ser atestada por um médico ressalvada a hipótese de não haver profissional habilitado no local, neste caso será necessário duas testemunhas para atestarem. Morte presumida A ausência , conceitualmente ocorre quando uma pessoa desaparece do domicílio sem deixar notícia ou representante, nos termos do artigo 23 e seguintes do Código Civil. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 24 Nos termos do artigo 6º do Código Civil, durante o procedimento da ausência no momento em que há a sucessão definitiva dos bens do ausentes ele é considerado morto por presunção. Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. O artigo 7º traz outras hipóteses de morte presumida que não se confundem com a ausência. São hipóteses em que se é declarada a morte mesmo. Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Ex: Ulisses Guimarães. Caso o ausente ou morto presumido volte será necessário a desconstituição do ato. O que se entende por comoriência? Não pode ser confundido com a denominada premoriência, que traduz um estado pré morte. Na comoriência diferentemente opera-se uma situação de morte simultânea não se podendo averiguar a sequência temporal dos óbitos. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 25 Em tal sequência consideram-se os comorientes simultaneamente mortos. ABRINDO-SE CADEIAS SUSSÓRIAS AUTONOMAS E DISTINTAS –artigo 8º; OBS:: por mesma ocasião não é necessário mesmo local , ex: pai e filho no telefone têm infartos. Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. – Magistratura SP Na jurisprudência ver TJ/RS o AI 598569952 – Maria Berenice Dias Ementa: INVENTARIO. COMORIENCIA. INDENIZACAO DECORRENTE DE SEGURO DE VIDA. TENDO O CASAL E OS FILHOS FALECIDO SIMULTANEAMENTE, VITIMAS DE ACIDENTE AUTOMOBILISTICO, NAO SE OPEROU SUCESSAO ENTRE AQUELES, NEM ENTRE AQUELES E ESTES. ASSIM, A INDENIZACAO DECORRENTE DE APOLICE DE SEGURO DE VIDA EM GRUPO, EM QUE OS CONSORTES CONSTAVAM RECIPROCAMENTE COMO BENEFICIARIOS, E DE SER PAGA DE FORMA RATEADA AOS HERDEIROS DE AMBOS. AGRAVO IMPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 598569952, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Berenice Dias, Julgado em 17/03/1999) DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 26 A noção primeira, a ideia da pessoa jurídica nasceu na sociologia. O ser humano é gregário por excelência, pois temos a vocação de vivermos em grupo. Seguindo o pensamento do sociólogo Antônio Luís Machado Neto, podemos concluir que a pessoa jurídica, em primeiro plano, é decorrência do próprio fato associativo, da natural tendência humana, de se agrupar para melhor atingir determinadas finalidades. Por isso, nessa linha inicial, podemos conceituar a pessoa jurídica como um grupo humano, criado na forma da lei e dotado de personalidade jurídica própria para a realização de fins comuns – conceito primário de pessoa jurídica- O empresário individual, em determinados pontos de sua atuação social, por ficção é tratado como pessoa jurídica, mas em sua essência, na teoria do direito civil, trata-se de pessoa física, tanto é que seus bens que responderam por sua atividade. Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? Corrente predominante no Brasil, não só na doutrina como também na jurisprudência (súmula 227STJ ; RESP 785777/ MA) aponta no sentido da possibilidade jurídica da pessoa jurídica sofrer dano moral Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Ex: direito a imagem, nome, ao segredo. STJ Súmula nº 227 - 08/09/1999 - DJ 20.10.1999 Pessoa Jurídica - Dano Moral A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. RESP: 785777: DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 27 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. DIREITO CIVIL. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. REVISÃO DO VALOR NO STJ. HIPÓTESE EXCEPCIONAL. AFASTAMENTO DA SÚMULA 7/STJ. INOCORRÊNCIA DE REVALORAÇÃO DO CONTEXTO FÁTICO E PROBATÓRIO. MONTANTE COMPENSATÓRIO A SER ARBITRADO COM OBSERVÂNCIA DA OFENSA MORAL EXPERIMENTADA. IMPOSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DO QUANTUM PELA MULTIPLICAÇÃO DO VALOR APONTADO. PRECEDENTES. 1 - A JURISPRUDÊNCIA DESTE SUPERIOR TRIBUNAL É PACÍFICA NO SENTIDO DE ADMITIR INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS À PESSOA JURÍDICA, NOS TERMOS DO VERBETE SUMULAR N.º 227. 2 - Esta Corte, cuja missão é uniformizar a interpretação do direito federal, há alguns anos começou a afastar o rigor da técnica do recurso especial para controlar o montante arbitrado pela instância ordinária a título de dano moral, com o objetivo de impedir o estabelecimento de uma "indústria do dano moral" (REsp 504.639/PB, Min. Sálvio de Figueiredo, DJ de 25/08/2003, p. 323). 3 - O Superior Tribunal de Justiça, em situações especialíssimas como a dos autos - de arbitramento de valores por dano moral - ciente do seu relevante papel de Tribunal do Pacto Federativo, e com o escopo final de estabelecer a pacificação social, se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do quantum destinado à amenização do abalo moral (REsp 1.089.444/PR, Min. Nancy Andrighi, DJe de 03/02/2009). 4 - Não se tem dúvida de que esta Corte, ao reexaminar o montante arbitrado pelo Tribunal a quo nesta situação, mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instância ordinária para aferir a justiça da indenização (se ínfima, equitativa ou exorbitante), afastando-se do rigor da técnica do recurso especial, consubstanciada, na hipótese em tela, pela Súmula 7/STJ. 5 - A atuação deste Tribunal na revisão do quantum arbitrado DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 28 como dano moral não consubstancia revaloração da prova, segundo a qual o STJ, mantendo as premissas delineadas pelo acórdão recorrido, e sem reexaminar a justiça ou injustiça da decisão impugnada, qualifica juridicamente os fatos soberanamente comprovados na instância ordinária (AgRg no REsp 461.539/RN, Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ de 14/02/2005, p. 244; REsp 327.062/MG, Min. Menezes Direito, DJ de 05/08/2002, p. 330). 6 - NO CASO DOS AUTOS, DEVE SER ADEQUADO O VALOR ARBITRADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO, LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO AS CONDIÇÕES PESSOAIS E ECONÔMICAS DOS ENVOLVIDOS, BEM COMO O DANO PROPRIAMENTE SOFRIDO PELA ORA RECORRIDA. 7- O critério utilizado, o qual estipulou o montante indenizatório com base na multiplicação do valor dos títulos devolvidos é aleatório e por isso, inadequado. Precedentes. 8 - Recurso Especial conhecido parcialmente, e nessa parte provido para reduzir o valor da indenização por danos morais para R$ 50.000, 00 (cinquenta mil reais). Outra linha de raciocínio que remonta a obra de Wilson Melo da Silva nega o dano moral à pessoa jurídica especialmente pelo fato de inexistir a sua dimensão psicológica (de certa forma o enunciado 286 da 4ª jornada acaba por reforçar este entendimento que não prevalece na jurisprudência brasileira). Teorias explicativas da PJ (natureza jurídica): 2 correntes doutrinárias se digladiavam: DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 29 Corrente Negativista (Brinz, Planiol, Duguit) - negava Corrente Afirmativista A – Corrente Negativista – negava a PJ, não aceitava a tese, dizendo que não existe. Diziam que era patrimônio coletivo, grupo de PF reunidas, mas não 1 pessoa distinta da de seus membros. Não aceitava que se criasse outro sujeito, ao lado da PF. No direito moderno, ganhou espaço a Corrente Afirmativista. B – Corrente Afirmativista – aceitava a tese da PJ. Dentre as várias Teorias Afirmativistas, selecionar 3 para concurso. Teoria da Ficção, desenvolvida a partir de Windscheid, Savigny. Teoria da Realidade Objetiva/Teoria Organicista (Lacerda de Almeida, C. Beviláqua) Teoria da Realidade Técnica (Ferrara) Teoria da Ficção: a PJ, mero produto da técnica jurídica, teria 1 existência apenas abstrata ou ideal. A PJ não integraria as relações sociais, seria apenas abstrata. Reduziam a teoria a uma mera abstração, a qual seria apenas uma ideia do direito e sem uma atuação social. Teoria da Realidade Objetiva/Teoria Organicista: contraponto da primeira, nega a PJ como fruto da técnica do Direito, afirmando-a sociologicamente como 1 organismo social vivo e de interação na sociedade, de DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 30 atuação social. Cai no exagero de reconhecer a PJ como 1 organismo sociológico, porém a PJ também se relaciona com o Direito. Teoria da Realidade Técnica (Ferrara) – teoria + moderada, a PJ, posto personificada pela técnica do direito, integraria relações sociais, de forma autônoma, como as pessoas físicas. PJ teria autonomia para integrar relações sociais. O registro de nascimento é constitutivo ou declaratório de personalidade? Declaratório. E o da PJ? Aquisição da Personalidade pela PJ Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em 3 anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. O CC Brasileiro, no art. 45, estabelece as condições para o começo da existência legal das PJ de direito privado em geral. O registro da PJ é constitutivo da sua personalidade. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 31 Art. 45 – Começa a existência legal da PJ a partir do registro do seu ato constitutivo no respectivo cartório. O que é ato constitutivo? Em geral, é o seu estatuto ou seu contrato social. Em geral, onde se registra o ato constitutivo? Em geral, no registro público de empresas (JC - RPE) ou CRPJ (Cartório de Registro de PJ). * Excepcionalmente, é condição existencial da própria PJ 1 autorização específica do PE, para que possa se constituir. Determinadas PJ precisam de autorização específica para serem criadas. Ex.: bancos. O registro da PJ não só firma a sua constituição, como sua própria regularidade, razão porqueo Prof. Caio Mário afirma que tal eficácia é ex nunc. PJ não registrada, tecnicamente nem PJ é – sociedade despersonificada. Nos termos dos arts. 986 e ss., concluímos que as tradicionalmente denominadas “sociedades irregulares ou de fato” (Waldemar Ferreira) são hoje tratadas como “entes despersonificados” em que há a responsabilidade pessoal e ilimitada dos seus próprios sócios ou administradores. Grupo despersonificado ou de personificação anômala O que se entende por grupo despersonificado ou de personificação anômala? Entes despersonificados com capacidade processual. Massa falida, espólio, condomínio, herança jacente, bem como as próprias sociedades irregulares/de fato, são entes despersonificados com capacidade processual (CPC 12). DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 32 PJ pode sofrer dano moral? Sim – honra objetiva. Existe na doutrina clássica resistência à tese segundo a qual PJ sofreria dano moral (Wilson Melo da Silva) na medida em que careceria de dimensão psicológica. A PJ possui honra objetiva (privacidade, sigilo das informações). Em virtude de se reconhecer 1 dimensão objetiva à PJ, inclusive direitos da personalidade compatíveis (CC 52), a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a PJ pode sofrer dano moral (REsp 752.672-RS, Súm. 227), a exemplo do dano à sua imagem. Súmula: 227 A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Possui alguns direitos da personalidade. Não goza de todos os direitos da personalidade. A PJ não goza de todos os direitos da personalidade, mas de alguns, como o direito à imagem. O Enunciado 286 da IV Jornada, indo de encontro ao art. 52 do CC, nega à PJ o reconhecimento de direitos da personalidade. É 1 enunciado contra legem. 286 – Art. 52. Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos. Espécies de PJ de Direito Privado DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 33 O CC 44, em sua redação original, admitia 3 espécies de PJ de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, terão o prazo de um ano para se adaptarem às disposições deste Código, a partir de sua vigência; igual prazo é concedido aos empresários. Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, terão o prazo de 2 (dois) anos para se adaptar às disposições deste Código, a partir de sua vigência igual prazo é concedido aos empresários. (Redação dada pela Lei nº 10.838, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 234, de 2005) Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, bem como os empresários, deverão se adaptar às disposições deste Código até 11 de janeiro de 2007. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às organizações religiosas nem aos partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) Redação atual: Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 34 I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; (2003) V - os partidos políticos. (2003) As organizações religiosas e os partidos políticos, ainda que espécies de associação, a partir da lei 10.825/2003, foram contempladas em incisos autônomos (art. 44) visando especialmente a permitir ao legislador, em sede do art. 2.031 isentá-los da necessidade de adaptação ao NCC. OBS:.: ver no material de apoio o tópico “Breve drama existencial vivido pelo art. 2031 do CC”. As PJ que não se adaptaram ao NCC podem sofrer diversas sanções: impossibilidade de obtenção de linha de crédito em banco, impossibilidade de participação em licitação, problemas tributários e previdenciários, por estarem funcionando como sociedades irregulares. Os sócios poderão pessoalmente responder por obrigações sociais. ASSOCIAÇÃO O CC, no 53, deixa claro que associação é 1 tipo de PJ de direito privado de finalidade ideal ou não econômica. O seu ato constitutivo é o estatuto, a ser registrado no CRPJ (não é na JC). Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 35 Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. A receita gerada é aplicada na própria atividade. Não pode ter finalidade econômica (distribuição de lucros) Pode ter conteúdo econômico (gerar receita). REsp 1.181.410-RJ, STJ. Sindicato é associação. Os sindicatos, segundo jurisprudência pacífica do STJ, são considerados “associação civil”, inclusive para efeito de propositura de ação civil pública. Os requisitos do estatuto da associação estão previstos no CC 54: Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005) DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 36 Dentro de 1 mesma associação, 1 associado pode ter + direito do que outro? Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. =/=s Categorias -> =/=s Direitos Em 1 associação pode haver diferentes categorias de associados com diferentes direitos, porém dentro de 1 mesma categoria, os direitos dos sócios devem ser iguais. Como se estrutura a associação? O associado poderá ser excluído da associação? É possível excluir o condômino do seu condomínio? Discussão ferrenha. ASSOCIAÇÃO não pode buscar lucro para seus administradores. O ato normativo (estatuto) que estrutura a associação é o seu estatuto que deve ser levado a registro no CRPJ. Requisitos do Estatuto da Associação Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; V – o modo deconstituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 37 VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005) Assembleia Geral O órgão mais relevante de uma associação é a sua Assembleia Geral de associados. Competência: Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) I – destituir os administradores; II – alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Vale lembrar, nos termos do art. 61, que, regra geral, dissolvida a associação, o seu patrimônio será atribuído a entidades de fins não econômicos designadas no estatuto ou, em sendo este omisso, a instituição municipal, estadual ou federal de fins iguais ou semelhantes. Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. Possível a exclusão de associado por justa causa. Contraditório, A.D., Recurso. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 38 O art. 57, modificado pela lei 11.127/2005, admite a exclusão do associado em havendo justa causa (conceito aberto), garantindo-se o contraditório e o direito de recurso, a ampla defesa. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Se o estatuto não previu, a base será legal para lhe garantir o direito de defesa. O art. 57 refere-se a associações, e não a condomínios, que tem regulamentação própria para condôminos com comportamento antissocial. SOCIEDADES A sociedade, espécie corporativa de pessoa jurídica de direito privado, formada pela união de indivíduos (sócios), instituída por meio de contrato social, visa à realização de atividade econômica e partilha de lucro (art. 981). Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. Sociedades têm finalidade lucrativa. DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 39 CC/1916 – Sociedades - Civis - Mercantis/Comerciais (atos de comércio) CC/2002 – Sociedades Empresárias 1º) req. material (exercício de atividade típica de empresário) e 2º) req. formal (registro na JC). Simples Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Existe uma correspondência, mas não uma perfeita identificação, entre sociedade empresária e mercantil e sociedade simples e civil. Sociedade Empresária X Sociedade Simples A diagnose diferencial entre SE e SS, a despeito da acesa polêmica, encontra a sua regra no art. 982 do CC, segundo o qual, para uma sociedade ser empresária, dois requisitos devem ser OBSErvados: 1º) requisito material (exercício de atividade típica de empresário) e DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 40 2º) requisito formal (registro na JC). Ausente qualquer desses requisitos, a sociedade é simples. Na sociedade simples, a atividade é prestada ou supervisionada pessoalmente pelos próprios sócios. A figura do sócio é indispensável para a realização da atividade. A SE, tipicamente capitalista, de natureza impessoal, sujeita a legislação falimentar e a registro na JC, é aquela em que os sócios atuam como meros articuladores de fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e MP) de forma que a sua atividade pessoal não importa diretamente para o objeto da sociedade (ex. revendedora de veículos). Já a SS, sujeita a registro em regra no CRPJ, é aquela em que o sócio é referencial da própria sociedade, realizando ou supervisionando pessoal e diretamente a atividade desenvolvida (em geral, são prestadoras de serviços, como sociedades de médicos ou advogados). SA é sempre empresária e cooperativa é sociedade simples. Art. 982, § único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Cooperativa Princípio da adesão livre. Os cooperados trabalham. Esforço -> Partilha de resultado DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 41 A atividade dos cooperados interessa. As cooperativas, reguladas pela lei 5.764/1971, caracterizam-se pelo PRINCÍPIO DA ADESÃO LIVRE, segundo o qual os cooperados têm a liberdade de ingresso e saída, respeitadas as obrigações estatutárias (MHD), e também pelo fato de operar-se uma PARTILHA DE RESULTADOS NA PROPORÇÃO DO ESFORÇO DE CADA UM. Registro: RCPJ ou JC? A doutrina discute fervorosamente se o registro da cooperativa permanece na JC na forma da lei anterior (Sérgio Campinho, En. 69, I JDC) ou se o registro passa a ser feito no RCPJ por se tratar de sociedade simples (Julieta Lunz, Paulo Rego). É possível sociedade entre cônjuges? O art. 977 do CC, de constitucionalidade duvidosa, proíbe sociedade entre cônjuges, inclusive com terceiros, se forem casados em comunhão universal ou separação obrigatória de bens. O DNRC exarou parecer jurídico nº 125/2003 no sentido de que sociedades entre cônjuges anteriores ao código estariam protegidas pelo manto do ato jurídico perfeito FUNDAÇÕES PRIVADAS Diferentemente das sociedades e associações, as fundações resultam não da união de indivíduos, mas da afetação de um patrimônio que se DIREITO CIVIL INTENSIVO I Prof. Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 42 personifica para determinada finalidade. Tem finalidade ideal, não tem finalidade econômica. Pode ter receita, não fins econômicos. Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Somente
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