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Legislação e Operações Logísticas

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LEGISLAÇÃO APLICADA A LOGÍSTICA
CAPÍTULO 1 - DE QUE FORMA AS RELAÇÕES 
DE CONSUMO E DE TRABALHO IMPACTAM 
AS EMPRESAS EM SUAS OPERAÇÕES 
LOGÍSTICAS?
Francisco José Mattoso Paiva
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Introdução
Atender às necessidades dos consumidores é a razão de ser de toda empresa, que tanto mais lucros acumula,
quanto melhor for esse atendimento. Da mesma forma, para garantir um bom resultado, a empresa precisa ter
empregados engajados em seus objetivos.
Nesse sentido, os consumidores têm requisitos cada vez maiores em relação à qualidade dos produtos, prazos de
entrega, disponibilidade de informações etc. Já os empregados têm necessidades implícitas em relação ao
trabalho, tais como salário, deslocamento entre casa e trabalho, férias entre outros.
Mas de que forma as exigências dos consumidores impactam as operações da empresa? Considerando haver
diferentes interesses nessa relação, a quem cabe fazer a mediação? Como ajustar essa mediação à evolução da
natureza dessa relação de consumo? Que impactos as novas exigências trouxeram às relações entre empregador
e empregado nas empresas? Aqui entra o Direito, e suas diferentes áreas, com o objetivo de estabelecer
instrumentos capazes de regular essas relações.
Um exemplo importante desses instrumentos estabelecidos pelo Direito é o Código de Defesa do Consumidor,
que trouxe uma série de requisitos para as empresas, em relação ao suprimento de produtos ao mercado, e que
garante direitos aos consumidor. A Reforma Trabalhista também é outro instrumento que permitiu ajustar a
relação entre empregador e empregados, de forma a otimizar as operações e os resultados das empresas, sem
ferir os direitos do trabalhador, garantindo uma maior flexibilização nessa relação.
Neste capítulo você será introduzido aos principais conceitos sobre a legislação brasileira e ao direito comercial,
conhecendo como os contratos jurídicos impactam as operações logísticas de uma empresa. Você estudará
também os principais itens do Código de Defesa do Consumidor e verá como as empresas se adaptaram a essa
nova legislação. Por fim, estudará as relações trabalhistas e os impactos da última reforma nas operações das
empresas.
Bons estudos!
1.1 Introdução à legislação brasileira
A legislação aplicada em um país traz impactos a toda a sociedade, incluindo as operações das empresas, pois um
dos objetivos principais de toda lei é a de estabelecer regras que contribuam para a garantia da segurança e da
ordem nas relações sociais.
Assim, o conhecimento dos impactos da legislação sobre as operações logísticas de uma empresa passa a ter um
papel na sua operacionalização, muitas vezes chegando a inviabilizar ou limitar certas operações.
O conhecimento da legislação e da forma como o ordenamento jurídico estabelece as vigências e práticas de uma
lei são, desse modo, temas importantes para o desempenho das funções de um profissional de logística. São
sobre esses assuntos que você verá a seguir.
1.1.1 Noções de Direito
Talvez você ainda não tenha se dado conta de como o seu dia a dia é cercado por regras e normas. Ao se
locomover para o trabalho, seja por transporte público ou utilizando seu próprio veículo, você está sujeito às
normas do código de trânsito brasileiro. Já na empresa em que você trabalha, você está sujeito às regras
estabelecidas por seu contrato de trabalho. Por isso é que alguns autores definem o Direito como “a expressão da
ordem jurídica da sociedade, formada por um conjunto de normas jurídicas (leis escritas) que regulam as
relações sociais” (GLASENAPP, 2014, p. 4).
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Figura 1 - As normas jurídicas visam regular as diferentes relações em uma sociedade.
Fonte: Miguel Angel Pallardo del Rio, Shutterstock, 2018.
Mello (2008, p. 3) afirma que o Direito possui várias finalidades, entre elas, o controle social, mas também a
prevenção de conflitos de interesses, a promoção da ordem, da segurança e da justiça. Segundo o autor, “a fim de
assegurar a convivência harmônica entre os grupamentos sociais surge a necessidade de estabelecer regras de
convivência”.
Objetivando facilitar a análise e o entendimento jurídico sobre as questões internas à sociedade é que se divide o
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Objetivando facilitar a análise e o entendimento jurídico sobre as questões internas à sociedade é que se divide o
Direito Público em diferentes áreas. Mello (2008) apresenta algumas divisões para o Direito Público, clique nos
itens para conhecê-las.
• 
Direito Constitucional
Trata da organização e do funcionamento do Estado.
• 
Direito Administrativo
Trata dos órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que compõem a Administração
Pública.
• 
Direito Financeiro e Tributário
Trata das atividades financeiras.
• 
Direito Processual
Trata da convivência harmônica entre os diferentes grupos sociais.
• 
Direito Penal
Trata das sanções referentes ao descumprimento das leis penais.
• 
Direito Ambiental
Trata do controle da qualidade do meio ambiente.
• 
Direito da Criança e do Adolescente
Trata do direito à vida, à saúde, à alimentação, ao lazer, ao respeito e à liberdade das crianças e
dos adolescentes.
• 
Direito do Idoso
Trata do amparo às pessoas idosas, garantindo sua dignidade e seu bem-estar.
• 
Bioética e Biodireito
É um dos ramos mais novos do Direito, relacionados a transplante de órgãos, células-tronco,
interrupção voluntária da gravidez etc.
Observe, portanto, quão amplos são os campos de atuação do Direito e como se relacionam com as pessoas e as
empresas, regulando suas operações e seus negócios.
1.1.2 Fontes do Direito
Entende-se por fontes do Direito tudo aquilo que o origina, ou seja, a causa da norma jurídica. Mello (2008, p.
150) afirma que “quando se estuda a origem das coisas, procura-se a causa do seu nascimento, e qual o modo e a
forma em que tais coisas aparecem na realidade”, classificando-as em fontes materiais e fontes formais.
As fontes materiais podem ser entendidas como os fatores que provocam o surgimento de uma determinada
norma jurídica. Estes podem ser fatores econômicos, morais, históricos, religiosos, políticos etc.
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Figura 2 - Fatores sociais e econômicos podem ser origem de normas jurídicas.
Fonte: Sinan Niyazi KUTSOL, Shutterstock, 2018.
As fontes formais, por sua vez, podem ser entendidas como os meios pelos quais as fontes materiais são
transformadas em matéria jurídica.
Mello (2008, p. 151) classifica as fontes formais em diversos tipos. Para acompanhar quais são elas, clique nas
abas abaixo.
•
Legislativas
Sob a forma de leis, regulamentos, decretos etc., regulam as relações sociais.
•
Consuetudinárias
Se caracterizam por costumes, originários do uso e do hábito das sociedades. O costume é a fonte
mais antiga do Direito. Os povos da Antiguidade tinham seu comportamento definido pela tradição
e respeito aos costumes, já que ainda não existiam leis escritas para regular as situações.
•
Jurisprudenciais
Caracterizadas por decisões judiciárias dos tribunais a respeito de uma determinada matéria de
forma repetida e uniforme. Assim, decisões anteriores são utilizadas para tratar situações futuras.
•
Convencionais
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Convencionais
Como os contratos entre partes regulando determinadas negociações. Muitas vezes os contratos
não são considerados normas jurídicas, pois são instrumentos para regular situações específicas,
não sendo aplicáveis a um conjunto mais amplo.
•
Doutrinárias
Elaboradas a partir dos estudos de juristas a respeito de determinadas matérias, definindo,
sistematizando e classificando os conceitos e as categorias jurídicas.
As leis são talvez o principal instrumento de regulação formal, estabelecidas para regrar diferentes situações
encontradas no dia a dia das relações sociais.
Glasenapp (2014) classifica ainda as fontes do Direito em imediatas e mediatas; voluntárias e involuntárias;
estatais e não estatais. Não há, portanto, uma maneira única de categorizá-las. Muitos autores, por exemplo, não
concordam com esta classificação, entendendo que apesar de importantes, os fatores que originam as fontes do
Direito devem ser alvo de estudos por outras ciências. Para alguns estudiosos, os juristas devem considerar
como fontes do Direito “apenas os processos de produção das normas jurídicas” (REALE, 2002, p. 28 apud
GLASENAPP, 2014, p. 17).
1.1.3 Lei e o ordenamento jurídico
Considerando que uma lei tenha sido redigida para tratar de uma determinada matéria, a partir de quando ela é
válida? Lei tem validade? Até quando? Essas e outras perguntas, muitas vezes comuns, relacionam-se a itens que
compõem o chamado ordenamento jurídico.
Inicialmente, há que se considerar que uma norma jurídica, para ter os efeitos para os quais foi redigida, precisa
ter validade formal, que é uma das qualidades das normas de direito, chamada de vigência. Segundo Mello (2008,
p. 213), “as normas nascem com a promulgação da lei, de forma que a promulgação atesta a sua existência”.
Uma outra qualidade importante das normas de direito é a eficácia da lei. É necessário verificar se a lei produz os
efeitos desejados no comportamento de seus destinatários, caso contrário, não fará sentido que ela exista.
•
VOCÊ SABIA?
A Lei de Introdução ao Código Civil, Decreto Lei 4.657 (BRASIL, 1942), estabelece que ninguém
pode se utilizar da argumentação de que deixou de cumprir uma determinada lei por não
conhecê-la. Neste decreto está definido que uma vez publicada uma lei, ela passa a ser de
conhecimento de todos, não havendo a possibilidade de admitir-se prova em contrário
(MELLO, 2008).
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Figura 3 - A vigência e eficácia das leis são características do chamado ordenamento jurídico.
Fonte: Jakub Stepien, Shutterstock, 2018.
Quanto ao início da vigência da lei, Mello (2008, p. 214) afirma que, “de acordo com o artigo 1º da Lei de
Introdução ao Código Civil, salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar 45 dias após de oficialmente
publicada”. Este tempo entre a data de sua publicação e o início de sua vigência é chamado de ,vacatio legis
tempo necessário para que a lei seja conhecida e seus destinatários possam se preparar para sua aplicação.
Em relação à sua duração, desde que a lei não tenha caráter provisório em sua redação, ela terá vigência até que
seja modificada ou revogada por outra lei. No caso de caráter provisório, ela será válida pelo tempo nela definido
ou por alguma circunstância ou momento.
Uma outra característica importante, no Brasil, é que uma vez revogada, a lei não pode ser restaurada, pois o ato
de revogação faz com que a lei perca sua vigência. Da mesma forma, fatos produzidos antes da vigência da lei não
são afetados por ela. Mello (2008, p. 219) comenta que “a Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, em seu artigo 5º, inciso XXXVI, determina que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada”. Exceção a esse princípio se aplica apenas ao direito penal, quando os réus forem
VOCÊ SABIA?
Uma lei revogada no Brasil pode ainda estar vigente em Estados estrangeiros onde ela seja
admitida. Isso porque nestes Estados, a nova lei começa a vigorar somente 90 dias após a sua
publicação no Brasil. Com isso, mesmo que aqui no país uma lei já tenha sido revogada, é
possível que a mesma lei ainda esteja vigente em Estado estrangeiro, em função desse prazo
maior no exterior.
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perfeito e a coisa julgada”. Exceção a esse princípio se aplica apenas ao direito penal, quando os réus forem
beneficiados pelas novas disposições, ou quando forem leis abolitivas, como foi o caso da lei promulgada para a
abolição da escravatura no Brasil.
Como podemos observar, ao trazer novas disposições sobre os temas tratados, as leis podem produzir vários
efeitos nas operações logísticas de uma empresa. O conhecimento desses impactos é fundamental para o correto
uso de práticas que não venham a produzir danos ao negócio. O gestor possui, então, um papel importante na
garantia da correta aplicação da lei em sua área de atuação, devendo, sempre que houver dúvida, buscar
embasamento jurídico para a adoção das práticas que julgar necessárias.
1.2 Introdução ao Direito Empresarial
Desde a Antiguidade até os nossos dias, as relações comerciais sempre fizeram parte das sociedades, seja apenas
a venda de excedentes ou a produção específica para venda ao consumidor. Para regular essas operações foi que
se desenvolveu o Direito Comercial, que veio se adequando às diferentes modalidades de negócios.
Instrumento de grande importância nessas operações, os contratos comerciais definem os direitos e as
obrigações das partes envolvidas na operação, seja no comércio interno (quando as partes são de um mesmo
país) ou no comércio internacional, onde outras definições como a língua do contrato passam a ser também
críticas.
Como as operações logísticas envolvem diferentes atividades, os contratos têm uma grande importância,
principalmente se considerarmos as situações envolvendo operadores logísticos, em que há necessidade de
serem estabelecidas cláusulas específicas, como as de sigilo, por exemplo.
A seguir, você irá conhecer uma abordagem sobre o Direito Comercial e, depois, verá, com detalhes, aspectos
referentes aos instrumentos contratuais.
1.2.1 Direito Comercial aplicado à logística
Hoje, quando você precisa adquirir algum bem ou serviço, em geral, busca no mercado uma empresa que ofereça
o que você precisa, realiza a compra, recebe o produto e o utiliza conforme a sua necessidade. Mas será que esse
fluxo de operações sempre foi assim?
Na Antiguidade, era muito comum que as necessidades individuais fossem supridas a partir de bens produzidos
pelo próprio indivíduo, seja pela agricultura ou por meio do trabalho manual. Muitos, com a especialização de
sua produção, acabaram por também oferecer o excedente à comunidade, surgindo aí as primeiras negociações
de produtos.
Com o tempo, alguns povos perceberam a possibilidade de produzir especificamente para comercializar, o que
gerou novas atividades econômicas e, consequentemente, a necessidade de serem estabelecidas formas de
controle que garantissem a adequada negociação.
Coelho (2014) comenta a evolução desses instrumentos, citando que no início do século XIX, Napoleão
Bonaparte patrocinou a criação de um documento visando regular as relações comerciais em seus domínios, o
chamado Código Comercial (1808). No Brasil, essa regulação se deu, pela primeira vez, por meio do Código
Comercial de 1851, tendo grande parte desse instrumento sido revogado com a entrada em vigor do Código Civil
em 2002.
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Para Niaradi (2008, p. 2), “o novo Código Civil (Lei 10.406/2002) conferiu tratamento destacado à empresa. A
fusão de institutos do Direito Comercial e do Direito Civil atualizou a matéria, que antes vinha sendo regulada em
um antiquado diploma legal”.
Coelho (2014, p. 28) cita que “No Brasil, a autonomia do Direito Comercial é referida até mesmo na Constituição
Federal, que, aolistar as matérias da competência legislativa privativa da União, menciona ‘direito civil’ em
separado de ‘comercial’ (CF, art. 22, I)”.
De que forma o Direito Comercial se relaciona com a logística de uma empresa? Clique nas setas abaixo e confira
a resposta para esse questionamento.
Estando claro que a logística é uma ferramenta de comércio, que permite à empresa o adequado atendimento
aos seus clientes, é natural que as diretrizes do Código Civil sejam aplicáveis às suas operações.
Deve-se também ter em mente que, nas relações comerciais, há distintos interesses entre as partes. Imagine, por
exemplo, uma transação comercial envolvendo uma concessionária de energia e um cliente. Para o cliente, o
resultado desejado dessa transação é que ele seja suprido de energia elétrica a um custo adequado.
Para a empresa, quanto mais o cliente consumir, e consequentemente pagar pelo serviço, melhor será seu
resultado. Para a sociedade, o mais importante é que esse fornecimento de energia seja feito de forma
sustentável ao meio ambiente. Com isso, se torna necessária a existência de mecanismos que regulem essa
negociação, de forma que todos esses interesses, muitas vezes conflitantes, sejam atendidos adequadamente.
1.2.2 Noções de contratos jurídicos
Toda e qualquer atividade empresarial, incluindo as operações logísticas de uma empresa, requer a celebração
de contratos, seja para o financiamento de valores (contratos com bancos), para o suprimento de matéria-prima
(contratos com fornecedores), para entrega do produto (contrato com transportadores) ou mesmo suprimento
de produtos (contratos com clientes).
Coelho (2014) comenta que os contratos contraídos por uma empresa podem estar sujeitos a cinco regimes
jurídicos diferentes. Conheça quais são eles, clicando nas abas abaixo.
Administrativo
Quando envolve contratação com o Poder Público ou concessionária de serviços.
Do trabalho
Quando envolve a contratação de empregados.
Do consumidor
Quando envolve consumidor ou figura análoga, estando, nesse caso, sujeito ao Código de Defesa do Consumidor.
Comercial
Quando celebrado entre empresários.
Civil
Demais casos, sendo regido pelo Código Civil ou legislação específica.
Segundo Coelho (2014), além disso, quando o contrato envolve dois empresários, trata-se de um contrato
VOCÊ O CONHECE?
Napoleão Bonaparte chegou à posição de imperador em talvez um dos períodos mais
conturbados da história. No entanto, após a Revolução Francesa, tomou medidas importantes
para a reconstrução do Estado, entre elas a criação de um novo código penal e civil. Satisfeito, o
povo francês aprovou a reinstituição da monarquia, tendo Napoleão Bonaparte como seu
Imperador (LBF, 2018).
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Segundo Coelho (2014), além disso, quando o contrato envolve dois empresários, trata-se de um contrato
mercantil, que pode estar regido pelo Código Civil, quando as duas partes são iguais em relação à sua condição
econômica, ou pelo Código de Defesa do Consumidor, se houver desigualdade da situação entre os contratantes.
É importante considerar que todo contrato gera obrigações. De acordo com Coelho (2014, p. 244), “a ninguém é
possível liberar-se, por sua própria e exclusiva vontade, de uma obrigação assumida em contrato”. Por esse
motivo, é muito importante que o contrato estabeleça todos os requisitos necessários à atividade a que ele se
relaciona.
Existem, no entanto, situações que podem impactar as empresas no atendimento aos contratos por ela firmados.
Se houver, por exemplo, uma alteração em sua situação econômica, de forma imprevisível e independente de sua
vontade, que possa tornar o contrato demasiadamente oneroso para a empresa, é possível rever as condições em
que esse contrato foi estabelecido.
Especial atenção deve ser dada à celebração de contratos internacionais entre empresas, pois devem ser
estabelecidos o lugar e a língua com que o instrumento será elaborado. Nesse último caso, Coelho (2014)
comenta que tanto pode o instrumento ser celebrado nas línguas de ambas as partes envolvidas, como ser
selecionada uma língua única para interpretação do contrato.
Figura 4 - Contratos internacionais requerem parâmetros específicos que possam ser aceitos entre as partes 
envolvidas na negociação.
Fonte: EM Karuna, Shutterstock, 2018.
Além disso, para se definir os direitos e as obrigações das partes nos contratos internacionais, no que se refere às
responsabilidades sobre entrega da mercadoria e o pagamento de fretes e seguros, a Câmara Internacional de
Comércio (CCI) padronizou algumas modalidades por meio do Incoterms (International Commercial Terms).
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É muito importante que sejam estabelecidos padrões nas negociações internacionais, de forma que os países
possam operar com mais facilidade nos diferentes mercados mundiais.
1.2.3 Importância da contratação nas operações logísticas
As operações logísticas de uma empresa, por envolverem diferentes atividades de negócio, estão
intrinsecamente relacionadas à celebração de contratos.
Os operadores logísticos desempenham, hoje, uma importante função na logística de algumas empresas. Para
Nogueira (2018, p. 97), o operador logístico “é o prestador de serviços logísticos que tem competência
reconhecida em atividades logísticas, desempenhando funções que podem englobar todo o processo logístico de
uma empresa-cliente, ou somente parte dele”.
Figura 5 - Os contratos são ferramentas importantes para a logística de uma empresa, pois muitas operações são 
VOCÊ QUER LER?
Os Incoterms são essenciais para o dia a dia da negociação no mercado internacional. Eles são
utilizados mundialmente, incorporados os contratos de exportadores, importadores,
seguradoras, , transportadoras etc. Visite o site do Santander TradePortal e aprofundetraders
seus conhecimentos sobre os Incoterms e de que forma eles são aplicados às negociações
internacionais: <https://pt.portal.santandertrade.com/expedicoes-internacionais/incoterms-
>.2010
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Figura 5 - Os contratos são ferramentas importantes para a logística de uma empresa, pois muitas operações são 
realizadas por terceiros.
Fonte: Stokkete, Shutterstock, 2018.
No fechamento de um contrato em logística deve-se dar atenção a diversos fatores. Veja, com atenção, quais são
eles, clicando nos itens abaixo.
Responsabilidades
entre as partes
Devem ser estabelecidos, em detalhes, quais são as responsabilidades de cada um dos
envolvidos nas operações contratadas, de modo que possam ser cobrados os resultados
esperados de cada um.
Indicadores de
acompanhamento
Devem ser definidos indicadores de acompanhamento dos contratos, estabelecendo-se
metas a serem atingidas no todo ou em parte.
Cláusulas de
confidencialidade
Devem ser definidas cláusulas de sigilo do negócio, principalmente se considerarmos que
muitas vezes uma empresa pode ser contratada por outras empresas diferentes, inclusive
concorrentes de mercado.
Pagamentos e
ressarcimentos
Assim como o contrato deve prever o valor ajustado para o serviço prestado,
estabelecendo formas e prazos de pagamento, devem também ser previstos mecanismos
de ressarcimento para os casos em que houver algum dano econômico a alguma das
partes que tenha sido ocasionado pela outra.
Muitas vezes, uma empresa pode optar por ela mesma realizar determinada operação, pelo fato de que a
contratação poderia expô-la a riscos que ela não pretenderia ou não poderia assumir.
1.3 Direito do consumidor e os serviços logísticos
Nem sempre, nas relações entre consumidores e fornecedores de produtos e serviços, os consumidores tiveram
seus direitos considerados e os fornecedores sepreocuparam em garantir um atendimento que atendesse a
todas as suas expectativas.
Essa relação, no entanto, sofreu grandes alterações na medida em que situações de crise se instalaram e as
fábricas começaram a ter a necessidade de manter seus clientes, sob pena de mergulharem no ostracismo ou até
mesmo de desaparecerem do mercado.
No Brasil, a Assembleia Constituinte de 1988 estabeleceu, na Constituição Federal, a necessidade de criação de
um instrumento que garantisse ao consumidor seus direitos nas relações de consumo. A importância do papel do
consumidor e os impactos dos requisitos do Código de Defesa do Consumidor, principalmente no que se refere à
devolução de produtos, são itens que você conhecerá a seguir.
VOCÊ QUER LER?
Quando você entra em uma loja de , imagina como os produtos que você consome fast-food
chegam até as lojas? Sabia que uma empresa americana é a responsável por abastecer as
lanchonetes de muitas destas empresas a partir das respectivas fábricas? Conheça um pouco
sobre esta empresa, a Martin-Brower, lendo o artigo da revista Exame (VAZ, 2012). Disponível
em: <https://exame.abril.com.br/negocios/mcdonald-s-bob-s-subway-como-elas-alimentam-
>.a-martin-brower/
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1.3.1 O papel do consumidor nas relações de consumo
O Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), em seu artigo 2º, define o consumidor como “(...) toda
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
O consumidor exerce um papel muito importante nas relações de consumo, pois ele é o objetivo fim da empresa.
De que adianta uma empresa produzir, se não atender às necessidades do consumidor? Essa relação, no entanto,
nem sempre foi assim. A célebre frase de Henry Ford – “o cliente pode ter um carro pintado com a cor que
desejar, contanto que seja preto” (SZEZERBICKI et al., 2004) –, deixa bem clara como era vista a relação de
consumo com o cliente na era da produção em massa.
Figura 6 - Hoje o consumidor tem destaque na relação comercial com o fornecedor e tem seus direitos 
garantidos por meio de instrumentos jurídicos.
Fonte: Syda Productions, Shutterstock, 2018.
Fique atento, pois clicando nas setas abaixo, você aprenderá sobre a crise do petróleo.
Machado e Frontini (2013) comentam que a crise do petróleo, que acabou com o chamado milagre econômico
do Governo Médici, na década de 1970, provocou uma série de transformações econômicas e políticas. Essas
transformações levaram ao crescimento dos movimentos sociais e culminaram com a Constituição de 1988, que
destacou “a obrigação estatal de promover a defesa do consumidor (...) e a previsão de ser elaborado um Código
de Defesa do Consumidor” (MACHADO; FRONTINI, 2013, p. XXIII), finalmente transformado em lei no dia 11 de
março de 1991.
Nessa época, fortificava-se a ideia de , considerando que as empresas precisavamdefesa do consumidor
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Nessa época, fortificava-se a ideia de , considerando que as empresas precisavamdefesa do consumidor
estabelecer mecanismos que assegurassem que eventuais danos causados aos consumidores, por seus produtos,
deveriam ser evitados ou ter uma rápida solução.
Frente à globalização dos mercados, à necessidade de redução da participação do Estado e ao aumento da
participação do setor privado, empresas externas passaram a comercializar produtos no Brasil, tendo sido
criadas as agências reguladoras com o objetivo de guardar os direitos dos consumidores face a esses novos
atores.
Com a crise econômica do modelo capitalista, no Brasil e no mundo, o consumidor passou a ocupar um papel
ainda maior. Para que as economias possam sobreviver, é necessário impulsionar o consumo, o que acaba por
trazer uma maior necessidade de mecanismos de controle, garantindo ao consumidor os direitos que lhe são
devidos. Além disso, outras formas de relação de consumo foram incorporadas, como o comércio digital,
trazendo novas necessidades e garantias a quem consumir produtos por tal meio.
1.3.2 Código de Defesa do Consumidor
Código de Defesa do Consumidor é um documento de grande abrangência. Dividido em grupos de artigos, trata
dos direitos dos consumidores, das infrações penais, da defesa do consumidor em juízo, do sistema nacional de
defesa do consumidor e da convenção coletiva de consumo. Serão apresentados, a seguir, os principais artigos do
Código, mas enquanto consumidores, é importante que o tenhamos como referência em todas as relações de
consumo das quais participarmos.
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Figura 7 - A Constituição Brasileira de 1988 definiu a necessidade de criação de um documento específico para a 
defesa do consumidor.
Fonte: Lisa S., Shutterstock, 2018.
O primeiro conjunto de artigos (Título I) trata dos direitos dos consumidores. Machado e Frontini (2013)
comentam sobre a importância de ser bem definida a relação entre consumidor e fornecedor, definindo esses
papéis, além do que seja produto, apresentado como “qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”
(MACHADO; FRONTINI, 2013, p. 5).
A política nacional de relação de consumo tem um destaque especial, ressaltando o respeito à dignidade, saúde e
segurança do consumidor e a transparência e harmonia nas relações de consumo.
Os direitos básicos do consumidor são também tratados nesses artigos. Confira quais são eles, clicando nos itens
a seguir.
• 
Proteção da vida, saúde e segurança contra riscos provocados por práticas no fornecimento de
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos.
• 
A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, assegurando a
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações.
• 
A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com as devidas
•
•
•
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A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com as devidas
especificações e indicações dos riscos associados ao seu uso.
• 
Proteção contra publicidade enganosa ou abusiva.
• 
Modificações de cláusulas contratuais que possam torná-las excessivamente onerosas.
• 
Prevenção e reparação de danos materiais e morais ao indivíduo ou ao coletivo.
• 
Facilitação da defesa e acesso aos órgãos públicos e administrativos com vistas à prevenção ou
reparação de erros.
• 
Prestação eficaz dos serviços públicos em geral.
O segundo conjunto de artigos (Título II) trata das infrações penais, estabelecendo as penas para uma série de
infrações, tais como a omissão ou falta de informação sobre a nocividade do produto; a afirmação falsa ou
enganosa a respeito de características, qualidade ou segurança de uso dos produtos; a propaganda enganosa; a
ameaça ao consumidor nos casos de cobrança de dívidas; entre outras.
Figura 8 - O Código de Defesa do Consumidor estabeleceu sanções para diferentes situações, tais como falta de 
informação sobre características e validade dos produtos.
Fonte: Light And Dark Studio, Shutterstock, 2018.
O Título I e o Título II tratam, portanto, das principais questões referentes à defesa do consumidor nas relações
de consumo. Os títulos seguintes, por sua vez, tratam dos mecanismos de defesa em juízo (ações individuais ou
coletivas), do sistema nacional de defesa do consumidor (órgãos municipais, estatuais e federais que o integram)
•
•
•
•
•
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coletivas), do sistema nacional de defesa do consumidor (órgãos municipais, estatuais e federais que o integram)
e da convenção coletiva de consumo, que aborda especificamente a solução de conflitos coletivos entre
consumidores e fornecedores, por meio de entidades civis ou associações.
1.3.3 Devolução de produtos e seus impactos nas operações logísticas
O advento do Código de Defesa do Consumidor trouxe algumas exigências quanto à devolução de produtos, que
acabaram promovendo alterações nas operações logísticas das empresas. Os fornecedores passaram a ser
obrigados também a informar, nos rótulos dos produtos,toda e qualquer característica que possa comprometer
o seu uso pelo consumidor. Essas exigências promoveram necessidade de revisão de embalagens, formas de
exposição do produto, entre outras questões.
Quanto ao direito à devolução do produto, Ballou (2007, p. 45) argumenta que nas empresas o “fluxo passou a
incluir o movimento reverso no canal de suprimento, ou a logística reversa”. Nesse sentido, o direito do
consumidor em ter o produto devolvido no caso de vício, ou mesmo por desistência da compra, fez com que as
empresas passassem a planejar não apenas o fluxo de entrega, mas também o fluxo contrário, pois nem sempre
são utilizados os mesmos canais de entrega para que seja realizada a devolução de um produto.
Agora, assista ao vídeo abaixo e conheça mais sobre o impacto do Código de Defesa do Consumidor, ao
estabelecer o direito de devolução do produto nas operações logísticas de uma empresa.
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1545319440&entry_id=1_0ogk8wq3
O artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor ressalta que “o consumidor pode desistir do contrato no prazo
de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato do recebimento do produto ou serviço”. Além disso, caso o
consumidor exerça esse direito de devolução, o fornecedor deverá ressarcir imediatamente os valores pagos
além de todo e qualquer frete pago pelo consumidor, incluindo o relativo à devolução do produto.
Em relação às informações constantes nos rótulos, as empresas passaram a ser obrigadas a informar tudo o que
possa comprometer o uso do produto pelos clientes e isso trouxe a necessidade, em muitas delas, de rever a
forma da embalagem e os meios de armazenamento do produto até o momento da compra. Passou a ser
obrigatório, por exemplo, a informação sobre a validade do produto.
1.4 Consolidação das leis trabalhistas
Desde a Antiguidade até os dias de hoje, várias foram as alterações ocorridas nas relações de trabalho entre
empregados e empregadores. Essas alterações foram necessárias para ajustar tal relação às realidades sociais
vigentes em cada época.
No Brasil, em 2017, houve uma Reforma Trabalhista que provocou uma série de alterações nas relações de
VOCÊ QUER VER?
Quando você compra um equipamento eletrônico, como um aparelho celular, sabe como
proceder quando precisar substituir esse aparelho por outro? O que você faria com o produto
antigo e usado? Por meio da Logística Reversa é possível reaproveitar os elementos utilizados
na produção do celular, e isso é uma responsabilidade das fábricas e vendedores. Veja uma
matéria a respeito desse assunto no Jornal Futura (2014), disponível em <https://www.
>.youtube.com/watch?time_continue=15&v=jCXEqrRDGz4
- -18
No Brasil, em 2017, houve uma Reforma Trabalhista que provocou uma série de alterações nas relações de
trabalho, basicamente provocando uma maior flexibilização, permitindo a ambas as partes uma negociação mais
individualizada que permita atender às particularidades de cada área de atuação, sem que haja no país uma
regra única aplicada a todos os negócios.
Nos tópicos seguintes você irá estudar como as relações de trabalho evoluíram no Brasil e no mundo, quais são
as obrigações existentes entre empregadores e empregados e quais foram as principais alterações introduzidas,
no Brasil, pela Reforma Trabalhista de 2017.
1.4.1 A evolução das relações de trabalho
Na Antiguidade, o que mais importava para o homem era sua capacidade intelectual. O trabalho físico, que cabia
basicamente aos escravos, era visto de forma depreciativa. Os primeiros movimentos de organização de
trabalhadores começaram na Idade Média. Como a relação entre os senhores feudais e os artesãos não era
igualitária, estes começaram a se reunir em Corporações de Ofícios para “se verem livres do jugo do senhor
feudal” (RAMALHO, 2016).
A Revolução Industrial acentuou essa desigualdade, pois com o aumento da produção e dos lucros das fábricas,
ocorreu a concentração da riqueza nas mãos de alguns em detrimento dos trabalhadores, que continuavam a ser
explorados, sem reconhecimento tanto financeiro como de seus direitos.
Conheça, clicando nas abas abaixo, mais sobre as relações trabalhistas no Brasil.
Desde 1988
No Brasil, se faz referência ao início das relações de trabalho com a Abolição da Escravatura em 1888. A
imigração de europeus, principalmente espanhóis, italianos e portugueses, também contribuiu para acelerar
esse processo, na medida em que para estes, já havia discussões, na Europa, a respeito dos direitos básicos do
trabalhador.
Impactos
Hunold Lara (1998, p. 27) cita que “a historiografia da transição postula a tese da ‘substituição’ do escravo pelo
trabalho livre; com o negro escravo desaparecendo da história, sendo substituído pelo imigrante europeu”.
Castro (2013) comenta que apesar de ser considerada uma evolução, essa situação acabou por trazer impactos à
VOCÊ QUER VER?
Charles Chaplin escreveu, dirigiu e protagonizou o filme intitulado (1936).Tempos Modernos
No filme fica claro de que forma a produção em massa acentuou a diferença entre patrões e
empregados, já que a mão de obra era de baixa qualidade e praticamente sem direito algum.
Assista a um trecho célebre deste filme em <https://www.youtube.com/watch?
>.time_continue=63&v=Gi9zUU3FsdU
- -19
trabalho livre; com o negro escravo desaparecendo da história, sendo substituído pelo imigrante europeu”.
Castro (2013) comenta que apesar de ser considerada uma evolução, essa situação acabou por trazer impactos à
sociedade na medida em que acarretou um aumento da demanda por mão de obra, sendo que não havia trabalho
para todos.
CF/1934
A promulgação da Constituição Federal de 1934 é considerada um marco na especificação dos direitos
trabalhistas por ser a primeira constituição a ter regras específicas para temas como salário mínimo, jornada de
trabalho de oito horas, férias, repouso semanal, entre outros direitos (CASTRO, 2013).
CLT
Já a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi, segundo Castro (2013), a forma encontrada para sistematizar e
reunir as leis que tratavam do Direito do Trabalho. Esta lei foi criada em 01 de maio de 1943 por meio do
Decreto Lei 5.452 (BRASIL, 1943).
CF/1946
Na Constituição de 1946, por sua vez, foram estabelecidos o direito de greve e a participação dos empregados
nos lucros das empresas, sendo considerada a constituição mais democrática sob a ótica do trabalhador
(CASTRO, 2013).
CF/1988
Por fim, a Constituição de 1988 estabeleceu uma nova relação entre os sindicatos e o Estado, permitindo a livre
criação de sindicatos, sem a necessidade de autorização prévia do Estado (CASTRO, 2013).
A partir desse breve histórico, você pôde perceber que, à medida que as sociedades vão se organizando, novas
relações são estabelecidas entre empregado e empregador, decorrendo, então, na necessidade de tais relações
serem reguladas por meio de novos instrumentos.
1.4.2 As interações e obrigações entre empregado e empregador
Para que uma empresa possa atingir seu objetivo maior, isto é, obter receita a partir da venda de seus produtos,
é necessária a contratação de pessoas (direta ou indiretamente) para o exercício de diferentes funções no
negócio, de forma que juntos levem a empresa ao êxito em seus resultados.
Figura 9 - As relações de trabalho geram obrigações mútuas entre empresários e empregados.
Fonte: Phovoir, Shutterstock, 2018.
Coelho (2014) argumenta que quando uma pessoa entra em uma loja e se dirige a um funcionário uniformizado,
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Coelho (2014) argumenta que quando uma pessoa entra em uma loja e se dirige a um funcionário uniformizado,
o dono daquele comércio está sendo contratualmente responsabilizado. As informações prestadas pelo
empregado, bem como os compromissos assumidos por ele diante do cliente, criam obrigações para o
empresário,na medida em que o funcionário é um seu. Mas o que é um preposto? Coelho (2014, p. 27)preposto
explica o conceito ao afirmar que, “para efeito do direito das obrigações, esses trabalhadores, independente da
natureza do vínculo contratual mantido com o empresário, são chamados prepostos”.
Esse conceito é muito importante pois demonstra que há um grau de responsabilidade do empresário em
relação ao seu preposto, sendo necessário que este tenha condições de dar as respostas adequadas aos
questionamentos dos clientes, bem como assumir compromissos os quais a empresa possa cumprir. Para isso, o
empresário deve fornecer capacitação adequada ao funcionário, bem como as ferramentas para que ele possa
desempenhar suas funções no momento do contato com os clientes.
Por outro lado, o preposto (ou empregado) também tem uma série de obrigações com seu empregador. Coelho
(2014) argumenta que eles respondem por seus atos perante o empresário, devendo indenizar ou responder
perante o titular da empresa se agirem com culpa ou dolo.
Observe o seguinte relato que ilustra uma situação envolvendo empregador e empregado no atendimento a um
cliente.
É possível que você já tenha vivenciado situação igual ou similar a essa. A partir desse exemplo, fica claro que a
responsabilidade pela montagem do produto, mesmo tendo sido prestado por um preposto do fornecedor, é de
inteira responsabilidade deste que, inclusive, teve que arcar com os custos decorrentes da falha na montagem.
Coelho (2014) ressalta que dois prepostos têm atuação referenciada especificamente pelo Código Civil. O
primeiro é o gerente, que é um funcionário com funções de chefia, e o outro é o contabilista, que é o encarregado
pelo trabalho em um determinado estabelecimento da empresa. Entre essas funções há algumas
particularidades: enquanto o gerente pode ser uma função opcional, a do contabilista é obrigatória. Da mesma
forma, qualquer pessoa pode ocupar uma função gerencial, enquanto que para o contabilista é requerida
formação específica.
CASO
Um cliente realizou a compra de móveis de cozinha em um ponto de venda de um fabricante,
sendo estabelecido, nesta compra, que os móveis seriam entregues montados na residência do
cliente, dentro de um prazo estabelecido no momento da compra.
No prazo acordado, foi feita entrega do produto, tendo o fornecedor informado que seria
enviado um montador para efetuar a montagem do móvel, conforme fora acertado.
Como o negócio principal da fábrica é produzir os móveis, o serviço de montagem é
terceirizado junto a montadores do mercado, que são treinados pelo fornecedor para a
realização do serviço.
No dia combinado, o montador foi à residência do cliente, mas como não estava muito seguro
sobre como montar os móveis, cometeu alguns erros que acabaram por danificar partes dos
móveis.
Insatisfeito com o serviço, o consumidor fez contato com o representante da loja, que ciente da
situação e após análise no local da montagem, teve que solicitar a reposição das peças que
foram danificadas bem como contratar novo montador, já que o consumidor estava insatisfeito
com o serviço prestado pelo primeiro profissional.
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1.4.3 O que mudou na reforma trabalhista
A Reforma Trabalhista entrou em vigor em novembro de 2017 e trouxe uma série de possibilidades ao
empregador. Para José Carlos Wahle, mentor da Endeavor, “a principal mudança diz respeito à flexibilização, ou
seja, à possibilidade de negociar novas condições de trabalho com o funcionário, sem ter que usar um único
modelo de contrato” (ENDEAVOR BRASIL, 2017). Dessa forma, a Reforma Trabalhista corrigiu uma distorção
que era a consideração de que todos os negócios são iguais e que, por conseguinte, deveriam estar submetidos às
mesmas regras.
Figura 10 - A Reforma Trabalhista teve como objetivo a flexibilização das relações de trabalho, entendendo as 
particularidades entre os negócios das empresas.
Fonte: Ralf Kleemann, Shutterstock, 2018.
A Endeavor Brasil relaciona os principais pontos de mudança na Reforma Trabalhista. Para conhecê-los, clique
nas abas abaixo.
Horas extras
Não é mais considerada hora extra o tempo que o empregado ficar na empresa por interesse próprio (estudo,
alimentação, relacionamento pessoal etc.), permitindo ao empregador que não pague essas horas não
trabalhadas.
Banco de horas
Tanto o banco de horas como a compensação de horas extras passam a ser feitas a partir de negociação
individual (não mais por meio do sindicato).
Terceirização
Passa a ser permitida a terceirização de qualquer atividade da empresa, incluindo sua atividade principal,
assegurando-se aos terceirizados os mesmos direitos dos empregados da empresa contratante.
Trabalho remoto
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Trabalho remoto
Apesar de já permitido, o trabalho remoto ( ) agora tem asseguradas as responsabilidades dohome office
empregador, inclusive em relação a acidentes de trabalho.
Prevalência do acordado sobre o legislado
Acordos e convenções se sobrepõem à lei, exceto quando extinguirem direitos básicos do trabalhador
assegurados na Constituição ou Legislação Trabalhista.
Remuneração
Discriminadas as rubricas que não são incorporadas ao salário do trabalhador (ajuda de custo, alimentação,
viagens, prêmios etc.).
Contribuição sindical
As contribuições aos sindicatos passam a ser voluntárias, mediante autorização do empregado.
Demissão em massa
Não há necessidade de autorização prévia da entidade sindical ou celebração de acordo coletivo sobre o assunto.
Como se pode observar, o objetivo da Reforma Trabalhista foi permitir a flexibilização e customização das
cláusulas às situações particulares dos negócios. Para José Carlos Wahle, “flexibilizar, nesse caso, não implica
perda de direitos. O que muda é como isso será definido” (ENDEAVOR BRASIL, 2017).
Por se tratar de uma reforma muito recente, contudo, maiores estudos ainda são necessários para que seja
possível dizer se os ajustes feitos beneficiam mais alguma das partes envolvidas na negociação do contrato de
trabalho, ou se para ambas tal ferramenta se mostra benéfica.
Síntese
Em virtude das mudanças que ocorrem nas relações de consumo e trabalho ao longo dos anos, e uma vez que
consumidores, empregados e empregadores querem se beneficiar de diferentes formas nessas relações, diversas
ferramentas acabam se tornando necessárias e, por vezes, precisam ser atualizadas para mediar os interesses de
cada ator envolvido no processo. Conforme vimos, é o Direito que acaba por exercer a importante função de
definir mecanismos reguladores que estabelecem os direitos e as obrigações entre as partes.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• aprender que os contratos mercantis são ferramentas fundamentais para estabelecer as regras nas 
operações de compra e venda, tanto dentro de um país, como fora dele. Por meio dos contratos, as partes 
resguardam seus interesses e podem operar sabendo que estão por eles garantidas;
• compreender que os consumidores contam com um grande instrumento nas negociações com as 
empresas na medida em que o Código de Defesa do Consumidor, no Brasil, estabelece os direitos e 
deveres entre as partes, em toda e qualquer negociação, inclusive aquelas realizadas por meios digitais;
• conhecer a Reforma Trabalhista, ferramenta por meio da qual empregadores e empregados puderam 
flexibilizar as regras desse relacionamento, permitindo às empresas se adaptarem às necessidades de 
seus negócios, sem ferir os direitos dos trabalhadores.
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	Introdução
	1.1 Introdução à legislação brasileira
	1.1.1 Noções de Direito
	1.1.2 Fontes do Direito
	Legislativas
	Consuetudinárias
	Jurisprudenciais
	Convencionais
	Doutrinárias
	1.1.3 Lei e o ordenamento jurídico
	1.2 Introdução ao Direito Empresarial
	1.2.1 Direito Comercial aplicado à logística
	1.2.2 Noções de contratos jurídicos
	1.2.3 Importância da contratação nas operações logísticas
	1.3 Direito do consumidor e os serviços logísticos
	1.3.1 O papel do consumidor nas relações de consumo
	1.3.2 Código de Defesa do Consumidor
	1.3.3 Devolução de produtos e seus impactos nas operações logísticas
	1.4 Consolidação das leis trabalhistas
	1.4.1 A evolução das relações de trabalho
	Desde 1988
	Impactos
	CF/1934
	CLT
	CF/1946
	CF/1988
	1.4.2 As interações e obrigações entre empregado e empregador
	1.4.3 O que mudou na reforma trabalhista
	Síntese
	Bibliografia

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