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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento Uma análise histórica de respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo Rodrigo Pinto Guimarães São Paulo 2005 Rodrigo Pinto Guimarães Uma análise histórica de respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento sob orientação da Profa Dra Nilza Micheletto Projeto de pesquisa parcialmente financiado pela CAPES. PUC-SP 2005 Banca Examinadora _______________________________ _______________________________ _______________________________ Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos fotocopiadores ou eletrônicos. São Paulo, 03 de junho de 2005 _____________________________ Rodrigo P. Guimarães Agradecimentos Aos meus pais e a Lika minha eterna gratidão e amor pelo incentivo e apoio incondicionais. Estou aqui hoje, graças ao apoio de vocês. A minha querida orientadora, agradecimentos especiais pelo cuidado e presteza com que modelou meu comportamento; pela maneira delicada e paciente de me acolher nos momentos de dúvidas e incertezas (e olha que não foram poucos...) A Amália pela convivência prazerosa, afeto e disponibilidade total de ajudar e de tornar este mestrado a melhor experiência possível... A Téia por fazer parte do dia a dia, por compartilhar das agonias e alegrias, dos erros e dos acertos. Por ter me ensinado tanto! Ao Beto (Alberto Lima), quem primeiro me acolheu aqui em São Paulo. A Tati Boreli e família pelo carinho e atenção dispensados a mim... Por terem se tornado minha família paulistana. Ao Saulo, Marcelinho (agora, Dr. Benvenuti), Nico (Nicolau) e Cândido pela amizade, pelos bons momentos, pelas risadas e incentivo. Que bom ter encontrado amigos como vocês. A Lili, pela amizade e companheirismo (na farra e nos estudos) nestes 2 anos de mestrado. A Raquel, pela amizade e carinho. Por ter dividido comigo importantes momentos deste mestrado. A Regina, pela atenção e disponibilidade em ajudar. As amigas KK, Rafinha, Carolzinha, Carol Perroni, Karine, Thaís Sales, Thais Nogara, Verônica. A Dinalva, pela amizade e disponibilidade em ajudar. Di, sem suas idas e vindas à biblioteca do laboratório, jamais teria terminado minha coleta. A Paula Gióia, pelas inúmeras “visitas” à sua biblioteca. A Ziza, Fátima e Roberto por sempre estarem disponíveis para escutar e ajudar. Ao Maurício, Neuza e Conceição pela boa convivência no laboratório. Ao Professor Emmanuel pela gentileza de ter aceitado meu convite. A todos que torceram por mim e que me ajudaram nesta reta final. Sem vocês não teria conseguido. A CAPES, por ter financiado a pesquisa. Guimarães, R. P. (2005). Uma análise histórica de respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo. São Paulo (p. 96). Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental - Análise do Comportamento, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Nilza Micheletto Linha de Pesquisa: História e Fundamentos Epistemológicos, Metodológicos e Conceituais da Análise do Comportamento Núcleo: O Behaviorismo Radical de B. F. Skinner Resumo Esta pesquisa teve por objetivo analisar historicamente, a partir de periódicos nacionais e estrangeiros, como diferentes autores têm abordado as relações entre behaviorismo radical e determinismo. Analisar como os autores relacionam behaviorismo radical e determinismo é, na verdade, analisar o comportamento verbal destes autores e suas variáveis de controle. Foram analisadas as relações estabelecidas entre behaviorismo radical e determinismo e algumas possíveis variáveis relacionadas a este comportamento Mais especificamente, este trabalho se propôs a analisar: a distribuição das publicações sobre o tema ao longo dos anos; fontes de publicação; autoria dos artigos; os trabalhos de Skinner referenciados e os tipos de referências feitas à estes trabalhos e as definições de determinismo encontradas nos artigos. As respostas verbais dos autores foram comparadas com respostas verbais de Skinner (como entendidas pelos autores) e buscou-se identificar os trabalhos que analisaram o tema a partir de uma perspectiva histórica. Os resultados mostram que houve um pico de publicações sobre o tema a partir do fim da década de 80 até o início da década atual. As fontes que mais publicaram sobre o tema foram os periódicos The Behavior Analyst e Behavior and Philosophy. 141 trabalhos diferentes de Skinner foram referenciados. O tipo de referência mais realizada pelos autores foi transcrição direta (tipo I) seguida pela referência que indica apenas a obra (tipo III). As definições mais comuns foram as que definiram determinismo como mecanicismo, seguidas por definições de determinismo como seleção por conseqüências. Foram encontrados sete tipos diferentes de relações estabelecidas entre behaviorismo radical e determinismo, exceto a primeira relação todas as outras expressam posições deterministas: 1) relações de negação do determinismo; 2) relações de afirmação do determinismo (estas relações referem-se a respostas verbais que explicitamente afirmam que o behaviorismo radical é determinista, em oposição direta a negação de tal relação); 3) aproximação do mecanicismo; 4) afastamento do mecanicismo; 5) afastamento de modelos causais teleológicos; 6) aproximação de modelos que buscam em variáveis ambientais externas ao organismo as causas do comportamento e 7) alinhamento do behaviorismo radical com um modelo de determinação que considera diferentes níveis de determinação. Relação de afastamento do behaviorismo radical de modelos causais mecanicistas foi a mais identificada. Poucos trabalhos realizaram análises históricas sobre o tema. A maioria dos autores julga ter a mesma posição que Skinner sobre o tema. Palavras – chave: behaviorismo radical; determinismo; análise histórica. Abstract This study attempted to analyze articles historically from national and international journals that discuss the relationship between radical behaviorism and determinism. Analyzing how authors have related determinism and radical behaviorism means to analyze the verbal behavior of the authors and its controlling variables. Specifically, this study analyze: the distribution of the articles that discuss the relations between radical behaviorism and determinism throughout the years; the journals that they were published; the authorship of the articles; the citation of Skinner’s works in these articles; the kind of citation made and the definitions of determinism found in the articles. The verbal responses of the authors were compared to Skinner’s verbal responses (as understood by the authors); historical analysis of the theme of this study was identified. The results show that there was a high rate of publication fromthe end of the 80’s to the beginning of this decade. The Behavior Analyst and Behaviorism and Philosophy were that journals that had more articles published about this theme. 141 different publications of Skinner were cited in the articles. The most common kind of citation was citing some part of Skinner’s work directly. The most common definitions of determinism found were those that defined determinism as mechanism causal mode. The second most common definitions of determinism were those that defined determinism as selection by consequences. Seven different types of relations between radical behaviorism and determinism were found. Except for one established relation, all the others were considered determinist: 1) denial of determinism; 2) assertion of determinism (this relation refers to specific verbal responses that explicitly asserts that radical behaviorism is determinist in relation to verbal responses that deny determinism); 3) approximation of mechanistic modes; 4) dissociation from mechanistic modes; 5) dissociation from teleological causal modes; 6) approximation of causal modes that search for the causes of behavior in external environmental variables and 7) approximation of causal modes that consider different levels of determination (e.g. phylogenetic, ontogenetic and cultural). Dissociation from mechanistic models was the most common relation identified in the articles. Few articles made historical analysis. Most of the authors think they have the same position about this theme as did Skinner. Key-words: radical behaviorism; determinism; historical analysis. Sumário Introdução................................................................................................................ 1 Análise histórica.......................................................................................... 11 Método .................................................................................................................. 19 Seleção de fontes..........................................................................................19 Seleção de palavras de busca.. ....................................................................21 Seleção de artigos........................................................................................ 22 Registro de informações............................................................................... 28 Teste de fidedignidade.................................................................................. 35 Resultados e Discussão ........................................................................................36 Números de artigos através dos anos..........................................................36 Fontes de Publicação...................................................................................38 Autoria..........................................................................................................41 Análise Histórica...........................................................................................42 Definições de determinismo.........................................................................44 Respostas verbais de estabelecer relações entre determinismo e behaviorismo radical....................................................................................52 Obras de Skinner referenciadas...................................................................84 Classificação dos textos nos programas de pesquisa.................................90 Conclusão.............................................................................................................. 93 Referências Bibliográficas......................................................................................96 Anexos .................................................................................................................. 97 Lista de Figuras Figura 1. Número acumulado de artigos com respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical por ano............................................................................................................36 Figura 2. Número de artigos com resposta verbal de relacionar behaviorismo radical e determinismo por ano de publicação.................................................................................................37 Figura 3. Número de artigos com respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo por fontes de publicação.............................................................................................39 Figura 4. Número de artigos que apresentam respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical a partir de analises históricas e não históricas ...........................................................................................................................................................43 Figura 5. Número de artigos que apresentam respostas verbais de definir determinismo por grupo classificatório.....................................................................................................................................51 Figura 6. Número de artigos por tipo de resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical ...............................................................................................................................................53 Figura 7. Número de artigos que apresentam respostas verbais de negar o behaviorismo radical como uma filosofia determinista através dos anos............................................................................82 Figura 8. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afirmar o behaviorismo radical como uma filosofia determinista através dos anos...........................................................................82 Figura 9. Número de artigos que apresentam respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos de determinação mecânicos através dos anos................................................. 82 Figura 10. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afastar o behaviorismo radical de modelos de determinação mecanicistas através dos anos..........................................................82 Figura 11. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afastar o behaviorismo radical dos modelos causais teleológicos através dos anos.........................................................................82 Figura 12. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afirmar que o behaviorismo radical busca causas externas ao organismo para explicar o comportamento através dos anos...................................................................................................................................................82 Figura 13. Número de artigos que apresentam respostas verbais de relacionar o behaviorismo radical com modelos causais que consideram diferentes níveis de determinação através dos anos...................................................................................................................................................82 Figura 14. Número de referências por tipo de referência..................................................................89 Figura 15. Número de artigos de Skinner por classificação..............................................................90 Figura 16. Número de textos por programa de pesquisa identificado...............................................91 Lista de Quadros Quadro 1: Textoselecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.................................23 Quadro 2: Texto selecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.................................24 Quadro 3: Texto cuja relação entre determinismo e behaviorismo radical não foi identificada, mas que teve texto ‘em resposta’ cuja esta relação foi identificada.................25 Quadro 4: Texto ‘em resposta’ no qual foi identificada a relação entre determinismo e behaviorismo radical.............................................................................................................25 Quadro 5: Primeiro programa de pesquisa: A proposição de uma ciência do comportamento......................................................................................................................32 Quadro 6: Segundo programa de pesquisa: A proposição da necessidade de uma teoria do comportamento......................................................................................................................32 Quadro 7: Terceiro programa de pesquisa: Revisitando a questão da teoria........................33 Quadro 8: Quarto programa de pesquisa: Revisitando seu próprio programa de pesquisa...33 Quadro 9: Texto classificado no quarto programa de pesquisa de acordo com suas características........................................................................................................................34 Quadro 10: Autores que tiveram dois ou mais artigos com resposta verbal de relacionar behaviorismo radical e determinismo localizados.............................................................................42 Quadro 11: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como relação funcional...................................................................................................45 Quadro 12: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como relação funcional...................................................................................................45 Quadro 13: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como seleção por conseqüências....................................................................................46 Quadro 14: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como seleção por conseqüências....................................................................................47 Quadro 15: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como mecanicista............................................................................................................48 Quadro 16: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como mecanicista............................................................................................................48 Quadro 17: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como determinismo metodológico..................................................................................49 Quadro 18: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como determinismo metodológico..................................................................................50 Quadro 19: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como ‘outros’..................................................................................................................50 Quadro 20: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como ‘outros’..................................................................................................................51 Quadro 21: Exemplo de texto que classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.............................................54 Quadro 22: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.............................................55 Quadro 23 : Exemplo de texto que aborda o tema ‘variação randômica/acaso’ ao emitir respostas verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo....................................................................57 Quadro 24: Exemplo de texto que aborda o tema ‘probabilidade’ quando do estabelecimento de respostas verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo....................................................58 Quadro 25: Exemplo de texto que aborda os temas ‘predição e controle’ ao emitir respostas verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo................................................................................59 Quadro 26: Exemplo de texto classificado no grupo que afirma o behaviorismo radical como uma perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.............................................61 Quadro 27: Exemplo de texto que aborda o tema ‘probabilidade’ ao emitir respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical do determinismo..........................................................................62 Quadro 28: Exemplo de texto que aborda o tema ‘liberdade/autodeterminação` ao emitir respostas verbais de afirmar o determinismo. ...................................................................................................63 Quadro 29 : Exemplo de texto que aborda o tema ‘variação randômica’ ao emitir respostas verbais de aproximar behaviorismo radical e determinismo..........................................................................64 Quadro 30: Exemplo de texto classificado no grupo que aproxima o behaviorismo radical de uma perspectiva mecanicista de compreensão do comportamento humano..............................................66 Quadro 31: Exemplo de texto que não considera o modelo de seleção por conseqüências um modelo causal ao emitir respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos mecanicistas..68 Quadro 32: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma perspectiva mecanicista de compreensão do comportamento humano..............................................70 Quadro 33: Exemplo de texto que aborda a ‘teleologia’ ao emitir respostas verbais de afastar behaviorismo radical de modelos mecanicistas de determinação do comportamento humano...............................................................................................................................................72 Quadro 34: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de modelos causais teleológicos ou finalistas........................................................................................................73 Quadro 35: Exemplo de texto classificado no grupo que identifica o modelo de determinação do behaviorismo radical como um modelo que busca as causas do comportamento em variáveis ambientais externas ao organismo......................................................................................................75 Quadro 36: Exemplo de texto que aborda o tema ‘eventos privados/subjetividade’ ao emitir respostas verbais de aproximar o behaviorismoradical de modelos que buscam as causas comportamento em variáveis ambientais externas ao organismo......................................................76 Quadro 37: Exemplo de texto classificado no grupo que alinha o behaviorismo radical com um modelo causal que considera diferentes níveis de determinação.......................................................77 Quadro 38: Exemplo de texto que apresenta resposta verbal de afastar o behaviorismo radical de modelos mecânicos e de negar o determinismo.................................................................................80 Quadro 39: Exemplo de divergência entre resposta verbal do autor e resposta verbal de Skinner....83 Quadro 40: Exemplo de oposição entre a resposta verbal do autor e resposta verbal de Skinner.....84 Quadro 41: Lista das obras de Skinner referenciadas com ano de publicação original, classificadas em ordem decrescente pelo número total de vezes em que foram referenciadas...............................84 Skinner desenvolveu uma ciência do comportamento que encontrava no determinismo comportamental seu postulado fundamental. Supor que o comportamento não é um fenômeno determinado no sentido de que é caprichoso ou indeterminado não faz sentido para uma ciência que tem na previsão e no controle do fenômeno comportamental um dos seus objetivos (Skinner, 1998/1953). Para ser possível uma ciência do comportamento devemos adotar o postulado fundamental de que o comportamento humano é um dado ordenado [lawful] e que não pode ser perturbado [disturbed] pela ação caprichosa de qualquer agente livre [free agent] – em outras palavras, que ele é completamente determinado (Skinner, 1999/1947, p. 345). Afirmações deste porte são bastante comuns ao longo dos trabalhos de Skinner. Em 1953, Skinner novamente faz afirmações sobre o determinismo, comportamento humano e o uso dos métodos da ciência para seu estudo. Se vamos usar os métodos da ciência no campo dos assuntos humanos, devemos pressupor que o comportamento é ordenado e determinado. Devemos esperar descobrir que o que o homem faz é o resultado de condições que podem ser especificadas e que, uma vez determinadas, poderemos antecipar e até certo ponto determinar as ações (Skinner, 1998/1953, p. 7). Ainda neste livro de 1953, Ciência e Comportamento Humano, segundo Neto e Tourinho (1999, p. 49), aparece de forma inicial e embrionária o que mais tarde, em um artigo de 1981 – Seleção por Conseqüências – será considerado o modelo de determinação do behaviorismo radical, baseado nos processos de variação e seleção. Skinner estende para o comportamento humano, nível ontogenético, e para a cultura, nível cultural, a teoria da seleção natural, evolução das espécies de Darwin. O comportamento é entendido como sendo produto da interação destes três níveis de determinação, filogenético, ontogenético e cultural. 1 Skinner (1974) aponta motivos práticos para justificar a busca das causas do comportamento. Para este autor, é necessário estudar as causas do comportamento para que seja possível prevê-lo e controlá-lo. Por que as pessoas se comportam da maneira como o fazem? Primeiramente, ela provavelmente foi uma questão prática: Como uma pessoa poderia antecipar e, portanto, se preparar para o que outra pessoa faria? Depois esta questão se tornou prática em um outro sentido: Como outra pessoa poderia ser induzida a se comportar de determinada maneira? (p. 10) Skinner (1974), ao falar das causas do comportamento, também respondeu a algumas críticas comumente atribuídas ao behaviorismo radical. Entre elas a de que o behaviorismo radical: “Ignora consciência, sentimentos e estados mentais. Negligencia dons inatos e defende que todo o comportamento é adquirido durante o período de vida de um indivíduo. Formula o comportamento simplesmente como um conjunto de respostas a estímulos, representando, desta forma, uma pessoa como um autômato, robô, fantoche ou máquina... Limita-se apenas à predição e ao controle do comportamento e desconsidera a natureza essencial do ser humano” (p. 4) Segundo Slife, Yanchar e Williams (1999), não há consenso sobre a noção de determinismo no behaviorismo radical. Apesar desta falta de consenso, de maneira geral, o pensamento de Skinner é caracterizado por vários autores como determinista. Tal caracterização, porém, é fonte de divergências e desentendimentos (Slife e cols. 1999). Determinismo tem sido uma suposição central em várias formas de behaviorismo, incluindo o behaviorismo radical. No entanto, esta suposição tem sido um obstáculo para várias pessoas - tanto dentro como fora do campo do behaviorismo radical – resultando em equívocos e más interpretações. (p. 75) 2 Apesar das afirmações de Skinner, existem divergências entre autores sobre as relações que podem ser estabelecidas entre behaviorismo radical e determinismo. Por exemplo, a posição atribuída ao behaviorismo radical sobre determinismo e causalidade tem sido uma questão de debate (Day, 1969; Vorsteg, 1974; Belgelman, 1978; Marr, 1982; Vaughan Jr., 1983; Moxley, 1997). Ao produzir conhecimento sobre um determinado fenômeno, neste caso sobre as relações entre determinismo e behaviorismo radical, o cientista está, na verdade, emitindo comportamento verbal que permitirá futuros ouvintes (que podem ou não ser outros cientistas) se comportarem efetivamente em relação ao fenômeno em questão (Skinner, 1992/1957, p. 418). Skinner (1992/1957) enfatiza a importância do controle preciso de estímulos sobre as respostas verbais dos cientistas. Este controle preciso pode se dar pelo objeto de estudo ou por alguma de suas propriedades. Esta mesma precisão do controle de estímulos também se faz necessária quando as respostas verbais são sobre estímulos verbais. A comunidade científica encoraja o controle preciso de estímulo sob o qual um objeto ou propriedade de um objeto é identificado ou caracterizado de tal modo que a ação prática será a mais efetiva... A comunidade lógica e científica também aguça e restringe comportamento verbal em resposta a estímulo verbal. Garantir a acurácia do comportamento ecóico e textual é um exemplo óbvio; é importante saber o que foi realmente dito, na forma vocal ou escrita. De maneira geral, contudo, práticas são planejadas para clarificar as relações entre uma resposta verbal para um estímulo verbal e as circunstâncias não verbais responsáveis por ela. (p. 419 e 420) Neste sentido, é plausível supor que as diferentes relações assumidas entre behaviorismo radical e determinismo podem ser decorrentes de diferentes controles de estímulos verbais sobre respostas verbais. Isto pode ser exemplificado, como afirmam 3 Slife e colaboradores (1999), pelo fato de “... não haver definição padrão de determinismo na literatura behaviorista radical.” (p. 76) Afirmar que não há consenso sobre a definição do termo ‘determinismo’ na literatura behaviorista radical é dizer que este termo possui diferentes ‘significados’. Segundo Skinner, “significado não é uma propriedade do comportamento como tal, mas das condições sob as quais o comportamento ocorre” (Skinner, 1992/1957, p. 13 e 14). A partir desta afirmação de Skinner, fica evidente que ao se analisar comportamento verbal dos cientistas (ou de qualquer outra pessoa), é necessário analisar quais as condições, quais as variáveis controladoras do comportamento verbal em questão. Neste sentido, para tornar possível a compreensão de respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical, é necessário conhecer quais as variáveis que controlam tais respostas.Os dois autores comentados a seguir apresentam respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo topograficamente semelhantes (ambos afirmam que o behaviorismo radical é determinista), mas discordam no tocante à espontaneidade como característica própria do comportamento. Marr (1982) afirma que a posição comportamentalista requer uma perspectiva determinista, mas para este autor, comportamento ocorre espontaneamente. Em outras palavras, Marr (1982) supõe que a espontaneidade seja uma característica própria do comportamento, porém limitada pela genética da espécie e individual. ...espontaneidade pode ser uma característica típica do comportamento... Espontaneidade, também não implica que simplesmente qualquer coisa possa ocorrer... a espécie a que se pertence e a dotação genética individual estabelecem limites naturais para a forma e variabilidade do comportamento espontaneamente emitido. (p. 206) 4 Vaughan Jr. (1983) também assume uma posição determinista, embora discorde de Marr (1982) sobre a espontaneidade do comportamento. Vaughan Jr. (1983) não admite a espontaneidade como característica do comportamento. Em seu artigo, Vaughan Jr. (1983) afirma que a espontaneidade do comportamento defendida por Marr (1982) é resultado de uma falta de evidências das variáveis controladoras, ou seja, é resultado de limitações metodológicas que impedem conhecimento e predição acurados sobre o comportamento. No seu artigo ‘Determinismo’, Jackson Marr argumenta que o comportamento apresenta espontaneidade. Qual é a evidência comportamental para esta posição? É, e só pode ser, falta de evidência: casos... nos quais o comportamento muda, mas nós somos incapazes de especificar as variáveis controladoras... Nos casos em que Marr identifica como exibindo espontaneidade, nós podemos perguntar: um conhecimento maior sobre a história do organismo nos diria mais? Saber mais sobre o ambiente atual nos diria mais? Computadores mais potentes nos diriam mais?... Dizer que espontaneidade está presente no comportamento é o equivalente a dizer que nenhuma dessas operações nos permitiria fazer melhores predições sobre o comportamento. De onde tiramos licença para fazer tal inferência? (Vaughan Jr., 1983, p. 111) Fraley (1994), assim como Vaughan Jr. (1983), também recusa a possibilidade de abandonar suposições deterministas em função de limites metodológicos. Segundo ele, a suposição determinista é oriunda da experiência científica e argumentos de cunho metodológicos não a invalidam. Limitações na capacidade de mensuração não podem logicamente ser interpretadas como ocasiões para abandonar suposições deterministas sobre a natureza... O determinismo moderno dos comportamentalistas e de outras ciências naturais situa-se como uma grande indução de toda a experiência científica... (p. 82) Fraley (1994) argumenta ainda que quando predições precisas sobre um fenômeno não podem ser feitas, a ciência da probabilidade deve ser usada. No entanto, 5 para Fraley (1994), o uso da probabilidade não significa que o fenômeno sob investigação seja desordenado ou aleatório. A incapacidade de descobrir todas as variáveis que participam do controle de uma resposta operante e a inabilidade de investigar e medir seus respectivos efeitos e contribuições... não foi considerado como uma ocasião para abandonar as pressuposições da ciência natural, mas sim como uma ocasião para buscar os princípios de outra ciência para ajudar. A ciência da probabilidade permite a alguém responder efetivamente a situações que não permitem predições precisas... (Fraley, 1994, p. 81) Tourinho (2003), assim como Fraley (1994), ressalta a impossibilidade de lidar com todas as variáveis das quais o comportamento é função. Em decorrência disso, Tourinho (2003) afirma que o analista do comportamento trabalha com a noção de determinismo probabilístico: O reconhecimento da multideterminação do comportamento (mesmo quando permanecemos apenas no nível ontogenético) levará o analista do comportamento a trabalhar com um determinismo probabilístico. O que significa isso? Basicamente, que é impossível lidar com todas as variáveis das quais um comportamento é função e que quando lidamos com algumas daquelas variáveis podemos apenas aumentar ou reduzir a probabilidade de um comportamento, mas não determiná-lo de modo absoluto. (Tourinho, 2003, p. 38) Até este ponto, ao emitirem respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical, os diferentes autores se referiram às características do objeto de estudo - comportamento - e das possibilidades e limites metodológicos no seu estudo. Nos estudos que se seguem os autores emitem respostas verbais sobre respostas verbais de Skinner de relacionar determinismo e behaviorismo radical. Em outras palavras, os autores analisaram o posicionamento que, segundo eles, Skinner assumiu sobre a 6 discussão em questão. Essa maneira de abordar o tema possibilita aos autores mostrar concordância ou discordância em relação à posição assumida por Skinner. Para Scharff (1982), Skinner assume uma posição determinista em relação ao comportamento, e o que caracterizaria esta afirmação seria a crença em uma relação necessária entre eventos, ou seja, uma crença em relações invariáveis entre eventos. Ao falar na crença de uma correlação necessária entre eventos, Scharff (1982) diz: “... a única coisa que pode ter incitado essa opinião [de que correlações necessárias entre eventos podem ser observadas] é uma suposição ontológica subjacente e profundamente enraizada de que qualquer ciência... lida com um mundo de fenômenos necessariamente correlacionados.” (p. 48) Ainda segundo Scharff (1982), a suposição ontológica determinista de Skinner também não pode ser invalidada por limitações metodológicas. Skinner sustenta que a razão pela qual sua ciência só pode prover explicações prováveis do comportamento não é porque o mundo é indeterminado, mas sim por causa de limitações do cientista... Essa limitação, insiste Skinner, não prova que o mundo é desordenado [unlawful]. Apenas ilustra as inadequações da ciência humana. (p.53) Vorsteg (1974) tem uma análise semelhante à de Scharff (1982). Para ele, a posição de Skinner em relação ao determinismo é de uma pressuposição da relação necessária entre comportamento e suas variáveis de controle. Quando dizemos que um... comportamento é determinado, isso significa que ele é uma instância de uma lei causal... Por lei causal, eu entendo uma afirmação verdadeira sobre efeito, que quando quer que condições do tipo F ocorram, condições do tipo G invariavelmente ocorrerão... Essa é a noção de determinismo que Skinner parece ter em mente quando ele insiste na necessidade do determinismo. (Vorsteg, 1974, p. 109 e 110) Diferentemente da posição defendida por Vorsteg (1974) e Scharff (1982), de que Skinner defende uma correlação necessária entre todas as instâncias do 7 comportamento e suas variáveis controladoras, para Belgelman (1978), não é claro se Skinner supunha uma relação necessária estrita, ou simplesmente uma ordenação [lawfulness] dos fenômenos. “Entretanto, ainda é uma questão aberta se Skinner usava as palavras ‘ordenado’ e ‘determinado’ no sentido de uma necessidade causal estrita [relações de necessidade entre eventos], ou num sentido menos rigoroso, como explicação probabilística” (p. 14 e 15). Na verdade, Belgelman (1978) afirma não ser claro o que Skinner pretendia dizer quando utilizava o termo ‘determinista’. Existem poucas referências específicas ao ‘determinismo’ como tal nos escritos de Skinner. Ele falou mais sobre o quea ‘ordenação’ [lawfulness] do comportamento significa para conceitos como liberdade e responsabilidade moral, do que sobre que tipo de determinista ele realmente é. Conseqüentemente, a natureza precisa da posição filosófica de Skinner em relação ao ‘determinismo’ – se é que ele tem uma - é obscura. (p. 14) Esta divergência de opinião entre Belgelman (1978) e Vorsteg (1974) exposta acima, pode ser evidenciada pelo seguinte comentário de Belgelman (1978): “Vorsteg parece estar atribuindo posições ‘deterministas’ para Skinner que são duvidosas que o último tivesse tido” (p. 15). Apesar de considerar a posição de Skinner como determinista supondo uma relação necessária e invariável entre comportamento e suas variáveis de controle, Vorsteg (1974) não concorda com a posição de Skinner. Vorsteg (1974) defende que a teoria do reforçamento operante não demonstra tal suposição (relação necessária entre eventos), pois as explicações do comportamento humano, baseadas nesta teoria, são de cunho probabilístico e não de cunho causal (relações necessárias e invariáveis). Para este autor, explicações probabilísticas não são necessariamente deterministas e, por essa razão, as explicações de Skinner, no tocante ao comportamento operante, não requerem a suposição do determinismo, nem mostram que tal suposição é verdadeira. 8 No caso do condicionamento operante, deve ser admitido que essas explicações [explicações baseadas no condicionamento operante] se aplicam às ações humanas. Mas também deve ser notado que elas não são explicações deterministas. Elas são explicações probabilísticas e não envolvem nenhuma lei causal. (Vorsteg, 1974, p. 117). Moxley (1997), assim como Vorsteg (1974) nega o determinismo. Moxley (1997), ao falar sobre as relações do determinismo com o behaviorismo radical, afirma que a consideração de Skinner como determinista precisa ser modificada. Na verdade, segundo este autor, a suposição do determinismo pareceu ser a única solução em um período histórico onde era necessário escolher “entre um mundo ordenado e determinado e um mundo caótico do acaso... A questão que surge é se o determinismo é a melhor explicação hoje” (p. 4). Moxley (1997) opõe determinismo à visão selecionista, revelando uma concepção mecanicista de determinismo. Neste sentido opor o modelo de seleção por conseqüências ao determinismo parece ser, na verdade, uma oposição entre o modelo de seleção por conseqüências e o modelo mecanicista. “A receptividade original de Skinner [ao determinismo] é evidente a partir do seu conhecimento educacional e religioso e da aceitação difundida do determinismo mecanicista pela comunidade científica no começo da sua carreira.” (p.14) Ainda neste artigo - Do determinismo à variação randômica -, Moxley (1997) leva em consideração a influência de diferentes autores sobre Skinner. Primeiramente, Moxley (1997) afirma que o modelo de causação de Skinner era originalmente mecanicista. Ao fazer tal afirmação, Moxley (1997) aponta a influência de deterministas mecanicistas, como John B. Watson, Loeb e Bertrand Russell. Em seguida, Moxley (1997) afirma que Skinner abandonou o determinismo em favor da variação randômica 9 como base para as origens do comportamento. Moxley (1997) aponta Mach, Peirce e Dewey como autores que influenciaram Skinner nesta mudança. Embora Skinner tenha privilegiado o determinismo em graus variados enquanto desenvolvia explicações mecânicas do comportamento que estavam alinhadas com visões como as de Loeb, Watson e Russell, seu desenvolvimento do determinismo desapareceu depois que suas explicações se tornaram alinhadas mais de perto com visões selecionistas como a de Mach, Peirce e Dewey. (p. 3) Marr (1982), diferentemente de Moxley (1997), abandona noções mecânicas de causalidade sem abandonar o determinismo. Como analistas do comportamento nós somos imbuídos com uma perspectiva determinista... O abandono do determinismo mecanicista não deve ser visto com desespero pelos comportamentalistas, mas preferivelmente visto como libertação (assim como foi para a Física). (Marr, 1982, p. 205 e 207) Chiesa (1994) ao analisar modelos psicológicos de determinação do comportamento, aponta para o fato de que modelos que não consideram o comportamento como objeto de estudo em si mesmo, mas sim expressão de algum outro fenômeno (entidades mentais, processos neurológicos ou fisiológicos, entre outros), podem ser considerados mecanicistas, pois requerem ligações seqüenciais e lineares entre tais fenômenos e o comportamento. Do outro lado, segundo Chiesa (1994), o modelo causal de seleção pelas conseqüências do behaviorismo radical, proposto por Skinner em 1981, é incompatível com um modelo mecanicista de causalidade. O modelo causal do behaviorismo radical [seleção pelas conseqüências] o separa da maioria da psicologia experimental contemporânea, pois ele não requer ligações em uma cadeia causal para explicar as relações do seu objeto de estudo. (Chiesa, 1994, p.96) 10 Uma variedade de respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical pode ser identificada nos trechos dos autores acima citados. Alguns destas respostas verbais sugerem que a teoria do reforçamento operante não corrobora a posição determinista, outros apóiam o determinismo como uma perspectiva válida para o behaviorismo radical e apontam problemas de cunho metodológico que dificultam o conhecimento de todas as variáveis de controle, impedindo, conseqüentemente, uma determinação e previsão exatas do comportamento humano. Outras respostas verbais se concentram no abandono de noções mecanicistas de causalidade. Dentre este último conjunto de respostas verbais, algumas defendem o abandono da perspectiva determinista como uma forma de abandonar o mecanicismo, outras sugerem que o abandono da perspectiva mecanicista não requer o abandono da perspectiva determinista. Análise histórica Sabe-se que Skinner foi um pensador que escreveu desde a década de 30 até quando morreu, em 1990. Seu pensamento passou por transformações, e é muito plausível que a falta de consenso no tocante à sua posição sobre o determinismo, bem como o mau entendimento de suas posições, de forma geral, sejam devidos a análises realizadas em diferentes momentos históricos de sua obra (Moxley, 1998). Moxley (1998), ao explicar porque as formulações de Skinner são mal entendidas, afirma que: Uma razão para essa [mau entendimento do trabalho de Skinner] dificuldade é que mudanças na maneira que Skinner formulou suas visões ocorreram numa evolução gradual através do tempo e da sua carreira, e que tais mudanças e seus significados não foram tão conspicuamente ressaltados como poderiam ter sido... Quando não entendido em seu desenvolvimento histórico através do tempo, uma amostra de leitura das opiniões 11 de Skinner pode prontamente resultar em interpretações inacuradas e equivocadas, particularmente em relação ao seu trabalho mais tardio. (p. 73). Nesta mesma linha de argumentação, Micheletto (1997) afirma que muitas das divergências em relação ao pensamento skinneriano podem ser oriundas de análises que não levam em consideração os diferentes momentos históricos das obras de Skinner. Ao analisar o Behaviorismo Radical, a partir da obra de Skinner, é preciso distinguir os escritos iniciais dos produzidos no momento em que as características fundamentais do seu pensamento estão propostas. Talvez muitas das críticas ao pensamento de Skinner devam-se ao fato de elas se aterem às propostas bastante iniciais de Skinner, não atentando para as alterações que marcam o desenvolvimento de seu pensamento.(p. 30) Neste sentido, ao analisar a resposta verbal de um autor sobre Skinner (ou sobre qualquer outro autor), identificar em que trabalhos o autor fundamenta sua análise pode dar indícios de possíveis variáveis que estão relacionadas à suas respostas verbais. Esta análise relaciona a posição assumida por um autor e o trabalho específico de Skinner no qual o autor fundamenta esta posição. Em suma, este tipo de análise pode permitir esclarecer as possíveis variáveis que controlam o comportamento verbal de assumir uma certa posição. Alguns autores (Belgelman, 1978; Dias, 2003) analisam respostas verbais de outros autores que analisam o comportamento verbal de Skinner, a partir dos textos de Skinner em que estes autores basearam suas análises. Outros autores (Scharff, 1982) analisam as próprias respostas verbais de Skinner deixando claro quais obras fundamentaram sua análise. Ao criticar a posição de Vorsteg (1974), Belgelman (1978), por exemplo, comenta que é importante considerar e ter acesso a diferentes escritos de Skinner sobre as relações entre determinismo e behaviorismo radical, pois há o perigo de uma falta de elementos para a realização de uma interpretação tão complexa quanto essa. Ao se 12 referir a uma passagem de Ciência e Comportamento Humano na qual Vorsteg (1974) se baseou para realizar sua interpretação de que Skinner é um ‘determinista rígido’1, Belgelman (1978) afirma: Vorsteg pode estar certo em supor que a passagem é de autoria de um determinista ‘rígido’. Do outro lado, considerando outras seções dos escritos de Skinner, especialmente aqueles indicando que os efeitos do reforçamento se dão na probabilidade da emissão da resposta, é possível que a passagem tenha a intenção de ressaltar a importância da ‘ordenação’ [lawfulness] sem pressupor uma necessidade causal rigorosa2. (p. 14) Scharff (1982), destacando obras de Skinner de diferentes períodos, mostra que a concepção de operante de Skinner mudou de 1938 até 1953, quando Skinner separou definitivamente o comportamento operante do reflexo. Para Scharff (1982), a separação entre comportamento reflexo e operante fez com que Skinner mudasse o tipo de afirmação determinista que sua ciência podia fazer. Ao falar de Skinner em uma passagem, Scharff (1982) explicita esta mudança. Eu quero dizer que, revisando os quase 20 anos (1935 – 1953) que transcorreram para ele oficialmente separar o operante do reflexo, qualquer um acha amplas provas que sua pesquisa descritivamente concebida foi incapaz de conviver satisfatoriamente com suas pressuposições deterministas subjacentes... Esse movimento, a separação dos conceitos de reflexo e operante, ... força-o a reduzir as reivindicações do tipo de afirmações que sua ciência pode fazer, de necessárias para probabilísticas. (p. 48 e 53) 1 Determinismo rígido basicamente se refere a uma concepção em que todas as instâncias do fenômeno comportamental são determinadas. Esta informação pode ser encontrada em Edwards (1964) e Hospers (1964) (referências citadas por Belgelman ao utilizar o termo ‘determinista rígido’). 2 Necessidade causal rigorosa refere-se à concepção de determinismo rígido, no qual todas as instâncias do fenômeno comportamental são totalmente determinadas (Belgelman, 1978). Necessidade causal rigorosa, determinismo rígido e relações necessárias e invariáveis entre eventos podem ser considerados sinônimos. 13 Segundo a autora, Skinner só separou operante de reflexo quando ele pôde explicar as variações no comportamento operante através dos esquemas de reforçamento. Esta separação entre comportamento reflexo e operante não eliminou a suposição determinista de Skinner. Skinner, em 1953, estava aparentemente disposto a considerar o operante como não reflexivo porque os resultados de sua pesquisa sugeriam que esquemas de reforçamento são as únicas leis comportamentais secundárias necessárias para explicar adequadamente a variabilidade comportamental... A questão a ser perguntada, então, é como isso afeta o seu determinismo?... aparentemente não desafia suas suposições deterministas de nenhuma maneira significativa. (p. 53) Dias (2003), com objetivo de descrever os elementos constituintes das respostas verbais de estabelecer relações entre behaviorismo radical e a filosofia da linguagem de Wittgenstein, investigou se as relações estabelecidas entre behaviorismo radical e pragmatismo sofriam influencias de diferentes posições de Skinner em diferentes momentos. Os elementos constituintes considerados foram, entre outros: “(a) Tipos de relações estabelecidas; b) Referências a Skinner, referências a autores pragmatistas e referências a Wittgenstein; c) Formas de apresentação das referências; d) Temas ou assuntos tratados quando da ocorrência de tais referências” (p. 14). Com relação às referências a Skinner, a autores pragmatistas e a Wittgenstein, Dias (2003) registrou todas as obras de Skinner, de autores pragmatistas e de Wittgenstein que foram referenciadas nos artigos selecionados em sua pesquisa. Para a forma de apresentação das referências, foram classificados três tipos de referências, de acordo como apareciam nos dados coletados: foram incluídas referências que continham trechos transcritos de obras de Skinner, com indicação do ano de publicação e página(s) (Tipo I); referências que continham o nome ou obra do autor seguido do ano de 14 publicação e página (Tipo II); foram incluídas aquelas referências que faziam menção apenas ao nome ou obra do autor, seguido do ano de publicação, com ou sem indicação do capítulo (Tipo III). Analisar as referências apresentadas por um autor ao emitir respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical e a forma como o faz pode esclarecer possíveis variáveis controladoras desta resposta ou, como afirma Dias, descrever elementos constituintes de tais respostas verbais. Além da forma como as referências são apresentadas, o tipo de trabalho referenciado (empírico ou teórico) pode ser uma condição esclarecedora a ser descrita ao se analisar as respostas verbais dos autores. Andery, Micheletto e Sério (2004) analisaram, através do tempo, todas as publicações de Skinner (entre 1930 e 2004). Essas publicações listadas foram divididas em livros e artigos. Os artigos foram classificados em empíricos, teóricos ou outros. A partir desta classificação, é possível analisar se os trabalhos referenciados caracterizam-se especialmente como teóricos ou empíricos. Andery e Sério (2002) também realizaram uma análise histórica focando o trabalho de Skinner entre 1931 e 1957. Estas autoras, ao analisarem o trabalho de Skinner neste período, apontaram para transformações na obra deste autor e identificaram quatro programas de pesquisa propostos por Skinner que refletem as transformações apontadas. Cada programa de pesquisa identificado apresenta sete aspectos constituintes. Eles são: 1) Especificidade da ciência do comportamento – este aspecto refere-se às características específicas da ciência do comportamento. São as características que conferem à análise do comportamento a especificidade como uma ciência diferente de outras delimitando seu objeto de estudo. 15 2) Interfaces com outras ciências – este aspecto discute “quais seriam as ciências com as quais a ciência do comportamento manteria relações” e que relações seriam essas (Andery e Sério, 2002, p. 259). 3) Unidade de análise – refere-se à unidade de análise da ciência do comportamento proposta por Skinner. 4) Medida – este aspecto revela qual dimensão do objeto de estudo é tomada comomedida para a ciência do comportamento. 5) Fontes de variação – discute quais as fontes de variação consideradas por Skinner, “com base na suposição de que o objeto de estudo de uma ciência precisa variar para que possa ser tomado como objeto de investigação” (Andery e Sério, 2002, p. 259). 6) Contexto para estudo – são as condições adequadas para se desenvolver um estudo do comportamento. Neste aspecto, as autoras dão especial atenção para delineamentos experimentais. 7) Objetivos da ciência do comportamento – este aspecto revela objetivos do empreendimento científico para Skinner. O 1º programa de pesquisa identificado foi denominado por Andery e Sério (2002) de: A proposição de uma ciência do comportamento. Este programa foi identificado no trabalho de 1931 de Skinner – The Concept of Reflex in the Description of Behavior. O 2º programa de pesquisa identificado foi chamado de: A proposição da necessidade de uma teoria do comportamento. Este programa foi identificado a partir de dois trabalhos de Skinner: 1) Current Trends in Experimental Psychology (1947) e 2) The flight from the laboratory (1961). 16 O 3º programa de pesquisa proposto por Skinner também foi identificado a partir de dois trabalhos: 1) Are theories of learning necessary?(1950), e 2) The experimental analysis of behavior (1957). Este 3º programa foi denominado de Revisitando a questão da teoria. O 4º e último programa identificado foi: Revisitando seu próprio programa de pesquisa. Este programa foi identificado através do livro Verbal Behavior (1957) e do artigo Reinforcement Today (1958). Essa classificação, exposta acima, permite localizar momentos históricos diferentes na obra de Skinner e características do desenvolvimento da ciência do comportamento. A partir desta classificação uma análise possível é se os autores que emitem respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo apresentam características da ciência do comportamento identificadas nestes programas de pesquisa e, a partir disto, analisar se suas respostas podem estar delimitadas a programas elaborados em momentos específicos. O presente trabalho pretende, através de uma análise histórica de textos publicados em periódicos, caracterizar as respostas verbais identificadas, de diferentes autores, de relacionar behaviorismo radical e determinismo e algumas possíveis condições sob as quais este comportamento ocorre. Para tanto, este trabalho analisará as publicações sobre o tema através das seguintes variáveis: 1) dos anos, permitindo esclarecer a freqüência do comportamento verbal dos autores; 2) das fontes, permitindo esclarecer o tipo de comunidade que tem acesso a essa discussão e sua abrangência; 3) da classificação dos artigos analisados em um dos quatro programas de pesquisa skinnerianos identificados por Andery e Sério (2002), possibilitando, desta forma, um levantamento das características atribuídas ao behaviorismo radical pelos autores, que, por sua vez, ajudaria na compreensão das 17 variáveis controladoras das respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical e 4) da identificação dos artigos de Skinner referenciados bem como da forma como estas referências são apresentadas e do tipo de artigo – teórico ou empírico – referenciado, a partir da classificação proposta por Andery, Micheletto e Sério (2004), buscando identificar possíveis controles que estes artigos podem ter sobre respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical. MÉTODO 18 ● Seleção das Fontes A. Artigos em língua estrangeira Através do portal on-line – www.periodicos.capes.gov.br, foram consultadas duas bases de dados. 3 A primeira base de dados é da psicologia – PsycINFO. Este banco de dados possui mais de 1300 periódicos indexados, além de livros, dissertações, capítulos de livros e relatórios de pesquisa também indexados. A segunda base de dados é da filosofia – Philosopher’s Index. Este banco de dados contém referências e resumos de livros e periódicos de filosofia e áreas correlatas. Esta base de dados cobre áreas como ética, estética, filosofia social e política, epistemologia, metafísica entre outras. Ambos os bancos de dados procuram as palavras de busca, utilizadas pelo pesquisador, nos títulos, resumos, palavras-chaves, nomes de autores e referências dos trabalhos indexados em seus arquivos. As palavras-chaves utilizadas na busca aparecem em negrito nestas partes dos registros. Estes bancos de dados foram escolhidos devido à relação evidente entre a psicologia e a filosofia nesta pesquisa. Ao constatar que o procedimento acima não incluiu a produção nacional de textos sobre o tema deste trabalho, apenas quatro (4) artigos nacionais foram localizados, foi utilizado outro procedimento que permitisse a inclusão de textos nacionais. B. Artigos nacionais 3 A parte do procedimento de coleta de dados referente ao portal Capes foi a mesma utilizada por Dias (2003). 19 Optou-se por escolher periódicos brasileiros utilizados por César (2002). A autora utilizou como critério para selecionar os periódicos a representatividade dos periódicos para a Análise do Comportamento no Brasil. A partir deste critério, sete (7) periódicos foram selecionados: 1) Psicologia: Teoria e Pesquisa; 2) Psicologia; 3) Temas em Psicologia; 4) Psicologia USP; 5) Ciência e Cultura; 6) Cadernos de Análise de Comportamento e 7) Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. Além destes periódicos foi incluído o livro Sobre Comportamento e Cognição, por ser de domínio público que nesta fonte, juntamente com a Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, há uma grande concentração de publicações de analistas do comportamento brasileiros. Todos os periódicos foram consultados a partir do seu ano inicial de publicação, com exceção do periódico Ciência e Cultura. Este periódico foi consultado a partir do ano de 1961, mesma data utilizada por César (2002). Segundo a autora, 1961, data em que Keller veio pela primeira vez ao Brasil, é o marco de origem da abordagem da análise do comportamento no país, apontado por vários textos que analisam sua história no Brasil. Os últimos volumes e números consultados foram os últimos disponíveis quando da realização desta coleta (dezembro de 2004) para os periódicos ainda em circulação, ou o último número publicado para periódicos que já saíram de circulação. Abaixo os períodos de publicação das fontes utilizadas. 1) Psicologia: Teoria e Pesquisa – Data inicial: Vol. 1 (1985). Data final: Vol. 20 (2004), n. 2 2) Psicologia* – Data inicial: Vol. 1 (1975). Data final: Vol. 13 (1987), n. 3 3) Temas em Psicologia4 – Data inicial: Vol. 1 (1983). Data final: Vol. 10 (2002), n. 3 4) Psicologia USP – Data inicial: Vol. 1 (1990). Data final: Vol. 14 (2003), n. 2 * Periódicos que saíram de circulação. 20 5) Ciência e Cultura – Data inicial: 1961. Data final: Vol 56 (2004), n. 4 6) Cadernos de Análise de Comportamento* – Data inicial: Vol. 1 (1981). Data final: Vol. 6 (1986) 7) Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva - Data inicial: Vol. 1 (1999). Data final: Vol. 6 (2004), n. 2 8) Sobre Comportamento e Cognição - Data inicial: Vol. 1 (1997). Data final: Vol. 14 (2004) ● Seleção das Palavras de Busca A partir dos resumos, títulos e palavras-chaves dos textos utilizados na Introduçãodeste trabalho, foram selecionadas palavras relacionadas com o respectivo tema, totalizando uma lista com 24 palavras de busca. Destas 24 palavras listadas, seis foram consideradas palavras de busca básicas. Foram realizados, então, cruzamentos e combinações entre as palavras da lista (as combinações utilizadas são apresentadas no anexo I). As seis palavras chaves básicas estão presentes em todas as combinações e não combinam entre si. Foi obtido um total de 132 combinações. Abaixo, seguem as 24 palavras chaves5 (em negrito as palavras chaves básicas). 4 Este periódico não saiu de circulação, mas passa por reformulações sem publicações posteriores a 2002. 5 As palavras chaves são na língua inglesa, pois as bases de dados só aceitam palavras em inglês. 1. Behaviorism 2. Radical Behaviorism 3. Behavior Analysis 4. B. F. Skinner 5. Skinner 6. Operant Reinforcement Theory 7. Cause 8. Causation 9. Causality 10. Determinism 21 11. Determination 12. Environmental-determination 13. Probabilistic Determinism 14. Self-determination 15. Functional Relation 22. Random Variation 16. Mechanicism 17. Mechanism 18. Mechanistic 19. Necessitarian Causality 20. Probabilistic Causality 21. Probability 23. Selectionism 24. Selection by Consequences ● Seleção de Artigos A. Artigos em língua estrangeira Fase 1: As duas bases de dados foram consultadas usando as combinações de palavras chaves já mencionadas. Na base de dados PsycInfo, foram obtidos 1089 registros. Após o término de todas as consultas, foi utilizado um recurso da base de dados que exclui os registros repetidos de todas as consultas realizadas. Obteve-se, assim, um total de 591 registros não repetidos. Na base de dados Philosopher’s index, foram obtidos 283 registros. Após o término de todas as consultas, foi utilizado o mesmo recurso que exclui os registros repetidos. O número total de registros diminui para 136. Como o portal não possui nenhum recurso que identifique registros repetidos em pesquisas realizadas em diferentes bases de dados, todos os registros das duas bases de dados, total de 727 registros, foram lidos. Dos 727 registros, apenas 16 foram repetidos, obtendo, desta maneira, um total de 711 registros diferentes nas duas bases de dados. Fase 2: A segunda fase consistiu na seleção dos trabalhos que discutem a relação entre determinismo e Behaviorismo Radical. Foram lidos os títulos e resumos de todos os 711 diferentes registros e excluídos aqueles nos quais não foram identificadas respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical. Nos Quadros 1 e 2 abaixo, dois exemplos de artigos que foram selecionados pelo mecanismo de busca e 22 rejeitados por não se identificar respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo. Quadro 1: Texto selecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical. TÍTULO: Humanistic contributions to the field of psychotherapy: Appreciating the human and liberating the therapist. AUTOR: Barton,-Anthony FONTE: Humanistic-Psychologist. 2000 Spr-Fal; Vol 28(1-3): 231-250 RESUMO: Discusses philosophical and psychological sources of humanism and humanistic psychology. It considers the work of C. Rogers, V. Frankl, F. Perls, V. Satir, and M. Erickson. These theorists give 3 major contributions to the field of psychotherapy. The first is that they, as humanistic psychotherapists, perennially celebrate, assert, and evoke the full gifted presence of human beings in opposition to reductive biologism, materialism, mechanism, cognitive behaviorism, psychoanalysis, or any other reducing prismatic vision. They all proclaim an attitude of reverent celebration and appreciation as the foundational place and space from which therapy practice ought to come. They assert this appreciative presence as creating a field of interaction within which human possibilities can optimally flourish. PALAVRAS-CHAVE: Humanistic-Psychology; Psychotherapy 23 Quadro 2: Texto selecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical. TÌTULO: Self-determination and student involvement in functional assessment: Innovative practices. AUTORES: Wehmeyer,-Michael-L; Baker,-Daniel-J; Blumberg,-Richard; Harrison,- Richard. FONTE: Journal-of-Positive-Behavior-Interventions. 2004, Vol 6: 29-35. RESUMO: The fundamental feature that distinguishes positive behavior support (PBS) from previous generations of applied behavior analysis is its focus on the remediation of deficient contexts that are determined to be the source of the problem. Determining this source involves conducting a functional assessment. This innovative practices article presents the argument that if professionals are to successfully address issues pertaining to the context of problem behaviors, they must incorporate the perspectives and knowledge of people receiving behavioral supports into the functional assessment process. The authors report the results of a pilot examination of a person-guided functional assessment and present ideas for enhancing consumer involvement in the functional assessment process. PALAVRAS-CHAVE: deficient behavior context; source remediation; functional assessment process; positive behavior support; problem behaviors; support recipients; person guided assessment; special education students À medida que os títulos e resumos dos 711 registros foram sendo lidos, identificou-se que alguns artigos nos quais foram identificadas respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical apresentavam texto(s) ‘em resposta’ no qual não tinha sido identificada tal resposta verbal. O contrário também ocorreu: foram identificadas respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical em 24 textos ‘em respostas’ a outros textos nos quais não tinham sido identificadas respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo. Optou-se por incluir tais textos. Nos quadros 3 e 4 exemplo de texto no qual não foi identificada resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical e texto ‘em resposta’ cuja resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical foi identificada, respectivamente. Quadro 3: Texto cuja relação entre determinismo e behaviorismo radical não foi identificada, mas que teve texto ‘em resposta’ cuja esta relação foi identificada. TÍTULO: Can Skinner tell a lie: Notes on the epistemological nihilism of B. F. Skinner. AUTOR: Hinman, Lawrence M. FONTE: Southern Journal of Philosophy. 1979. Vol 17: 47-60. Palavras-chaves: Determinism; Epistemology; Nihilism. RESUMO: Não há resumo Quadro 4: Texto ‘em resposta’ no qual foi identificada a relação entre determinismo e behaviorismo radical. TÍTULO: Determinism and behaviorist epistemology: A conditioned response to a Hinman stimulus. AUTOR: Waller, Bruce N. FONTE: Southern Journal of Philosophy. 1982. Vol 20: 513-532. RESUMO: Lawrence Hinman (in "Can Skinner Tell a Lie" "southern journal of philosophy", xvii, 1979, pages 47-60) argues that skinner's deterministic views are inconsistent with knowledge claims, and that on skinner's behaviorist principles no truth/falsehood distinctioncan be drawn. Hinman's several arguments for this claim are critiqued, and skinner's epistemology is elaborated. It is concluded that although Skinner rejects the notion of autonomous individuals who recognize indubitable truths, Skinner's radical behaviorism can accommodate a workable account of truth. PALAVRAS-CHAVE: determinism; epistemology; nihilism 25 Após o término da leitura dos títulos e resumos dos 711 registros, levando em consideração os critérios acima mencionados, foram selecionados 87 trabalhos. Destes 87 trabalhos selecionados, 2 eram dissertações, que foram eliminadas. Também foram eliminados 10 registros que se referiam a livros ou capítulos de livros. Desta maneira, o número de trabalhos selecionados caiu para 75. A etapa seguinte deste trabalho consistiu na aquisição de todos estes 75 artigos. Estes textos foram procurados, primeiramente, nas bibliotecas da PUC-SP e USP. Textos que não foram localizados nestas bibliotecas passaram por outro método de localização. Foi utilizado o site www.ibict.br Este site fornece informação sobre periódicos existentes em qualquer biblioteca do país. Desta maneira, textos localizados neste site foram adquiridos através do sistema de COMUT nacional, sistema de envio de material entre bibliotecas do mesmo país. Por fim, textos que não foram localizados no Brasil foram procurados no site: www.periodicos.capes.gov.br que além de permitir acesso à diferentes bases de dados, possui 8597 periódicos com textos completos. Nove textos foram excluídos por não terem sido localizados através destes três recursos. Sendo assim, o número total de textos selecionados caiu de 75 para 66. Todos os 66 artigos foram lidos integralmente. Após a leitura integral, cinco artigos foram excluídos por não fazerem relação entre determinismo e behaviorismo radical. Assim sendo, o número total de textos analisados caiu para 61. B. Artigos nacionais O critério de seleção foi similar ao utilizado para os bancos de dados. Todos os títulos, resumos (quando disponíveis) e palavras chaves de todos os artigos destes periódicos foram lidos com o intuito de identificar alguma das 132 combinações de palavras de busca utilizadas anteriormente. Para o periódico Ciência e Cultura foram 26 utilizados os dados coletados por César (2002) para a seleção de artigos, visto que: 1) César (2002) coletou todos os artigos sobre análise do comportamento que foram publicados entre os anos de 1961 e 2002, e 2) a dificuldade operacional de realizar tal consulta manualmente, devido ao grande número de publicações. As edições publicadas depois do período coletado por César (2002), entre 2002 e 2004, foram consultadas manualmente. Assim como os demais periódicos, os 14 volumes do livro Sobre Comportamento e Cognição também foram consultados. Como os seis primeiros volumes deste livro não possuem resumo foi lido o primeiro parágrafo de cada texto no lugar do resumo. Após este procedimento de coleta de textos nacionais, foram encontrados 20 textos. Após a leitura integral dos textos, 1 texto foi descartado por não se identificar respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical, restando assim 19 textos. Destes 19 textos, três já haviam sido selecionados através do portal da Capes. O total geral de textos aumentou para 77 (61 textos coletados pelo portal da Capes mais 16 novos textos coletados em periódicos brasileiros) Por fim, foram lidas todas as referências de todos os 77 artigos coletados. Referências que contivessem no título alguma das combinações das palavras de busca já mencionadas, e que não estivessem entre os 77 artigos previamente selecionados, foram incluídos. Um total de quatro novas referências foi encontrado. Destas quatro referências, três eram de livros e apenas uma de artigo. Sendo assim, um novo artigo foi encontrado. Após sua leitura integral, o artigo foi descartado por não se identificar respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical. Desta forma, o total geral de artigos (lista completa dos artigos e sua identificação no banco de dados pode ser vista no anexo II) selecionados permaneceu em 77. 27 ● Registro das Informações Um banco de dados foi criado, utilizando o programa Access6, para registrar as informações coletadas. ● Dados de identificação Os textos selecionados foram identificados por título, autoria, ano de publicação, periódico, volume, página inicial e final. ● Definições de determinismo O passo seguinte foi transcrever para o banco de dados os trechos em que foram localizadas respostas verbais dos autores de definirem determinismo (caso ocorra). As definições transcritas para os bancos de dados foram definições que os autores utilizam em seus textos. Tais definições não precisam ser originais nem formuladas pelos autores, podem ser definições existentes de outros autores. 43 textos apresentaram definição de determinismo e todas as definições encontradas foram transcritas para o banco de dados. Após a transcrição, as definições foram agrupadas, de acordo com suas características, em cinco grupos diferentes. Algumas definições apresentam características de mais de um grupo, por isso foram classificadas mais de uma vez. No anexo IV seguem todas as definições e suas respectivas classificações. Os cinco grupos de definições foram: 1) Relação funcional; 2) Seleção por conseqüências; 3) Mecanicismo; 4) Determinismo metodológico e 5) ‘Outros’. As definições e exemplos de cada um destes grupos encontram-se na parte de Resultados deste trabalho. 6 Ver banco de dados em CD room, anexo III. 28 ● Relação entre behaviorismo radical e determinismo Após o agrupamento das definições de determinismo, foram transcritos para o banco de dados os trechos dos artigos em que foram localizadas respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical e/ou trechos em que foram localizadas respostas verbais dos autores sobre respostas verbais de Skinner de relacionar determinismo e behaviorismo radical. Ao transcrever tais relações, elas foram agrupadas em sete tipos diferentes. Seguem abaixo os sete tipos de relações estabelecidos. Suas definições e exemplos encontram-se na seção de Resultados deste trabalho. 1. Negação do determinismo; 2. Afirmação do determinismo; 3. Proximidade de modelos causais mecânicos; 4. Afastamento de modelos causais mecânicos; 5. Afastamento de modelos causais teleológicos ou finalistas; 6. Causas externas x causas internas 7. Proximidade de modelos causais que salientam diferentes níveis de determinação. ● Trabalhos de Skinner referenciados Todos os trabalhos de Skinner referenciados foram listados. Quando os trabalhos referenciados foram: 1) Contingencies of Reinforcement; 2) Cumulative Record; 3) Upon Further Reflection; 4) Reflections on Behaviorism and Society; 5) Canonical Papers e 6) Recent Issues, o pesquisador identificou as páginas que eram referenciadas. Depois de localizadas as páginas, o pesquisador identificou qual edição dos livros os autores utilizaram nas suas referências. De posse das edições referenciadas, o autor localizou através das páginas qual(is) artigo(s) tinha(m) sido realmente referenciado(s), 29 substituindo a referência ao livro pela(s) referência(s) ao(s) artigo(s). No entanto, este procedimento não foi possível para referências sem indicação da página, tipo III, (ver tópico abaixo). Portanto, quando as referências a algum destes livros era do tipo III o título do livro foi mantido como referência.
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