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BIOFÍSICA DA AUDIÇÃO Paulo Euzébio Departamento de Biofísica e Radiobiologia e-mail: pauloeuzebio03@gmail.com Biofísica da audição Funcionamento do ouvido Equilíbrio e Pressão Ondas sonoras -> sinais elétricos que podem ser interpretados pelo cérebro Ouvido externo Ouvido médio Ouvido interno ESTRUTURA Vasos, nervos, Glândulas ceruminosas e sebáceas, além de células ciliadas Martelo, bigorna e estribo + trompa de Eustáquio – janela oval Parte auditiva (vestíbulo, cóclea e canais semicirculares) Parte do equilíbrio (saco membranoso, - o utrículo- do qual partem os três canais semicirculares.) Ondas Sonoras • Uma onda mecânica é causada por uma perturbação em um meio material elástico. Tendo o meio propriedades elásticas, esse distúrbio se propaga. • Podemos dizer que uma onda sonora é gerada quando um elemento vibrador causa uma perturbação em um meio material que resulta em variações de pressão no meio ao seu redor. • Caso esse meio seja o ar, essas variações de pressão resultam na rarefação e compressão das moléculas do ar que se propagam. Uma onda sonora pode também se propagar em sólidos, líquidos e outros gases. O som trata-se de uma onda longitudinal, isto é, a perturbação que gera a onda é paralela ao sentido de propagação da onda. Uma onda sonora tem as seguintes características: Podem se superpor, podem interferir construtiva ou destrutivamente, tem amplitude, comprimento de onda λ, período (tempo necessário para onda percorrer 1 comprimento de onda), frequência (inverso do período – número de comprimentos de onda que passam em um determinado tempo por um ponto), sofrem reflexão e atenuação. Toda onda carrega uma energia que é proporcional ao quadrado da amplitude a, E a a2. Ou seja, quanto maior é a perturbação que uma onda causa no meio, mais energia ela carrega. Já a Intensidade é a energia por unidade de tempo e de área, I = (E / t.A). Ou seja, quanto maior a amplitude, maior é a intensidade dessa onda. A intensidade está relacionada com o som ser fraco ou forte. Muitos objetos preferem vibrar em determinadas frequências que são chamadas frequências naturais de vibração. Elas dependem de características do objeto, como tamanho, forma, e composição. A vibração causada em um objeto por uma onda que tem a frequência natural desse objeto é chamada ressonância. Isso resulta em um aumento na amplitude de vibração e consequentemente intensidade de vibração. Reflexão e Transmissão de Ondas Se a onda passa de um meio a outro, com diferentes características físicas, uma parte dessa sofre REFLEXÃO, enquanto que outra parte é transmitida para o meio material seguinte. O ser humano detecta dois sons que estejam separados por 0,1 segundos, ou seja, para a velocidade do som no ar (340 m/s), esse tempo representa 34 metros. Assim, se o obstáculo estiver a menos de 17 metros não detectamos a diferença entre o som que emitimos e o som que recebemos, e desse modo, o eco não acontece apesar da onda ter sido refletida. E O ECO COMO OCORRE? Converter ondas mecânicas estímulos sonoros Células receptoras Sinal elétrico interpretados pelo cérebro como potencial de ação O ouvido externo captação do som + o canal auditivo que é responsável em guiar o som à membrana timpânica. O ouvido médio é composto pelos 3 ossículos, na ordem: martelo, bigorna e estribo amplificar o som Ouvido interno transformar sinal mecânico num impulso elétrico que vai deflagrar um potencial de ação que será interpretado pelo cérebro SITE O ouvido interno, também chamado labirinto, é cheio de cavidades ósseas e dutos membranosos e pode ser dividido em duas porções principais: labirinto ósseo e labirinto membranoso. O labirinto ósseo, por sua vez, pode ser dividido em 3 áreas: vestíbulo, cóclea e canais semicirculares. Cóclea contém fluidos e as células sensoriais ciliadas Rampa vestibular (perilinfa K e Na) Rampa média (endolinfa K e Na) Rampa timpânica (perilinfa K e Na) Separados pela membrana basilar que contém o órgão de corti (conversão do sinal sonoro em elétrico.) O ouvido humano pode detectar intensidades que vão desde 10-12 W/m2 até 1 W/m2. Como o ouvido humano não apresenta uma resposta linear com a intensidade, mas sim logarítimica, definiu-se o nível de intensidade sonoro em decibel (dB) que é: dB = 10 log (I / I0), onde I é a intensidade sonora e I0 a intensidade de referência definida como a mínima intensidade capaz de ser detectada (10-12). Em decibéis esse limite está entre 0 – 120 dB, o limiar da dor está entre 140 – 160 dB. A sensibilidade do ouvido humano varia com a idade. Pessoas mais idosas têm dificuldade de ouvir frequências altas. O nível de intensidade sonoro tem que aumentar também para uma pessoa mais idosa ouvir. Uma das causas desse fato é que a perda da elasticidade das membranas do ouvido médio, que não vibram mais tão quanto vibravam. Outra causa é danificação do órgão de Corti e de suas células por exposição inadequada a ruídos. Local/Objeto Intensidade do Som em dB Ruido de uma sala de estar 40 dB Grupo de amigos conversando em tom normal 55 dB Caminhão pesado em circulação 74 dB Trios elétricos num carnaval 110 dB Tráfego em uma avenida com grande movimento e em obras com britadeiras 85 dB -> 120 dB Discoteca 130 dB Um estádio cheio de vuvuzelas 140dB INTENSIDADE DO SOM Uma pessoa ouve um som de intensidade 10-8 W/m2. Calcule o nível sonoro que a pessoa ouve, em decibel. O OUVIDO HUMANO dB = 10 log (I/Io) dB = 10 log (10 -8/10-12) dB = 10 log (104) dB = 10 x 4 dB = 40 O som é captado pela orelha e conduzido através do canal auditivo até a membrana timpânica. O som consiste de regiões de compressão e rarefação das moléculas de ar. Essas ondas sonoras podem colocar outros objetos para vibrar. A cada compressão, a pressão exercida (P = F/A) sobre a membrana timpânica é maior e isso resulta em uma força para a direita. A cada rarefação, a pressão é menor e isso resulta em uma força na membrana para a esquerda e assim a membrana timpânica vibra com a mesma frequência da onda sonora. A vibração da membrana timpânica transmite força para o martelo, que transmite para a bigorna que aciona o estribo que então pressiona a janela oval transmitindo assim a pressão para os fluidos que constituem o ouvido interno, particularmente a perlinfa. As ondas sonoras não são transmitidas facilmente do ar para o fluido, devido a reflexão nas paredes internas do ouvido e também uma atenuação no fluido. Por isso, há a necessidade de um sistema de amplificação da pressão causada pela onda sonora para se ter uma audição adequada. Essa amplificação é feita devido ao funcionamento dos 3 ossículos e também por causa da relação entre as áreas da membrana timpânica e da janela oval. O OUVIDO HUMANO A força exercida sobre a janela oval é quase 2 vezes maior que a força exercida na membrana timpânica por causa dos ossículos. FOval = 1.3 FTimp -> mas P = F/A, onde P é pressão e A é área, então: O OUVIDO HUMANO AOval = 0.032 cm2 e ATim= 0.55 cm2. Assim a relação entre as pressões se torna: POval/PTim= (1.3 FTim/AOval)/ (FTim/ATim) = (1.3 x ATim)/AOval = (1.3 x 0.55)/0.032 = 20. Ou seja, a pressão na janela oval é 20 ou 30 vezes maior que a pressãona membrana timpânica. Após atingir a janela oval então, a onda sonora se propaga pela perilinfa na cóclea até atingir as células ciliadas que ficam no órgão de Corti na membrana basilar, entre as rampas média e timpânica. Essas células transformam então esses sinais sonoros em elétricos que irão para o cérebro através do potencial de ação. O órgão de Corti possui 3 fileiras (de dentro para fora) células ciliadas internas, ciliadas externas e membrana tectórica. O movimento do som na perlinfa causa vibração na membrana basilar e com ela o órgão de Corti. Também causa um deslizamento da membrana tectórica sobre o órgão de Corti criando movimentos nos cílios das células externas que provoca movimento dos cílios das células internas que dispara a despolarização e a propagação do impulso para o cérebro. O deslocamento é causado em diferentes pontos da membrana basilar para diferentes frequência de som O deslocamento é causado em diferentes pontos da membrana basilar para diferentes frequência de som Ressonância -> Determinadas zonas da membrana basilar têm uma resposta mais acentuada em uma pequena gama de frequências, fazendo com que ela se desloque mais. SITE Sua voz gravada é diferente daquela no momento da fala? Porque isso acontece? Como a cóclea está localizada numa cavidade do osso temporal, vibrações no crânio também podem causar vibrações na perlinfa, dessa forma as pessoas também podem ouvir através da condução das vibrações do som pelos ossos. Quando uma pessoa fala, a onda sonora chega até ela por causa das vibrações do ar e também dos ossos, por isso uma pessoa não reconhece sua voz quando gravada. No ar algumas frequências baixas se perdem. O OUVIDO HUMANO O intervalo de frequências audíveis humanas vai de 20 Hz até 20000 Hz. Sendo que o ouvido tem maior sensibilidade para frequências de 2000 – 5000 Hz por causa da ressonância. Quando o ouvido é estimulado com essa faixa de freqüência que está relacionada com a sua frequência natural e por isso vibra com maior amplitude e intensidade tornando o ouvido mais sensível. • Exposição inadequada a ruídos podem gerar insônia, irritabilidade, desconforto, dor de cabeça, dores e até surdez. • O dano no ouvido pode ser causado então pela idade e também por exposição inadequada a ruídos. • Há dois tipos de dano: o condutivo relacionado às estruturas que conduzem o som e o neural que está relacionado com a cóclea e neurônios e é muito difícil de corrigir. • Para detectar danos primeiro se faz testes fazendo a pessoa ouvir sons com intensidades e frequências variadas e responder a esse estímulo, se o dano não é detectado um segundo teste é feito usando a condução óssea para avaliar se o dano é condutivo ou neural. Esse teste ósseo é feito mantendo várias frequências sonoras e intensidades através do osso do crânio. Se a resposta é normal, o problema é condutivo; caso contrário é neural. CURIOSIDADES SOBRE AUDIÇÃO • Quando o problema é condutivo pode ser solucionado pelo uso de aparelhos ou operação. A perda é considerada severa quando interfere na habilidade das pessoas entenderem conversas. Porque quando vamos a uma festa e ao sair dela temos a sensação de está com problema auditivo como se fossemos surdos? CURIOSIDADES SOBRE AUDIÇÃO Qual a sensação que temos em termos auditivos ao sair de uma boate? O ouvido médio também tem a função de proteção para sons muito intensos. Músculos ligados aos ossículos contraem quando estimulados por sons muito intensos reduzindo por um fator de 30 as forças transmitidas para a janela oval. Entretanto o tempo de reação é longo (15 ms) e isso pode não ser suficiente dependendo do tipo de som. CURIOSIDADES SOBRE AUDIÇÃO O OUVIDO E O EQUILÍBRIO • Labirinto membranoso – utrículo sáculo membranoso (ricos em células sensoriais), canais semicirculares anterior e posterior • Os movimentos são registrados pelos canais semicirculares anterior e posterior; • Esses tem no seu interior endolinfa e terminam em bolsas dilatadas chamadas ampolas, que contém em seu interior células sensoriais sob a forma de um único cílio; • Quando movemos a cabeça a endolinfa o líquido que enche os canais semicirculares derrama-se nas ampolas; • O deslocamento do líquido curva os órgãos tácteis que transmitem impulsos nervosos ao cérebro. Os sinais emitidos pelas células ciliadas não chegam somente ao cérebro, mas alguns destes alcançam diretamente os músculos do PESCOÇO, permitindo-nos manter a cabeça direita. Graças a estes reflexos, os músculos conferem estabilidade ao corpo. Os movimentos da cabeça atuam também sobre os OLHOS. Quando a cabeça roda numa direção, os músculos oculares reagem simultaneamente e o olho move-se na direção oposta para conservar uma imagem fixa. Os movimentos da cabeça são analisados pelas células ciliadas da ampola. Quando viramos a cabeça o liquido desloca-se fazendo curvar as células ciliadas, que por sua vez emitem impulsos nervosos. Quando viramos a cabeça numa direção, as células ciliadas curvam-se na direção oposta e os impulsos nervosos são modificados. O cérebro pode assim adaptar os movimentos do corpo e conservar o equilíbrio. REGULAÇÃO DA PRESSÃO Para que o ouvido médio possa funcionar da melhor maneira, é necessário que a sua pressão interna seja igual à pressão atmosférica. Se a pressão é demasiado forte ou demasiado fraca, as vibrações do tímpano são impedidas, a transmissão das ondas sonoras não é boa e a audição é fraca. A trompa de Eustáquio, que desemboca na faringe, está em contato com o ar externo através da boca e do nariz. Esta configuração permite à trompa de Eustáquio de regular a pressão entre o ouvido médio e o ar externo.
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