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Aquisição da Escrita

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Aquisição da 
Linguagem e Escrita
2/112
Aquisição da Linguagem e Escrita
Autora: Nancy Capretz Batista da Silva
Como citar este documento: SILVA, Nancy Capretz Batista da. Aquisição da Linguagem e Escrita. 
Valinhos: 2015.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Pensamento e Linguagem 05
Assista a suas aulas 24
Unidade 2: Linguagem Escrita e Linguagem Oral 33
Assista a suas aulas 52
Unidade 3: Comunicação e Linguagem 61
Assista a suas aulas 78
Unidade 4: Metodologia e Didática: Competências Linguísticas e Ensino 87
Assista a suas aulas 103
2/112
3/112
Apresentação da Disciplina
Caro(a) aluno(a),
A disciplina “Aquisição da Linguagem 
e Escrita” apresenta um importante 
corpo de conhecimento para o aluno de 
Psicopedagogia Institucional enquanto 
fundamentação para suas atuações no 
processo de aprendizagem junto aos 
sujeitos envolvidos no seu contexto de 
trabalho.
Embora haja ênfase nos primeiros anos 
de desenvolvimento humano para 
entendimento do processo em questão, 
a partir do que será discutido sobre 
desenvolvimento do pensamento e da 
linguagem no ser humano, construção 
da linguagem escrita e oral, criatividade 
comunicativa e a expressão através da fala, 
da escrita e da leitura e aquisição e ensino 
de competências linguísticas, você poderá 
compreender de forma mais aprofundada 
características de uma população dita 
como letrada. Verá que a maturação 
biológica apresenta constante interação 
com o ambiente, mas é justamente no 
ambiente que se pode atuar de forma 
eficaz para contribuir na aquisição bem-
sucedida e no desenvolvimento do uso 
da linguagem oral e, principalmente, da 
linguagem escrita.
Verá também que a linguagem é 
diretamente relacionada aos processos 
psicológicos e cognitivos, havendo 
um importante debate no que se 
refere ao pensamento. Além disso, 
as interações sociais são postas em 
destaque, contribuindo para que além da 
4/112
observação da diversidade de falantes e 
escreventes, atente-se ainda ao contexto 
político, social, econômico, entre outros 
subjacentes ao ato de se comunicar. Neste 
sentido, quais as competências linguísticas 
necessárias para ensinar de forma 
apropriada a língua? Essas competências 
estão presentes nas escolas?
5/112
Unidade 1
Pensamento e Linguagem
Objetivos
1. Qual a relação entre o que se pensa e o que se diz? Pensamento é uma linguagem sem 
voz? Linguagem e pensamento desenvolvem-se juntos ou um deriva do outro?
2. Estas e algumas outras questões acerca do desenvolvimento do pensamento 
e da linguagem no ser humano têm sido objeto de estudo de muitos teóricos, 
havendo tradicionalmente uma preocupação com estas questões na Psicologia e na 
psicolinguística.
3. Por isso, esta primeira aula sobre aquisição da linguagem e da escrita irá abarcar 
o desenvolvimento do pensamento e da linguagem no ser humano a partir de 
uma perspectiva sociocultural, na qual deve-se a L. S. Vygotsky a primeira análise 
psicolinguística. Embora haja um enfoque nas contribuições de Vygotsky, alguns pontos 
de teóricos como Piaget, Luria e as neurociências serão mencionados. Este enfoque 
deve-se antes ao fato de este teórico ter concentrado grande parte dos seus escritos nas 
relações entre pensamento e linguagem, como reconhecido e referenciado nos textos 
sobre o tema.
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem6/112
Introdução
“Um pensamento pode ser comparado a uma nuvem parada, que 
descarrega uma chuva de palavras” (Vygotsky, 2000, p. 478).
Pensamento e linguagem sempre estiveram associados e constituíram-se objeto de 
investigação para psicólogos e linguistas. Para alguns teóricos, pensamento e linguagem 
diziam respeito ao mesmo processo de forma indissociável e, segundo essa concepção ficaria 
impossível estudar cada um dos processos de forma independente. Para outros, são processos 
independentes, com vínculo puramente externo. 
Vílchez (2007) considera pensamento e linguagem condutas interdependentes que se 
relacionam estreitamente entre si. Por isso, o estudo destes processos é bastante complexo, 
exigindo interdisciplinaridade por se referirem a diversos campos científicos. A especificidade, 
profundidade e extensão dessas relações são admitidas por autores como Piaget, a escola 
Soviética e o cognitivismo porém a maioria das escolas e dos autores, coloca ênfase a um ou 
outro processo. 
Contudo, uma posição eclética deve prevalecer, pois qualquer redução a um dos componentes 
pode trazer a perda de algum aspecto importante da relação entre pensamento e linguagem. 
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem7/112
Entre os motivos que Vílchez julga para 
que se considere pensamento e linguagem 
interdependentes, estão:
• O pensamento precisa da palavra 
para se objetivar de maneira clara e 
articulada;
• Ao pensar falamos com nós mesmos 
(linguagem interna);
• A linguagem é facilitadora e inibidora 
do pensamento (Bernstein, Sapir, 
etc.);
• A linguagem é reguladora da conduta 
(Luria);
• A linguagem é elemento facilitador 
na tarefa de solução de problemas;
• A linguagem participa da formação e 
expressão de conceitos e raciocínios;
• A linguagem é indicativa do tipo de 
pensamento de um sujeito (estilo 
cognitivo) e de sua capacidade 
mental (hipótese de partida de 
muitos testes de inteligências), etc. 
(VÍLCHEZ, 2007, p. 154).
Essa interdependência é significativa para 
diagnosticar e tratar os transtornos do 
pensamento (esquizofrenia, obsessão, 
compulsão, delírios) e da linguagem oral 
e escrita como, por exemplo: disartria, 
disfonia, transtorno articulatório, afasia e 
dislexia entre outros. 
Para Vygotsky (2000), a decomposição 
entre pensamento e linguagem, cada um 
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem8/112
Link
Para saber mais sobre as concepções de Vygotsky a respeito da relação entre pensamento e linguagem, 
você pode acessar seu livro “Pensamento e Linguagem” disponível em: <http://www.ebooksbrasil.org/
eLibris/vigo.html>. Acesso em: 23 Abril 2015. Este livro está hospedado em uma eBiblioteca Pública.
na sua forma pura, não elucida o que se observa quanto ao pensamento discursivo durante 
a primeira infância. O autor propõe que a palavra seja a unidade de referência para essa 
investigação uma vez que trata-se do que considerou “pensamento verbalizado” e, possuiria 
propriedades relativas aos dois componentes. 
Percebe-se, então, que para Vygotsky, é no significado da palavra que se pode entender como 
se dá a relação entre pensamento e linguagem. Como ficará explícito mais adiante, a palavra 
não se refere a um único objeto, mas remete a todo um grupo ou classe de objetos.
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem9/112
Assim, o método de análise da relação entre pensamento e linguagem, segundo Vygotsky, é 
semântico, do sentido da linguagem, do significado da palavra.
Skinner, entre os anos 1950 e 1960, explicou a relação entre linguagem e pensamento por meio 
do que chamou de comportamento verbal. Para ele, quando ouvinte e o falante são uma única 
pessoa, se engajam em atividades tradicionalmente descritas como “pensamento”. “O falante 
manipula seu comportamento; ele o revê e pode rejeitá-lo ou emiti-lo de forma modificada” 
(SKINNER, 1978, p. 26).
A linguagem possui duas importantes funções: permite a comunicação e a generalização. Embora 
grande parte dessas duas funções estejam diretamente relacionadas (a generalização facilita a 
comunicação e vice-versa) é importante pensarmos nessas duas funções de forma individualizada.
Por meio da linguagem é possível a comunicação social, enunciação e compreensão. Desta 
forma, a linguagem, enquanto sistema de signos, medeia a comunicação, a qual
estabelecida com base em compreensão racional e na intenção de transmitir 
ideias e vivências, exige necessariamente um sistema de meios cujoprotótipo 
foi, é e continuará sendo a linguagem humana, que surgiu da necessidade de 
comunicação no processo de trabalho (Vygotsky, 2000, p. 11).
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem10/112
Já a generalização refere-se a um ato 
verbal do pensamento, de forma que a 
linguagem possa refletir a realidade por 
meio de uma palavra, a qual não se refere 
a um objeto isolado, mas a todo um grupo 
ou classe de objetos. Podemos nos referir 
com uma única palavra a toda uma classe 
de objetos ou sensações. Por exemplo, 
ao nos referirmos a palavra “árvore” 
permitimos a formação de toda uma 
gama imensa de imagens de diferentes 
árvores que encontram-se reunidas sob 
um único nome. Por isso que a palavra 
não se refere a um objeto isolado, porque 
seu entendimento depende de uma 
construção mais abrangente de conceitos 
compartilhados pelos falantes e ouvintes.
Segundo Vygotsky (2000), por meio 
do método clínico, “os estudos de Jean 
Piaget constituíram toda uma época no 
desenvolvimento da teoria da linguagem 
e do pensamento da criança” (p. 19). 
A psicologia tradicional explicava o 
pensamento infantil enfatizando suas 
lacunas e deficiências, enquanto que 
Piaget mostrou seu aspecto positivo, suas 
peculiaridades e propriedades distintivas.
Para Piaget, a unidade de todas as 
peculiaridades do pensamento infantil é o 
egocentrismo. O pensamento egocêntrico 
seria uma forma transitória situada entre 
o pensamento autístico e o pensamento 
inteligente dirigido, analisando-se de 
um ponto de vista genético, funcional 
e estrutural. Assim, primeiramente, o 
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem11/112
pensamento serviria à satisfação de 
necessidades, surgindo de forma mais 
arbitrária como brincadeira ou fabulação. 
Apenas no final do desenvolvimento 
pré-operatório o social apareceria e a 
linguagem social sucederia a egocêntrica.
De forma oposta, para Vygotsky, a 
linguagem da criança é desde o início 
social, pois sua função primária é 
comunicar, relacionar socialmente, 
influenciar as pessoas à sua volta. Em uma 
determinada faixa etária a linguagem 
da criança pode ser mais dirigida para 
si do que comunicativa, mas ambas são 
funções sociais. Este teórico acredita que 
até mesmo a linguagem egocêntrica é 
social porque a criança transfere para o 
campo das funções psicológicas pessoais 
pensamento serviria à satisfação de 
necessidades, surgindo de forma mais 
arbitrária como brincadeira ou fabulação. 
Apenas no final do desenvolvimento 
pré-operatório o social apareceria e a 
linguagem social sucederia a egocêntrica.
De forma oposta, para Vygotsky, a 
linguagem da criança é desde o início 
social, pois sua função primária é 
comunicar, relacionar socialmente, 
influenciar as pessoas à sua volta. Em uma 
determinada faixa etária a linguagem da 
criança pode ser mais dirigida para si do 
que comunicativa, mas ambas são funções 
sociais. Este teórico acredita que até 
mesmo a linguagem egocêntrica é social 
porque a criança transfere para o campo 
das funções psicológicas pessoais 
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem12/112
as formas sociais de pensamento e as 
de colaboração coletiva. Desta forma, 
na evolução do pensamento durante a 
infância, existe uma fase pré-verbal e 
raízes pré-intelectuais da fala, que são 
conhecidas como gritos, balbucios e até 
as primeiras palavras, que diferem do 
desenvolvimento do pensamento. Nesta 
fase já se manifesta a função social da fala.
Nesta mesma linha, até mesmo por 
tratar-se de um estudioso também de 
uma perspectiva sociocultural, A. R. Luria, 
descreve que no início, a fala do adulto 
regula o comportamento da criança 
por suas propriedades físicas (tom, 
intensidade, ritmo, e outros), impulsoras ou 
inibidoras. Por volta dos três anos de idade, 
a regulação torna-se autônoma, mas ainda 
dependendo de que a fala autodirigida seja 
audível por causa de suas propriedades 
impulsivas. Aproximadamente aos quatro 
anos e meio, o significado do que se diz 
começa a ser efetivo (dimensão semântica) 
e assim, a verbalização autorreguladora 
perde a necessidade de ser audível, 
tornando-se, de acordo com a terminologia 
original, interiorizada (COLL, PALACIOS & 
MARCHESI, 1995). 
Destaca-se entre as contribuições de Luria, 
a importância da função autorreguladora 
na construção do psiquismo, salientando-
se as interações sociais envolvidas neste 
processo:
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem13/112
Para saber mais
Alexander Romanovich Luria (russo: Алексáндр Ромáнович Лýрия; 16 de julho de 1902 – 14 de agosto 
de 1977) foi um famoso neuropsicólogo soviético especialista em psicologia do desenvolvimento. Foi um 
dos fundadores da psicologia cultural-histórica, na qual se inclui o estudo das noções de causalidade e 
pensamento lógico-conceitual da atividade teórica enquanto função do sistema nervoso central. Fonte: 
http://www.scielo.br/pdf/ep/v36nspe/v36nspea09.pdf
“a mediação verbal das ações modifica qualitativamente qualquer outra função 
cognitiva, como, por outro, sua origem social, ou seja, aprendemos a nos 
autorregular no decorrer de experiências interativas, compartilhando a atividade 
com um companheiro capaz de guiá-la verbalmente, antes de sermos capazes de 
mediar nossa atividade autonomamente (Coll, Palacios & Marchesi, 1995, p. 164)”.
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem14/112
1. Fala intelectual e pensamento 
verbalizado
As pessoas vivem na linguagem, falando 
e ouvindo constantemente à fala e, em 
alguma transformação da linguagem 
falada acontece boa parte do seu 
pensamento, sua imaginação e sua solução 
de problemas silenciosos (LEAVITT, 2006). 
Assim, essa relação entre pensamento 
e linguagem e como ela ocorre possui 
relevância substancial.
É importante ressaltar que da mesma 
forma que as raízes genéticas de 
pensamento e linguagem são diversas, 
estes processos não caminham em 
paralelo o tempo todo, mas convergem e 
divergem ao longo do desenvolvimento. 
No pensamento do adulto, “a relação entre 
intelecto e linguagem não é constante e 
idêntica para todas as funções e formas 
de atividade intelectual e verbalizada” 
(VYGOTSKY, 2000, p. 114).
É aproximadamente aos dois anos de idade 
que pensamento e fala cruzam-se e dá-se 
início a uma nova forma de comportamento 
muito característica do homem. A fala se 
torna intelectual e o pensamento verbalizado, 
sendo que a criança começa a perguntar 
sobre a nomeação de coisas novas e seu 
vocabulário é ampliado ativamente, de 
forma extremamente rápida e aos saltos. 
A criança passa a precisar nomear e 
comunicar por meio dos signos, como se 
houvesse descoberto a função simbólica da 
linguagem.
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem15/112
O desenvolvimento da linguagem passa 
por quatro estágios, de acordo com 
Vygotsky (2000): 
• Natural ou primitivo (linguagem pré-
intelectual e pensamento pré-verbal). 
• Psicologia ingênua (a criança assimila 
“estruturas e formas gramaticais 
antes de assimilar as estruturas e 
operações lógicas correspondentes a 
tais formas”, p. 138). 
• Linguagem egocêntrica (“signos 
exteriores, operações externas 
que são usadas como auxiliares na 
solução de problemas internos”, p. 
138. Ex.: contar nos dedos). 
• ‘Crescimento para dentro’ (“as 
operações externas se interiorizam 
[...] A criança começa a contar 
mentalmente, a usar a “memória 
lógica”, isto é, a operar com relações 
interiores em forma de signos 
interiores. No campo da fala, a isto 
corresponde a linguagem interior ou 
silenciosa”, p. 138). 
De acordo com Corrêa, existem diversas 
evidências experimentais na pesquisa 
em aquisição da linguagem sob uma 
perspectiva psicolinguística (ou seja, 
especificamente sobre o processo de 
aquisição da língua considerando como 
o material linguístico é processado 
pela criança) quantoàs habilidades de 
percepção e linguagem da criança antes do 
aparecimento da fala (CORRÊA, 2006).
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem16/112
Dados da psicologia sugerem que a 
palavra, por longo tempo, é para a 
criança uma propriedade do objeto 
para só depois tornar-se um símbolo 
do objeto, ou seja, é primeiro palavra-
objeto para depois assimilar sua estrutura 
interna, ou simbólica. A linguagem 
interior (para si) se desenvolve a partir de 
mudanças estruturais e funcionais. Ela 
se separa da linguagem exterior (para os 
outros) das crianças quando as funções 
social e egocêntrica da linguagem são 
diferenciadas. Além disso, as estruturas 
da linguagem que a criança já domina 
tornam-se básicas de seu pensamento.
Assim, o desenvolvimento do pensamento 
e da linguagem, é mais que um 
desenvolvimento biológico, mas trata-
se de um desenvolvimento histórico-
social. Apenas a partir da unidade 
entre comunicação e generalização 
(os processos de desenvolvimento dos 
aspectos semântico e sonoro da linguagem 
em sentidos opostos, como explicado mais 
adiante) é que se começa a compreender 
a relação efetiva entre o desenvolvimento 
do pensamento da criança e o seu 
desenvolvimento social.
E o desenvolvimento de conceitos, ou 
significados das palavras abstratos, como 
ocorre? Bem, para Piaget apenas na 
adolescência a pessoa chega a esse tipo 
de pensamento. Já Vygotsky estabeleceu 
experimentalmente que isso acontece 
durante a idade infantil, havendo estágios 
básicos de desenvolvimento desses 
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem17/112
significados. Assim, a mudança dos significados das palavras e seu desenvolvimento difere 
do postulado de todas as teorias anteriores do pensamento e da linguagem de que haveria 
constância e imutabilidade do significado da palavra.
É interessante notar que o que se percebe no desenvolvimento da linguagem da criança, no 
seu aspecto fásico (externo), é uma construção das partes para o todo. A partir de uma palavra, 
concatena-se duas ou três palavras, depois tem-se uma frase simples e da concatenação de 
frases tem-se proposições complexas e finalmente uma linguagem coordenada e formada por 
uma série desenvolvida de orações. Assim, a criança diz “au-au” para expressar que está vendo 
um cachorro passar em frente à sua casa porque ainda não pronuncia outras palavras que 
possam servir para expressar aquela situação e comunicá-la ao adulto que lhe acompanha.
Contrariamente, para Vygotsky (2000),
No desenvolvimento do aspecto semântico da linguagem, a criança começa pelo 
todo, por uma oração, e só mais tarde passa a apreender as unidades particulares 
e semânticas, os significados de determinadas palavras, desmembrando em uma 
série de significados verbais interligados o seu pensamento lacônico e expresso 
em uma oração lacônica (p. 410). 
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem18/112
O que se explica aqui é que a primeira 
palavra da criança significa uma frase 
inteira: uma oração lacônica. Por exemplo, 
quando a criança diz “água” ou um som 
parecido, ela que dizer algo do tipo “Eu 
quero beber água”. Apenas em uma 
palavra apresenta-se o significado do 
sujeito e da ação em relação ao objeto. O 
significado do “eu” em relação aos outros, 
dos verbos “querer” e “beber” ainda serão 
diferenciados. Assim, o desenvolvimento 
do aspecto semântico transcorre do todo 
para a parte, da oração para a palavra; 
já do aspecto fásico (externo) transcorre 
da parte para o todo, da palavra para a 
oração.
Neste sentido, a linguagem não é 
expressão de um pensamento pronto, 
pois este se reestrutura e se modifica 
ao transformar-se em linguagem, se 
realizando na palavra. O desenvolvimento 
no sentido oposto aos dois aspectos 
constituem, assim, a autêntica unidade 
de entendimento da relação entre 
pensamento e linguagem.
Retomando a linguagem egocêntrica, 
sua função é semelhante à da linguagem 
interior: autônoma, ou seja, serve 
o pensamento da criança quanto 
à orientação intelectual, tomada 
de consciência da superação das 
dificuldades e dos obstáculos e reflexão. 
Ao longo do desenvolvimento da criança, 
aproximadamente entre os três e os setes 
ano de idade, 
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem19/112
“por trás do declínio do coeficiente de linguagem egocêntrica esconde-se o 
desenvolvimento positivo de uma das peculiaridades centrais da linguagem 
interior – a abstração do aspecto sonoro da linguagem e a diferenciação 
definitiva de linguagem interior e linguagem exterior (Vygotsky, 2000, p. 435)”.
Cabe aqui destacar que, assim como exposto anteriormente, não há coincidência direta entre o 
pensamento e a sua expressão verbalizada. O pensamento ocorre em ato único, é algo integral, 
está na mente de uma pessoa como um todo, permite simultaneidade e é consideravelmente 
maior em extensão e volume que uma palavra isolada. Em contrapartida, a expressão, o 
desenvolvimento da linguagem, ocorre sucessivamente, é em palavras separadas, que surgem 
gradualmente, por unidades isoladas. 
Esta característica da relação entre pensamento e linguagem explica porque “o processo 
de transição do pensamento para a linguagem é um processo sumamente complexo de 
decomposição do pensamento e sua recriação em palavras” (VYGOTSKY, 2000, p. 478). E assim 
retorna-se à unidade de análise da relação entre pensamento e linguagem: o aspecto interno 
da palavra, ou seja, o seu significado.
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem20/112
Por ele passa a expressão do pensamento 
em palavras e neste complexo processo, 
pode-se considerar as palavras imperfeitas 
e o pensamento inexpressível. Neste 
processo, o pensamento é mediado 
internamente pelos significados e 
externamente, para tornar-se expressão 
verbal, mediado por signos, motivo para 
a falta de equivalência direta entre o 
pensamento e a linguagem (VYGOTSKY, 
2000).
Resumindo, como pontua Corrêa (2006), 
bebês humanos aprendem de forma 
bem-sucedida as palavras devido à sua 
capacidade de descobrirem as unidades 
linguísticas e conceituais relevantes e a sua 
correspondência. Desta forma, uma valiosa 
informação para estimulação da criança 
é que, mesmo que o bebê ainda não fale, 
nomear tem importantes consequências 
cognitivas.
Questão
reflexão
?
para
21/112
Retome o texto e discorra brevemente sobre a 
importância da palavra na relação entre pensamento 
e linguagem. Você conseguiria apontar por que as 
temáticas pensamento e linguagem são relevantes 
para compreender a aquisição da linguagem e da 
escrita? Faça uma reflexão sobre isso.
22/112
Considerações Finais 
Pensamento e linguagem são condutas interdependentes.
No significado da palavra é possível entender como se dá a relação entre 
pensamento e linguagem.
As funções da linguagem são a comunicação e a generalização.
Da mesma forma que as raízes genéticas de pensamento e linguagem são 
diversas, estes processos não caminham em paralelo o tempo todo.
Aproximadamente aos dois anos de idade pensamento e fala cruzam-se: a fala 
se torna intelectual e o pensamento verbalizado.
O desenvolvimento do pensamento e da linguagem é mais que um 
desenvolvimento biológico, trata-se de um desenvolvimento histórico-social.
O desenvolvimento do aspecto semântico transcorre do todo para a parte, da 
oração para a palavra; já do aspecto fásico (externo) transcorre da parte para 
o todo, da palavra para a oração.
Não há coincidência direta entre o pensamento e a sua expressão verbalizada.
Unidade 1 • Pensamento e Linguagem23/112
Referências
COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. (Orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: Psicologia 
evolutiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. v. 1.
CORRÊA, L. M. S. (Org.). Aquisição da linguagem e problemas do desenvolvimento linguístico. Rio de 
Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola,2006.
LEAVITT, J. Linguistic relativities. In: JOURDAN, C.; TUITE, K. (Ed.) Language, Culture, and Society: 
Key Topics in Linguistic Anthropology. Cambridge University Press, 2006. p. 47 - 81. Cambridge 
Books Online. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1017/CBO9780511616792>. Acesso em: 25 
jun. 2012.
SKINNER, B. F. O comportamento verbal. São Paulo: Cultrix: Ed. da Universidade de São Paulo, 
1978.
VÍLCHEZ, L. F. Transtornos do Pensamento e da Linguagem: Tratamento educacional. In: GONZÁLEZ, 
E. e cols. Necessidades educacionais específicas. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 154 a 170.
VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
24/112
Assista a suas aulas
Aula 1 - Tema: A Importância da Linguagem no 
Desenvolvimento do ser Humano - Bloco I 
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
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e9a499ae292a0c06d47ad04d5f8a5889>.
Aula 1 - Tema: Desenvolvimento da Linguagem 
- Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
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1d/60190b997353edaf81b2558651dba20d>. 
25/112
Aula 1 - Tema: Etapas Básicas do 
Desenvolvimento da Linguagem na Infância - 
Bloco III
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
759d5584124a44d9b6072d4bbae343e7>.
Aula 1 - Tema: O Papel do Meio Ambiente 
no Desenvolvimento da Linguagem e do 
Pensamento - Bloco IV
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/640edeebbb2459e4b10813dcfb79b38e>. 
Assista a suas aulas
26/112
1. Pensamento e linguagem, para Vygotsky:
a) Identificam-se, são o mesmo processo.
b) São processos independentes, com vínculo puramente externo.
c) Constituíram-se objeto de investigação de terapeutas.
d) Apresentam como unidade de análise o significado da palavra.
e) Reduzem-se a um componente da linguagem.
Questão 1
27/112
2. Comunicação
a) Medeia a linguagem.
b) É uma função da linguagem.
c) É um sistema de signos.
d) Surgiu do processo de trabalho.
e) É uma função da generalização.
Questão 2
28/112
3. Ainda sobre pensamento e linguagem, Vygotsky afirma que:
a) Possuem as mesmas raízes genéticas.
b) São processos paralelos o tempo todo.
c) Convergem e divergem ao longo do desenvolvimento.
d) Sua relação é constante para as funções de atividade intelectual e verbalizada.
e) Sua relação é idêntica para as formas de atividade intelectual e verbalizada.
Questão 3
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4. Indique qual afirmação está correta entre as opções abaixo:
a) Os processos de desenvolvimento dos aspectos semântico e sonoro da linguagem ocorrem 
no mesmo sentido.
b) O desenvolvimento da linguagem da criança, no seu aspecto fásico (externo), é uma 
construção das partes para o todo.
c) No desenvolvimento do aspecto semântico da linguagem, a criança começa pelas partes.
d) A criança apreende as unidades particulares e semânticas para depois compreender uma 
oração.
e) Apenas quando a criança já adquiriu um extenso vocabulário emite uma oração lacônica.
Questão 4
30/112
5. Entre as seguintes afirmações sobre a expressão verbalizada do pensa-
mento, assinale aquela que mais se assemelha à realidade:
a) Não há coincidência direta entre o pensamento e a sua expressão verbalizada.
b) A expressão ocorre em ato único, em contrapartida, o pensamento ocorre sucessivamente.
c) A expressão ocorre em simultaneidade, mas, o pensamento, em palavras separadas.
d) O pensamento ocorre gradualmente, e a expressão é maior em extensão e volume. 
e) O pensamento ocorre da mesma forma que as palavras aparecem, separadamente.
Questão 5
31/112
Gabarito
1. Resposta: D.
De acordo com este teórico, as 
investigações psicológicas devem utilizar 
unidades de análise, as quais contêm 
propriedades do todo. No caso da relação 
entre pensamento e linguagem, acredita 
que a unidade que contém propriedades 
inerentes ao pensamento verbalizado como 
uma totalidade e pode ser encontrada no 
aspecto interno da palavra, ou seja, no seu 
significado.
2. Resposta: B.
A função da linguagem é comunicativa. 
Por meio da linguagem é possível a 
comunicação social, enunciação e 
compreensão. Desta forma, a linguagem, 
enquanto sistema de signos, medeia a 
comunicação.
3. Resposta: C.
Da mesma forma que as raízes genéticas 
de pensamento e linguagem são diversas, 
estes processos não caminham em 
paralelo o tempo todo, mas convergem e 
divergem ao longo do desenvolvimento. 
No pensamento do adulto, “a relação entre 
intelecto e linguagem não é constante e 
idêntica para todas as funções e formas 
de atividade intelectual e verbalizada” 
(Vygotsky, 2000, p. 114).
32/112
4. Resposta: B.
No desenvolvimento da linguagem da 
criança, no seu aspecto fásico (externo), é 
uma construção das partes para o todo. A 
partir de uma palavra, concatena-se duas 
ou três palavras, depois tem-se uma frase 
simples e da concatenação de frases tem-
se proposições complexas e finalmente 
uma linguagem coordenada e formada por 
uma série desenvolvida de orações.
5. Resposta: A.
Não há coincidência direta entre o 
pensamento e a sua expressão verbalizada. 
O pensamento ocorre em ato único, é algo 
integral, está na mente de uma pessoa 
Gabarito
como um todo, permite simultaneidade 
e é consideravelmente maior em 
extensão e volume que uma palavra 
isolada. Em contrapartida, a expressão, 
o desenvolvimento da linguagem, ocorre 
sucessivamente, é em palavras separadas, 
que surgem gradualmente, por unidades 
isoladas.
33/112
Unidade 2
Linguagem Escrita e Linguagem Oral
Objetivos
1. Nesta aula serão destacados os fatores que colaboram no 
desenvolvimento da linguagem oral e da linguagem escrita, 
ora contrastando-os ora interligando-os.
2. Características de ambas as linguagens, oral e escrita, 
serão apresentadas, sendo dada ênfase especial aos 
aspectos que colocam a linguagem no centro da educação 
e aos aspectos socioculturais envolvidos na aquisição e 
desenvolvimento da mesma. Por outro lado, discussões 
acerca do domínio da língua e sua repercussão na dinâmica 
social também serão levantadas.
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral34/112
Introdução
Na nossa sociedade atual as duas principais formas de linguagem utilizadas pela espécie 
humana são a linguagem oral e a escrita. A linguagem oral depende de uma aprendizagem 
não-formal que acontece durante a exposição do sujeito ao ambiente falante enquanto a 
linguagem escrita depende de uma aprendizagem formal e consciente uma vez que trata-se 
de uma “invenção” humana e depende de uma intervenção externa para que a sua aquisição 
aconteça.
Nessas duas formas de linguagem destacavam-se os processos de decodificação e 
compreensão – para a linguagem escrita denominada como leitura e para a linguagem oral 
escuta e compreensão – e os processos de produção – na linguagem escrita trata-se do 
processo de escrita e na linguagem oral refere-se a fala.
A leitura, ou melhor, a competência para operar com a linguagem escrita, 
tem uma característica em nossa cultura que faz dela algo extraordinário: 
deve [grifo do autor] ser adquirida, e em um altíssimo grau de perícia, 
por toda a população. [...] aspiramos a que toda a população escolarizada 
possa utilizá-la para adquirir novos conhecimentos ou reconstruir os 
próprios pensamentos (Sánchez, 2004, p. 90).
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral35/112
Ainda que, como salienta Sánchez, operar 
a linguagem escrita seja uma condição 
de integração e cidadania na sociedade, 
muitas crianças no Brasil podem ser 
consideradas como apresentando 
distúrbiosda aprendizagem ou como 
carentes culturais, quando na verdade são 
vítimas da falta de oportunidades para 
aprender, o que pode estar relacionado 
às políticas econômicas, sociais e 
educacionais, cujas consequências as 
impedem de acessar bens culturais como a 
escrita (ZORZI, 2003).
O domínio da linguagem oral está 
presente em todas as sociedades, visto que 
é uma herança biológica, hereditária do 
ser humano, com raízes filogenéticas, que 
também o diferencia de outras espécies. 
Chomsky, inclusive, apresenta hipóteses 
sobre os “universais da linguagem”, que 
dizem respeito aos aspectos estruturais 
Link
No artigo de Cavalcante (2010) você será capaz 
de identificar interesses dos pesquisadores na 
área do desenvolvimento linguístico e algumas 
relações interessantes que são realizadas 
observando-se crianças.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
pfono/v22n4/05.pdf>. Acesso em: 23 Abril 
2015.
Cavalcante, P.A.; Mandrá, P.P. Narrativas orais 
de crianças com desenvolvimento típico de 
linguagem. Pró-Fono Revista de Atualização 
Científica, vol. 22, num. 4, 2010. p. 391 a 396.
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral36/112
que são encontrados em todas as línguas, 
apesar de suas aparentes diferenças. As 
condições naturais e espontâneas do 
convívio com falantes da língua permitem 
às crianças o aprendizado da linguagem 
oral, que deve ter início entre um e dois 
anos de idade (ZORZI, 2003).
Por outro lado, a linguagem escrita é 
uma herança cultural e não está presente 
em todas as sociedades. Ela “depende 
de variáveis ontogenéticas [...], é um 
produto da cultura que só se transmite 
pelo ensino, ou seja, em geral por meio de 
uma intervenção social planejada” (ZORZI, 
2003, p. 11), que na sociedade atual é 
papel da escola. 
É preciso entender os usos e funções 
da escrita para que ela seja aprendida, 
além de ser capaz de atribuir-lhe graus 
variados de significações. A capacidade 
de atribuir significados depende não 
apenas de decodificar o que está escrito 
através da aprendizagem escolar, mas 
também de experiências de vida que deve 
ser considerada de forma fundamental 
para que a linguagem escrita possa se 
estabelecer e organizar. Muito se fala 
nas “funções básicas” ou “funções 
neuropsicomotoras” que as crianças 
devem apresentar para aprender a 
linguagem escrita adequadamente: 
habilidades motoras finas, coordenação 
motora e visual bem-estabelecida, 
noções espaciais, noções de lateralidade, 
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral37/112
discriminação e memória visual e auditiva, 
noções temporais, atenção, interesse, e 
outros (ZORZI, 2003).
Contudo, além desses pré-requisitos 
centrados na criança, a partir dos 
quais a noção de fracasso, insucesso 
ou dificuldade escolar volta-se para 
o aprendiz, devem-se considerar as 
situações reais que atribuem sentido à essa 
linguagem. Esta deve estar presente no 
meio no qual a criança cresce e vive para 
que possa compreender “como se escreve, 
o que se pode escrever, com que objetivos 
se escreve, para quem se escreve, quais 
as situações em que se escreve, o porquê 
de se escrever, e o mesmo ocorrendo em 
relação à leitura” (ZORZI, 2003, p. 13).
Crianças em diferentes realidades sociais, 
vivendo em meios nos quais a leitura 
e a escrita possam ter maior ou menor 
presença, podem apresentar resultados 
muito diferentes em avaliações formais 
sobre leitura e escrita. É importante que 
este fator seja considerado quando se 
pensa em políticas de ensino. No entanto 
as propostas escolares muitas vezes não 
consideram essas diferenças individuais, 
a “história de vida de cada criança”. 
Propostas educacionais adequadas devem 
considerar a diversidade dos alunos e 
seu conhecimento prévio sobre a escrita, 
assim como o que é, como se forma e quais 
as características da linguagem escrita 
(ZORZI, 2003).
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral38/112
Embora ter uma “boa fala” não seja pré-requisito para aprender a escrever bem, na fala, uma 
série de aspectos e formalidades da escrita são incorporados. Assim, falar bem é um produto 
de modificações na linguagem oral produzidas por um processo de letramento. Neste sentido, 
na sociedade existe uma atribuição de prestígio relacionada a forma como a pessoa usa a 
linguagem oral (ZORZI, 2003).
O prestígio é marcado por condições de poder econômico e cultural de 
um grupo ou região e essas podem ser temporárias. Não há, em termos 
de língua, superioridade ou inferioridade. Todas as línguas, em todas 
suas formas e variações, cumprem perfeitamente seu papel de permitir a 
comunicação entre as pessoas (Zorzi, 2003, p. 23). 
A linguagem está no centro da educação, porque além de ser objeto de aprendizagem, é por 
meio dela que se adquirem outros conhecimentos, sendo assim, um instrumento de acesso 
que tem que ser previamente ensinado. Nas etapas iniciais do ensino fundamental, o ensino da 
leitura e da escrita é enfatizado, pois compreende meio de acesso ao conhecimento por todo o 
sistema educacional. Por isso, situações reais nas quais funções sociais são exigidas, devem ser 
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral39/112
vivenciadas na escola para desenvolvimento das habilidades de linguagem (ZORZI, 2003). 
Sobre a aquisição da escrita enquanto instrumento de aprendizagem, Montessori (apud, 
VYGOTSKY, 2000) refere que:
“Em diferentes processos de aprendizagem da escrita de crianças entre 
quatro e meio e cinco anos, observa-se um emprego frutífero, rico e 
espontâneo da escrita, que nunca se observa nas idades posteriores, o 
que deu a ela o motivo para concluir que é precisamente nessa idade que 
se concentram os prazos optimais de aprendizagem da escrita, os seus 
períodos sensíveis (Vygotsky, 2000, p. 335). 
1. Características e desenvolvimento das linguagens oral e escrita
O desenvolvimento da escrita não se assemelha ao da fala, assim como a escrita não se trata de 
“uma simples tradução da linguagem falada para signos escritos, e a apreensão da linguagem 
escrita não é uma simples apreensão da técnica da escrita” (VYGOTSKY, 2000, p. 312). O 
desenvolvimento da escrita, enquanto uma função específica da linguagem de pensamento, 
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral40/112
de representação, requer um nível elevado 
de abstração. Além disso, a linguagem 
escrita não possui interlocutor direto, 
havendo aí mais um grau de abstração, 
o que torna mais difícil a aquisição da 
mesma, ainda mais se for somado o fato 
de não haver para a criança a mesma 
motivação que a levou a desenvolver 
a fala, tanto pela necessidade quanto 
pelo entendimento da sua função. As 
interações que se estabelecem a partir de 
situações como necessidades, dúvidas, 
curiosidades, pedidos e explicações 
motivam a situação da fala. Já a relação 
com a situação na linguagem escrita é 
representada no pensamento e implica 
consciência da estrutura sonora da 
palavra, seu desmembramento e sua 
restauração de forma voluntária nos sinais 
escritos (VYGOTSKY, 2000).A linguagem 
escrita, assim como a interior, são formas 
monológicas de linguagem. Já a linguagem 
falada é um diálogo na maioria dos casos, o 
que exige dos interlocutores que conheçam 
o assunto. Assim, é comum que ocorra uma 
série de abreviações na linguagem falada 
e espera-se que se veja o interlocutor, sua 
mímica e seus gestos, e que se perceba a 
entonação da fala. 
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral41/112
Em conjunto, ambos admitem aquela compreensão a meias palavras, 
aquela comunicação através de insinuações [...]. Só na linguagem falada 
é possível um diálogo que, segundo expressão de Gabriel Tarde, é apenas 
o complemento de olhares que um interlocutor lança a outro (Vygotsky, 
2000, p. 454). 
Por sua vez, a linguagemescrita é a forma mais desenvolvida, prolixa e exata, pois por palavras 
transmite-se o mesmo que a entonação e a percepção imediata da situação transmitem na 
fala (VYGOTSKY, 2000). Diferentemente da linguagem falada, na escrita não são possíveis as 
mesmas omissões, sendo necessários os detalhes da situação para que o interlocutor possa 
compreendê-la e, por isso, trata-se de uma linguagem muito mais desenvolvida (VYGOTSKY, 
2000). Seu domínio depende da aquisição de “habilidades que permitem passar da ortografia 
das palavras à sua fonologia e ao seu significado (ou, no caso da escrita, da fonologia à 
ortografia)” (SÁNCHEZ, 2004, p. 90). Dessa forma, as habilidades de reconhecimento das 
palavras são muito específicas. 
O domínio da escrita também depende da utilização dessas habilidades para a 
comunicação com os outros, a qual por não ocorrer no tempo e espaço imediatos, “requer 
o desenvolvimento de recursos retóricos e cognitivos extremamente sofisticados que se 
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral42/112
assentam nas competências linguísticas 
orais, ao mesmo tempo em que as 
transcendem” (SÁNCHEZ, 2004, p. 90). 
Esses dois aspectos, de reconhecimento 
das palavras e de comunicação, devem 
integrar-se progressivamente um no 
outro (SÁNCHEZ, 2004).
Embora existam concepções tradicionais 
de que primeiro deve-se ensinar a ler 
e a escrever para depois propiciar a 
compreensão e a redação, existem 
posições que defendem que se deva 
criar situações comunicativas nas quais 
os alunos usem a linguagem escrita de 
forma relevante, adquirindo as habilidades 
específicas nestas experiências. Nelas, 
os alunos têm que se comunicar 
(compreender e redigir), testar e exercitar 
as habilidades para escrever e reconhecer 
palavras escritas (SÁNCHEZ, 2004).
A teoria da via dupla é a mais influente 
para explicar cognitivamente como se dá 
o reconhecimento das palavras escritas: 
por meio da via fonológica e por meio da 
via léxica. Pela via fonológica, os grafemas 
Para saber mais
Você sabia que dados do Censo 2010, 
divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística) apontam que a taxa 
de analfabetismo entre pessoas negras ou 
pardas de 15 ou mais anos de idade era de 
14,4% e 13,0%, respectivamente, contra 5,9% 
dos brancos, sendo que cerca de 50,7% da 
população se declarou negra ou parda?
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral43/112
(unidades da escrita) são transformadas 
em sons, os quais são reunidos em uma 
representação, que deve ser reconhecida e 
os conhecimentos semânticos associados à 
representação são atingidos. Pela via léxica 
o reconhecimento da palavra acontece 
ao mesmo tempo que o acesso a seu 
significado. Com o reconhecimento, chega-
se à fonologia da palavra, sendo possível 
lê-la em voz alta (SÁNCHEZ, 2004).
Para aprender a escrever é preciso que 
as crianças apresentem conhecimento 
fonológico ou consciência fonológica. 
Esta refere-se à consciência de que as 
palavras são constituídas por diversos 
sons (fonemas) ou grupos de sons e 
que elas podem ser segmentadas em 
unidades menores (letras, sílabas). 
Trata-se, portanto, de um conhecimento 
metalinguístico a partir do qual pode-se 
refletir sobre as características de estrutura 
da fala e manipular as mesmas. Existem 
quatro níveis de conhecimento fonológico, 
sendo que os mais elaborados dependem 
dos avanços na alfabetização da criança:
• Sensibilidade à rima: nível mais 
elementar, quando a criança 
descobre que algumas palavras 
têm no seu início ou no seu final um 
mesmo conjunto de sons.
• Conhecimento silábico: capacidade 
de dividir a palavra em sílabas. Assim 
como a sensibilidade à rima, pode ser 
alcançado apenas com a oralidade.
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral44/112
• Conhecimento intrassilábico: as 
sílabas são subdividias em elementos 
menores do que ela mesma, 
chamados “onset” (a consoante ou 
o conjunto de consoantes iniciais), 
mas maiores do que um fonema, 
chamados de “rima” (aparecem a 
partir da primeira vogal). Ex.: na 
palavra “prestar”, na sílaba “pres”, 
“pr” é “onset” e “es” é “rima”.
• Conhecimento segmental: 
compreender que as palavras 
são formadas por fonemas, uma 
sequência de unidades sonoras. Este 
conhecimento desenvolve a escrita 
assim como a escrita desenvolve este 
conhecimento.
Ferreiro e Teberosky (1986, apud 
ZORZI, 2003) apontam uma sequência 
psicogenética de construção da escrita:
• Fase pré-silábica: as crianças já 
diferenciam desenho e escrita, 
tentando reproduzir letras 
linearmente, considerando que há 
“uma quantidade mínima de letras 
para que algo possa ser lido ou 
escrito, assim como a hipótese de 
que os caracteres devem ser variados, 
[...] da mesma forma que palavras 
diferentes devem ser escritas de 
modos diferentes” (ZORZI, 2003, 
p. 31). Contudo, ainda não fazem 
correspondência entre os sons das 
palavras e os elementos gráficos 
usados para escrevê-las, chamada 
de pauta sonora, ou seja, ainda 
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral45/112
não apresentam um conhecimento 
silábico (do conhecimento 
fonológico). Nessa fase, atividades 
com direcionamento para segmentar 
as palavras em sílabas poderiam 
ajudar no desenvolvimento da 
correspondência entre a escrita e os 
sons que compõem as palavras.
• Fase silábica: começa-se a 
considerar características sonoras 
das palavras. A decomposição 
em unidades silábicas definem a 
quantidade de letras e sua pronúncia 
é projetada na sequência de letras. 
Sua atenção às características 
sonoras das palavras pode estar 
relacionada aos avanços na 
consciência fonológica, com o 
alcance do nível de conhecimento 
silábico. O mesmo pode ser adquirido 
espontaneamente, contudo, 
seus desdobramentos na escrita 
dependem da mediação de outras 
pessoas, sem a qual, a criança não 
descobre ou aprende o nome das 
letras, nem o som que elas devem 
escrever.
• Fase silábico-alfabética: a criança 
deixa de considerar a sílaba como 
uma unidade, compreendendo 
que ela pode ser segmentada em 
fonemas. Apenas ao escrever, a 
criança começa a prestar atenção nos 
elementos intrassilábicos.
• Fase alfabética: correspondência 
entre letras e sons, já com 
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral46/112
conhecimento segmental quanto à consciência fonológica. Neste ponto a criança está 
alfabetizada, pois segundo Ferreiro e Teberosky (1986), “compreendeu a natureza da 
escrita” (ZORZI, 2003, p. 34). Contudo, ainda é necessário aprender as regras, pois para 
aprender-se a escrever, propriedades ou aspectos da língua escrita que fazem parte do 
sistema ortográfico devem ser compreendidos, como o fato de um som poder ser escrito 
por diferentes letras e uma letra poder representar sons diversos. 
Também deverá entender que existem diferenças entre o modo de falar e 
o modo de escrever, isto é, que a escrita não significa realizar transcrições 
fonéticas, que as palavras necessitam ser escritas separadamente e 
precisará definir, com segurança, quantas e quais letras são necessárias 
para escrever os sons das palavras. Ainda, entre uma série de outros fatos, 
deverá também discernir a posição das letras no interior das palavras, 
diferenciar entre letras semelhantes do ponto de vista da forma gráfica e 
assim por diante (Zorzi, 2003, p. 34).
Por meio de estudos de casos, Zorzi (2003) apresenta possíveis dificuldades de alunos no 
domínio do sistema ortográfico, apresentando reflexões sobre o porquê e como se dão tais 
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral47/112
dificuldades e intervenções possíveis de 
serem realizadas.
Por fim, Zorzi (2003) enfatiza um aspecto 
interessante envolvido na aprendizagem da 
escrita e domínio do sistema ortográfico. 
Embora a memória auxilie e façaparte 
da grafia correta das palavras, a escrita 
depende também do conhecimento sobre 
as possibilidades oferecidas pela língua. 
Para memorizar palavras a longo prazo, 
é preciso considerar sua conservação, 
frequência de uso e competição com 
outras imagens gravadas na memória das 
mesmas palavras. O que pode interferir na 
memorização da forma como se escrevem 
as palavras são os processos perceptivos 
e os gerativos generalizadores, os quais 
correspondem, respectivamente, à 
memória visual (que depende do acesso 
ao modelo correto e da frequência de 
ocorrência e uso da palavra) e pistas 
fonológicas e gramaticais (permitem 
deduzir como palavras novas ou pouco 
conhecidas devem ser escritas).
Questão
reflexão
?
para
48/112
Com a leitura desse texto, aponte as principais características 
da linguagem oral e da escrita. Em seguida, reflita: por que 
algumas crianças apresentam dificuldades para aprender a 
escrever?
49/112
Considerações Finais (1/2)
O domínio da linguagem oral está presente em todas as sociedades, é 
uma herança biológica, com raízes filogenéticas, que diferencia o ser 
humano de outras espécies.
A linguagem escrita é uma herança cultural e não está presente em 
todas as sociedades, dependendo de variáveis ontogenéticas.
É preciso entendimento dos usos e funções da escrita para aprendê-la, 
além de atribuir-lhe graus variados de significações.
Propostas educacionais adequadas devem considerar a diversidade dos 
alunos e seu conhecimento prévio sobre a escrita.
A linguagem está no centro da educação, pois além de ser objeto de 
aprendizagem, é por meio dela que se adquirem outros conhecimentos, 
sendo assim, um instrumento de acesso.
50/112
Considerações Finais (2/2)
O desenvolvimento da escrita não se assemelha ao da fala.
A linguagem escrita é uma forma monológica de linguagem, enquanto 
que a linguagem falada é, essencialmente, dialógica.
A linguagem escrita é muito mais desenvolvida que a oral, pois 
esta possui características como entonação, expressões faciais e 
conhecimento compartilhado sobre um assunto.
Conhecimento fonológico ou consciência fonológica refere-se à 
consciência de que as palavras são constituídas por diversos sons 
(fonemas) ou grupos de sons e que elas podem ser segmentadas em 
unidades menores (letras, sílabas).
Unidade 2 • Linguagem Escrita e Linguagem Oral51/112
Referências 
SÁNCHEZ, E. A linguagem escrita e suas dificuldades: uma visão integradora. In COLL, C.; 
MARCHESI, Á.; PALACIOS, J. (Orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: Transtornos de 
desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Porto Alegre: Artmed, 2004. vol. 3. p. 90 
a 112.
VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
ZORZI, J. L. Aprendizagem e distúrbios da linguagem escrita: Questões clínicas e educacionais. 
Porto Alegre: Artmed, 2003.
52/112
Assista a suas aulas
Aula 2 - Tema: Relações entre Linguagem Oral, 
Escrita e Alfabetização 
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
09c7e0e38cd847183d14cc161006c8fa>.
Aula 2 - Tema: Sistemas de Escrita e 
Competências em Leitura e Escrita
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/4ec256b43d081e995947622b4d51cda8>. 
53/112
Aula 2 - Tema: Etapas e Processos Mentais 
Envolvidos na Leitura
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
a7aeb777b07d530e43b3c58c3d29f5f4>.
Aula 2 - Tema: Métodos de Alfabetização
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
f5686656415ef9d8459391054a33b672>. 
Assista a suas aulas
54/112
1. Dentre as características que diferenciam o desenvolvimento de lingua-
gem escrita e de linguagem oral, é possível citar:
a) Linguagem escrita está presente em todas as sociedades e linguagem oral é uma herança 
cultural.
b) Linguagem escrita está presente em todas as sociedades e linguagem oral depende de 
variáveis ontogenéticas.
c) Linguagem escrita é uma herança cultural e linguagem oral está presente em todas as 
sociedades.
d) Linguagem escrita tem raízes filogenéticas e linguagem oral depende de variáveis 
ontogenéticas.
e) Linguagem escrita tem raízes filogenéticas e linguagem oral só se transmite pelo ensino.
Questão 1
55/112
2. Além dos pré-requisitos centrados na criança, a linguagem deve estar 
presente em situações reais da sua vida para lhe atribuir sentido. O que a 
criança compreende sobre a linguagem em suas experiências de vida?
a) Como se escreve e noções espaciais.
b) Como se escreve e atenção e interesse.
c) Como se escreve e quais as situações em que se escreve.
d) Como se escreve e habilidades motoras finas.
e) Como se escreve e noções de lateralidade.
Questão 2
56/112
3. Embora ter uma “boa fala” não seja pré-requisito para aprender a escre-
ver bem, falar bem é um produto de quais modificações?
a) Falar bem é um produto de modificações na linguagem oral produzidas por um processo de 
letramento.
b) Falar bem é um produto de modificações na linguagem oral produzidas por um processo de 
imitação.
c) Falar bem é um produto de modificações na linguagem oral produzidas por um processo de 
decodificação.
d) Falar bem é um produto de modificações na linguagem oral produzidas por um processo de 
oralização.
e) Falar bem é um produto de modificações na linguagem oral produzidas por um processo de 
incorporação.
Questão 3
57/112
4. Por que se diz que a escrita está no centro da educação?
a) Porque além de ser objeto de aprendizagem, é instrumento de acesso a outros 
conhecimentos.
b) Porque além de ser objeto de aprendizagem, desenvolve a linguagem oral.
c) Porque além de ser objeto de aprendizagem, a escrita é enfatizada nas etapas iniciais do 
ensino fundamental.
d) Porque além de estar em situações reais nas quais funções sociais são exigidas, é 
instrumento de acesso a outros conhecimentos.
e) Porque além de estar em situações reais nas quais funções sociais são exigidas, trata-se de 
instrumento de aprendizagem.
Questão 4
58/112
5. Para aprender a escrever é preciso que as crianças apresentem conheci-
mento fonológico ou consciência fonológica. Quais são os quatro níveis de 
conhecimento fonológico, do menos para o mais elaborado?
a) Sensibilidade à rima, conhecimento intrassilábico, conhecimento silábico e conhecimento 
segmental.
b) Sensibilidade à rima, conhecimento silábico, conhecimento intrassilábico e conhecimento 
segmental.
c) Conhecimento segmental, sensibilidade à rima, conhecimento intrassilábico e 
conhecimento silábico.
d) Conhecimento segmental, conhecimento intrassilábico, conhecimento silábico e 
sensibilidade à rima.
e) Conhecimento intrassilábico, sensibilidade à rima, conhecimento silábico e conhecimento 
segmental.
Questão 5
59/112
Gabarito
1. Resposta: C.
A linguagem escrita é uma herança 
cultural e não está presente em todas 
as sociedades. Ela depende de variáveis 
ontogenéticas e só se transmite pelo 
ensino. Já o domínio da linguagem oral está 
presente em todas as sociedades, visto que 
é uma herança biológica, hereditária do ser 
humano, com raízes filogenéticas.
2. Resposta: C.
Além das “funções básicas” ou “funções 
neuropsicomotoras” que as crianças devem 
apresentar para aprender a linguagem 
escrita adequadamente (habilidades 
motoras finas, coordenação motora e 
visual bem-estabelecida, noções espaciais, 
noções de lateralidade, discriminação 
e memória visual e auditiva, noções 
temporais, atenção, interesse, e outros), 
devem-se considerar as situaçõesreais que 
atribuem sentido a essa linguagem, para 
que possa compreender como se escreve, 
o que se pode escrever, com que objetivos 
se escreve, para quem se escreve, quais as 
situações em que se escreve e o porquê de 
se escrever.
3. Resposta: A.
Embora ter uma “boa fala” não seja pré-
requisito para aprender a escrever bem, na 
fala, uma série de aspectos e formalidades 
da escrita são incorporados. Assim, falar 
60/112
bem é um produto de modificações 
na linguagem oral produzidas por um 
processo de letramento.
4. Resposta: A.
A linguagem está no centro da 
educação, porque além de ser objeto de 
aprendizagem, é por meio dela que se 
adquirem outros conhecimentos, sendo 
assim, um instrumento de acesso que tem 
que ser previamente ensinado.
5. Resposta: B.
Existem quatro níveis de conhecimento 
fonológico, sendo que os mais elaborados 
dependem dos avanços na alfabetização 
Gabarito
da criança: sensibilidade à rima (a criança 
descobre que algumas palavras têm no 
seu início ou no seu final um mesmo 
conjunto de sons), conhecimento silábico 
(capacidade de dividir a palavra em 
sílabas), conhecimento intrassilábico (as 
sílabas são subdividias em elementos 
menores) e conhecimento segmental 
(compreender que as palavras são 
formadas por fonemas).
61/112
Unidade 3
Comunicação e Linguagem
Objetivos
1. Comunicação e linguagem são termos que 
automaticamente remetem um ao outro. De fato, a 
comunicação é uma das funções da linguagem, a qual 
tem seu desenvolvimento relacionado às intenções e às 
interações dentro de uma comunidade.
2. Esta aula visa elucidar estas relações, vinculando-
as à aquisição da linguagem e escrita e, quando 
possível, destacando os diferentes contextos no qual a 
comunicação ocorre e a linguagem se desenvolve, o que 
inclui menções à escola.
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem62/112
Introdução
A capacidade da linguagem é 
exclusivamente humana (grifo do autor, 
CHOMSKY apud VILA, 1995b). Para 
Chomsky, falar é uma capacidade 
geneticamente determinada, perante 
o que adquirir linguagem não passa de 
desenvolver algo inato. Em uma produção 
linguística existe uma relação entre sua 
forma, a sintaxe, e aquilo que significa, 
a semântica. Além disso, é preciso 
conhecer a realidade para poder fazer 
uso da linguagem, o que para Piaget, 
significava a necessidade do surgimento 
prévio da função simbólica (VILA, 1995b). 
Opostamente a Chomsky, Piaget não pensa 
ser a linguagem o principal elemento 
definidor da espécie humana, o qual seria 
uma capacidade cognitiva geral, da qual a 
linguagem seria expressão.
Link
Para saber mais sobre o que é a linguagem e 
como ela se relaciona com a comunicação e 
com a educação, assista aos vídeos “O que é 
linguagem 1/2” e “O que é linguagem 2/2”, 
disponíveis em: <http://www.youtube.com/
watch?v=I1Zusz__3e8&feature=related>.
<http://www.youtube.com/
watch?v=4qr3CGs1Upg&feature=relmfu>.
Acesso em: 23 de Abril de 2015.
Em meados dos anos setenta, atentou-
se também para o conhecimento sobre 
como usar regras fonológicas, semânticas 
e sintáticas, ou seja, o uso funcional da 
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem63/112
linguagem denominado de pragmática. O uso da linguagem surge de uma intenção de ma 
necessidade de estabelecer a comunicação. Isto significa que se usa a linguagem para que algo 
que está na mente possa passar à consciência do interlocutor. Desta maneira, aprende-se a 
falar aprendendo a anunciar uma intenção e a compartilhar e comentar sobre um tema com um 
interlocutor (VILA, 1995b).
Assim, podemos empregar a linguagem para regular a conduta de outra 
pessoa (venha; dê-me água; pegue a escova; chame-me às sete; etc.), 
para informar sobre algo referente a nós mesmos (não gosto de água; 
vou entrar em férias; estou cansado, etc.) ou para informar sobre algo que 
nos cerca (o carro é vermelho; Maria não vem; é um lápis; o trem está 
estragado; etc.) (Vila, 1995b, p. 71). 
Por isso, uma boa competência comunicativa é adquirida se há um conjunto de habilidades 
e conhecimentos a respeito de quando falar e quando não falar, com quem falar, sobre o 
que falar, onde, quando e até mesmo de que maneira falar. Mas, além do desenvolvimento 
funcional constituir apenas uma parte, a criança necessita aprender o que é esperado de sua 
participação como interlocutora no contexto em que está imersa, diferenciando entre diversos 
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem64/112
contextos e interlocutores (VALMASEDA, 
2004).
O bebê pronuncia suas intenções por meio 
de gestos faciais ou corporais, balbucios 
ou mesmo através de ações, como por 
exemplo, ao arrastar o adulto até um 
objeto. Porém os meios verbais permitem 
agilidade e economia de esforço na solução 
de seus problemas frente aos meios 
não-verbais. Assim, o desenvolvimento 
da linguagem começa cedo. O recém-
nascido, por exemplo, possui condutas 
específicas relacionadas à linguagem 
humana (distingue os sons pa e ba, reage 
com movimentos à voz humana, e outros). 
Os adultos, por sua vez, adequam suas 
condutas àquelas observadas nos bebês, 
estabelecendo-se uma protoconversação 
(conversação primitiva) (VILA, 1995b).
A interação social que acontece na rotina 
do bebê conjuntmente com a regulação 
do adulto acrescida à sua percepção de 
objetos a partir dos três meses de idade, 
permite que a comunicação e suas regras 
se desenvolvam assim como que seja 
estabelecido um progresso cognitivo. Entre 
os seis e os doze meses, aparecem gestos, 
diversificação nas expressões faciais, uso 
do olhar para regular o intercâmbio e 
vocalizações (VILA, 1995b).
Assim, a fala se desenvolve seguindo o 
seguinte ritmo (VILA, 1995b): 
• Vocalizações podem ser observadas 
nas crianças praticamente desde 
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem65/112
o primeiro mês de vida (além dos 
sons típicos do choro, os quais se 
diferenciam aos poucos). 
• A partir de um mês e meio, qualquer 
fonema pode aparecer – fase do 
balbucio. 
• A partir dos seis meses, os bebês 
prestam cada vez mais atenção 
aos sons falados ao seu redor, 
os quais são imitados, ainda que 
imperfeitamente – fase da lalação.
• A linguagem da criança se aproxima 
cada vez mais daquela falada em seu 
meio, quando aos 9-10 meses chega 
à fase da ecolalia.
• Até os nove meses, as primeiras 
vogais são claramente pronunciadas 
(/a/ e /e/). 
• Aos doze meses pronuncia-
se corretamente as primeiras 
consoantes (/p/, /t/, /m/).
• Durante o segundo ano, a 
aprendizagem da entonação vai 
sendo incorporanda pelas crianças, 
e observa-se o uso de expressões 
(mesmo que sem significado) com 
inflexões, ritmos e pausas - jargão 
expressivo. 
• Aproximadamente aos dois anos 
de idade, as vogais, boa parte das 
consoantes e alguns ditongos são 
pronunciados corretamente. 
O domínio completo do sistema fonológico 
pode demorar-se até os cinco anos. Desta 
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem66/112
forma, o Quadro 3.1 apresenta as etapas de construção do sistema linguístico, indicando o 
panorama de aquisição da fala.
NÍVEL
UNIDADE 
MÍNIMA
ESTÁGIO DE 
DESENVOLVIMENTO
EXEMPLO
Fonético Som Pré-Fala (0 – 1;0)
[ka] , [dadadada] 
[da ‘da]
Fonológico Segmento Sonoro
Primeiras Palavras (1;0 – 1;6)
[ka] = CARRO 
[da] = DÁLexical Palavra
Sintático Frase Estágio Telegráfico (1;6 – 2;0)
DÁ CARRO 
CARRO PAPAI
Morfológico Forma
Organização e Expansão dos 
Subsistemas (a partir de 2;0)
FAZI 
PICOLERES_
Discursivo Texto
Narrativo 
(a partir de 4 anos)
JÁ FAZI 
AMANHÃ 
(Protonarrativas)
Quadro 3.1: Níveis de Estruturação Lingüística. Em: TEIXEIRA, Elizabeth Reis. (1995). O processo de aquisição da linguagem pela 
criança. Revista do Espaço Möebius. Salvador. Retirado de: Almeida,Risonete Lima. (2007). Aquisição das primeiras palavras: 
Um estudo sobre aspectos lingüísticos em interação com ações intelectuais. Dissertação, Universidade Federal da Bahia.
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem67/112
No uso das primeiras palavras, as crianças 
o restringem ao contexto no qual o adulto 
geralmente as emprega, até que comecem 
a generalizar este uso em contextos não 
observados anteriormente, o que parece 
referir-se à primeira noção conceitual, 
que se relaciona ao significado da palavra. 
Neste processo, a criança entende cada vez 
mais o caráter instrumental da linguagem 
e que esta reflete a realidade. A partir 
daqui, a memória é limitadora na aquisição 
de novas palavras (VILA, 1995b).
Para saber mais
“Quando nos referimos a conceito, estamos 
pensando em um tipo de representação mental” 
(p. 32). Conceito e categoria, são frequentemente 
empregados como sinônimos, contudo, categoria 
é o conjunto de membros representados pelo 
conceito. Exemplo: conceito gato – representação 
mental; categoria gato – todos os gatos que já 
existiram, existem atualmente e existirão no 
futuro (Lomonaco, 2000).
Desta forma, no trabalho pedagógico, o 
conhecimento que a criança já possui deve 
servir de base e seu vocabulário deve ser 
estendido e aperfeiçoado por meio de sua 
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem68/112
participação em atividades motivadoras e 
contextualizadas nas quais a negociação 
dos significados fornecidos pelo adulto 
aconteça (VILA, 1995b).
1. Comunicação e interações 
sociais
Para dar prosseguimento ao entendimento 
da linguagem e da sua função 
comunicativa, é retomado que a linguagem 
seria um “sistema de signos que serve para 
expressar ideias e sentimentos” (VILA, 
1995a, p. 150). Assim, além de sua forma 
(significantes), estudada na morfologia, 
a sua definição reconhece a sua função 
(significados). A linguagem torna-se 
então um instrumento da conduta, uma 
ferramenta culturalmente elaborada para 
que ocorra a comunicação no meio social. 
Função e forma integram um mesmo 
processo, são indissociáveis, são adquiridas 
e evoluem em conjunto (VILA, 1995a).
Como também já visto em aulas anteriores, 
para haver comunicação os interlocutores 
devem conferir o mesmo valor a suas 
expressões linguísticas. Por isto que na 
aquisição da linguagem aprende-se a usá-
la para regular interações com os outros. 
Isso é feito de forma cada vez melhor ao 
se conhecer e compartilhar os significados 
convencionais existentes na comunidade 
(VILA, 1995a).
A aquisição e desenvolvimento da 
atividade linguística implica participação 
de situações e atividades sociais 
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem69/112
motivantes (alimentação, cuidado 
ou jogo), desde o início da vida. Nas 
interações sociais, a comunicação 
se torna cada vez mais convencional 
na sua forma. Assim, os significados 
elaborados socioculturalmente devem 
ser compartilhados. Fonemas, palavras 
e orações devem ser combinados em 
sequências compreensíveis aos demais e 
as regras gramaticais devem ser utilizadas, 
já que estruturam de forma convencional 
as relações forma-função na linguagem 
(VILA, 1995a). 
Com as experiências pré-escolares e o 
ingresso, mais adiante, na escola, dos 
quatro aos sete anos, a diversificação 
dos contextos da fala exige maior clareza 
e compreensibilidade do que se produz 
verbalmente (VILA, 1995a). Quando uma 
criança chega à escola, por volta dos 
quatro anos, já possui um conhecimento 
significativo das normas por trás da 
comunicação e da linguagem, adquirido 
paulatinamente nas interações em sua 
casa (VALMASEDA, 2004).
Em seguida, dos sete aos doze anos 
de idade, novos modelos de uso da 
linguagem são apresentados, tanto pelas 
experiências na escola e com os amigos, 
quanto pelo acesso compreensivo aos 
meios de comunicação e à leitura, os 
quais proporcionam grande variedade de 
conhecimentos (VILA, 1995a).
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem70/112
Inicialmente, o veículo linguístico será a língua oral. Mais tarde, 
a aprendizagem da leitura e da escrita ampliará enormemente as 
possibilidades de conhecimento do mundo, ao mesmo tempo em 
que enriquecerá a própria linguagem oral, convertendo-se em um 
instrumento cada vez mais complexo (Valmaseda, 2004, p. 72).
Inicialmente, o veículo linguístico será a língua oral. Mais tarde, a aprendizagem da leitura e 
da escrita ampliará enormemente as possibilidades de conhecimento do mundo, ao mesmo 
tempo em que enriquecerá a própria linguagem oral, convertendo-se em um instrumento cada 
vez mais complexo (VALMASEDA, 2004, p. 72).
No meio social, usualmente, um modelo de uso da linguagem adaptado aos modos de vida e ao tipo 
de interações habituais em que ocorrem é oferecido. Já é um modelo apropriado para os hábitos e 
necessidades comunicativas existentes no meio, assim, contextos interativos diferentes apresentam 
estilos e modos de uso da linguagem distintos. É desta forma que dois grupos sociais compartilham 
as generalidades do código (são falantes da mesma língua) mas oferecem inputs linguísticos 
diferentes. Destaca-se, portanto, a relevância da exposição à diversificados ambientes sociais, nos 
quais há diferentes modelos, enriquecendo o input linguístico (VILA, 1995a). 
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem71/112
O input linguístico identifica a comunidade ou o grupo falante e, do 
mesmo modo que veicula seus modelos socioculturais, exerce uma 
pressão socializadora sobre o uso individual da linguagem no interior 
dessa comunidade ou grupo. Normalmente o indivíduo é sensível a 
esta influência e adapta seu uso ao modelo tanto quanto for capaz (Vila, 
1995a, p. 157).
Na escola comumente é oferecido um input linguístico elaborado para a compreensão. Esse 
input apresenta similaridades com aquele comumente utilizado nas famílias de crianças de 
classes média e alta de forma a favorece-las de forma diferenciada (VILA, 1995a). Esta é uma 
Para saber mais
O input linguístico seria o uso que os demais falantes fazem da linguagem em suas interações (Vila, 
1995a), ou seja, o uso da linguagem que se ouve e observa em uma comunidade.
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem72/112
reflexão de peso para a realidade de 
escolas brasileiras, visto que as crianças 
com menos recursos linguísticos percebem 
uma dificuldade adicional para o êxito 
escolar no uso da linguagem.
Assim, “o universo vocabular de cada 
criança vai diferir de acordo com a classe 
social e com os tipos de organização 
dos discursos orais com os quais ela 
convive em seu cotidiano” (TULESKI, 
CHAVES & BARROCO, 2012, p. 38). 
Ingressando na escola, a ampliação do 
vocabulário e o aperfeiçoamento da 
estrutura e da forma da linguagem oral 
podem e devem acontecer. Por isso é 
importante que o professor das séries 
iniciais, além de “contar” histórias para 
as crianças, diversifique a escolha dos 
autores da literatura infantil, de clássicos 
a contemporâneos, para que possa haver 
contato das crianças com estruturas 
linguísticas e vocábulos variados, com 
ajuda do professor para compreensão dos 
mesmos (TULESKI, CHAVES & BARROCO, 
2012).
O respeito pela diversidade e a 
oportunização de experiências 
enriquecedoras para aquelas crianças com 
universo vocabular mais empobrecido 
deve ser regra. Muito se fala nas escolas 
sobre a origem das crianças e, de fato, 
até mesmo as pesquisas revelam que 
há relação entre variáveis psicossociais 
familiares e desempenho em leitura/escrita 
em crianças, sendo que a presença de 
transporte próprio na família, percepção 
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem73/112
dos familiares de que a criança teve 
dificuldades para aprender a ler e no 
desempenho da leitura, maior índice 
de repetência escolar e história familiar 
de dificuldade na leitura sãoalgumas 
dessas variáveis psicossociais da família 
(ENRICONE & SALLES, 2011). Por isso, 
o trabalho de parceria com as famílias, 
fazendo com que elas se sintam motivadas 
a trocarem com a escola e estimularem 
de forma adequada seus filhos deve ser 
parte do cotidiano escolar. Isso, somado à 
oferta de experiências mais significativas 
e diversas pode ajudar muito a superar 
a situação da educação das crianças, 
principalmente em relação aos desafios da 
aprendizagem da leitura e escrita.
Questão
reflexão
?
para
74/112
Acesse o texto de Tuleski, Chaves e Barroco (2012) e enumere 
algumas das características dos alunos e do planejamento 
pedagógico às quais o professor deve se atentar:
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/fractal/v24n1/v24n1a03.
pdf>. Acesso Em 23 Abril de 2015.
TULESKI, S. C., CHAVES, M.; BARROCO, S. M. S. Aquisição da 
linguagem escrita e intervenções pedagógicas: uma abordagem 
histórico-cultural. Fractal: Revista de Psicologia, v. 24, n. 1, p. 27 a 
44, 2012.
75/112
Considerações Finais
O uso da linguagem surge de uma intenção, que é a comunicação.
A criança necessita aprender o que é esperado de sua participação como 
interlocutora no contexto em que está imersa, diferenciando entre diversos 
contextos e interlocutores.
As fases da fala são: protoconversação, balbucio, lalação, ecolalia, jargão 
expressivo e fala.
No uso das primeiras palavras, as crianças o restringem ao contexto no qual o 
adulto geralmente as empregas, até que comecem a generalizar este uso em 
contextos não observados anteriormente, o que parece referir-se à primeira 
noção conceitual.
A aquisição e desenvolvimento da atividade linguística implica participação 
de situações e atividades sociais motivantes.
76/112
Considerações Finais
Contextos interativos diferentes apresentam estilos e modos de uso da 
linguagem distintos.
Crianças com menos recursos linguísticos percebem uma dificuldade 
adicional para o êxito escolar no uso da linguagem.
Experiências mais significativas e diversas devem ser ofertadas nas escolas.
Unidade 3 • Comunicação e Linguagem77/112
Referências 
ENRICONE, J. R. B.; SALLES, J. F. Relação entre variáveis psicossociais familiares e desempenho 
em leitura/escrita em crianças. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e 
Educacional, SP. Vol. 15, N. 2, 2011. pp. 199 a 210.
LOMONACO, J. F. B. et al. Desenvolvimento de conceitos: o paradigma das 
descobertas. Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v. 4, n. 2, dez. 2000. pp. 31-39.
TULESKI, S. C., CHAVES, M.; BARROCO, S. M. S. Aquisição da linguagem escrita e intervenções 
pedagógicas: uma abordagem histórico-cultural. Fractal: Revista de Psicologia, v. 24, n. 1, p. 27 a 
44, 2012.
VALMASEDA, M. Os problemas de linguagem na escola. In: COLL, C.; MARCHESI, Á.; PALACIOS, J. 
(Orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: Transtornos de desenvolvimento e necessidades 
educativas especiais. Porto Alegre: Artmed, 2004. vol. 3. p. 72 a 89.
VILA, A. L. e I. Desenvolvimento da linguagem. In: COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. (Orgs.). 
Desenvolvimento psicológico e educação: Psicologia evolutiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 
1995a. v. 1. p. 149 a 164.
VILA, I. Aquisição da linguagem. In: COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. (Orgs.). 
Desenvolvimento psicológico e educação: Psicologia evolutiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 
1995b. v. 1. p. 69 a 80.
78/112
Aula 3 - Tema: Comunicação e Linguagem - 
Bloco I
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
7d7b8d61b597002c0453d94556931e64>.
Aula 3 - Tema: Alterações Frequentes da 
Linguagem Oral - Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
ce22f7d8b181a2eed100a9f77d0ee6dc>. 
Assista a suas aulas
79/112
Aula 3 - Tema: Alterações da Linguagem 
Escrita: Disgrafia e Disortografia - Bloco III
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/5bc6ddadc6cc5751b8ac3c6933b1e0bb>.
Aula 3 - Tema: Alterações da Linguagem 
Escrita – Dislexia, Dificuldade Escolar e 
Distúrbio de Aprendizagem - Bloco IV
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
6c7bfe424744d20f8d788789a87cf5cc>. 
Assista a suas aulas
80/112
1. Em relação à comunicação e linguagem, em meados dos anos setenta, 
atentou-se também para o conhecimento sobre como usar regras fonoló-
gicas, semânticas e sintáticas, ou seja:
a) A dialógica.
b) A pragmática.
c) A morfologia.
d) A ontogenética.
e) A filogenética.
Questão 1
81/112
2. O bebê pronuncia sua intenção por meio de gestos, balbucios ou arras-
tando o adulto até esse objeto, mas reconhece que há um meio mais eco-
nômico e eficaz. Qual seria esse meio?
a) A linguagem.
b) A protoconversação.
c) A comunicação.
d) A fala.
e) A lalação.
Questão 2
82/112
3. No processo de aquisição da linguagem, além do desenvolvimento da 
comunicação, qual outro progresso se observa na criança?
a) Pragmático.
b) Cognitivo.
c) Fonológico.
d) Semântico.
e) Sintático.
Questão 3
83/112
4. No processo de aquisição da noção conceitual, que se relaciona ao sig-
nificado da palavra, a criança entende cada vez mais o caráter instrumental 
da linguagem e que esta reflete a realidade. Como se expressa o início do 
desenvolvimento deste processo?
a) No uso das primeiras palavras, as crianças o restringem ao contexto no qual o adulto 
geralmente as emprega, até que comecem a generalizar este uso em contextos não 
observados anteriormente.
b) No uso das primeiras palavras, as crianças o restringem ao contexto no qual o adulto 
geralmente as emprega, até que comecem a adquirir outras palavras em novos contextos.
c) No uso das primeiras palavras, as crianças generalizam para diversos contextos, até que 
comecem a restringir este uso ao contexto no qual o adulto geralmente as emprega.
d) No uso das primeiras palavras, as crianças diferenciam contextos diversos, até que iniciem 
o uso da palavra.
e) No uso das primeiras palavras, as crianças diferenciam o uso da palavra, até que os 
contextos comecem a se diversificar.
Questão 4
84/112
5. Qual a principal relação entre interações sociais e desenvolvimento da 
linguagem?
a) A participação em situações e atividades sociais pode inibir a aquisição e o 
desenvolvimento da atividade linguística.
b) A aquisição e o desenvolvimento da atividade linguística não dependem de participação de 
situações e atividades sociais.
c) A participação em situações e atividades sociais motivantes não fornece ferramentas para 
um adequado desenvolvimento da atividade linguística.
d) A aquisição e desenvolvimento da atividade linguística podem não se manter se houver 
participação de situações e atividades sociais motivantes.
e) A aquisição e desenvolvimento da atividade linguística implicam participação em situações 
e atividades sociais motivantes.
Questão 5
85/112
Gabarito
1. Resposta: B.
Em meados dos anos setenta, atentou-se 
também para o conhecimento sobre como 
usar regras fonológicas, semânticas e 
sintáticas, ou seja, a pragmática. Aprende-
se a falar aprendendo a anunciar uma 
intenção e a compartilhar e comentar sobre 
um tema com um interlocutor.
2. Resposta: D. 
O bebê pronuncia sua intenção por meio de 
gestos, balbucios ou arrastando o adulto 
até esse objeto antes de dizê-la, mas 
reconhece que é mais econômico e eficaz 
do que os métodos não verbais.
3. Resposta: B.
A interação social que acontece na rotina 
do bebê, com regulação do adulto, e sua 
percepção de objetos a partir dos três 
meses

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