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Resenha Ética Protestante

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Resenha: Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo– Max Weber
Editora: Companhia das letras
Ano: 2007
Nome: Flávio da Rocha Pires da Silva
Curso: Ciências Sociais
2º Período
Disciplina: Sociologia II
Data: 22/12/2014
Resenha: A Ética Protestante e o Espírito do capitalismo
Weber, com a ética protestante, buscava uma análise causal histórica na análise do capitalismo como Espírito, isto é: Como Cultura. Buscava compreender o capitalismo vivenciado pelas pessoas na condução de vida metódica da vida de todo dia. Como Conduta de vida. (Lebensführung)
Weber mostra que a reforma protestante influenciou de forma relevante o desenvolvimento do capitalismo moderno, para demonstrar o surgimento de um modus operandi de relações sociais, que favorece e caracteriza a produção de excedentes, gerando o acúmulo de capital.
Weber desenvolveu sua postura teórica em tempos conturbados de guerra e revoluções. Teve uma formação erudita e ampla, do Direito a Economia. Desenvolveu diversas obras, desde de método, a analises econômicas, sobre religião e históricas como é o caso da obra resenhada. Preocupa-se com a “objetividade” do conhecimento e inspirado em Kant elabora o “tipo ideal” uma hipótese “a priori” partindo do particular para o geral, buscando em seus trabalhos a empiria necessária e dados estatísticos.
“Está claro que participação dos protestantes na propriedade do capital, na direção e nos postos de trabalho mais elevados das grandes empresas modernas industriais e comerciais, é relativamente mais forte, ou seja, superior à sua porcentagem na população total, e isso deve em parte a razões históricas que remontam a um passado distante em que pertença a uma confissão religiosa não aparece como causa de fenômenos econômicos, mas antes, até mesmo como conseqüência deles.” (Pag. 29 e 30)
Com o advento do protestantismo, a doutrina – e portanto, a cultura – católica modificou-se, e a salvação passou a ser para alguns, não mais passível de ser conquistada, mas sim uma providência divina, onde o trabalho era meio crucial para glorificar-se. Para o protestante, o trabalho enobrece o homem, o dignifica diante de Deus, pois é parte de uma rotina que dá às costas ao pecado. Durante o período em que trabalha, o indivíduo não encontra tempo de contrariar as regras divinas: não pratica excessos, não cede à luxúria, não se dá a preguiça: não há como fugir das finalidades celestiais. E, complementando toda a doutrina protestante, ainda é crucial pontuar que nesta religião não há espaço para sociabilidade mundana, pois todo o prazer que se põe a parte da subserviência a Deus, fora considerado errado e abominável. Assim, restava a quem acreditava nestas premissas, o trabalho e a acumulação, já que as horas estendidas na produção excediam as necessidades destes religiosos, gerando o lucro.
“A reforma significou não tanto a eliminação da dominação eclesiática sobre a vida de modo geral, quanto à substituição de sua forma vigente por outra.” (Pag. 30)
O mundo antes dominado pela religião católica era também concebido a partir da cultura por ela promulgada. Isso quer dizer que o modo de vida pregado no catolicismo, era propagado para além dos limites da Igreja, perpassando a vida dos sujeitos. Entretanto, o catolicismo condenava a usura, e pregava a salvação das almas através da confissão, das indulgências e da presença aos cultos. Desta forma, o católico enxergava o trabalho como modo de sustentar-se, mas não via prescrição em também divertir-se, buscando modos de lazer nos quais empenhava seu dinheiro, e produzindo apenas para seu usufruto. Menos temerário ao pecado que o protestante, e impregnado pela proibição da usura, o católico pensava que pedir perdão a seu Deus seria suficiente para elevar-se ao “reino dos céus”. Assim, seguindo esta cultura religiosa, a acumulação de bens não encontrou caminhos amplos, e permaneceu adormecida.
“[...] a maior participação dos protestantes na propriedade do capital e nos postos de direção na economia moderna pode ser em parte compreendida como simples conseqüência da superioridade estatística de seu cabedal patrimonial historicamente herdado, [...]” (Pag. 31)
A concepção protestante vê o trabalho como fim absoluto, e enxerga no emprego de esforços produtivos como a finalidade da própria existência humana, interligada com os propósitos providenciais de Deus.
 “De fato é notável – para começar a mencionar alguns aspectos totalmente exteriores - que grande número de representantes precisamente das formas mais internalizadas da piedade cristã tenha vindo dos círculos comerciantes” (Pag. 36)
O católico trabalha para viver, o protestante vive para trabalhar. O protestante gera excedente, e o acumula, investindo-o em cadernetas de poupança, gerando lucro. A finalidade protestante é salvar-se, e se o trabalho é salvador, empregar outros auxilia na salvação alheia. Logo, o protestante é dono dos meios de produção, detém os funcionários e acumula cada dia mais excedentes, gerando mais capital. E assim, a gênese do capitalismo moderno é concebida.
 “[...] o que ali é expresso como fruto da ousadia comercial e de uma inclinação pessoal moralmente indiferente, assume aqui o caráter de uma máxima de conduta de vida eticamente coroada.” (Pag. 45)
“Ganhar dinheiro e sempre mais dinheiro, no mais rigoroso resguardo de todo gozo imediato do dinheiro ganho, algo tão completamente despido de todos os pontos de vista eudemonistas ou mesmo hedonistas e pensado tão exclusivamente como fim em si mesmo, que, em comparação com a “felicidade” do individuo ou sua “utilidade”, aparece em todo caso como inteiramente transcendente e simplesmente irracional.” (Pag. 46)
Para Weber, este novo paradigma oriundo da retidão religiosa, faz com que os indivíduos se dediquem muito mais ao trabalho e além disso, reduzam cada vez mais o desperdício e os gastos com extravagâncias. Tudo isto em prol de uma salvação. Diferentemente do capitalismo moderno, onde a doutrina é o lucro pelo lucro e cada vez mais para o lucro, nos primórdios do capitalismo, foi a atitude racional introjetada pelos indivíduos através do protestantismo que fez com que aqueles indivíduos agissem de forma racional e controlada no seu dia a dia, criando uma nova cultura capitalista que com o passar dos séculos acabou se tornando o capitalismo financeiro moderno.
“O capitalismo hodierno, dominando de longa data a vida econômica, educa e cria para si mesmo, por via da seleção econômica, os sujeitos econômicos – empresários e operários – de que necessita.” (Pag. 48)
Weber percebe que tanto os empresários quanto os pequenos empreendedores são participantes de uma uma religiosidade Protestante. Para o protestantismo o trabalho serve para realizar a vontade divina que seria a única forma de salvação. A Teoria da Predestinação Calvinista dizia que Deus já havia definido aqueles que seriam salvos e só restava aos fies levar uma vida correta, agindo como se fosse um dos escolhidos, pois um passo fora desta linha lhes renderia a condenação!
 “A capacidade de concentração mental bem como a atitude absolutamente central de sentir-se “no dever de trabalhar” encontram-se aqui associadas com particular freqüência a um rigoroso espírito de poupança que calcula o ganho e seu montante geral, a um severo domínio de si e uma sobriedade que elevam de maneira excepcional a produtividade.” (Pag. 55)
[...] o que era ainda mais importante: a avaliação religiosa do infatigável, constante e sistemático labor vocacional secular, como o mais alto instrumento de ascese, e, ao mesmo tempo, como o mais seguro meio de preservação da redenção da fé e do homem, deve ter sido presumivelmente a mais poderosa alavanca da expressão dessa concepção de vida, que aqui apontamos como “espírito” do capitalismo. (Pág. 123)
Neste sentido a predestinação no caso dos puritanos ou a vocação para as Seitas batistas, o trabalho como meio de alcançar glória a Deus, o ascetismo, a ética moral, ou seja, coerêncianas ações, a vida sem gozos terrenos, a acumulação a fim de aumentar a glória do Senhor, a valorização das emoções e por fim o desencantamento do mundo pela racionalização pode-se dizer que como a síntese das ações já expostas. Com o fim do sensualismo o indivíduo não tem poderes de influenciar o sagrado, perde-se, portanto, o sentido de qualquer ação em busca da salvação, sendo assim o que resta, é a conduta ascética e o trabalho vocacionado ou predestinado.
Vale também fazer alguns comentários sobre algumas doutrinas, dentre elas, o calvinismo.
O Calvinismo era doutrina da pré destinação, da eliminação da magia, portanto, da racionalização do mundo. Como maneira para alcançar à salvação a ação coerente era de peso para os calvinistas exatamente por não existir a salvação o perdão como para os católicos, tornou-se coerência, ou seja, na moral, no trabalho rigorosamente disciplinado, meio de alcançar a glória de Deus.		
Sendo o Calvinismo o orientador moral da conduta de empresários, empreendedores e funcionários de alto grau do capital, tornou-se assim um inimigo dos detentores do poder naquele período, em que o domínio do estado ainda estava nas mãos da Coroa e da Igreja católica.
Outra doutrina que Weber menciona é o Pietismo, e por isto é importante mencioná-la nos comentários.
O Pietismo devido a carga emocional, ainda valorizada pelos seus fiéis, carrega elementos que são um entrave ao desenvolvimento racional do individuo, assim como a glorificação da pobreza apostólica dos discípulos predestinados e escolhidos por Deus. Mas, no entanto, estes elementos foram sendo superados e o que era essencial para o pensamento desmistificador manteve, assim: a benção através do sucesso no trabalho e “o desenvolvimento metódico do estado da graça do individuo”
O Metodismo é uma vertente protestante anglo-americana, metódicos na conduta pela glorificação Divina, carregavam aspectos pietistas no sentido de focarem a missão doutrinária entre a massa, assim o caráter emocional era essencial a fim de gerar a “conversão” a esta sistematização da vida religiosa, ainda neste sentido de valorização emocional o estado de graça não se dava somente pela conduta mas também pelo estado da graça estando nas boas ações o meio de se conhecer o tamanho do estado da graça do indivíduo.
As Seitas Batistas estão, segundo Weber, em relação de importância histórica para o desenvolvimento do “espírito” do capitalismo no mesmo patamar do calvinismo. Desta forma estas seitas aliados aos predestinacionistas radicalizaram a desvalorização dos sacramentos para a salvação, desmistificando a religião no mundo.
A predestinação para as Seitas Batistas fora rejeitada e em seu lugar a idéia da espera “meeting” dos Quakers, ou seja, a ação do espírito Divino por meio de revelação individual para mostrar para o crente a sua vocação, sendo esta de caráter econômico, sem envolvimentos políticos ou qualquer outro, diferenciando-se também neste ponto dos calvinistas que eram militantes políticos.
Podemos concluir, que Max Weber analisa como as religiões, crenças e dogmas, influenciaram no desenvolvimento do capitalismo e nas formas de trabalho que movimentam ele. O que nos leva a refletir que não podemos conceber a ética religiosa sem uma função social, porque a crença interfere no processo evolutivo do homem não apenas como vida espiritual, mas como ser social e a sua conduta na sociedade depende da sua conduta religiosa, e a sua conduta social, depende do que ele produz e representa, estão na verdade intrinsecamente ligados, uma doutrina moral que propõe uma felicidade inexistente, essa é a ética que leva a criticidade de Weber a conceber uma racionalidade irracional.

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