Buscar

DIREITO PREVIDÊNCIARIO

Prévia do material em texto

www.cers.com.br 
 
 
1 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
2 
- Questões processuais judiciais práticas sobre os benefícios previdenciários do RGPS: competência 
jurisdicional, coisa julgada, prévio requerimento administrativo, pedido nas ações previdenciárias, hono-
rários advocatícios, intervenção do MP, sentença, produção de prova, juros e correção monetária. 
 
Competência jurisdicional 
 
1.1. Regra geral: competência da Justiça Federal 
 
Súmula 689, STF, “o segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o juízo fe-
deral do seu domicílio ou nas varas federais da Capital do Estado-Membro.” 
 
“CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁ-
RIO. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. INSS COMO PARTE OU POSSUIDOR DE INTE-
RESSE NA CAUSA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. O Supremo Tribunal Federal fir-
mou sua jurisprudência no sentido de que, quando o INSS figurar como parte ou tiver interesse 
na matéria, a competência é da Justiça Federal. Precedente. 2. Agravo regimental improvido” 
(STF, RE 545.199 Agr, de 24.11.2009). 
 
1.2. Ações acidentárias: competência originária da Justiça Estadual 
 
Súmula 501- “Compete à justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as ins-
tâncias, das causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autar-
quias, empresas públicas ou sociedades de economia mista”. 
 
A partir do ano de 2012, após a alteração do seu Regimento Interno, as causas previdenciárias passa-
ram a ser julgadas pela 1ª Seção, e não mais pela 3ª Seção do STJ, tendo ficado assentado pela 1ª 
Seção que a competência para julgar ação visando à concessão de pensão por morte por acidente de 
trabalho é da Justiça Estadual, no julgamento do CC 121.352, de 11.04.2012: 
 
“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL E JUSTIÇA ESTADUAL. AÇÃO VISANDO A 
OBTER PENSÃO POR MORTE DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO. ALCANCE DA EX-
PRESSÃO "CAUSAS DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO". 
1. Nos termos do art. 109, I, da CF/88, estão excluídas da competência da Justiça Federal as causas 
decorrentes de acidente do trabalho. Segundo a jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal Fe-
deral e adotada pela Corte Especial do STJ, são causas dessa natureza não apenas aquelas em 
que figuram como partes o empregado acidentado e o órgão da Previdência Social, mas também 
as que são promovidas pelo cônjuge, ou por herdeiros ou dependentes do acidentado, para ha-
ver indenização por dano moral (da competência da Justiça do Trabalho - CF, art. 114, VI), ou 
para haver benefício previdenciário pensão por morte, ou sua revisão (da competência da Justi-
ça Estadual). 
 
Vale frisar que a competência da Justiça Estadual também abarca os benefícios decorrentes do aciden-
te de trabalho por equiparação (artigo 21, da Lei 8.213/91), conforme correto entendimento do STJ: 
 
Informativo 542 – “DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. COMPETÊNCIA PARA 
JULGAR PEDIDO DE PENSÃO POR MORTE DECORRENTE DE ÓBITO DE EMPREGADO ASSAL-
TADO NO EXERCÍCIO DO TRABALHO. 
Compete à Justiça Estadual – e não à Justiça Federal – processar e julgar ação que tenha por 
objeto a concessão de pensão por morte decorrente de óbito de empregado ocorrido em razão 
de assalto sofrido durante o exercício do trabalho. Doutrina e jurisprudência firmaram compreensão 
de que, em regra, o deslinde dos conflitos de competência de juízos em razão da matéria deve ser diri-
mido com a observância da relação jurídica controvertida, notadamente no que se refere à causa de 
pedir e ao pedido indicados pelo autor da demanda. Na hipótese, a circunstância afirmada não denota 
acidente do trabalho típico ou próprio, disciplinado no caput do art. 19 da Lei 8.213/1991 (Lei de Bene-
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
3 
fícios da Previdência Social), mas acidente do trabalho atípico ou impróprio, que, por presunção legal, 
recebe proteção na alínea "a" do inciso II do art. 21 da Lei de Benefícios. Nessa hipótese, o nexo causal 
é presumido pela lei diante do evento, o que é compatível com o ideal de proteção ao risco social que 
deve permear a relação entre o segurado e a Previdência Social. Desse modo, o assalto sofrido no local 
e horário de trabalho equipara-se ao acidente do trabalho, e o direito à pensão por morte decorrente do 
evento inesperado e violento deve ser apreciado pelo juízo da Justiça Estadual, nos termos do art. 109, 
I, parte final, da CF combinado com o art. 21, II, “a”, da Lei 8.213/1991. CC 132.034-SP, Rel. Min. Be-
nedito Gonçalves, julgado em 28/5/2014”. 
 
Todavia, na hipótese de mandado de segurança contra autoridade do INSS, mesmo que a causa de 
pedir seja decorrente de acidente de trabalho, a competência para o seu julgamento permanecerá na 
Justiça Federal, pois prevalece a competência funcional para o julgamento do writ. 
No mesmo sentido a posição atual do STJ no julgamento do Conflito de Competência 123.518, julgado 
pela 1ª Seção e publicado em 19.09.2012: 
 
“CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO.MANDADO DE SEGURANÇA. RES-
TABELECIMENTO DE BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO. OBSERVÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO DA AUTO-
RIDADE IMPETRADA. ATOS DE MÉDICO PERITO E DO SUPERINTENDENTE DO 
INSS.COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA JUSTIÇA FEDERAL” 
 
Ademais, as ações acidentárias seguirão o rito sumário, por força de determinação contida no artigo 
129, inciso II, da Lei 8.213/91, tendo ainda prioridade de conclusão dos processos administrativos. 
 
1.3. Competência estadual por delegação 
 
Artigo 109, da CF: 
 
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou benefi-
ciários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a co-
marca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que 
outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. 
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Fede-
ral na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. 
 
Entrementes, não vem se aplicando esta hipótese de competência delegada à Justiça Estadual na hipó-
tese de o INSS figurar como autor da demanda, pois o objetivo da norma foi facilitar o acesso do segu-
rado ao Poder Judiciário, conforme correta jurisprudência: 
 
“PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. COMPETÊNCIA. AÇÃO PROPOSTA PELO INSS VER-
SANDO O CANCELAMENTO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO OBTIDO MEDIANTE FRAU-
DE.COMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA FEDERAL. I - Em ação movida pelo INSS para obter o 
cancelamento de benefício previdenciário obtido mediante fraude, é incompetente a Justiça Es-
tadual para o seu julgamento, por afigurar-se inviável a invocação da competência federal dele-
gada prevista no § 3º do artigo 109 da Magna Carta, dado o seu caráter social, tese de há muito 
referendada pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual se trata de garantia insti-
tuída em favor do segurado e que visa garantir o acesso dos segurados à justiça, sob pena de 
subverter, por vias transversas, a regra geral de distribuição de competência funcional prevista 
no artigo 109, I, da C.F. já aventado. II - A Súmula nº 150 do Colendo Superior Tribunal de Justiça 
estabelece competir à Justiça Federal decidir sobre a existência ou não de interesse jurídico da União, 
de tal forma que inexorável o reconhecimento da competência absoluta da Justiça Federal para o pro-
cessamento da ação. III- A ação tem por objeto a desconstituição da coisa julgada, o que só se opera 
pela via da ação rescisória, à exceção do disposto no artigo 486 do Código de Processo Civil. A compe-
tência para o processamento da rescisória, no caso, é do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. IV- O 
prazo decadencial para o ajuizamento da ação rescisória já decorreu, razão pela qual o INSS valeu-sewww.cers.com.br 
 
 
4 
da ação anulatória. Ainda que se admita, no caso, a ação anulatória para a desconstituição do julgado, 
não compete à Justiça Estadual a revisão, mesmo que pela via da ação anulatória, da coisa julgada 
federal, uma vez que a situação não se enquadra no disposto no § 3º do artigo 109 da Constituição Fe-
deral. V - Sentença anulada de ofício. Apelação prejudicada” (TRF da 3ª Região, AC 1.035.246, de 
31.03.2008). 
 
Importante destacar que a Justiça Estadual não poderá adotar o rito dos Juizados Especiais Fede-
rais, nem poderá delegar os processos aos Juizados Estaduais, conforme decidido pelo STJ: 
 
“RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. APLICAÇÃO DO RITO ESPECIAL DOS JUIZADOS ES-
PECIAIS FEDERAIS ÀS CAUSAS JULGADAS PELO JUIZ DE DIREITO INVESTIDO DE JURISDIÇÃO 
FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO EXPRESSA CONTIDA NO ARTIGO 20 DA LEI Nº 
10.259/2001. 1. Em razão do próprio regramento constitucional e infraconstitucional, não há 
competência federal delegada no âmbito dos Juizados Especiais Estaduais, nem o Juízo Esta-
dual, investido de competência federal delegada (artigo 109, parágrafo 3º, da Constituição Fede-
ral), pode aplicar, em matéria previdenciária, o rito de competência do Juizado Especial Federal, 
diante da vedação expressa contida no artigo 20 da Lei nº 10.259/2001. 2. Recurso especial provi-
do”1 (g.n.). 
 
Outrossim, a criação de Juizado Especial Federal em localidade que não era dotada de Vara Fede-
ral não gera a remessa dos processos em curso, que continuarão a tramitar na Justiça Estadual, 
por força de determinação contida no artigo 25, da Lei 10.259/2001, referendada pelo STJ: 
 
“PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CON-
CESSÃO DE PENSÃO. AÇÃO AJUIZADA NO JUÍZO ESTADUAL EM DATA ANTERIOR À INSTALA-
ÇÃO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. INCIDÊNCIA DO ART. 25 DA LEI 10.259/2001. PRECE-
DENTE. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ESTADUAL. 1. A Terceira Seção desta Corte entendeu ser da 
Justiça Estadual a competência para o julgamento das ações ajuizadas em data anterior à insta-
lação do Juizado Especial Federal, a teor do disposto no art. 25 da Lei nº 10.259/2001, o qual es-
tabelece, expressamente, que tais demandas não serão remetidas aos referidos Juizados Espe-
ciais. 2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da Vara Única de Monte Santo 
de Minas”2 (g.n.). 
 
Na hipótese de pedido de indenização por danos morais contra o INSS, se esta postulação decorrer do 
pedido principal de concessão de benefício previdenciário, a 3ª Seção do STJ, ao julgar o CC 111.447, 
em 23.06.2010, pronunciou a competência delegada da Justiça Estadual: 
 
“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA 
ESTADUAL E JUSTIÇA FEDERAL. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE CUMULADA 
COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ART. 109, § 3º, DA CR/88. FORO. OPÇÃO PELO SE-
GURADO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. SUSCITADO. 1.Extrai-se dos autos que o pe-
dido do autor consiste na concessão de aposentadoria por idade, bem como na condenação do 
INSS ao pagamento de indenização por danos morais. 2.O autor optou pela Justiça Estadual lo-
calizada no foro de seu domicílio, que por sua vez não possui Vara Federal instalada, nos termos 
do art. 109, § 3º, da CR/88. 3.Entende esta Relatoria que o pedido de indenização por danos mo-
rais é decorrente do pedido principal, e a ele está diretamente relacionado. 4.Consoante regra do 
art. 109, § 3º, da CR/88, o Juízo Comum Estadual tem sua competência estabelecida por expressa 
delegação constitucional. 5.Conflito de competência conhecido para declarar a competência do Juízo 
de Direito da 1ª Vara de Registro-SP”. 
 
 
1 REsp 661.482, de 05.02.2009. 
2 CC 62.373, de 11.10.2006. 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
5 
Por fim, é possível que o processo de justificação contra o INSS corra na Justiça Estadual, investida de 
jurisdição federal, se na localidade não funcionar Vara Federal, conforme autoriza o artigo 15, II, da Lei 
5.010/66. 
 
PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO 
 
Finalmente a questão foi decidida pelo Supremo Tribunal Federal no dia 27 de abril de 2014, 
quando o Plenário julgou o Recurso Extraordinário 631.240. Exigiu-se, em regra, o prévio reque-
rimento administrativo como condição de procedibilidade da ação judicial, sob pena de carência 
de interesse de agir e extinção do processo sem o julgamento do mérito. 
 
 “RE N. 631.240-MG 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. PRÉVIO REQUERIMENTO AD-
MINISTRATIVO E INTERESSE EM AGIR. 
1. A instituição de condições para o regular exercício do direito de ação é compatível com o art. 5º, 
XXXV, da Constituição. Para se caracterizar a presença de interesse em agir, é preciso haver necessi-
dade de ir a juízo. 
2. A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se 
caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou 
se excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de prévio 
requerimento não se confunde com o exaurimento das vias administrativas. 
3. A exigência de prévio requerimento administrativo não deve prevalecer quando o entendimen-
to da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado. 
4. Na hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anterior-
mente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais van-
tajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo – salvo se depender da aná-
lise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da Administração –, uma vez que, nes-
ses casos, a conduta do INSS já configura o não acolhimento ao menos tácito da pretensão. 
5. Tendo em vista a prolongada oscilação jurisprudencial na matéria, inclusive no Supremo Tribunal 
Federal, deve-se estabelecer uma fórmula de transição para lidar com as ações em curso, nos termos a 
seguir expostos. 
6. Quanto às ações ajuizadas até a conclusão do presente julgamento (03.09.2014), sem que tenha 
havido prévio requerimento administrativo nas hipóteses em que exigível, será observado o seguinte: (i) 
caso a ação tenha sido ajuizada no âmbito de Juizado Itinerante, a ausência de anterior pedido adminis-
trativo não deverá implicar a extinção do feito; (ii) caso o INSS já tenha apresentado contestação de 
mérito, está caracterizado o interesse em agir pela resistência à pretensão; (iii) as demais ações que 
não se enquadrem nos itens (i) e (ii) ficarão sobrestadas, observando-se a sistemática a seguir. 
7. Nas ações sobrestadas, o autor será intimado a dar entrada no pedido administrativo em 30 dias, sob 
pena de extinção do processo. Comprovada a postulação administrativa, o INSS será intimado a se 
manifestar acerca do pedido em até 90 dias, prazo dentro do qual a Autarquia deverá colher todas as 
provas eventualmente necessárias e proferir decisão. Se o pedido for acolhido administrativamente ou 
não puder ter o seu mérito analisado devido a razões imputáveis ao próprio requerente, extingue-se a 
ação. Do contrário, estará caracterizado o interesse em agir e o feito deverá prosseguir. 
8. Em todos os casos acima – itens (i), (ii) e (iii) –, tanto a análise administrativa quanto a judicial deve-
rão levar em conta a data do início da ação como data de entrada do requerimento, para todos os efei-
tos legais. 
9. Recurso extraordinário a que se dá parcial provimento, reformando-se o acórdão recorrido para de-
terminar a baixa dos autos ao juiz de primeiro grau, o qual deverá intimar a autora – que alega ser tra-
balhadora rural informal – a dar entrada no pedido administrativo em 30 dias, sob pena de extinção. 
Comprovada a postulação administrativa, o INSS será intimado para que, em 90dias, colha as provas 
necessárias e profira decisão administrativa, considerando como data de entrada do requerimento a 
data do início da ação, para todos os efeitos legais. O resultado será comunicado ao juiz, que apreciará 
a subsistência ou não do interesse em agir”. 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
6 
De outro giro, dispensou-se o prévio requerimento administrativo nas seguintes hipóteses: 
A) Tese jurídica notoriamente rejeitada pelo INSS; 
B) Negativa comprovada de protocolo do pedido administrativo; 
C) Nas ações de revisão de benefício previdenciário, salvo se depender de dilação probatória a cargo 
do segurado ou de seu dependente; 
D) Apresentação de contestação de mérito pelo INSS resistindo à pretensão deduzida em Juízo; 
E) Extrapolação do prazo para tomada da decisão administrativa na Agência do INSS (45 dias); 
F) Ações judiciais propostas nos Juizados Itinerantes. 
 
PEDIDO NAS ACÕES PREVIDENCIÁRIAS 
 
Essa flexibilização também decorre de um espelhamento do processo administrativo previdenciário. De 
acordo com a Súmula 05, do Conselho de Recursos do Seguro Social, “a Previdência Social deve con-
ceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo nesse senti-
do,”entendimento repetido no artigo 687, da Instrução Normativa INSS 77/2015. 
 
“INFORMATIVO 522- DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁ-
RIO DIVERSO DO REQUERIDO NA INICIAL. 
O juiz pode conceder ao autor benefício previdenciário diverso do requerido na inicial, desde que preenchidos os 
requisitos legais atinentes ao benefício concedido. Isso porque, tratando-se de matéria previdenciária, deve-se proceder, 
de forma menos rígida, à análise do pedido. Assim, nesse contexto, a decisão proferida não pode ser considerada como 
extra petita ou ultra petita. AgRg no REsp 1.367.825-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/4/2013”. 
 
Honorários advocatícios nas ações previdenciárias 
 
De acordo com a Súmula 111, do STJ, “os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não 
incidem sobre prestações vincendas após a sentença”. 
É bom lembrar que as condenações perpetradas em 1º grau nos Juizados Federais não abarcarão os 
honorários advocatícios, mas apenas as de 2º grau, por força do artigo 55, da Lei 9.099/05. 
Ademais, de acordo com a Súmula 421, do STJ, “os honorários advocatícios não são devidos à 
Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”. 
Ainda de acordo com o STJ, “os valores pagos administrativamente devem ser compensados na fase 
de liquidação do julgado, entretanto, tal compensação não deve interferir na base de cálculo dos hono-
rários sucumbenciais, que deverá ser composta pela totalidade dos valores devidos” AgRg no REsp 
1250945, de 28.06.2011. 
Nesse sentido, a Súmula AGU 66, de 03.12.2012: 
 
“Súmula 66- O cálculo dos honorários de sucumbência deve levar em consideração o valor total da 
condenação, conforme fixado no título executado, sem exclusão dos valores pagos na via administrati-
va". 
 
“DIREITO CIVIL. CONTRATO DE HONORÁRIOS QUOTA LITIS. REMUNERAÇÃO AD EXITUM FIXA-
DA EM 50% SOBRE O BENEFÍCIO ECONÔMICO. LESÃO. 1. A abertura da instância especial alegada 
não enseja ofensa a Circulares, Resoluções, Portarias, Súmulas ou dispositivos inseridos em Regimen-
tos Internos, por não se enquadrarem no conceito de lei federal previsto no art. 105, III, "a", da Consti-
tuição Federal. Assim, não se pode apreciar recurso especial fundamentado na violação do Código de 
Ética e Disciplina da OAB. 2. O CDC não se aplica à regulação de contratos de serviços advocatícios. 
Precedentes. 3. Consubstancia lesão a desproporção existente entre as prestações de um contrato no 
momento da realização do negócio, havendo para uma das partes um aproveitamento indevido decor-
rente da situação de inferioridade da outra parte. 4. O instituto da lesão é passível de reconhecimento 
também em contratos aleatórios, na hipótese em que, ao se valorarem os riscos, estes forem inexpres-
sivos para uma das partes, em contraposição àqueles suportados pela outra, havendo exploração da 
situação de inferioridade de um contratante. 5. Ocorre lesão na hipótese em que um advogado, va-
lendo-se de situação de desespero da parte, firma contrato quota litis no qual fixa sua remunera-
ção ad exitum em 50% do benefício econômico gerado pela causa. 6. Recurso especial conheci-
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
7 
do e provido, revisando-se a cláusula contratual que fixou os honorários advocatícios para o fim 
de reduzi-los ao patamar de 30% da condenação obtida” (3ª Turma, RECURSO ESPECIAL 
1.155.200, de 22/02/2011). 
Enunciado FONAJEF 125 – “É possível realizar a limitação do destaque dos honorários em RPV 
ou precatório”. 
 
Intervenção do Ministério Público 
 
Em regra, o Ministério Público não terá competência para intervir em processo judicial previdenciário, 
pois se trata de direito patrimonial disponível. 
Nesse sentido, o STJ: 
 
“PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO AO 
RECURSO ESPECIAL. AUTORA DEVIDAMENTE REPRESENTADA POR ADVOGADO CONSTITUÍ-
DO NOS AUTOS. AÇÃO QUE VERSA SOBRE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. DIREITO INDIVIDUAL 
DISPONÍVEL. ILEGITIMIDADE DA INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. INCIDÊNCIA DA SÚ-
MULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL DESPROVIDO. 
1. A legitimidade a que se refere a Súmula 99/STJ não autoriza o Ministério Público a recorrer no pre-
sente caso, uma vez que a autora encontra-se devidamente representada por advogado constituído nos 
autos. 
2. As Turmas que compõem a Terceira Seção desta Corte firmaram entendimento de que o Minis-
tério Público não possui legitimidade para atuar em ações que versem sobre benefício previden-
ciário, por se tratar de direito individual disponível, suscetível, portanto, de renúncia pelo res-
pectivo titular. 
3. Além disso, as instâncias ordinárias, com base no conjunto fático probatório dos autos, especialmen-
te no estudo social que concluiu que a família possui renda mensal per capita superior a cinco salários 
mínimos, julgaram improcedente o pedido com fundamento na ausência de situação de miserabilidade. 
4. A alteração dessa conclusão, na forma pretendida, demandaria necessariamente a incursão no acer-
vo fático-probatório dos autos, o que, entretanto, encontra óbice na Súmula 7 do STJ, segundo a qual a 
pretensão de simples reexame de prova não enseja Recurso Especial. 
5. Agravo Regimental desprovido” (AgRg no Ag 1.132.889, de 15.04.2010). 
 
Entretanto, deverá o órgão ministerial intervir nos processos judiciais previdenciários quando for parte 
um absoluta ou relativamente incapaz, na condição de custos legis, nos termos do artigo 82, inciso I, do 
Código de Processo Civil. 
 
Meio de prova pericial 
 
QUESITOS - AUXÍLIO DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ 
 
1. Diante dos exames realizados pode-se afirmar que a parte autora é incapaz para o trabalho 
habitual? Deverá o expert indicar os exames em que fundamentou o seu diagnóstico indicando 
o(s) CID(s) respectivo (s). 
 
2. Caso o (a) periciando(a) esteja incapacitado(a), essa incapacidade é temporária3 ou permanen-
te4? Total5 ou parcial6? É passível de melhora com tratamento adequado? O Sr. Perito deverá 
explicitar os limites da incapacidade. 
 
3. A incapacidade, se existente, é decorrente de alguma doença ou lesão ou do agravamento ou 
progressão destes? Descrever como ocorreu a incapacidade da parte autora. 
 
¹Temporária = o doente pode ser reabilitado para outra atividade profissional. 
²Permanente = irreversibilidade que não permita reabilitação profissional. 
³Total = grau de incapacidade que não permita o exercício do trabalho. 
4Parcial = grau de incapacidade que não permita somente o exercício de parte das atividadeslaborativas. 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
8 
4. Trata-se de doença degenerativa? 
 
5. Em caso de incapacidade parcial, em que medida os problemas de saúde prejudicam a parte 
autora especificamente no exercício de seu trabalho ou suas atividades habituais? Exemplificar 
situações. 
 
6. A incapacidade, se existente, é para qualquer atividade laboral ou apenas para a atividade 
habitual do(a) periciando(a)? É possível a reabilitação para outra atividade que lhe garanta a 
subsistência em razão das condições do(a) periciando(a), tais como idade, grau de instrução, 
facilidade de inserção no mercado de trabalho etc.? 
 
7. Em sendo possível a reabilitação, nos termos supra, o perito poderia informar se o tratamento 
necessário ao restabelecimento da saúde da parte autora é disponibilizado pela rede públi-
ca/SUS próximo à residência da pericianda? Nesta hipótese, o tratamento disponibilizado pelo 
SUS/rede pública é eficaz apenas para o restabelecimento da saúde da parte autora ou serve 
efetivamente à sua reabilitação para a atual atividade? E para as demais atividades laborais? 
 
8. Caso o autor seja considerado incapaz, é possível precisar a data de início da incapacidade? 
 
9. Em sendo negativa a resposta ao quesito anterior, esclarecer se é possível, por meio da reali-
zação e outros exames, aferir a data de início da incapacidade e, nesta hipótese, indicar os exa-
mes necessários. 
 
10. A doença do(a) periciando(a) pode ser enquadrada como uma daquelas descritas na Porta-
ria Interministerial MPAS nº2.998, de 23.08.01, e alterações seguintes acaso existentes? Em caso 
afirmativo, qual delas? 
 
11. A parte autora apresentou documentos necessários à realização da perícia, a exemplo de 
receitas médicas, exames médicos e (ou) atestados médicos? 
 
12. Há nexo de causalidade entre a doença da parte autora e a atividade laborativa (acidente de 
trabalho ou doença ocupacional), nos termos dos arts. 19, 20 e 21, da Lei 8.213/91? Em que me-
dida? 
 
13. Tendo em vista a condição clínica do(a) autor(a), é possível afirmar que o(a) mesmo(a) ne-
cessita de assistência permanente de outra pessoa para as atividades habituais? Deve o perito 
justificar sua resposta expondo quais as limitações causadas pela enfermidade do(a) autor(a) e 
quais as atividades habituais que está impedido(a) de praticar em virtude de sua incapacidade. 
 
14. Em caso de perícia psiquiátrica, a patologia alegada pela parte autora a impede de manifes-
tar a sua própria vontade e de responder pelos seus próprios atos necessitando de assistência 
de terceiros? 
 
15. Informe o Sr. Perito quaisquer esclarecimentos que entender pertinentes ao deslinde do 
feito. 
 
SENTENÇA 
 
A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos rele-
vantes ocorridos em audiência, sendo legalmente dispensado o relatório. 
Normalmente, as sentenças nas ações previdenciárias conterão dois capítulos princ ipais: 
a) Obrigação de fazer ou não fazer (implantar o benefício ou a sua revisão de renda men-
sal, determinação de cessação de descontos administrativos, podendo ser concedida tutela 
provisória); 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
9 
b) Obrigação de pagar (pagamento das parcelas vencidas em atraso, exigindo a coisa ju l-
gada). 
 
O Conselho Nacional de Justiça, através da sua Corregedoria, editou a Recomendação 
04/2012, que dispõe sobre os elementos mínimos a serem inseridos nas sentenças previdenci-
árias para facilitar o seu cumprimento na fase de execução pelo INSS na concessão ou revisão 
de benefícios previdenciários ou assistenciais. Colaciona-se o seu Anexo: 
 
ANEXO DA RECOMENDAÇÃO Nº 04, DE 17 DE MAIO DE 2012: 
 
1. Para implantação sem pedido prévio na via administrativa 
1. número do CPF; 
2. nome da mãe; 
3. número do PIS/PASEP; 
4. endereço do segurado; 
5. nome do segurado; 
6. benefício concedido; 
7. renda mensal inicial - RMI, fixada judicialmente ou “a calcular pelo INSS”, quando for o caso; 
8. renda mensal atual, fixada judicialmente ou “a calcular pelo INSS”, quando for o caso; 
9. data de início do benefício - DIB; 
10. data do início do pagamento administrativo. 
 
2. Para implantação com pedido prévio na via administrativa, restabelecimento e revisão 
do benefício 
1. nome do segurado; 
2. benefício concedido; 
3. número do benefício; 
4. renda mensal inicial - RMI, fixada judicialmente ou “a calcular pelo INSS”, quando for o caso; 
5. renda mensal atual, fixada judicialmente ou “a calcular pelo INSS”, quando for o caso; 
6. data de início do benefício - DIB; 
7. data do início do pagamento administrativo. 
 
3. Informações Condicionais 
1. nos casos de conversão de tempo especial em comum ou averbação de tempo rural ou ur-
bano - o(s) período(s) acolhido(s) judicialmente; 
2. se efetuado cálculo do tempo de serviço pelo Poder Judiciário - encaminhar o cálculo ou 
tabela de tempo de serviço; 
3. nas hipóteses de benefícios concedidos à pessoa incapaz - o nome do representante legal 
autorizado a receber o benefício do INSS; 
4. nas hipóteses de pensão por morte - identificação do instituidor e dados da certidão de óbito 
ou cópia da certidão. 
5. nas hipóteses de salário maternidade - dados da certidão de nascimento ou cópia da certi-
dão de nascimento. 
 
Coisa julgada nas lides previdenciárias 
 
 “PROCESSUAL CIVIL -RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO - POSSIBILIDADE 
DO INSS INTERROMPER O AUXÍLIO-DOENÇA. I - Julgamento concessivo de auxílio-doença, 
acobertado pela coisa julgada, tem caráter rebus sic stantibus. II - O INSS pode cassar o benefí-
cio do auxílio-doença, caso a perícia administrativa constate a capacidade laborativa, ainda que 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
10 
a implantação decorra de ordem judicial. III Agravo de Instrumento a que se dá provimento” (TRF da 
3ª Região, AG 199903000564168, DJ 30.01.2004). 
 
Em 16 de dezembro de 2015, ao julgar Recurso Especial representativo de controvérsia, a 1ª Seção do 
STJ flexibilizou o regime jurídico da coisa julgada, admitindo a extinção do processo sem o julgamento 
do mérito quando o segurado não possuir documentos para a prova da atividade rural, o que permitirá a 
repropositura da ação com novos documentos, pois não restará formada coisa julgada material: 
 
“DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. RE-
SOLUÇÃO No. 8/STJ. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. AUSÊNCIA DE PROVA MATERIAL APTA A COMPROVAR O 
EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL. CARÊNCIA DE PRESSUPOSTO DE CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO VÁLIDO 
DO PROCESSO. EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO, DE MODO QUE A AÇÃO PODE SER REPRO-
POSTA, DISPONDO A PARTE DOS ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA COMPROVAR O SEU DIREITO. RECURSO ES-
PECIAL DO INSS DESPROVIDO. 1. Tradicionalmente, o Direito Previdenciário se vale da processualística civil para regular 
os seus procedimentos, entretanto, não se deve perder de vista as peculiaridades das demandas previdenciárias, que 
justificam a flexibilização da rígida metodologia civilista, levando-se em conta os cânones constitucionais atinentes à Se-
guridade Social, que tem como base o contexto social adverso em que se inserem os que buscam judicialmente os benefícios 
previdenciários. 2. As normas previdenciárias devem ser interpretadas de modo a favorecer os valores morais da Constituição 
Federal/1988, que prima pela proteção do Trabalhador Segurado da Previdência Social, motivo pelo qual os pleitos previdenci-
ários devem ser julgados no sentido de amparar a parte hipossuficiente e que, por esse motivo, possui proteção legal que lhe 
garante a flexibilização dos rígidos institutos processuais. Assim, deve-se procurar encontrar na hermenêutica previdenciária 
a solução que mais se aproxime do caráter social da Carta Magna, a fim de que as normas processuais não venham a obstar aconcretude do direito fundamental à prestação previdenciária a que faz jus o segurado. 3. Assim como ocorre no Direito San-
cionador, em que se afastam as regras da processualística civil em razão do especial garantismo conferido por suas normas 
ao indivíduo, deve-se dar prioridade ao princípio da busca da verdade real, diante do interesse social que envolve essas de-
mandas. 4. A concessão de benefício devido ao trabalhador rural configura direito subjetivo individual garantido constitucio-
nalmente, tendo a CF/88 dado primazia à função social do RGPS ao erigir como direito fundamental de segunda geração o 
acesso à Previdência do Regime Geral; sendo certo que o trabalhador rural, durante o período de transição, encontra-se cons-
titucionalmente dispensado do recolhimento das contribuições, visando à universalidade da cobertura previdenciária e a inclu-
são de contingentes desassistidos por meio de distribuição de renda pela via da assistência social. 5. A ausência de conteú-
do probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de 
constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV 
do CPC) e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elemen-
tos necessários à tal iniciativa. 6. Recurso Especial do INSS desprovido”. (REsp 1.352.721/SP, Rel. Ministro Napoleão Nu-
nes Maia Filho, Corte Especial, julgado em 16/12/2015, DJe 28/04/2016).” 
 
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a 
decisão de mérito não mais sujeita a recurso. 
 
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da 
questão principal expressamente decidida. 
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e inci-
dentemente no processo, se: 
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; 
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de reve-
lia; 
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão 
principal. 
§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limita-
ções à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial. 
 
Art. 504. Não fazem coisa julgada: 
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da senten-
ça; 
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença. 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
11 
Ação rescisória 
 
A jurisprudência do STJ vem flexibilizando esta regra no caso de ação rescisória proposta por 
trabalhador rural, em aplicação ao Princípio do In Dubio Pro Misero, admitindo até a rescisão 
com base em documentos já existentes antes da propositura da ação originária: 
 
“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. DEPÓSITO PRÉVIO. BENEFICIÁ-
RIO DA JUSTIÇA GRATUITA. DISPENSA. DOCUMENTO NOVO. ADMISSIBILIDADE. ERRO DE FA-
TO. OCORRÊNCIA. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CERTIDÃO DE NASCIMEN-
TO DOS FILHOS. QUALIFICAÇÃO DO MARIDO COMO LAVRADOR. EXTENSÃO À ESPOSA. 
1. Os beneficiários da justiça gratuita estão dispensados do depósito prévio de que trata o art. 488, II, 
do Código de Processo Civil. 
2. Ainda que o documento apresentado seja anterior à ação originária, esta Corte, nos casos de 
trabalhadores rurais, tem adotado solução pro misero para admitir sua análise, como novo, na 
rescisória. 
3. O erro de fato a autorizar a procedência da ação, com fundamento no artigo 485, inciso IX, do 
Código de Processo Civil e orientando-se pela solução pro misero, consiste no reconhecimento 
da desconsideração de prova constante dos autos (AR n. 2.544/MS, Relatora Ministra Maria The-
reza de Assis Moura, Revisor Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira Seção, DJe 
20/11/2009). 
4. Os documentos apresentados constituem início de prova material apto para, juntamente com os tes-
temunhos colhidos no processo originário, comprovar o exercício da atividade rural pelo período da ca-
rência. 
5. A qualificação do marido, na certidão de nascimento dos filhos, como lavrador estende-se à esposa, 
conforme precedentes desta Corte a respeito da matéria. 
6. Ação rescisória procedente” (AR 3.921, de 24/04/2013). 
 
JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA 
 
Até o advento da Lei 11.960/2009, o INSS era condenado nos juros de mora à razão de 1% ao mês. 
Sucede que a referida norma jurídica alterou o artigo 1º-F, da Lei 9.494/97, que passou a contar com a 
seguinte redação: 
“Art. 1o-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para 
fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência 
uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à 
caderneta de poupança.” 
Considerando que a condenação contra o INSS a respeito dos benefícios previdenciários é matéria não 
tributária, caberá ao STF definir essa confusão que criou no julgamento do Recurso Extraordinário 
870.947, dando a entender na notícia acima colacionada que irá manter a Lei 11960/2009. 
O Relator, Ministro Fux, acompanhado pelos Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso e Rosa Weber, 
votaram pela atualização monetária a ser procedida segundo o IPCA-E, desde a data fixada na senten-
ça e pela aplicação de juros moratórios fixados segundo a remuneração da caderneta de poupança, na 
forma do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009. 
Por outro lado, o Ministro Teori Zavascki votou pela incidência de juros de mora e correção mo-
netária pelos índices de poupança (6% de juros e TR), que é o entendimento da União e do 
INSS. Já o Ministro Marco Aurélio votou pela aplicação da Taxa SELIC. 
Posteriormente, o Ministro Toffoli seguiu a divergência iniciada pelo Ministro Teori Zavascki no sentido de dar provimento ao 
recurso, no que foi acompanhado pela Ministra Cármen Lúcia (Informativo 833, de agosto de 2016), tendo o julgamento sido suspenso 
por pedido de vista do Ministro Gilmar Mendes. 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
12

Continue navegando