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A CULTURA, A EDUCAÇÃO E A EDUCAÇÃO FÍSICA NA GRÉCIA

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1 
A CULTURA, A EDUCAÇÃO E A EDUCAÇÃO FÍSICA NA GRÉCIA 
Trabalho apresentado na IV Jornada de Estudos Antigos e Medievais na UEM – Universidade 
Estadual de Maringá - 2005. 
Profa. Dra. Ana Cristina Arantes – UNIFIEO – Osasco e UNIFMU – São Paulo 
anacris.arantes@anacrisarantes.pro.br 
Resumo 
Esse texto tem por objetivo apresentar e discutir itens referentes à história, cultura, 
educação bem como o processo de escolarização na Grécia antiga. Nesta discussão, a atividade 
física, nobre componente da educação do efebo, foi também incluída. Este texto faz parte de uma 
pesquisa descritiva, histórica e qualitativa, na qual o autor valeu-se das referências bibliográficas 
e da iconografias existentes. Somado a estas no ano de 2004, por ocasião da realização dos Jogos 
Olímpicos da Era Moderna em Atenas, muitos dados puderam ser conferidos in loco e a idéia 
sobre o ideal de cidadania e educação grega puderam ser melhor avaliados. 
Introdução 
A educação importante aspecto da cultura grega, conveniente lembrar, sempre esteve 
intimamente ligado à concepção de mundo e de homem que as civilizações apresentaram. 
Não se pode estudar a educação escolar ou qualquer outra área de conhecimento, sem considerar 
os pressupostos filosóficos da sociedade analisada e de algumas instituições que detém o poder. 
A educação e o processo de escolarização ideal segundo os gregos “é para Protágoras a 
culminação da cultura, no seu sentido mais amplo. Tudo se engloba nela, desde os primeiros 
esforços do homem para dominar a natureza física até o grau supremo da auto-formação do 
espírito humano” (JAERGER,1995:365). 
Na Antigüidade para os gregos o homem educado fisicamente é verdadeiramente educado 
e, portanto, belo como esclarece Sócrates “O belo é idêntico ao bom” (RUBIO, 2002). 
A educação não era considerada como um mero processo de crescimento em que o 
educador alimenta, favorece e guia deliberadamente. A Educação Física por sua vez cultiva o 
corpo vivo, é considerado como um ato de formação, análogo ao da escultura, a educação 
segundo Protágoras pode ser considerada como a formação da alma e os meios que utiliza como 
forças formativas. 
A atividade esportiva exerceu grande influência sobre a formação do homem grego. Foi 
considerada como um dos três pilares da educação da criança e do jovem juntamente com as 
letras e a música (JAEGER, 1992 & RUBIO, 2002). 
 2 
Porém cabe a ressalva - a mulher não tinha o privilégio de praticar as atividades físicas 
como revelam as obras que tratam dos Jogos Olímpicos antigos. Essa afirmação pode ser um 
reflexo da educação escolar que não era concedida às meninas (mormente em Atenas). A 
presença feminina não era permitida nem sequer nos estádios aonde os jogos ocorriam. 
Para TSURUDA (1994) a educação formal feminina não era uma prática comum na 
Grécia antiga ”A educação grega era modelar, centrada na figura do herói” (p.04). Durante 
séculos a educação literária tradicional tratou de transmitir às crianças e aos adolescentes o 
modelo de conduta de Aquiles que deveriam imitar embora os gregos tivessem visão universal 
para a questão educacional. 
Interessante saber que na sociedade grega o homem deveria responder pelas atividades do 
mundo exterior, da vida pública e á mulher - esposa legítima - assumida através de acordos entre 
duas famílias, a vida deveria ser vivida no interior da casa, praticava as atividades ligadas á 
manutenção e a procriação dos filhos, de bens e de tecidos, o gerenciamento dos escravos, o 
preparo de alimentos e a guarda dos tesouros familiares. A esposa (assim como todas as demais) 
deveria ser possuidora de todos os bons atributos. Mesmo que pertencesse a aristocracia, era 
considerada como uma trabalhadora e o espelho do seu marido por isso, deve viver sempre em 
sintonia com ele. Mesmo por que “na civilização grega a mulher é um ser incapaz, que não pode 
desempenhar adequadamente as funções sem o apoio e supervisão do homem” (TSURUDA, 
1994:21). 
Em se tratando do primeiro núcleo social a família, cabe dizer, que as idéias sobre eugenia, 
aperfeiçoamento da raça, a criação do homem novo, esteve sempre muito presente uma vez que a 
criança é produto do Estado e deve servir a este. 
Sobre a educação sistematizada, entretanto, Esparta e Atenas diferiam virtualmente. A educação 
grega citada por JARDÉ (1977), apresenta duas formas distintas que servem a dois Estados com 
metas diferentes. 
O processo escolar em Esparta 
Na concepção espartana o homem deveria ser, antes de mais nada, o resultado do cultivo 
permanente do corpo. Deveria ser forte, desenvolvido e eficaz em todas as suas ações. 
O processo de educação formal em Esparta era totalmente definido pelo Estado. Esta soberania 
era exercida tanto nas crianças quanto nos adultos. 
 3 
“Esta concepção educativa do direito e da legislação estatal pressupõe a aceitação da influência 
do Estado sobre a educação dos seus cidadãos, como nunca aconteceu em parte alguma da Grécia 
(...) 
“a ama, a mãe, o pai, o pedagogo rivalizam na formação da criança, quando lhe ensinam e lhe 
mostram o que é justo e injusto, belo e feio. Como um trono retorcido, buscam endireitá-la com 
ameaças e castigos. Depois vai à escola e aprende a ordem, bem como o conhecimento da 
leitura, da escrita, e o manejo da lira” (JAERGER, 1995:160). 
Mais adiante escreve o autor (..) “mais tarde o jovem é levado à escola de ginástica, onde os 
pedótribas lhe fortalecem o corpo, para que seja servo fiel de um espírito vigoroso e para que 
nunca fracasse na vida por culpa da debilidade do corpo” (p.161). 
Ainda sobre as práticas físicas orientadas explica o estudioso que “a finalidade da 
ginástica pela qual se devem reger em detalhes os exercícios físicos, não é alcançar a força 
física de um atleta, mas desenvolver a coragem de um guerreiro”. 
Portanto, como muito acreditam e como o próprio Platão parecia a princípio entender, a ginástica 
não tem a missão de educar exclusivamente o corpo e a música somente a alma. É a alma que 
ambos educam primordialmente e são na visão do autor necessárias ao bom desenvolvimento do 
educando. Esta afirmação de concretiza quando mais a frente escreve “uma educação meramente 
ginástica cultiva demais a dureza e a fereza do homem e uma excessiva educação musical torna 
o homem muito mole e delicado” (JAERGER,1995:799). 
Esta afirmação parece ser corroborada por FARIA Jr (s.d) quando, explicando sobre o processo 
de educação formal - eminentemente militar e aristocrática ao aprendizado do ofício militar 
afirma que embora as suas origens cavalheirescas tivessem sido conservadas, muitos outros 
traços e (de) maior riqueza deveriam ser considerados a começar pelo gosto e a prática dos 
desportos hípicos e atléticos (p. 385). 
Quanto à criança, a partir dos sete anos de idade era um cidadão pertinente ao Estado 
orientado por magistrado especial agrupadoagrupado em classes, deveria seguir um programa 
uniforme e estabelecido por ele. 
O currículo espartano tinha como meta à formação de bons soldados. Assim sendo, as atividades 
físicas que fortificavam o corpo, tais como as corridas, o lançamento do disco e do dardo, eram 
consideradas como fundamentais para a formação do indivíduo. Visando um cidadão ágil e forte, 
as privações (fome, dor, cansaço e a flagelação) e as intempéries, (tais como o frio ou o calor 
 4 
excessivo), também faziam parte do curriculum escolar. De igual forma, fazia parte do ritual da 
escola dormir em catres muito simples forrados das folhas que colhiam além de alimentar-se 
frugalmente. 
Vestindo roupas leves, meninos e meninas praticavam atividades físicas semelhantes. Estas 
atividades tinham o objetivo precípuo de “torná-las fortes capazes de procriar filhos vigorosos e 
robustos” (JARDÉ, 1977:209). As jovensespartanas de acordo com TSURUDA (s/d) mesmo 
que submissas tinham uma alimentação melhor e uma preparação física mais adequada que as 
suas companheiras de outras cidades na mesma época. Assim, a educação moral e prática da 
atividade física era estimulada com o fito de fortalecer o corpo feminino, pois, o corpo forte 
geraria crianças fortes. A formação e a constituição da família era, em última análise, um 
problema do Estado, pois, é nela que eram gerados os futuros cidadãos da polis. 
Nas escolas desta cidade - Estado os estudos de literatura ainda que fizessem parte do currículo, 
não representavam sua principal preocupação. Entretanto, as obras que contivessem cunho moral 
e que dignificassem o homem e contassem os feitos eram implementadas tais como os poemas de 
Homero e os cantos guerreiros como os de Tirteu. 
 
“Parte da formação do cidadão residia no processo de purificação do espírito, vigente na 
idéia de que não era possível a perfeição sem a beleza do corpo. (...) Não há educação sem o 
esporte, não há beleza sem esporte, apenas o homem educado fisicamente é verdadeiramente 
educado e, portanto belo” (RUBIO, 2002:13). 
A educação integral de Atenas 
O olimpismo ou a educação olímpica é definido como um “método” ou processo ensino 
aprendizagem caracterizado pela idéia (de um programa) no qual se busca a unidade entre corpo e 
alma. Esse método que tem por meta o pleno desenvolvimento humano (WONG & CHEUNG, 
2004), vale-se da implementação do esporte na escola. 
Para os atenienses, assim como para todos os gregos a educação era modelar, assentada 
nos poemas épicos tais como Ilíada e Odisséia. Durante séculos, a educação literária tradicional, 
segundo TSURUDA (1994), centrou-se na memorização e no canto acompanhado da lira, 
transmitiu ás crianças e aos adolescentes gregos o ideal de vida e o modelo de conduta de 
Aquiles, Ulisses, e de Telêmaco dentre outros. Convém ressaltar que os aspectos negativos 
também eram analisados com o fito de serem evitados pelos aprendizes. 
 5 
Somando-se as qualidades de coragem, espírito de sacrifício e de urbanidade, o homem 
aristocrático grego deveria reunir as qualidades de ser hospitaleiro, freqüentar banquetes, assumir 
a prática esportiva, o debate político e as guerras. “Viver pouco, morrer jovem e ser cantado pela 
posteridade”. Ter honra (timê) e vergonha (aidós) como valores primordiais (TSURUDA, 1994). 
Para os atenienses, a virtude mais importante era a liberdade; a educação formal não era dirigida 
pelo Estado. Exigia-se apenas que os filhos recebessem, da família, orientação elementar. 
Embora não houvesse ação direta, as escolas eram supervisionadas pelos os magistrados que 
vigiavam a sua ordem e organização. As escolas eram particulares e seus professores pagos pelas 
famílias dos estudantes. A escolarização elementar, ao que tudo indica, tinha caráter democrático; 
a disciplina, entretanto, era muito rígida e o aluno recebia punição severa quando se cometia 
pequenas faltas. 
Objetivando a apresentação do conhecimento aprendido, ao final do ano, os estudantes passavam 
por exames podendo ser recompensados. Em Atenas, o bom cidadão era aquele que sabia ler e 
nadar. 
O currículo ateniense 
A educação escolar em Atenas paulatinamente constituída era composta por três partes 
(letras, música e ginástica), e possuía professores especializados. 
O gramatista (grammatistés), ensinava a ler e a escrever ministrando também os primeiros 
cálculos. Sentado sobre um tamborete o aluno grafava sobre tábuas pequenas revestidas de cera. 
A escrita era feita com um estilete de metal ou marfim cuja ponta permitia sua impressão e um 
segundo usado para apagar os caracteres escritos. O estudante lia poemas de Homero, Sólon e 
Hesidoro poesias que traziam em seu bojo cunho moral, narrativas e feitos heróicos. 
O citarrista (kitharistés), ensinava o aluno a tocar a lira e a flauta a cantar e a declamar. 
Os exercícios ginásticos eram realizados na palestra; local aberto cercado de pórticos e decorados 
com estátuas de Hermes e de Herácles padroeiro dos jovens e dos atletas. O orientador das 
atividades físicas denominava-se pedótriba (paidotribes), e era assim como os demais 
profissionais da educação formal, vigiado por um magistrado. Segundo BRANDÃO (1989), este 
“professor” assumia um papel bastante relevante na educação escolar. A ginástica segundo no 
ensina JARDÉ (1977), outro autor que escreve sobre educação afirma que esta ”era reservada 
aos adolescentes. O menino que freqüentava a escola gramatista desde os sete anos de idade, 
 6 
não ira à palestra antes dos doze anos e só passava a exercitar-se assiduamente, quando 
completava quatorze. Era a sua preparação para a efebia” (p.210). 
Os cidadãos ricos prosseguiam seus estudos freqüentando as escolas dos retores que ensinavam 
eloqüência e política. Precisava-se ser racional, defender seus direitos e argumentar. O homem 
educado era um orador. 
"O caráter de classe da educação grega aparecia na exigência de que o ensino estimulasse a 
competição, as virtudes guerreiras, para assegurar a superioridade militar sobre as classes 
submetidas e as regiões conquistadas. O homem bem educado tinha que ser capaz de mandar e 
de fazer-se obedecer" (GADOTTI, 1993:30). 
Os gregos (atenienses) idealizaram um currículo que mesclava a educação e a cultura. 
Visando a formação do homem integral, implementaram sessões de ginástica para a formação do 
corpo (domínio motor), aulas de filosofia e de ciências para a formação das habilidades mentais e 
aquelas de música e de artes para a formação do senso estético e moral (domínio sócio-afetivo). 
Os exercícios físicos eram praticados nos ginásios - principalmente pelos cidadãos – homens 
livres, nascidos de pai e mãe atenienses, os únicos a terem direito de possuir terras, gozar de 
plenos direitos políticos. Os demais, homens de outra proveniência – metecos ou estrangeiros 
com permissão de fixar-se na cidade deveriam exercitar-se em outros locais. Estes eram 
protegidos pelas leis, pagavam impostos, prestavam serviço militar, mas, não tinham direito da 
posse terra e participar de decisões governamentais. 
ARANTES & MEDALHA (1989) sobre o currículo grego escreveram que 
 
“na Grécia Antiga currículo era reconhecido como Trivium composto de gramática, retórica e 
dialética; Quadrivium, composto de aritmética, geometria, música e astronomia; os quais em 
conjunto formavam o Septivium também denominado as sete artes liberais” (p.47). 
 
O Estado ateniense, assim como nas demais cidades gregas, onde não se conhecia uma 
regulamentação legal dos referentes á educação, seguia segundo Platão, direção contrária aos 
preceitos familiares e o legislador por sua vez, não podia opor-se a estas contradições. 
 7 
O movimento, a personalidade e o jogo 
As questões de descendência e linhagem familiar já estavam regulamentadas. As bases 
filológicas, eugenésicas para uma procriação e infância melhor já representavam certa 
preocupação. A primeira infância foi tida como uma fase decisiva de educação moral. De acordo 
com a obra Paidéia; a formação do homem grego, as normas médicas e a explícita necessidade 
do movimento desde a mais tenra idade, já se encontram prescritas no postulados daquele povo 
“Os balanços do corpo, com ou sem esforço próprio, exercem sobre o homem uma ação 
revigorante como acontece com o passeio, com o balanço, com os cruzeiros por mar, a equitação 
e outros tipos de movimento” (JAERGER,1995:1350). 
Platão recomendava que as mães passeassem durante a gestação e que massageassem as suas 
crianças até dois anos de idade. 
“O movimento deve ser uma constante na vida das crianças que de modo nenhum deve - 
se obrigar a permanecer quietas”. A imobilidade não faz parte da natureza da criança; “o 
indicado parasossegar a criança não é o silêncio, mas o canto, pois o movimento exterior 
liberta-a do medo interior e a sossega” (JAERGER, 1995:1351). 
A educação opressiva que traz sensação de medo não é recomendada. Deve-se educar a 
criança na alegria, pois ela oferece as bases para a harmonia e pleno equilíbrio do caráter. Sobre 
as atividades recomendadas por Platão para as crianças de 03 a 06 anos, encontram-se os jogos 
“é logo neste período que devem ser combatidos, por meio de castigos, o amolecimento e o 
excesso de sensibilidade da infância” (Mas), “os castigos não devem suscitar a cólera da 
criança à qual se aplicam, nem deixar impunes os seus excessos. Nesta idade, são as crianças, 
quando se juntam que devem inventar os seus jogos, sem que lhes sejam prescritos” (op.cit. 
p.1353). 
Orientados inicialmente pelas mulheres, meninos e meninas até os seis anos de idade 
devem ser entregues ao regime de co-educação. A educação gímnica é ampliada praticando-se a 
dança, os exercícios em círculo tendo em vista a futura educação militar. 
Os jogos são para Platão um meio para o desenvolvimento do “Ethos” adequado; é nele que se 
concede liberdade plena à capacidade inventiva das crianças de 3 a 6 anos de idade. 
 8 
Depreende-se em todas as páginas da obra “Paidéia a formação do homem grego”, que as 
manifestações humanas devem consagrar o homem político. Todas as atividades, recomendações 
e prescrições têm apenas uma meta qual seja, a formação do homem integral ou guerreiro visando 
a polis. 
A prática da Educação Física nas escolas 
Em Atenas, embora se valorizasse a atividade física, havia maior preocupação na 
formação de um homem político. A “Educação Física”, para Platão, deveria ser ministrada por 
professores nomeados, “inclinava-se a desenvolver extraordinariamente o conceito de ginástica, 
ao longo prazo, visavam os exercícios militares”. 
Os professores eram pagos e ensinavam o tiro e a lança, o uso da esgrima com armas ligeiras e 
pesadas, de tática e de todo o tipo de movimentos de corpos de exército. A atividade física 
orientada também compreendia a instalação de acampamentos e a prática da equitação. Para 
Platão, todas estas atividades eram entendidas como “ginástica”. 
O grande filósofo desejava que se cultivasse o estilo do homem distinto e livre e as atividades 
ginásticas significariam um meio para atingir essa meta. 
A Educação Física fazendo parte dos estudos secundários compreendia a corrida a pé, o salto em 
distância, o lançamento de disco e do dardo, a luta, o boxe, o pancrácio e a ginástica. A dança era 
incluída na educação musical junto com o aprendizado da lira. 
Evidentemente que os “professores” ensinavam através da repetição e da inculcação do modelo. 
Cabia ao aluno repetir, alcançar o ideal que invariavelmente, estava sempre muito acima das suas 
capacidades pessoais. Ao que tudo indica, não havia individualidade. Cada um deveria cumprir 
com o esperado e se espelhar no professor. Quanto menos se errasse quanto mais próximo à 
perfeição, (divinamente humana), mais se assemelhava ao mestre. 
Dentro da linha tradicional, privilegiou-se o mais dócil e o mais hábil. Parece ser inconcebível 
naquele tempo que cada era uma síntese, resultante de um processo histórico de vida. 
O processo de crescimento e de desenvolvimento individual dependia não somente da 
hereditariedade (patrimônio genético), mas também da experiência advinda do meio ambiente. 
Ao que os fatos indicam, a educação tradicional valia-se da quantidade de conteúdos exercitados 
e avaliados segundo os padrões impostos pelos superiores; os aspectos pessoais não foram 
considerados. Inserida no currículo escolar, e praticado no ginásio a ginástica e o esporte eram 
praticados pelos cidadãos – elite das cidade – Estado. Para que o recomendado pela Paidéia 
 9 
ocorresse foram criados especialistas nessas questões. Assim, gymnastai - figura honorífica 
corresponderia aos atuais presidentes ou dirigentes dos clubes e pelo menos, deveriam ter pelo 
menos 30 anos de idade. O pedótriba - instrutor ou técnico cuja autoridade pode ser inferida pois 
a orientação do efebo dava-se através do uso de uma vara que lhe conferia autoridade. 
Com o passar do tempo, o ginásio ampliou suas funções, servindo além das atividades atléticas 
para toda a orientação esportiva da criança e da juventude, ponto de reunião dos gregos serviu a 
Platão, Aristóteles e Prodicus a divulgação dos méritos e benefícios da prática dos exercícios 
físicos. 
A competição exacerbada, entretanto, já se tinha como algo não recomendado a todos, pois, 
poderia levar o atleta á fadiga, as perturbações fisiológicas ao espírito pesado, estatura disforme e 
inclinação pronunciada à violência (RUBIO, 2002). 
O “atletismo” ou a atividade atlética é um fenômeno que pode ser encontrado em muitas 
civilizações orientais desde o terceiro milênio. Mas, é somente na Grécia que o esporte 
representava mais que o cotidiano. As atividades atléticas faziam parte da educação; ou era a 
própria educação formava cidadãos responsáveis adestrava – se para a guerra. 
Os cretenses inventaram as corridas, luta livre, pugilato e corrida de carros. Depois, vieram às 
mencionadas por Homero; lançamento de disco, tiro com arco, luta com as armas, lançamento de 
dardo e salto em distância (Odisséia). As corridas de carro foram criadas em honra de Enómano 
(ZISSIMOU, sd). Os jogos realizados em honra dos falecidos para mantê-los vivos na memória 
dos jovens competidores encerrando o evento com um banquete para mais uma vez imortalizar a 
figura e os feitos dos atletas mortos. 
Na tentativa de manter a lenda as obras literárias e épicas mesclavam mito e homem afirmando 
que os atletas tomavam a força dos heróis. Segundo FARIA Jr (s.d) 
 
“nos tempos homéricos, os jogos, ás vezes livres e espontâneos, constituíam o aspecto 
dominante da vida dos cavaleiros”. Outras vezes, os jogos constituíam manifestação solene, 
organizada e regulamentada, como nos, jogos fúnebres em honra a Pátroclo, os quais incluíam o 
boxe, a luta, a corrida, a justa, o arremesso de peso e do dardo o tiro de arco e a corrida de 
carros (p. 385). 
 
Dentre outros aspectos da cultura grega, é poder perceber que, passados muitos séculos, a 
essência e ideal de homem não mudou. Quanto à participação feminina na vida coletiva parece ter 
 10 
sido ampliada e esta situação também abrangeu a atividade física e o esporte. Apesar das 
diferenças e dificuldades que ainda estão por a serem superadas o esporte tanto para homens 
quanto para mulheres parece legitimar a condição de auto superação humana na busca do mais 
alto mais rápido e mais forte. 
 
Referências Bibliográficas 
 
ARANTES, A: C. & MEDALHA, J. Uma visão histórica de currículo:definições, abordagem 
histórica e modelos específicos em educação física. Revista paulista de Educação Física. São 
Paulo, 3(5): 45-50, jul. dez. 1989. p. 45- 50. 
BRANDÃO, C. R. O que é educação. São Paulo: Brasiliense. 1989. 116 p. 
JARDÉ, A. A Grécia antiga e a vida grega: geografia, história, artes, religião e vida pública e 
privada. São Paulo: EDU/EDUSP. 1977. p. 209-210. 
FARIA Jr, A .Uma introdução à Educação Física. São Paulo: p. 385- 405. 
GADOTTI, M. História das idéias pedagógicas. São Paulo: Ática. 1993. 319p. 
JAERGER, W. Paidéia: a formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes. 1995. 1413p. 
MCARDLE, W. (et al) Nutrição para o desporto e o exercício. Rio de Janeiro; Guanabara 
Koongan. 2001. 
RUBIO. K. Do olimpo ao pós olimpismo: elementos para uma reflexão sobre o esporte atual. 
Revista paulista de Educação Física, São Paulo, 16(2): 130-43, jul./dez. 2002. 
TSURUDA, M. A .L. Os modelos de educação feminina em Homero. Cadernos de História e 
Filosofia da Educação, São Paulo: FEUSP. vol, no. 03, 1994, p. 04- 23.________________ Mulher e eugenia em Esparta. Revista UNIb. São Paulo: s.d. p.35- 44. 
ZISSIMOU, T. (trad. Fani. Alexandrapoulou) Los juegos olímpicos en la antiguedad. Grécia, 
(s/c/p), (s/d). 87p.

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