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Direito constitucional apostila-03

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Professora Cibele Fernandes Dias 
 
 
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ROTEIRO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
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I. PODER EXECUTIVO 
 
1. SISTEMA DE GOVERNO PRESIDENCIALISTA 
 
a) Características do sistema de governo adotado no Brasil: 
 
a.1. LEGITIMIDADE POPULAR DIRETA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO – os 
Chefes dos Poderes Executivos são escolhidos pelo povo, mediante voto direto. O sistema 
eleitoral para escolha do Presidente da República, dos Governadores de Estado e do Distrito 
Federal e dos Prefeitos para Municípios com mais de duzentos mil eleitores é o sistema 
majoritário em dois turnos – vence as eleições o candidato que obtiver a maioria absoluta dos 
votos válidos, não computados os votos em branco e os votos nulos. Para Municípios com menos 
de duzentos mil eleitores, o sistema eleitoral para escolha dos Prefeitos é o sistema majoritário 
puro, ou seja, vence as eleições o candidato mais votado. A legitimidade popular direta é 
excepcionada somente na hipótese de vacância dos cargos de Presidente e Vice nos dois últimos 
anos do mandato, quando o Congresso Nacional deverá escolher, mediante eleição indireta, um 
novo Presidente e Vice. Esta regra do art. 81, da CF deve ser reproduzida nas esferas estadual, 
distrital e municipal. 
(artigos: 77 + exceção: 81; art. 28, caput; 29, I e II, todos da CF ) 
 
a.2. UNIPESSOALIDADE DA CHEFIA DO PODER EXECUTIVO – O Presidente da 
República é, ao mesmo tempo, Chefe de Estado (presenta a República Federativa do Brasil) e 
Chefe de Governo (presenta a União). Em razão da adoção da forma federativa de Estado, a 
Chefia de Governo é partilhada, de forma que os Governadores e os Prefeitos também a exercem 
na sua respectiva entidade federada. 
(art. 84, CF) 
 
a.3. SEPARAÇÃO DE PODERES ENTRE EXECUTIVO E LEGISLATIVO - Não há 
relação de confiança entre os Poderes. O Poder Legislativo não tem poder para aplicar uma 
moção de censura ou um voto de desconfiança ao Presidente da República e nem este pode 
dissolver o Congresso Nacional. 
 
2. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
a) Requisitos constitucionais para o exercício do cargo: (arts. 12, §3º, I; 14, VI, a, CF): 
brasileiro nato, idade mínima de trinta e cinco anos e pleno exercício dos direitos políticos. 
 
b) A ELEIÇÃO do Presidente da República (art. 77, CF): adoção do sistema majoritário em 
dois turnos, a sua eleição importará a do Vice-Presidente com ele registrado. 
 
 
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 Elaborado pela Professora Cibele Fernandes Dias como plano de aula. Mestre e Doutora em Direito 
Constitucional pela PUC/SP. Professora de Direito Constitucional da FURB- Fundação Universidade Regional de 
Blumenau, da FEMPAR (Fundação Escola do Ministério Público do Paraná), da ESMAFE (Escola da Magistratura 
Federal do Paraná), da EMAP (Escola da Magistratura Estadual do Paraná) e da ESA/PR (Escola Superior de 
Advocacia do Paraná). Advogada. 
 
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b.1) MANDATO do Presidente da República (arts. 78 e 82, CF): quatro anos, tomando posse 
perante o Congresso Nacional no dia primeiro de janeiro do primeiro ano da legislatura. 
 
b.2) Impedimento e vacância do cargo de Presidente da República e de Vice-Presidente 
(arts. 79 a 81): (1) Substituição – situação em que o Presidente está temporariamente impedido 
de exercer as suas funções. Deverá substituí-lo: (1º) o Vice-Presidente da República (deve ser um 
brasileiro nato, conforme art. 12, §3º, I, CF), (2º) o Presidente da Câmara dos Deputados (por 
essa razão, deve ser um brasileiro nato, conforme art. 12, §3º, II, CF), (3º) o Presidente do Senado 
Federal (por essa razão, deve ser um brasileiro nato, segundo art. 12, §3º, III, CF), (4º) o 
Presidente do Supremo Tribunal Federal (qualquer Ministro do STF deve ser brasileiro nato, em 
face do art. 12, §3º, IV, CF). (2) Sucessão – situação de vacância do cargo de Presidente da 
República, porque faleceu, renunciou ou foi cassado. O único sucessor é o Vice-Presidente da 
República. 
 
1. (Juiz Substituto TRF 2ª Região 2013 CESPE) A CF determina que, ficando vagos os cargos 
de presidente e vice-presidente da República nos dois primeiros anos de mandato, o STF 
declarará a vacância de ambos os cargos e investirá na função de presidente o sucessor, para em 
seguida serem convocadas eleições. 
 
2. (Juiz Substituto TJ Acre 2012 CESPE) Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o 
presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, o vice-presidente da 
República será chamado a exercer a Presidência, em caráter interino, devendo convocar eleição 
noventa dias depois da declaração de vacância do cargo presidencial. 
 
c) ATRIBUIÇÕES do Presidente da República (art. 84, CF): funções como Chefe de Governo 
(exemplos: incisos I a VI, do art. 84) e como Chefe de Estado (exemplos: incisos VII, VIII, XIII, 
XIX, XX, do art. 84) 
c.1) ATRIBUIÇÕES do Vice-Presidente (art. 79, §único, CF) 
 
3. (Juiz Substituto TJ Paraná 2010) O Chefe do Poder Executivo federal exerce, hoje, chefia de 
Estado e chefia de Governo no País, sendo eleito pelo sistema eleitoral majoritário de dois turnos 
(não pelo majoritário simples). Aliás, é o sistema eleitoral adotado no Brasil para a eleição do 
Presidente da República, dos Governadores dos Estados-membros e do DF e dos Prefeitos dos 
municípios com mais de duzentos mil eleitores. 
 
4. (Juiz Substituto TRF 2ª Região 2013 CESPE) Tanto as funções de chefe de Estado como as 
de chefe de governo integram o rol de competências privativas do presidente da República. 
 
5. (Juiz federal substituto TRF 1ª Região CESPE 2011) O presidente da República possui 
competência para dispor, mediante decreto, sobre a criação e extinção de órgãos 
despersonalizados, mas não de órgãos e entidades dotados de personalidade jurídica e capacidade 
processual. 
 
6. (Juiz Federal 4ª Região 2008) O Vice-Presidente da República não tem vedações nem funções 
próprias na ordem constitucional a não ser as de substituir ou suceder o Presidente da República 
nos casos de impedimento ou vacância. 
 
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c.2) Competências do Presidente da República passíveis de delegação aos Ministros de 
Estado, Advogado-Geral da União ou ao Procurador-geral da República (art. 84, §único, 
CF) – “VI - dispor mediante decreto sobre organização, funcionamento da administração 
federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos e 
extinção de funções ou cargos públicos quando vagos”; “XII – “conceder indultos e comutar 
penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei” e “XXV, primeira parte: 
“prover os cargos públicos federais, na forma da lei”. Isto significa que todas as demais funções, 
elencadas no art. 84, são indelegáveis, ou seja, intransferíveis. 
 
7. (Juiz Federal 4ª Região 2008) O Presidente da República pode delegar ao Procurador-Geral da 
República determinadas competências que a Constituição lhe outorga privativamente. 
 
8. (Juiz Federal TRF 5
a
 Região CESPE/UNB 2009) Conforme entendimento do STF, o 
presidente da República pode delegar aos ministros de Estado, por meio de decreto, a atribuição 
de demitir, no âmbito das suas respectivas pastas, servidores públicos federais. 
 
9. (Procurador do Banco Central 2009 ESAF) Compete privativamente ao presidente da 
República extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei. 
 
10. (Juiz Substituto TJ Espírito Santo CESPE 2011) As competências privativas do presidente 
da República, dispostas no texto constitucional, não podem ser objeto de delegação, uma vez que 
representam prerrogativas inerentes à sua condição simultânea de chefe de governoe chefe de 
Estado. 
 
c.2) Chefia do Poder Executivo: exerce função administrativa típica e função legislativa 
atípica [1. editar medidas provisórias (62) e leis delegadas (68); 2. iniciar o processo 
legislativo ao apresentar projetos de lei tanto na iniciativa comum ou concorrente (art. 61, 
caput, CF) quanto na iniciativa privativa ou reservada (arts. 61, §1º e 165, da CF); 3. 
sancionar e vetar projetos de lei (ordinária ou complementar); 4. promulgar e publicar leis 
ordinárias e leis complementares) 
 
c.2.1 – Decretos regulamentares ou de execução (atos administrativos de competência exclusiva 
do Chefe do Poder Executivo em que ele exerce função regulamentar – função administrativa de 
completar o sentido da lei para possibilitar a sua fiel execução pela Administração Pública, 
inovando, de forma secundária, a ordem jurídica) e os decretos autônomos ou independentes 
(atos em que o Presidente da República exerceria função legislativa, podendo inovar de forma 
originária a ordem jurídica. A maioria da doutrina entende que o decreto autônomo ou 
independente (porque independe de uma lei anterior) é inconstitucional, porque nele o Presidente 
da República usurpa função legislativa do Congresso Nacional, violando o princípio da separação 
de poderes. Todavia, a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro entende que há um decreto 
autônomo constitucional, previsto no art. 84, VI, da CF na redação da Emenda 32/01. Este 
entendimento doutrinário foi confirmado pelo STF, de forma que o único decreto autônomo 
permitido no direito brasileiro é aquele previsto no art. 84, inc. VI, da CF). 
 
 
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“Decreto é a forma de que se revestem os atos individuais ou gerais, emanados do Chefe 
do Poder Executivo (Presidente da República, Governador e Prefeito). Ele pode conter, 
da mesma forma que a lei, regras gerais e abstratas que se dirigem a todas as pessoas que 
se encontram na mesma situação (decreto geral) ou pode dirigir-se a grupo de pessoas 
determinadas. Nesse caso, ele constitui decreto de efeito concreto (decreto individual); é o 
caso de um decreto de desapropriação, de nomeação, de demissão. Quando produz efeitos 
gerais, ele pode ser: 1. regulamentar ou de execução, quando expedido com base no 
artigo 84, IV da Constituição, para fiel execução da lei; 2. independente ou autônomo, 
quando disciplina matéria não reguladada em lei. A partir da Constituição de 1988, não 
há fundamento para esse tipo de decreto no direito brasileiro, salvo nas hipóteses 
previstas no artigo 84, VI, da Constituição, com a redação dada pela Emenda 32/01. [...] 
Quando comparado à lei, que é ato normativo originário (porque cria direito novo 
originário de órgão estatal dotado de competência própria derivada da Constituição), o 
decreto regulamentar é ato normativo derivado (porque não cria direito novo, mas apenas 
estabelece normas que permitam explicitar a forma de execução da lei).
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d) RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
 
d.1) GARANTIAS INSTITUCIONAIS do CHEFE DE ESTADO: 
 
1) IRRESPONSABILIDADE PENAL RELATIVA OU IMUNIDADE FORMAL 
RELATIVA EM RELAÇÃO AO PROCESSO PENAL (art. 86, §4º, CF) 
(“Durante a vigência do seu mandato, o Presidente da República não responde por atos 
estranhos ao exercício de suas funções”) 
Interpretação do STF: como esta garantia funcional excepciona o princípio constitucional 
republicano [República é uma forma de governo em que o Chefe de Estado é eleito (pelo povo ou 
pelos representantes do povo), temporário (tem um mandato) e responsável (responde pelos seus 
atos); ao contrário de uma Monarquia em que o Chefe de Estado é hereditário, vitalício e 
irresponsável (daí a máxima ‘o Rei não pode errar’)], a sua interpretação deve ser restritiva. 
Significa que, na vigência do seu mandato, o Presidente da República não pode ser processado 
por crimes estranhos, ou seja, cometidos sem relação com o exercício das funções presidenciais. 
 
a) Abrangência dos “crimes estranhos”: 1. crimes cometidos antes do início do mandato 
presidencial e 2. crimes cometidos durante o mandato, mas estranhos ao exercício das 
funções presidenciais. 
 
11. (Juiz Federal 4ª Região 2008) O Presidente da República não pode ser processado 
criminalmente durante a vigência do mandato por delitos cometidos antes da posse ou mesmo por 
aqueles praticados durante a investidura, salvo se se tratarem de crimes funcionais, prerrogativa 
essa que não se estende aos chefes do Poder Executivo das demais esferas. 
 
12. (Procurador do Banco Central 2009 ESAF) As infrações penais praticadas pelo presidente 
da República durante a vigência do mandato, sem qualquer relação com a função presidencial, 
serão objeto de imediata persecutio criminis. 
 
2 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 224. 
 
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13. (Juiz Substituto PI 2012 CESPE) O presidente da República goza de irresponsabilidade 
penal relativa e, nesse sentido, não cabe mandado de segurança contra ato praticado por ele. 
 
2) PRERROGATIVA DE FORO NOS CRIMES FUNCIONAIS (arts. 86 e 102, I, b, CF): 
 
(1) STF por crimes comuns, contravenções penais e crimes eleitorais desde que praticados 
no mandato presidencial ou em razão dele (“in officio” ou propter officium”) 
 
(2) SENADO FEDERAL por crimes de responsabilidade (arts. 52, I e 86, CF) 
 
3) IMUNIDADE FORMAL RELATIVA EM RELAÇÃO À PRISÃO (art. 86, §3º, CF) – 
“Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da 
República não estará sujeito a prisão.” 
Interpretação: a prisão do Presidente da República depende de decisão judicial definitiva. Logo, 
enquanto Chefe de Estado, o Presidente da República não pode ser preso em flagrante ou 
preventivamente. 
 
14. (Juiz Federal 4ª Região 2008) O Presidente da República somente pode ser preso em 
flagrante de crime inafiançável ou por ordem escrita de prisão preventiva ou de execução de 
sentença condenatória expedida pela maioria do plenário do Supremo Tribunal Federal. 
 
4) RESPONSABILIDADE (jurídico-penal) do Presidente da República: 
 INFRAÇÃO PENAL COMUM 
(abrange CRIME COMUM, 
CONTRAVENÇÃO PENAL e 
CRIME ELEITORAL) desde 
que seja FUNCIONAL 
(cometida in officio – no cargo - 
ou propter officium – em razão 
do cargo) 
CRIME DE 
RESPONSABILIDADE (art. 
85, da CF e Lei 1079/50) – 
infração político-administrativa 
1. Quem pode oferecer 
denúncia: 
1. Somente o Procurador-Geral 
da República pode ajuizar ação 
penal pública contra o 
Presidente da República 
1. Qualquer cidadão pode 
denunciar o Presidente, 
exercendo o seu direito de 
petição (art. 5º, inc. XXXIV, 
a, CF) 
 
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2. Competente para 
autorizar a instauração 
do processo-crime – 
juízo de admissibilidade 
da acusação (art. 51, I, 
CF): 
2. Câmara dos Deputados por 
maioria de dois terços de seus 
membros 
2. Câmara dos Deputados por 
maioria de dois terços de seus 
membros 
3. Prerrogativa de 
foro
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: 
 
3. Órgão competente para 
receber a denúncia, processar e 
julgar (art. 102, I, b, CF ): STF 
 
3. Órgão competente para 
instaurar o processo, instruir 
e julgá-lo (art. 52, I, CF): 
SENADO FEDERAL 
4. Natureza do 
processo: 
4. JURISDICIONAL (provocado 
por meio de uma ação penal e o 
órgão competente para o 
julgamento pertence ao Poder 
Judiciário) 
4. POLÍTICO – 
‘IMPEACHMENT’ 
(provocado por meio de uma 
reclamação oriunda de 
qualquer cidadão, cujo órgãocompetente para o julgamento 
é político) 
5. Conseqüência 
 
5. Conseqüência do recebimento 
da denúncia (art. 86, §1º, I, CF): 
o Presidente da República é 
afastado do seu cargo por, no 
máximo, 180 dias. 
5. Conseqüência da 
instauração do processo (art. 
86, §1º, II, CF): o Presidente 
da República é afastado do 
seu cargo por, no máximo, 
180 dias. 
 
 
6. Não conclusão do 
processo em 180 dias 
(86, §2º, CF) 
6. O Presidente retorna ao 
exercício de suas funções. Por 
essa razão, este afastamento não 
é uma pena, mas uma medida 
para evitar que o Presidente 
prejudique a tramitação do 
processo. 
 
6. O Presidente retorna ao 
exercício de suas funções. Por 
essa razão, este afastamento 
não é uma pena, mas uma 
medida para evitar que o 
Presidente prejudique a 
tramitação do processo. 
 
 
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 Revogação da Súmula 394, do STF: “Cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência 
especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação 
daquele exercício.” Prevalece, todavia, a Súmula 451, do STF: “A competência especial por prerrogativa de 
função não se estende ao crime cometido após a cessação definitiva do exercício funcional”. Súmula 704 do 
STF: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por 
continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.” 
 
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7. Penas 
 
7. (art. 15, III, CF): será 
aplicada a pena prevista na 
legislação e o efeito da 
condenação será a suspensão dos 
direitos políticos, com a 
conseqüente perda do cargo de 
Presidente. 
7. (art. 52, §único, CF): (1) 
perda do cargo e (2) 
inabilitação para o exercício 
de qualquer função pública 
por oito anos. 
a) a primeira pena é 
principal e a segunda, 
acessória ou são penas 
autônomas? Não. São 
penas autônomas. 
b) a renúncia depois da 
instauração do processo 
impede a continuidade do 
processo? Não, porque 
ainda existe interesse em se 
aplicar a pena de 
inabilitação para o exercício 
de qualquer função pública 
por oito anos. 
 
 
ÚNICA DIFERENÇA DA RESPONSABILIDADE JURÍDICO-PENAL DO VICE-
PRESIDENTE: na abrangência das “infrações penais comuns” – o Vice-Presidente da 
República responde por todas as infrações penais comuns na vigência do seu mandato, ou seja, 
até mesmo por aquelas estranhas ao exercício das suas funções. O quadro anterior aplica-se ao 
Vice-Presidente da República com esta ressalva. 
 
15. (Juiz Substituto TJ Acre 2012 CESPE) A CF dedica um capítulo à caracterização dos atos 
do presidente da República considerados crimes de responsabilidade e apresenta, de forma 
exaustiva, as normas sobre processo e julgamento desses crimes pelo Senado Federal. 
 
16. (Juiz Substituto TJ Espírito Santo CESPE 2011) O presidente e o vice-presidente da 
República não podem se ausentar do país por mais de quinze dias sem autorização do Congresso 
nacional, sob pena de perda do cargo. 
 
17. (Juiz federal substituto TRF 1ª Região CESPE 2011) (a) Na vigência de seu mandato, o 
presidente da República não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas 
funções, tanto na esfera penal quanto na civil, administrativa, fiscal e tributária. (b) O presidente 
da República somente poderá ser processado por crime de responsabilidade após autorização do 
Senado Federal, pelo voto da maioria absoluta de seus membros. 
 
18. (Juiz Federal TRF 5
a
 Região CESPE/UNB 2009) Para que o presidente da República seja 
julgado pelo STF por crimes comuns, é necessária a autorização de dois terços da Câmara dos 
Deputados, por força da qual fica ele suspenso das suas funções. 
 
 
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19. (Juiz Substituto PI 2012 CESPE) (a) A perda do mandato de presidente ou de vice-
presidente da República, segundo o texto constitucional, somente ocorrerá por decisão do Senado 
Federal e em razão de crime de responsabilidade, decisão judicial, morte, renúncia, perda ou 
suspensão dos direitos políticos e perda da nacionalidade. (b) Compete à Câmara dos Deputados 
atuar como tribunal de pronúncia nos crimes praticados pelo presidente da República, 
autorizando a instauração de inquérito e o oferecimento de denúncia ou queixa ao STF (no caso 
de crime comum), bem como admitindo a acusação e a instauração de processo no Senado 
Federal (no caso de crime de responsabilidade). 
 
20. (Juiz Substituto TRF 5ª Região 2011 CESPE) (a) Nos crimes comuns, o presidente da 
República será processado e julgado pelo STF somente após ser declarada procedente a acusação 
por parte da Câmara dos Deputados, circunstância que não impede a instauração de inquérito 
policial e o oferecimento da denúncia. (b) Nos crimes de responsabilidade, o Senado Federal, na 
condição de órgão judicial, exercendo jurisdição recebida da CF, julga o presidente da República, 
razão por que é cabível a interposição de recurso ao STF contra decisão proferida em processo de 
impeachment. 
 
21. (Juiz Federal Substituto TRF 5ª Região 2013) (a) A sentença condenatória em processo de 
impeachment é materializada por meio de resolução editada pelo Senado Federal. (b) Para 
instaurar o processo de impeachment contra o chefe do Poder Executivo, o Senado Federal deve 
considerar os critérios de oportunidade e conveniência. 
 
22. (Juiz Substituto TJ Acre 2012 CESPE) Instaurado processo, na Câmara dos Deputados, 
contra o presidente da República, por crime de responsabilidade, ficará o chefe do Poder 
Executivo imediatamente suspenso de suas funções. 
 
a) O Presidente da República goza de PRERROGATIVA DE FORO em se tratando de 
ações populares, ações civis públicas ou ações de natureza cível? NÃO. A prerrogativa de 
foro somente envolve questões de natureza penal (crimes ou contravenções). 
 
23. (Procurador da Fazenda Nacional 2003 - ESAF) Incumbe ao Supremo Tribunal Federal 
julgar o Presidente da República nas ações de improbidade e nas ações civis públicas em que ele 
figure como réu. 
 
Reclamação 2.138-DF, Rel. originário Min. Nelson Jobim, Relator para o acórdão: 
Min. Gilmar Ferreira Mendes. Julgamento: 13.6.2007. 
Maioria: Ministros Nelson Jobim (aposentado), Ilmar Galvão (aposentado), Maurício 
Corrêa (aposentado), Ellen Gracie, Cézar Peluso e Gilmar Ferreira Mendes: 
Entenderam que os agentes políticos, por estarem regidos por normas especiais de 
responsabilidade, não respondem por improbidade administrativa com base na Lei 
8.429/92, mas apenas por crime de responsabilidade, nos termos da Lei 1079/50 de 
acordo com a prerrogativa de foro estabelecida na CF. Julgaram procedente a 
reclamação e extinguiram sem resolução de mérito a ação de improbidade administrativa. 
Vencidos – Ministros Carlos Velloso (aposentado), Marco Aurélio, Celso de Mello, 
Sepúlveda Pertence e Joaquim Barbosa: votaram pela improcedência da reclamação. 
 
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Não votaram nesse julgamento os ministros Carlos Ayres Britto, Eros Grau, Ricardo 
Lewandowski e a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, por sucederem os ministros 
aposentados que já haviam proferido seus votos. 
 
 
24. (Procurador do Banco Central ESAF 2002) De acordo com entendimento do STF, o 
Presidente da República e os Ministros de Estado respondem a ações populares perante o mesmo 
STF. 
 
e) Subsídio do Presidente da República, de seu Vice e dos Ministros de Estado (art. 49, VIII, 
CF): fixado pelo Congresso Nacionalpor meio de decreto legislativo. 
 
4. ÓRGÃOS DE CONSULTA SUPERIOR DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA: 
CONSELHO DA REPÚBLICA E CONSELHO DE DEFESA NACIONAL (arts. 89 a 91, 
CF) 
 
25. (Juiz federal substituto TRF 1ª Região CESPE 2011) (a) O Conselho de Defesa Nacional é 
órgão de consulta do presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional 
e a defesa do Estado democrático, sendo suas decisões vinculantes nos casos que envolvam 
declaração de guerra e celebração da paz. (b) Compete ao presidente da República nomear dois 
membros do Conselho da República, órgão superior de consulta convocado e presidido pelo chefe 
do Poder Executivo. 
 
26. (Juiz Substituto TRF 5ª Região CESPE 2011) A composição do Conselho da República, 
órgão de consulta do presidente da República, está taxativamente prevista na CF, razão por que é 
vedada a participação, nas reuniões desse conselho, de outras autoridades além das indicadas na 
CF. 
 
27. (Juiz Substituto TRF 2ª Região 2013 – CESPE) (a) O Conselho da República é órgão 
superior de consulta do presidente da República, e dele participam, além dos presidentes da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, os líderes da maioria e da minoria em ambas as 
casas legislativas, o ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e 
cinco anos de idade, de livre nomeação pelo chefe do Poder Executivo. (b) Compete ao Conselho 
da República opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, de decretação 
do estado de defesa e do estado de sítio. 
 
28. (Juiz Substituto TJ Espírito Santo CESPE 2011) Considerando as disposições 
constitucionais acerca da defesa do Estado e das instituições democráticas, da intervenção 
federal e do CONSELHO DE DEFESA NACIONAL, assinale a opção correta. 
(a) A intervenção federal constitui ato discricionário por meio do qual o presidente da República 
age sempre de ofício, não sendo, portanto, obrigado a decretá-la se entender que a medida não 
atende a critérios de oportunidade e conveniência. 
(b) Por constituir ato de natureza política excepcional, o decreto de intervenção federal não é 
passível de controle de constitucionalidade. 
(c) O CDN é órgão de caráter consultivo, cujas manifestações não vinculam as deliberações do 
presidente da República, salvo no que diz respeito à declaração de guerra e celebração da paz. 
 
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(d) Por sua abrangência e excepcionalidade, a decretação do estado de sítio configura medida 
que, nos termos do próprio texto constitucional, implica restrições a direitos fundamentais, ao 
passo que a do estado de defesa não, visto que este ocorre de forma restrita e abrange locais 
determinados. 
(e) O estado de defesa é instituído por decreto do Presidente da República, após oitiva do 
Conselho da República e do CDN, devendo constar, no referido ato presidencial, entre outras 
determinações, o tempo de sua duração e as áreas a serem abrangidas. 
 
4a. MINISTROS DE ESTADO 
a) Requisitos constitucionais para o exercício do cargo (arts. 87 e 12, §3º, VII, CF): 
brasileiro nato ou naturalizado (com exceção para o Ministro de Estado da Defesa que deve 
ser brasileiro nato), maior de vinte e um anos, pleno exercício dos direitos políticos. Trata-se 
de cargo de livre nomeação e exoneração, não dependendo de autorização ou aprovação do 
Congresso Nacional. O único Ministro de Estado cuja nomeação depende de aprovação do 
Senado Federal é o Presidente do Banco Central (art. 52, inc. III, d, CF). O cargo de 
Presidente do Banco Central foi equiparado, por ato legislativo (medida provisória que depois 
foi convertida em lei), ao cargo de Ministro de Estado. Saliente-se a importância da leitura do 
art. 164, da CF que atribui competência exclusiva ao Banco Central para emitir moeda. 
b) Atribuições (art. 87, §único): “I – exercer a orientação, coordenação e supervisão dos 
órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos 
e decretos assinados pelo Presidente da República; II – expedir instruções para a execução 
das leis, decretos e regulamentos; III – apresentar ao Presidente da República relatório 
anual de sua gestão no Ministério; IV – praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe 
forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.” 
c) Referenda ministerial: ato administrativo de competência exclusiva dos Ministros de 
Estados, exigido pela Constituição Federal, em que o Ministro assume responsabilidade, junto 
com o Presidente, pelo ato presidencial. A recusa do Ministro em referendar o ato presidencial 
é pressuposto para sua exoneração, não importando, segundo o Supremo Tribunal Federal, 
invalidade do ato. 
d) Convocação de Ministros de Estado por órgãos do Poder Legislativo (art. 50, CF): 
podem ser convocados (1) pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou por qualquer 
de suas Comissões para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente 
determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada ou 
(2) pelas Mesas da Câmara ou do Senado para responderem a pedido escrito de informação, 
importando crime de responsabilidade a recusa ou o não atendimento, no prazo de trinta dias, 
bem como a prestação de informações falsas. Podem também comparecer, por iniciativa, à 
Câmara, ao Senado ou qualquer de suas Comissões para expor assunto de relevância de seu 
Ministério. 
 
e) RESPONSABILIDADE PENAL 
1. INFRAÇÃO PENAL COMUM 
(crimes comuns, contravenções penais e 
crimes eleitorais) + CRIME DE 
RESPONSABILIDADE praticado 
sozinho 
1. CRIME DE RESPONSABILIDADE 
“conexo com crime de responsabilidade 
praticado pelo Presidente da República ou pelo 
Vice-Presidente da República” 
2. Denúncia: Somente o Procurador- 2. Qualquer cidadão no exercício do direito de 
 
Professora Cibele Fernandes Dias 
 
 
11 
Geral da República pode ajuizar ação 
penal pública 
petição. 
3. Necessidade de autorização da 
Câmara dos Deputados para 
instauração do processo (art. 51, I, CF): 
Não. 
 
3. Necessidade de autorização da Câmara dos 
Deputados para instauração do processo (art. 
51, I, CF): Sim, por maioria de dois terços de 
seus membros. 
4. Competente para recebimento da 
denúncia, processo e julgamento (art. 
102, I, c, CF): Supremo Tribunal 
Federal. 
4. Competente para instauração do processo, 
instrução e julgamento (art. 52, I CF): Senado 
Federal. 
 
5. Natureza do processo: 
JURISDICIONAL 
5. POLÍTICO – ‘IMPEACHMENT’ 
 
6. Penas (art. 15, III, CF): (1) em se 
tratando de infração penal comum, as 
penas previstas na legislação e a 
suspensão de direitos políticos como 
efeito da condenação, com a 
correspondente perda do cargo, (2) em 
se tratando de crime de 
responsabilidade: perda do cargo e 
inabilitação para o exercício de 
qualquer função pública por oito anos + 
art. 15, III, CF. 
6. Penas (art. 52, §único, CF): perda do cargo e 
inabilitação para o exercício de qualquer 
função pública por oito anos. 
 
29. (Juiz Substituto TJ Espírito Santo CESPE 2011) Como auxiliares diretos do presidente da 
República, os ministros de Estado podem ser convocados para prestar, pessoalmente, informações 
sobre assunto previamente determinado perante o plenário do Senado Federal e o da Câmara dos 
Deputados; contudo, no que diz respeito às comissões, o comparecimento deles só pode ocorrer 
por sua própria iniciativa e mediante entendimento com a Mesa respectiva. 
 
30. (Procurador da Fazenda Nacional ESAF 1998) As ações penais contra Ministro de Estado 
dependem sempre da autorização da Câmara dos Deputados.
4
 
 
31.(Juiz Substituto TRF 2ª região 2013 CESPE) Os ministros de Estado serão sempre julgados 
pelo STF, seja nos crimes comuns, seja nos crimes de responsabilidade. 
 
32. (Procurador do Banco Central 2009 – ESAF) Os crimes de responsabilidade praticados 
pelos ministros de Estado, sem qualquer conexão com o presidente da República, serão 
processados e julgados pelo STJ. 
 
33. (Juiz Federal Substituto TRF 5ª Região 2013 CESPE) Pelos crimes de responsabilidade, 
conexos ou não a crime cometido pelo presidente da República, os ministros de Estado serão 
julgados pelo STF. 
 
4
 Sobre o assunto, consultar: Informativo 281 do STF, PET 1656, Relator: Ministro Mauricio Correa. 
 
Professora Cibele Fernandes Dias 
 
 
12 
 
f) A PRERROGATIVA DE FORO do Advogado-Geral da União (arts. 52, II e 131, da 
CF): o cargo de Advogado-Geral da União foi equiparado por ato legislativo (medida 
provisória convertida em lei) ao de Ministro de Estado. Todavia, os requisitos para ser 
Advogado-Geral da União são diferentes: cidadão maior de trinta e cinco anos de notável 
saber jurídico e reputação ilibada. 
 
34. (Procurador da Fazenda Nacional ESAF 2003) O Advogado-Geral da União é processado e 
julgado nos crimes comuns e de responsabilidade pelo Supremo Tribunal Federal. 
 
35. (Advocacia da União 2009 CESPE/UNB) O Advogado-Geral da União, ministro por 
determinação legal, obteve da Carta da República tratamento diferenciado em relação aos demais 
ministros de Estado, o que se constata pelo estabelecimento de requisitos mais rigorosos para a 
nomeação — idade mínima de 35 anos, reputação ilibada e notório conhecimento jurídico —bem 
como pela competência para o julgamento dos crimes de responsabilidade, visto que ele será 
sempre julgado pelo Senado Federal, ao passo que os demais ministros serão julgados perante o 
STF, com a ressalva dos atos conexos aos do presidente da República. 
 
5. GOVERNADORES (de ESTADOS-MEMBROS e do DISTRITO FEDERAL) 
 
a) É possível que a Constituição Estadual ou a Lei Orgânica do Distrito Federal atribua 
irresponsabilidade penal relativa (art. 86, §4º, CF) ou imunidade relativa em relação à 
prisão penal (art. 86, §3º, CF) aos Governadores? 
 
36. (Procurador do Distrito Federal 2007 ESAF) Assinale a opção correta: (a) A instauração 
de ação penal, perante o Superior Tribunal de Justiça, contra o Governador do Distrito Federal 
deve necessariamente ser precedida de autorização da Câmara Distrital. (b) A Constituição 
Estadual ou a Lei Orgânica do Distrito Federal podem validamente dispor que o Governador da 
unidade federada não será processado criminalmente, por fatos alheios ao exercício do mandato, 
enquanto durar o mandato. (b) A Constituição Estadual ou a Lei Orgânica do Distrito Federal 
podem validamente outorgar ao Governador imunidade à prisão em flagrante, à prisão preventiva 
e à prisão temporária. (d) É válido o dispositivo da Constituição Estadual ou da Lei Orgânica do 
Distrito Federal que condiciona a abertura de processo criminal contra Secretário de Estado à 
prévia licença legislativa. (e) Qualquer que seja o crime a eles imputados, os deputados estaduais 
e distritais responderão sempre a processo penal perante o Tribunal de Justiça do seu Estado ou 
do Distrito Federal. 
 
ADI 1008 / PI – PIAUI 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO 
Relator(a) p/ Acórdão: Min. CELSO DE MELLO 
Julgamento: 19/10/1995 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO 
 Publicação: DJ 24-11-1995 PP-40378 EMENT VOL-01809-01 PP-00049 
O Estado-membro, ainda que em norma constante de sua própria Constituição, não dispõe de 
competência para outorgar ao Governador a prerrogativa extraordinária da imunidade à prisão 
em flagrante, a prisão preventiva e a prisão temporária, pois a disciplina dessas modalidades de 
 
Professora Cibele Fernandes Dias 
 
 
13 
prisão cautelar submete-se, com exclusividade, ao poder normativo da União Federal, por efeito 
de expressa reserva constitucional de competência definida pela Carta da Republica. - A norma 
constante da Constituição estadual - que impede a prisão do Governador de Estado antes de sua 
condenação penal definitiva - não se reveste de validade jurídica e, consequentemente, não pode 
subsistir em face de sua evidente incompatibilidade com o texto da Constituição Federal. 
PRERROGATIVAS INERENTES AO PRESIDENTE DA REPUBLICA ENQUANTO CHEFE DE 
ESTADO. - Os Estados-membros não podem reproduzir em suas próprias Constituições o 
conteúdo normativo dos preceitos inscritos no art. 86, pars. 3. e 4., da Carta Federal, pois as 
prerrogativas contempladas nesses preceitos da Lei Fundamental - por serem unicamente 
compatíveis com a condição institucional de Chefe de Estado - são apenas extensíveis ao 
Presidente da Republica. Precedente: ADI 978-PB, Rel. p/ o acórdão Min. CELSO DE MELLO. 
 
b) Subsídio do Governador, Vice e Secretários de Estado: lei de iniciativa da Assembléia 
Legislativa (Estado-Membro) e da Câmara Legislativa (Distrito Federal) (28, §2º, CF). 
 
c) O Governador pode assumir outro cargo ou função na administração pública direta ou 
indireta? (arts. 28, §1º + 38, I, IV e V, CF) Como regra, não. Exceção: pode tomar posse 
em cargo ou emprego público em virtude de concurso público mas imediatamente após a 
posse deverá licenciar-se se quiser continuar com o cargo de Governador. 
 
d) PRERROGATIVA DE FORO do GOVERNADOR (não se estende ao vice-governador 
que dependerá de previsão na Constituição Estadual ou Lei Orgânica do Distrito Federal
5
 
aplicando-se a Súmula 721 do STF): 
 
(1) INFRAÇÃO PENAL COMUM (crime comum, contravenção penal e crime eleitoral)- 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (art. 105, I, a, CF) 
 
QUESTÃO: A Constituição Estadual pode ou deve condicionar a instauração de processo 
criminal contra o Governador à prévia autorização da Assembléia Legislativa
6
? 
 
HC 80511 / MG - MINAS GERAIS 
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO 
Julgamento: 21/08/2001 Órgão Julgador: Segunda Turma 
Publicação: DJ 14-09-2001 PP-00049 EMENT VOL-02043-02 PP-00294 
 
5
 Na nossa Constituição, o Vice-Governador tem prerrogativa de foro no Tribunal de Justiça em se tratando de 
crime comum (art. 101, VII, letra a, Constituição do Paraná). Atenção à Súmula 721 do STF: “A competência 
constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido 
exclusivamente pela Constituição Estadual”. 
6
 Informativo 84 do STF: O disposto no art. 86, caput, da CF ("Admitida a acusação contra o Presidente da 
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo 
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.") 
não é prerrogativa exclusiva do Presidente da República, podendo os Estados-membros estender sua aplicação a 
seus governadores. Com base nesse entendimento, o Tribunal indeferiu medida liminar em ação direta requerida 
pelo Partido dos Trabalhadores - PT, na qual se impugnam normas do Estado de Santa Catarina que prevêem o 
quorum de dois terços da Assembléia Legislativa estadual para o recebimento de denúncia contra o governador por 
crime comum (Constituição Estadual, art. 73), e de representação por crime de responsabilidade (Regimento 
Interno da Assembléia Legislativa, art. 243, § 4º). AdinMc 1.634-SC, rel. Min. Néri da Silveira, 17.9.97. 
 
Professora Cibele Fernandes Dias 
 
 
14 
HABEAS CORPUS - GOVERNADOR DE ESTADO - INSTAURAÇÃO DE PERSECUÇÃO 
PENAL - COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPERIORTRIBUNAL DE JUSTIÇA - 
NECESSIDADE DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO A SER DADA PELA ASSEMBLÉIA 
LEGISLATIVA DO ESTADO - EXIGÊNCIA QUE DECORRE DO PRINCÍPIO DA 
FEDERAÇÃO - HABEAS CORPUS DEFERIDO. PRINCÍPIO REPUBLICANO E 
RESPONSABILIDADE PLENA DOS GOVERNANTES. 
A responsabilidade dos governantes tipifica-se como uma das pedras angulares essenciais 
à configuração mesma da idéia republicana (RTJ 162/462-464). A consagração do 
princípio da responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, além de refletir uma 
conquista básica do regime democrático, constitui conseqüência necessária da forma 
republicana de governo adotada pela Constituição Federal. O princípio republicano 
exprime, a partir da idéia central que lhe é subjacente, o dogma de que todos os agentes 
públicos - os Governadores de Estado e do Distrito Federal, em particular - são 
igualmente responsáveis perante a lei. RESPONSABILIDADE PENAL DO 
GOVERNADOR DO ESTADO. - Os Governadores de Estado - que dispõem de 
prerrogativa de foro ratione muneris, perante o Superior Tribunal de JustiçaCF, art. 105, 
I, a) - estão sujeitos, uma vez obtida a necessária licença da respectiva Assembléia 
Legislativa (RTJ 151/978-979 - RTJ 158/280 - RTJ 170/40-41 - Lex/Jurisprudência do 
STF 210/24-26), a processo penal condenatório, ainda que as infrações penais a eles 
imputadas sejam estranhas ao exercício das funções governamentais. CONTROLE 
LEGISLATIVO DA PERSECUÇÃO PENAL INSTAURADA CONTRA GOVERNADOR DE 
ESTADO. - A jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal Federal, atenta ao 
princípio da Federação, impõe que a instauração de persecução penal, perante o 
Superior Tribunal de Justiça, contra Governador de Estado, por supostas práticas 
delituosas perseguíveis mediante ação penal de iniciativa pública ou de iniciativa 
privada, seja necessariamente precedida de autorização legislativa, dada pelo Poder 
Legislativo local, a quem incumbe, com fundamento em juízo de caráter eminentemente 
discricionário, exercer verdadeiro controle político prévio de qualquer acusação penal 
deduzida contra o Chefe do Poder Executivo do Estado-membro, compreendidas, na 
locução constitucional "crimes comuns", todas as infrações penais (RTJ 33/590 - RTJ 
166/785-786), inclusive as de caráter eleitoral (RTJ 63/1 - RTJ 148/689 - RTJ 150/688-
689), e, até mesmo, as de natureza meramente contravencional (RTJ 91/423). Essa 
orientação - que submete, à Assembléia Legislativa local, a avaliação política sobre a 
conveniência de autorizar-se, ou não, o processamento de acusação penal contra o 
Governador do Estado - funda-se na circunstância de que, recebida a denúncia ou a 
queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça, dar-se-á a suspensão funcional do Chefe 
do Poder Executivo estadual, que ficará afastado, temporariamente, do exercício do 
mandato que lhe foi conferido por voto popular, daí resultando verdadeira "destituição 
indireta de suas funções", com grave comprometimento da própria autonomia político-
institucional da unidade federada que dirige. 
 
(b) Nos crimes dolosos contra a vida, os Governadores são julgados pelo Tribunal do Júri? 
Não, porque têm prerrogativa de foro concedida pela CF. 
 
37. (Juiz de Direito TJ Paraná 2007) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, 
originariamente, nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e o do Distrito Federal. 
 
Professora Cibele Fernandes Dias 
 
 
15 
 
(2) CRIME DE RESPONSABILIDADE: TRIBUNAL DE COMPOSIÇÃO MISTA, 
FORMADO POR DEPUTADOS ESTADUAIS E DESEMBARGADORES DO TRIBUNAL 
DE JUSTIÇA DO ESTADO-MEMBRO, conforme art. 78, §3º, Lei 1079/50
7
 
Súmula 722 do STF: “São da competência legislativa da União a definição dos crimes de 
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento.” 
 
GOVERNADORES – RESPONSABILIDADE PENAL 
1. INFRAÇÃO PENAL COMUM 
(crimes comuns, contravenções penais e 
crimes eleitorais) 
1. CRIME DE RESPONSABILIDADE 
2. Denúncia: ajuizamento de ação penal 
pública pelo Procurador-Geral da 
República, podendo tal atribuição ser 
delegada ao Sub-Procurador-Geral da 
República (art. 37, I, e 48, II, Lei 
Complementar 75, de 1993) 
2. Qualquer cidadão no exercício do direito de 
petição. 
3. Necessidade de autorização da 
Assembléia Legislativa para 
recebimento da denúncia: Sim, por 
maioria de dois terços de seus membros. 
 
Necessidade de autorização da Assembléia 
Legislativa para recebimento da denúncia: 
Sim, por maioria de dois terços de seus 
membros. 
4. Competente para recebimento da 
denúncia, processo e julgamento (art. 
102, I, c, CF): Superior Tribunal de 
Justiça. 
4. Competente para instauração do processo, 
instrução e julgamento (art. 78, §3º, Lei 
1079/50): Tribunal Misto composto por cinco 
membros do Legislativo (deputados estaduais 
escolhidos mediante eleição pela Assembléia) e 
cinco desembargadores (escolhidos mediante 
sorteio), sob a presidência do Presidente do 
Tribunal de Justiça local, que tem direito de 
voto no caso de empate. 
 
5. Natureza do processo: 
JURISDICIONAL 
5. POLÍTICO – ‘IMPEACHMENT’ 
 
6. Penas (art. 15, III, CF): (1) as penas 
previstas na legislação e a suspensão de 
direitos políticos como efeito da 
condenação, com a correspondente 
perda do cargo. 
6. Penas (art. 2, Lei 1079, de 1950): perda do 
cargo e inabilitação para o exercício de 
qualquer função pública por cinco anos. 
 
 
7
 O §1º do art. 49 da Constituição do Estado de São Paulo, que estabelecia ser o Tribunal Especial composto por 
sete deputados estaduais e sete desembargadores sorteados pelo Presidente do Tribunal de Justiça, que também 
deverá presidi-lo (15 membros), foi suspenso pela medida cautelar concedida pelo STF na ADIN 2220-2, julgada 
em 1. agosto de 2000. 
 
Professora Cibele Fernandes Dias 
 
 
16 
38. (Procurador do Estado Paraná 2007 2ª Fase) De quem é a competência legislativa, quem 
pode oferecer a denúncia e qual o órgão competente para o julgamento de Governador de Estado 
nos crimes comuns e nos crimes de responsabilidade? 
 
Publicação 
DJ 24-11-2006 PP-00060 
EMENT VOL-02257-02 PP-00311 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. IMPUGNAÇÃO DA EXPRESSÃO 
"E JULGAR" [ART. 40, XX]; DO TRECHO "POR OITO ANOS" [ART. 40, 
PARÁGRAFO ÚNICO]; DO ART. 73, § 1º, II, E §§ 3º E 4º, TODOS DA 
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. IMPUGNAÇÃO DE 
EXPRESSÃO CONTIDA NO § 4º DO ARTIGO 232 DO REGIMENTO INTERNO DA 
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. PRECEITOS RELATIVOS AO PROCESSO DE 
IMPEACHMENT DO GOVERNADOR. LEI FEDERAL N. 1.079/50. CRIMES DE 
RESPONSABILIDADE. RECEBIMENTO DO ARTIGO 78 PELA ORDEM 
CONSTITUCIONAL VIGENTE. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 22, I, DA CONSTITUIÇÃO 
DO BRASIL. 1. A expressão "e julgar", que consta do inciso XX do artigo 40, e o inciso 
II do § 1º do artigo 73 da Constituição catarinense consubstanciam normas processuais 
a serem observadas no julgamento da prática de crimes de responsabilidade. Matéria 
cuja competência legislativa é da União. Precedentes. 2. Lei federal n. 1.079/50, que 
disciplina o processamento dos crimes de responsabilidade. Recebimento, pela 
Constituição vigente, do disposto no artigo 78, que atribui a um Tribunal Especial a 
competência para julgar o Governador. Precedentes. 3. Inconstitucionalidade formal 
dos preceitos que dispõem sobre processo e julgamento dos crimes de responsabilidade, 
matéria de competência legislativa da União. 4. A CB/88 elevou o prazo de inabilitação 
de 5 (cinco) para 8 (oito) anos em relação às autoridades apontadas. Artigo 2º da Lei 
n. 1.079 revogado, no que contraria a Constituiçãodo Brasil. 5. A Constituição não 
cuidou da matéria no que respeita às autoridades estaduais. O disposto no artigo 78 da 
Lei n. 1.079 permanece hígido --- o prazo de inabilitação das autoridades estaduais 
não foi alterado. O Estado-membro carece de competência legislativa para majorar o 
prazo de cinco anos --- artigos 22, inciso I, e parágrafo único do artigo 85, da CB/88, 
que tratam de matéria cuja competência para legislar é da União. 6. O Regimento da 
Assembléia Legislativa catarinense foi integralmente revogado. Prejuízo da ação no 
que se refere à impugnação do trecho "do qual fará chegar uma via ao substituto 
constitucional do Governador para que assuma o poder, no dia em que entre em vigor a 
decisão da Assembléia", constante do § 4º do artigo 232. 7. Pedido julgado 
parcialmente procedente, para declarar inconstitucionais: i) as expressões "e julgar", 
constante do inciso XX do artigo 40, e ii) "por oito anos", constante do parágrafo único 
desse mesmo artigo, e o inciso II do § 1º do artigo 73 da Constituição daquele Estado-
membro. Pedido prejudicado em relação à expressão "do qual fará chegar uma via ao 
substituto constitucional do Governador para que assuma o poder, no dia em que entre 
em vigor a decisão da Assembléia", contida no § 4º do artigo 232 do Regimento Interno 
da Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina. 
 
 
Professora Cibele Fernandes Dias 
 
 
17 
6. PREFEITOS 
 
a) Sistema eleitoral e mandato (art. 29, I a III, CF) = municípios com mais de duzentos mil 
eleitores aplica-se o sistema eleitoral majoritário em dois turnos (igual ao do Presidente da 
República), em municípios com menos de duzentos mil eleitores, aplica-se o sistema eleitoral 
majoritário puro (igual aos dos Senadores, vence aquele que obtiver o maior número de votos 
válidos). O mandato = Presidente e Governadores. 
 
b) Subsídio do Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários: lei de iniciativa da Câmara Municipal 
(art. 29, V, CF) 
 
39. (Juiz Substituto PI 2012 CESPE) Compete às constituições estaduais fixar os subsídios dos 
prefeitos e dos vice-prefeitos, de maneira a evitar anomalias e discrepâncias remuneratórias entre 
os municípios de um mesmo estado-membro. 
 
c) PRERROGATIVA DE FORO do PREFEITO (não se estende ao Vice-Prefeito que depende 
de previsão na Constituição Estadual, aplicando-se, no entanto, a Súmula 721 do STF): 
 
(1) CRIME COMUM (inclui contravenção penal) de competência da JUSTIÇA 
ESTADUAL : TRIBUNAL DE JUSTIÇA (art. 29, X, CF) 
Súmula 702 do STF: “A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se 
aos crimes de competência da justiça comum estadual, nos demais casos, a competência 
originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau” 
Súmula 209, do STJ: “Compete à justiça estadual processar e julgar Prefeito por desvio de 
verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal”. 
 
(2) CRIME COMUM de competência da JUSTIÇA FEDERAL: TRIBUNAL REGIONAL 
FEDERAL (Prerrogativa de foro outorgada implicitamente pela própria CF) 
Súmula 208, do STJ: “Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por 
desvio de verba sujeita à prestação de contas perante órgão federal”. 
 
40. (Procurador Federal AGU CESPE 2007) Compete à justiça federal processar e julgar 
prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. 
 
(3) CRIME DE RESPONSABILIDADE IMPRÓPRIO
8
: TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
(Crimes de ação pública, punidos com a pena de reclusão de dois a doze anos (art. 1º, I e II 
do Decreto-Lei 201/67) e pena de detenção de três meses a três anos (art. 1º, III a XV, 
Decreto-Lei 201, 67). A condenação definitiva acarreta a perda do cargo e a inabilitação pelo 
prazo de cinco anos para o exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, sem 
prejuízo da reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou particular. 
 
 
8
 São verdadeiros crimes comuns praticados no exercício da função (crimes comuns funcionais), previstos no art. 
1º, do Decreto-Lei 201/67. 
 
Professora Cibele Fernandes Dias 
 
 
18 
(3c) Nos crimes comuns ou nos crimes de responsabilidade impróprios, exige-se autorização 
da Câmara Municipal para o processamento do Prefeito? NÃO (STJ, RT 724/579 e STF, 
RT 725/501) 
 
(4) CRIMES ELEITORAIS: TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (prerrogativa de foro 
outorgada implicitamente pela própria CF) 
(5) CRIME DE RESPONSABILIDADE PRÓPRIO
9
: CÂMARA MUNICIPAL 
Crimes tipificados no art. 4º, do Decreto-Lei 201/67, são infrações político-administrativas 
sancionadas exclusivamente com a cassação do mandato.
10
 
(5a) O art. 29, §2º, da CF define crimes de responsabilidade “próprios” (“Constitui crime de 
responsabilidade do Prefeito Municipal: I – efetuar repasse que supere os limites definidos neste 
artigo; II – não enviar o repasse até o dia 20 (vinte) de cada mês; ou III – enviá-lo a menor em 
relação à proporção fixada na Lei Orçamentária), mas que depende de regulamentação por via 
de lei federal (art. 22, I, da CF + art. 5º, inc. XXXIX, CF) 
 
PARA LEITURA - CONCLUSÃO: 
1. É cabível controle judicial dos atos praticados no processo por crime de 
responsabilidade perante órgão legislativo? 
Tese minoritária defendida pelo ex-Ministro Paulo Brossard: o processo tem natureza 
integralmente política, faltando jurisdição ao Poder Judiciário para conhecer de quaisquer 
questões afetas ao tema. 
Tese majoritária: o processo de impeachment tem uma dimensão política porque (i) não 
podem os órgãos do Poder Judiciário rever o mérito da decisão proferida pela Casa 
Legislativa e a (ii) a decisão não deve reverência aos rigores de objetividade e motivação que 
se impõem aos pronunciamentos judiciais (art. 93, IX). Todavia, ainda assim, cabe o controle 
judicial dos atos praticados no processo para verificar se a competência foi exercida nos seus 
legítimos limites e se não ocorre violação a direitos subjetivos
11
 (controle formal). Cabe 
também controle judicial sobre a tipicidade dos fatos objetos de imputação – verificar se 
realmente aquele fato é tipificado como crime de responsabilidade e declarar, por exemplo, a 
atipicidade da imputação (mera questão de direito).
12
 
2. A PRERROGATIVA DE FORO somente subsiste enquanto durante o mandato. 
Terminado o mandato, cessa o foro privilegiado. 
 
 
9
 São infrações político-administrativas que têm como sanção exclusiva a cassação do mandato (art. 4º, Decreto-Lei 
201/67). 
10
 O Decreto-Lei 201-67 prevê como única pena do crime de responsabilidade próprio a cassação do mandato. 
Tendo em vista o princípio da reserva legal em matéria penal (só a lei pode criar crimes e cominar penas), a opinião 
de Alexandre de MORAES de que há para tal crime do Prefeito a sanção da suspensão dos direitos políticos, além 
da perda do mandato, não pode ser aceita. MORAES, op. cit., 17. ed., p. 258. 
11
 BARROSO, Luis Roberto. Aspectos do processo de impeachment. Renúncia e exoneração de agente político. 
Tipicidade constitucional dos crimes de responsabilidade. In: Temas de direito constitucional. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2001. p. 439-440. 
12
 “Desse modo, Senhor Presidente, não excluo, por exemplo, que caiba ao Poder Judiciário a verificação da 
existência, em tese, da imputação de um crime de responsabilidade, dada a exigência constitucional, que é peculiar 
ao nosso sistema, de sua tipificação em lei, ainda que não exclua a ampla discricionariedade e a exclusividade do 
juízo do Senado na concretização dos conceitos indeterminados da definição legal típica dos crimes de 
responsabilidade.” Votodo Ministro Sepúlveda Pertence, no Mandado de Segurança 21.546-DF.

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