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Briófitas: Plantas Criptogâmicas

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Os Vegetais e a Água
BRIÓFITAS
As briófitas compreendem plantas criptogâmicas avasculares, de organização estrutural 
relativamente simples. Geralmente apresentam dimensões, reduzidas e são, na sua maioria, 
terrestres. Um dos sistemas de classificação atuais as agrupam em três Divisões: Hepatophyta, 
que inclui as hepáticas, Anthocerotophyta, incluindo os antóceros, e Bryophyta, que agrupa os 
musgos. Apresentam alternância heterofásica e heteromórfica de gerações, na qual a geração 
haplóide, chamada de gametófito, constitui a fase dominante do ciclo biológico (Fig. 1).
Figura 1 - Briófita (Hepática - sp.). Gametófito evidenciando o caulídio (a) e filídios 
(b). 
Consideradas como "avasculares", apresentam, contudo, um grau de organização morfológica 
e estrutural superior ao grupo das algas. Diferem destas, além de outros aspectos, por 
apresentar gametângios pluricelulares com uma camada estéril de células formando uma 
epiderme protetora, que é uma adaptação ao modo de vida terrestre (os gametângios das algas 
são, em geral, unicelulares e, quando pluricelulares, todas as células são potencialmente 
férteis). 
As funções tróficas e vegetativas das briófitas são executadas pelo gametófito, o qual 
apresenta morfologia apropriada para isso. Quando vemos um musgo, uma hepática ou um 
antócero na natureza, o que observamos, na verdade, é o gametófito. O esporófito é uma 
estrutura efêmera, produtora de esporos, que cresce sobre o gametófito (Fig. 2 A, B). Ao 
encontrarmos uma briófita, nem sempre o esporófito está presente. Para que o esporófito se 
desenvolva, é necessário que ocorra a união gamética (fecundação), a qual é dependente de 
água, uma vez que o anterozóide (o gameta masculino) necessita deslocar-se ("nadar") até o 
arquegônio (gametângio feminino) para, neste, fecundar a oosfera (gameta feminino), pois a 
fecundação, nas briófitas, como nas cormófitas e em algumas algas, é oogâmica. Do zigoto, 
que é formado a partir da união gamética, desenvolve-se o esporófito, o qual é constituído por 
uma estrutura axial, a seta, que eleva a cápsula esporífera, onde são produzidos os esporos 
através do processo meiótico. Após a liberação dos esporos, o esporófito desaparece. Os 
esporos, em substrato adequado, germinam para produzir um novo gametófito. Em muitas 
briófitas o gametófito acaba desaparecendo com o esporófito mas, em muitas outras, o 
gametófito persiste por multiplicação vegetativa, um processo de ampla ocorrência entre as 
briófitas. Nas plantas vasculares (as traqueófitas), ao contrário, é o esporófito que se 
desenvolve e persiste, desempenhando funções tróficas e vegetativas, e o gametófito é 
efêmero.
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Figura. 2 - Briófita (Musgo - Sematophyllum subsimplex). A - gametófito (a) evidenciando o 
caulídio (1) e os filídios (2) e esporófito (b) contendo a seta (3) e a capsula com os esporos (4). 
B - Detalhe da capsula: urna (5) com massa de esporos (6), e opérculo (7).
Pode-se distinguir dois padrões básicos na morfologia do gametófito das briófitas:
a - gametófito folhoso, o qual está diferenciado em estruturas análogas às folhas das 
traqueófitas, denominadas de filídios, e em um eixo axial que suporta esses filídios, 
denominado de caulídio, análogo ao caule das traqueófitas. Os filídios, estruturalmente, são 
bem menos complexos que uma folha verdadeira e são geralmente uniestratificados, mas a sua 
morfologia é bastante variável. Gametófitos folhosos podem ser observados nos musgos e em 
parte das hepáticas, e em ambos o grau de variação morfológica, tanto de filídios quanto do 
caulídio, é relativamente grande;
b - gametófito taloso, o qual é laminar e prostrado, com certo grau de variação morfológica 
externa e interna, a depender do grupo. Tal gametófito ocorre em parte das hepáticas e em 
todos os antóceros (Fig. 3).
Figura. 3 - Briófita (Hepática talosa - Metzgeria albinea). A seta indica o 
Gametófito
Tanto o gametófito folhoso como o taloso apresentam estruturas filiformes responsáveis pela 
fixação ao substrato, denominados de rizóides, os quais são pluricelulares e pigmentados nos 
musgos e unicelulares e geralmente hialinos nas hepáticas e antóceros. Esses rizóides não 
desempenham papel importante na absorção de água do substrato pois essa pode ser 
absorvida pela superfície do próprio gametófito, mas são importantes na condução capilar 
externa de água, além de servirem para a fixação do gametófito ao substrato. Esta é a única 
analogia que se pode fazer com as raízes das plantas vasculares (traqueófitas). Deve ser 
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ressaltado que as folhas, caule e raízes das traqueófitas são estruturas produzidas pelo 
esporófito, enquanto que filídios, caulídios, e rizóides das briófitas que os possuem, são 
estruturas produzidas pelo gametófito.
As briófitas são ecologicamente importantes por serem componentes da biomassa epífita em 
muitos ecossistemas e da cadeia alimentar em outros, como a tundra. Ressalta-se sua 
importância como bioindicadoras e/ou biomonitoras em estudos de poluição ambiental, bem 
como na bioindicação de certos minérios. São também utilizadas em estudos farmacológicos, 
na extração de antibióticos e de substâncias odoríferas. Principalmente no Japão, são utilizadas 
como plantas ornamentais, em jardins. 
Cid José Passos Bastos
E-mail: cjpbasto@ufba.br
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