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1 SISTEMA MUSCULAR O tecido muscular é de origem mesodérmica, sendo caracterizado pela propriedade de contração e distensão de suas células, o que determina a movimentação dos membros e das vísceras. Há basicamente três tipos de tecido muscular: liso, estriado esquelético e estriado cardíaco. Músculo liso: o músculo involuntário localiza-se na pele (músculo eretor do pêlo), órgãos internos, aparelho reprodutor, grandes vasos sangüíneos e aparelho excretor. O estímulo para a contração dos músculos lisos é mediado pelo sistema nervoso vegetativo (autonômico). Músculo estriado esquelético: é inervado pelo sistema nervoso central e, como este se encontra em parte sob controle consciente, chama-se músculo voluntário. As contrações do músculo esquelético permitem os movimentos dos diversos ossos e cartilagens do esqueleto. Músculo cardíaco: este tipo de tecido muscular forma a maior parte do coração dos vertebrados. O músculo cardíaco carece de controle voluntário. É inervado pelo sistema nervoso vegetativo (autonômico). Estriado esquelético fibras longas, multinucleados (núcleos periféricos). Miofilamentos organizam-se em estrias longitudinais e transversais. Contração rápida e voluntária Estriado cardíaco fibras estriadas com um ou dois núcleos centrais. Células alongadas, irregularmente ramificadas, que se unem por estruturas especiais: discos intercalares. Contração involuntária, vigorosa e rítmica. Liso fibras alongados, mononucleados e sem estrias transversais. Contração involuntária e lenta. Anatomia e Fisiologia dos Animais Domésticos Agronomia - UFC Professora Ana Cláudia N. Campos 2 MUSCULATURA ESQUELÉTICA O sistema muscular esquelético constitui a maior parte da musculatura do corpo, formando o que se chama popularmente de carne. Essa musculatura recobre totalmente o esqueleto e está presa aos ossos, sendo responsável pela movimentação corporal. A fibra muscular é uma célula cilíndrica ou prismática, longa, de 3 a 12 centímetros; o seu diâmetro é infinitamente menor, variando de 20 a 100 mícrons (milésimos de milímetro), tendo um aspecto de filamento fusiforme. No seu interior notam-se muitos núcleos, de modo que se tem a idéia de ser a fibra constituída por várias células que perderam os seus limites, fundindo-se umas com as outras. Dessa forma, podemos dizer que um músculo esquelético é um pacote formado por longas fibras, que percorrem o músculo de ponta a ponta. No citoplasma da fibra muscular esquelética há muitas miofibrilas contráteis, constituídas por filamentos compostos por dois tipos principais de proteínas – a actina e a miosina. Filamentos de actina e miosina estão dispostos regularmente originam um padrão bem definido de estrias (faixas) transversais alternadas, claras e escuras. Essa estrutura existe somente nas fibras que constituem os músculos esqueléticos e cardíacos, os quais são, por isso, chamados músculos estriados. Os músculos esqueléticos estão revestidos por uma lâmina delgada de tecido conjuntivo, o epimísio, que manda septos para o interior do músculo, septos dos quais se derivam divisões sempre mais delgadas. O músculo fica assim dividido em feixes (primários, secundários, terciários). O revestimento dos feixes menores (primários), chamado endomísio, manda para o interior do músculo membranas delgadíssimas que envolvem cada uma das fibras musculares. epimisio perimísio endomísio 3 A distribuição dos filamentos de actina e miosina varia ao longo do sarcômero. As faixas mais extremas e mais claras do sarcômero, chamadas banda I, contêm apenas filamentos de actina. Dentro da banda I existe uma linha que se cora mais intensamente, denominada linha Z, que corresponde a várias uniões entre dois filamentos de actina. A faixa central, mais escura, é chamada banda A, cujas extremidades são formadas por filamentos de actina e miosina sobrepostos. Dentro da banda A existe uma região mediana mais clara – a banda H – que contém apenas miosina. Um sarcômero compreende o segmento entre duas linhas Z consecutivas e é a unidade contrátil da fibra muscular, pois é a menor porção da fibra muscular com capacidade de contração e distensão. 1- Bandas escuras (anisotrópicas – banda A). 2- Faixas claras (isotrópicas – banda I, com linha Z central). 3- Núcleos periféricos. Em torno do conjunto de miofibrilas de uma fibra muscular esquelética situa-se o retículo sarcoplasmático (retículo endoplasmático liso), especializado no armazenamento de íons cálcio. As miofibrilas são constituídas por unidades que se repetem ao longo de seu comprimento, denominadas sarcômeros. 4 MIOFIBRILAS A UNIDADE CONTRÁTIL A tropomiosina é uma molécula longa e fina, contendo 2 cadeias polipeptídicas, uma enrolada na outra. As moléculas de tropomiosina unem-se umas às outras pelas extremidades, para formar filamentos que se localizam ao longo do sulco existente entre os dois filamentos de actina F. A Troponina é um complexo de três subunidades: TNC, que tem grande afinidade pelos íons de Ca ++ . TNT, que se liga fortemente a tropomiosina e TNI, que cobre o sítio ativo da actina onde ocorre interação de actina com miosina. Cada molécula de tropomiosina tem um local específico onde se prende um complexo de 3 subunidades de troponina. Filamentos grossos A molécula de miosina é grande, tem forma de bastão sendo formada por 2 peptídios enrolados em hélice. Numa de suas extremidades a miosina apresenta uma saliência globular, a cabeça, que possui locais específicos para combinação com ATP e é dotada de atividade atpásica, participando diretamente na transolução da energia química em energia mecânica, durante a contração muscular. A miosina, uma molécula grande e complexa, possui três regiões: "cauda, colo e cabeça". As caudas se agregam para dar origem aos filamentos grossos, com o colo e a cabeça projetando-se lateralmente para formar a ponte cruzada. Cada cabeça contém um sítio de fixação para a actina e um local enzimático que pode hidrolizar o ATP, o ADP e o fosfato inorgânico (Pi). As pontes cruzadas e os filamentos finos se interagem puxando os filamentos finos em direção ao centro do sarcômero, fazendo com que esse se encurte, à medida que os discos Z vão se aproximando. A unidade contrátil mais simples é o sarcômero. Os discos Z fazem a conexão entre os sarcômeros. Filamentos finos Os filamentos finos sempre contêm actina e tropomiosina. A actina apresenta-se sob forma de polímeros longos (actina F) formado por duas cadeias de monômeros globulares (actina G) torcidas uma sobre a outra, em hélice dupla. Os filamentos finos do músculo estriado possuem também troponina, ligada a cada molécula de tropomiosina. A tropomiosina encobre os sítios ativos de ligação da miosina na molécula de actina. 5 Contração: ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina, desse modo, o sarcômero diminui devido à aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a desaparecer. A contração do músculo esquelético é voluntária e ocorre pelo deslizamentodos filamentos de actina sobre os de miosina. Nas pontas dos filamentos de miosina existem pequenas projeções (cabeça da miosina), capazes de formar ligações com certos sítios dos filamentos de actina, quando o músculo é estimulado. Essas projeções de miosina puxam os filamentos de actina, forçando-os a deslizar sobre os filamentos de miosina. Isso leva ao encurtamento das miofibrilas e à contração muscular. Durante a contração muscular, o sarcômero diminui devido à aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a desaparecer. Constatou-se, através de microscopia eletrônica, que o sarcolema (membrana plasmática) da fibra muscular sofre invaginações, formando túbulos anastomosados que envolvem cada conjunto de miofibrilas. Essa rede foi denominada sistema T, pois as invaginações são perpendiculares as miofibrilas. Esse sistema é responsável pela contração 6 uniforme de cada fibra muscular estriada esquelética, não ocorrendo nas fibras lisas e sendo reduzido nas fibras cardíacas. Observação: Um túbulo-T ou túbulo transverso é uma invaginação profunda da membrana plasmática encontrada nas células de músculo esquelético e cardíaco. Estas invaginações permitem que a despolarização da membrana rapidamente penetre no interior da célula. No músculo esquelético, cada túbulo T está ligado a dois retículos sarcoplasmáticos (vesículas intracelulares que estocam íons cálcio), formando uma tríade. No músculo cardíaco, cada túbulo T está ligado a um retículo sarcoplasmático, formando uma díade. Os túbulos T facilitam a igual propagação da informação/ordem de despolarização, e conseqüente abertura dos canais de cálcio da membrana e do retículo sarcoplasmático, ao longo do sarcolema e de suas invaginações, visando à contração ordenada e concomitante das células. A QUÍMICA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR O estímulo para a contração muscular é geralmente um impulso nervoso, que chega à fibra muscular através de um nervo (placa motora) que libera um neurotransmissor denominado acetilcolina (ACh). A ACh, uma vez liberada, liga-se a receptores específicos na membrana pós-sináptica, promovendo a abertura de canais iônicos de Na, dependentes da ACh. O influxo de íon Na na célula muscular promove uma despolarização na membrana (pós-sináptica), desse modo, o impulso nervoso propaga-se pela membrana das fibras musculares (sarcolema) através dos tubulos T, e atinge o retículo sarcoplasmático, ativando assim, as proteínas sensíveis que provocam a abertura de canais de liberação de CA 2+ desta organela. Os íons de cálcio fluem para dentro do citoplasma, o local onde se encontram os filamentos de actina e miosina; os íons de cálcio se ligam às moléculas do complexo troponina-tropomiosina, ou seja, liga-se à troponina C, que estão localizadas nos sítios de ligação dos filamentos de actina. Normalmente, a molécula de tropomiosina (semelhante a um bastão) cobre os sítios da actina com os quais a miosina pode formar pontes cruzadas; ao ligar íons de cálcio, a troponina altera sua forma e desliza a tropomiosina para fora, expondo os sítios de ligação actina-miosina. A miosina interage com a actina em ciclos de pontes cruzadas, como descrito anteriormente. O músculo então cria força e se contrai. Após o potencial de ação ter passado, os canais de cálcio se fecham e as bombas de cálcio (estimulada pela calsequestrina) localizadas no retículo sarcoplasmático removem o cálcio do citoplasma; conforme o cálcio é bombeado de volta ao retículo sarcoplasmático, os íons de cálcio saem da troponina; a troponina retorna à sua forma natural e permite que a tropomiosina cubra os sítios de ligação actina-miosina do filamento de actina. Já que não há 7 mais nenhum sítio de ligação disponível agora, nenhuma ponte cruzada pode ser formada, fazendo com que o músculo relaxe. A energia para a contração muscular é suprida por moléculas de ATP produzidas durante a respiração celular. O ATP atua tanto na ligação da miosina à actina quanto em sua separação, que ocorre durante o relaxamento muscular. Quando falta ATP, a miosina mantém- se unida à actina, causando enrijecimento muscular. É o que acontece após a morte, produzindo-se o estado de rigidez cadavérica (rigor mortis). A quantidade de ATP presente na célula muscular é suficiente para suprir apenas alguns segundos de atividade muscular intensa. A principal reserva de energia nas células musculares é uma substância denominada fosfato de creatina (fosfocreatina ou creatina- fosfato). Dessa forma, podemos resumir que a energia é inicialmente fornecida pela respiração celular é armazenada como fosfocreatina (principalmente) e na forma de ATP. Quando a fibra muscular necessita de energia para manter a contração, grupos fosfatos ricos em energia são transferidos da fosfocreatina para o ADP, que se transforma em ATP. Quando o trabalho muscular é intenso, as células musculares repõem seus estoques de ATP e de fosfocreatina pela intensificação da respiração celular. Para isso utilizam o glicogênio armazenado no citoplasma das fibras musculares como combustível. Uma teoria simplificada admite que, ao receber um estímulo nervoso, a fibra muscular mostra, em seqüência, os seguintes eventos: 1. O retículo sarcoplasmático e o sistema T liberam íons Ca++ e Mg++ para o citoplasma. 2. Em presença desses dois íons, a miosina adquire uma propriedade ATP ásica, isto é, desdobra o ATP, liberando a energia de um radical fosfato: 3. A energia liberada provoca o deslizamento da actina entre os filamentos de miosina, caracterizando o encurtamento das miofibrilas. PLACA MOTORA A contração das fibras musculares esqueléticas é comandada por nervos motores, que se conectam com os músculos através das placas motoras ou junções mioneurais. Com a chegada do impulso nervoso, ocorre liberação de acetilcolina na fenda sináptica, que através da interação com seus receptores faz o sarcolema ficar mais permeável ao sódio, o que resulta em sua despolarização. Uma fibra nervosa pode inervar uma única fibra muscular ou até 160 ou mais fibras musculares e formam uma unidade motora. Resumo Básico da contração muscular 8 A célula muscular esquelética é adaptada para a produção de trabalho mecânico intenso e descontínuo. O músculo esquelético pode ter fibras do tipo I, ou fibras lentas, ou do tipo II ou fibras rápidas. 9 As fibras do tipo I, ou vermelhas, são lentas e continuadas, são ricas em sarcoplasma, contendo mioglobina, a energia é obtida pela fosforilação oxidativa dos ácidos graxos. Ex: membro de mamíferos. As fibras do tipo II, ou brancas, são adaptadas para contrações rápidas e descontínuas, possuem pouca mioglobina e retiram energia através da glicólise.
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