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Comparação entre a teoria da Moldura de Kelsen e a "textura aberta" de Hart

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Kelsen atribuiu o conceito de moldura normativa de forma que se tornasse um limite para o intérprete autêntico da norma, onde sua subjetividade alteraria e influenciaria o processo de interpretação, porém também vislumbrou formas de interpretação fora dessa moldura. Ele analisa a hipótese da existência da polissemia das palavras, e representa essa variação de sentidos como possibilidades interpretativas inseridas em uma moldura da norma. Em uma análise inicial, Kelsen trabalha a ideia de interpretações autênticas e não autênticas. Sendo a primeira, realizada pelo órgão aplicador, aquele encarregado da tarefa de aplicação do Direito, a segunda, encaminhada por “destinatários não especializados afetados pelas normas jurídicas”. Kelsen cita como órgãos aplicadores do Direito o Legislativo, o Judiciário e a Administração, já se referindo aos intérpretes não autênticos, cita as pessoas privadas e a ciência jurídica. Como intérprete este estaria limitado pela própria norma referente à sua interpretação, ele cita que existiria uma moldura normativa que seria limitadora dos sentidos dela mesma. A ideia de moldura não é algo estático e direto, na verdade é uma proposta extremamente dinâmica, onde o entendimento e a visão desse limite se faz à partir do próprio intérprete dessa norma. A ideia de Kelsen na Teoria Pura do Direito é de um direito mais positivado, onde houvesse os limites definidos à partir de uma interpretação do intérprete da própria norma e somente dela. A moldura interpretativa foi o que Kelsen encontrou quando verificou que existiam diferentes interpretações contidas em uma mesma norma. No que se refere às alterações acerca dessa moldura pode-se citar como uma mutação constitucional, a qual é a evolução do Direito conforme o passar do tempo e a introdução de novas formas de pensamento acerca de determinado tema constitucional. Já a teoria de Hart sobre a “textura aberta” se refere a uma teoria de interpretação das regras, o próprio termo já nos dá um pequeno norte acerca do que há a ser discutido, no qual se pode pressupor que no campo do Direito há certas lacunas que aumentam a gama de interpretações possíveis acerca do ordenamento e dos fatos cotidianos a serem julgados. Para Hart o Direito deve acima de tudo ter um caráter social regido pelas regras gerais, efetivando padrões e princípios quanto às classificações gerais e não particulares. Essa determinada classificação é importante, pois nos dá a possibilidade de julgar os casos de acordo com suas particularidades. A textura aberta reside na incerteza da aplicação em relação às regras classificatórias gerais e aos precedentes relativos ao ordenamento. Dessa forma, pode-se dizer que a textura aberta se refere à um espaço de retraimento da regra está suscetível à interpretação dos tribunais quando se veem frente a um caso específico que deve ser adequado à regra. Os tribunais não apenas aplicam as leis, mas muitas vezes “criam” o Direito que foi cerceado em determinado caso. Enquanto Kelsen refere à interpretação limpa da norma de acordo com o julgador, não levando em conta os aspectos morais e sociológicos, Hart critica as lacunas que essa interpretação geral da norma deixa transparecer.

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