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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
FILOSOFIA
UNIDADE 1 – AULA 1 (NATUREZA E CULTURA)
 AULA 2 (RELAÇÕES ENTRE TÉCNICA E SOCIEDADE)
 AULA 3 (O HOMEM: UMA PERSPECTIVA FILOSÓFICA)
Aula 1 - Natureza e Cultura
Uma das maiores questões que afligem a humanidade é a busca de sua origem, dos princípios fundadores da concepção propriamente humana. Por mais que se investigue, as dúvidas sempre surgem nesse âmbito, e as discussões resvalam em problemas filosóficos, religiosos e científicos.
Assim, a questão “O que é o homem?” perpassa a história do conhecimento, da Antiguidade aos dias atuais. E muitos, a sua maneira, procuram desenvolver ideias capazes de justificar a complexidade da existência e dos procedimentos humanos. Além disso, inúmeras diferenças entre os seres vivos podem ser percebidas, especialmente entre homens e animais. Por exemplo, a adaptação do homem ao espaço físico e temporal difere bastante da adequação dos animais à natureza, e nem sempre o comportamento humano pode ser comparado às ações dos animais, até pela previsibilidade comportamental característica das espécies comumente chamadas irracionais.
Os atos dos animais são instintivos e determinados biologicamente; assim, eles possuem características rígidas, próprias de cada espécie, e não costumam sofrer mudanças significativas, visto que são geneticamente programados para seguir as leis naturais, integrando-se harmonicamente a seu espaço físico. Já o homem, desde os primeiros momentos de vida, transforma e adapta a natureza de acordo com suas necessidades.
Observamos, então, que somente o homem é capaz de agir e modificar conscientemente a realidade, pois seu contato com o mundo está vinculado à cultura, a qual resulta especificamente das transformações realizadas por sua capacidade de criar e tornar comuns as coisas a seu redor.
Por exemplo: cansado, um homem primitivo senta-se em uma pedra; mesmo sem sofrer transformação em sua forma, aquela pedra, ao lhe servir de descanso, adquire um sentido utilitário e passa a ser um objeto cultural.
Por outro lado, a expressão “o homem é um ser cultural”, constantemente utilizada, confunde mais do que explica, pois não é raro que se vincule o conceito de cultura à instrução, à formação intelectual, à erudição, privilégios de poucos. Porém, quando tratamos do termo em seu sentido antropológico, vemos que cultura é toda transformação exercida pelo homem sobre a natureza.
Verificamos assim que, independentemente do espaço geográfico em que está inserido, todo homem é um ser cultural – o que significa que não existe uma cultura superior e outra inferior, mas culturas diversificadas, e devemos entender que ser diferente não é ser melhor nem pior, é simplesmente ser diferente.
Ou seja, a cultura engloba o que pensamos, fazemos e temos enquanto membros de um grupo social. Nesse sentido, o termo cultura é aplicável tanto a uma civilização tecnicamente evoluída [...] quanto às formas de vida social mais rústicas [...]. Todas as sociedades humanas, da pré-história aos dias atuais, possuem uma cultura. E cada cultura tem seus próprios valores e sua própria verdade. Podemos acrescentar, por fim, e numa abordagem mais filosófica, que cultura é a resposta oferecida pelos grupos humanos ao desafio da existência.
Ao se instalar no mundo, o homem consegue agir e modificar conscientemente a realidade que o cerca, vinculando esses procedimentos ao desenvolvimento de seu psiquismo, a sua capacidade de abstração. A necessidade de viver em contato com seus semelhantes, interagindo com eles, possibilita a criação de símbolos, de palavras, da linguagem, enfim, permite o afastamento do concreto e o “domínio” do tempo (lembrar-se do passado, pensar o presente, projetar o futuro).
Quer dizer, o homem representa, por meio de palavras, ideias e objetos ausentes. Por exemplo, podemos falar de um elefante sem que ele esteja presente, pois todos os membros de um grupo já sabem a que se refere a palavra elefante.
A linguagem se manifesta, assim, como fenômeno coletivo, capaz de expressar tudo aquilo que diz respeito à civilização, dando ao homem a possibilidade de expor discursivamente seu pensamento, de ordenar, refletir, divulgar e transmitir os costumes e tradições da sociedade em que vive. A linguagem é, portanto, a capacidade que permite ao homem a comunicação por meio de um código, o qual é reflexo de seu modo de ser e de agir e, consequentemente, de sua própria humanização.
Como ser de cultura, o homem cria formas de representação que se disseminam através do tempo e do espaço, levando ao desenvolvimento dinâmico e contínuo de seu modo de “estar no mundo”. Para isso, a plena adaptação ao mundo humano requer o entendimento dos símbolos linguísticos.
O homem descobriu, por assim dizer, um novo método para adaptar-se ao seu ambiente. Entre o sistema receptor e o efetuador [emissor], que são encontrados em todas as espécies animais, observamos no homem um terceiro elo que podemos descrever como sistema simbólico. Essa nova aquisição transforma o conjunto da vida humana. Comparado aos outros animais, o homem não vive apenas em uma realidade mais ampla; vive, pode-se dizer, em uma nova dimensão da realidade. 
Esta ação do homem sobre a natureza, modificando o ambiente, seu espaço físico, por interesses próprios, é denominada trabalho, conjunto de atos humanos realizados de modo consciente e intencional. Nesse sentido, o trabalho é considerado de modo positivo, visto que, ao modificar a natureza, o ser humano trabalha e se realiza, e essa atividade implica a satisfação de suas necessidades primeiras: alimentação, moradia, defesa, entre outras.
Quando pensamos sobre o papel do trabalho em seu aspecto individual, verificamos que ele permite ao homem expandir suas energias, desenvolver sua criatividade e realizar suas potencialidades. Pelo trabalho, o homem é capaz de moldar a natureza e, ao mesmo tempo, alterar a si próprio. Ou seja, trabalhando, o homem pode modificar o mundo e a si mesmo, produzir cultura e se autoproduzir. Em seu aspecto social, isto é, como esforço conjunto dos membros de uma comunidade, o trabalho tem como objetivo último a manutenção da vida e o desenvolvimento da sociedade.
Os homens, de fato, começaram a produzir cultura quando fizeram, da pedra bruta, facas e pontas de lança para cortar, ferir e matar; quando fabricaram utensílios de uso cotidiano a partir do barro; quando aprenderam a usar como vestimenta as peles dos animais abatidos; quando começaram a plantar, a colher e a armazenar mantimentos; quando, mais tarde, descobriram os métodos necessários à construção de casas sólidas e confortáveis; e assim por diante.
Vemos, pois, que existe na concepção do existir humano uma relação profunda e indissociável entre cultura, linguagem e trabalho, já que estes elementos fundamentais moldam a vida do homem desde o nascimento. Ao contrário dos animais, que se adaptam perfeitamente à natureza, nós – não só pela necessidade de sobrevivência, mas também pelo desejo de conforto – somos capazes de transformar o meio em que vivemos, a partir de nosso próprio esforço e ousadia.
A modificação da natureza por seu agir leva o homem a desenvolver técnicas e instrumentos, transmitidos e aperfeiçoados de geração em geração, possibilitando, sempre, a instauração de novas tecnologias.
Atividade
O ser humano tem seu desenvolvimento pautado pela relação com o mundo e, consequentemente, pelo liame entre natureza e cultura. Partindo deste princípio, marque a afirmação certa:
I. A educação do homem se desenvolve independentemente de seu grupo social.
II. A linguagem possibilita ao homem a plena compreensão da realidade.
III. A ação dos animais é previsível e depende de suas características genéticas.
IV. Em seu desenvolvimento, o homem cria isoladamente seu sistema de comunicação.
Está correta a alternativa: (II e III)
Aula 2 – Relações entre técnica e sociedade
Se, de início, o trabalho e o uso das técnicas contribuem para facilitara vida do ser humano, ambos passam a exercer, posteriormente, uma forma de controle e exploração de poucos sobre muitos. Isso porque, especialmente nas sociedades antigas mais complexas e hierarquizadas, houve grande depreciação a respeito do valor do trabalho e da técnica.
No alvorecer da humanidade, o trabalho era coletivo, e todos participavam dos mesmos afazeres; porém, as mudanças resultantes do desenvolvimento das sociedades alteraram esta visão positiva, de participação solidária, desvirtuando sua função inicial.
Para as classes dominantes daquele tempo, tudo que se relacionasse com a realidade prática seria indigno de seus interesses, devendo ser executado por aqueles desprovidos de habilidades intelectuais. Assim, enquanto a elite se dedicava a questões mais “nobres” – tais como política, filosofia, ciência –, o fazer técnico (a techné) vinculava-se a classes sociais menos favorecidas.
Na Grécia Clássica, por exemplo, os cidadãos participavam ativamente da vida pública, das guerras e das decisões do governo, mas, de modo geral, desconsideravam o trabalho manual ou material dos artesãos, marceneiros e outros. Numa sociedade como a grega, não caberia aos atenienses – aqueles que tinham direito à cidadania – o desenvolvimento de técnicas “braçais”, visto que apenas o trabalho intelectual daria plenitude à vida humana.
Esta visão preconceituosa leva o homem a “separar” o pensamento da ação, valorizando a intelectualidade em detrimento do trabalho braçal; isto é, o trabalho intelectual, ou mental, seria superior ao trabalho manual, ou material – como se fosse possível essa distinção entre o pensar e o agir.
Contudo, devemos enfatizar que é o processo de aprimoramento das técnicas na criação de ferramentas de trabalho que vai possibilitar a intervenção na natureza, quando o homem sentir a necessidade de modificar o meio ambiente. Assim, em vez de usar as mãos, o ser humano recorre a instrumentos por ele criados e que facilitem sua tarefa de agir sobre o mundo. Estes instrumentos, cada vez mais aperfeiçoados, serão transmitidos de geração em geração, proporcionando a criação de novas fontes de desenvolvimento.
Considerando as transformações históricas, podemos observar que, ao fim da época medieval, a relação entre trabalho e técnica há de se modificar, e as mudanças daí decorrentes, como a ascensão da classe burguesa, vão determinar novos rumos para a vida em sociedade. A partir de então, aliada às ciências emergentes, a técnica passa a ser valorizada e incorporada ao progresso.
Entretanto, as grandes transformações ocasionadas pela união da ciência com a técnica passam a assumir contornos dúbios, já que, ao mesmo tempo em que se desenvolve, a ciência, quando mal aplicada, pode provocar sérios danos aos recursos naturais e ao próprio homem, causando um desequilíbrio ecológico, que pode significar o fim da própria civilização.
Outro ponto de considerável relevância, além do domínio da natureza (para o bem ou para o mal), é a ascendência que poucos homens passam a exercer sobre muitos. O filósofo Jean-Jacques Rousseau já denunciava, no século XVIII, os problemas resultantes do avanço técnico, o qual, segundo ele, aumentaria a desigualdade entre as classes.
A partir do desenvolvimento e da consolidação das indústrias da Modernidade, a condição de vida dos trabalhadores foi visivelmente alterada. Enquanto os artesãos, por exemplo, antes dominavam todas as etapas de seu trabalho, posteriormente, com o advento das máquinas, este mesmo artesão não tinha como competir com os produtos industrializados, transformando-se, então, em operário da fábrica, sem condições de domínio sobre seu fazer, realizando mecanicamente suas funções, de modo alienado.
O processo de alienação afeta milhões de trabalhadores nas sociedades capitalistas modernas, onde a produção econômica transformou-se no objetivo do homem, em vez de o homem ser objetivo da produção. Esse processo iniciou-se no século XIX, quando o trabalho na maioria das indústrias começou a tornar-se cada vez mais rotineiro, automatizado e especializado ao ser dividido em múltiplas operações. Visava-se com isso economizar tempo e aumentar a produtividade. [...] tudo transcorre sem que o operário tenha controle sobre o produto final do seu trabalho, nem governo sobre a finalidade do que fabrica. Sempre repetindo as mesmas operações mecânicas, o trabalhador produz bens estranhos à sua pessoa, aos seus desejos e às suas necessidades.
Com efeito, o processo de alienação provoca uma ruptura entre o trabalhador e o bem produzido, separando homem eobjeto; porque, na maioria das vezes, o operário perde sua autonomia e não tem condições de adquirir aquilo que ele próprio produz.
O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) criticava as condições alienantes em que viviam os operários. Por não poder usufruir daquilo que produzem, estes trabalhadores são “despossuídos” do fruto de seu próprio trabalho. Marx associa a alienação a uma “despossessão”, sustentando a inexistência de acesso do operário ao bem produzido.
Em nossos dias, o conceito de alienação aplica-se a vários aspectos da realidade, interferindo tanto na política quanto na vida social, o que leva o homem a perder sua autonomia e a consciência crítica de seu fazer. Podemos também perceber a alienação quando o indivíduo é compelido a adquirir produtos que, muitas vezes, não passam da mera criação de “necessidades” inúteis por parte das grandes corporações que alicerçam o capitalismo.
A falta de acesso aos bens produzidos, a precariedade dos serviços públicos e a dificuldade de emprego provocam o surgimento de um número cada vez maior de excluídos, incapazes de aproveitar os benefícios da cidadania. Estes fatores perpetuam as diferenças entre as classes, descambando para o etnocentrismo (a sociedade dominante como modelo único) e para a xenofobia (aversão ao estrangeiro).
Não podemos esquecer que essas ações, ou normas sociais, são sustentadas pela ideologia dominante. De fato, a ideologia, como “ciência das ideias”, naturaliza a divisão de classes das sociedades, fazendo com que exista uma aparente harmonia entre os membros do grupo, mascarando, porém, as diferenças e as desigualdades sociais. Assim, o indivíduo passa a agir de acordo com as normas estabelecidas e, sem a devida percepção, assimila essas regras passivamente, sem contradizê-las. A ideologia apresenta, então, um mundo idealizado, onde a realidade – mesmo com a divisão entre ricos e pobres – é naturalizada.
Entretanto, embora o processo de divisão e de exploração do trabalho possa provocar a alienação do indivíduo, é importante destacarmos que o ser humano é capaz de transpor os obstáculos com os quais se depara, por força de sua inata capacidade de pensar e de agir; e é justamente este vínculo indissociável do pensamento e da ação que possibilita o entendimento e a reflexão sobre a realidade e sobre o próprio conceito de homem.
Aula 3 – O homem: uma perspectiva filosófica
Dependendo de cada sociedade em seu processo civilizatório, a compreensão sobre a existência do ser humano assume aspectos diversos e algumas vezes contraditórios, já que, além da influência espontânea do grupo, outros fatores, tais como a educação e a herança cultural, interferem na formação dos indivíduos.
Nos primórdios da civilização, os seres humanos se inquietavam com tudo o que acontecia a sua volta, e os fenômenos da natureza eram grandes mistérios. O dia, a noite, a chuva, a tempestade, o vento, o frio, a seca, todas estas manifestações naturais causavam um medo além da compreensão humana.
Foi por isso que, na tentativa de entender estes fenômenos, os homens acabaram por vinculá-los às divindades. Engendraram, então, histórias fantásticas – as narrativas míticas – a respeito do que lhes causava estranhamento.
Na Antiguidade grega, na época arcaica, por exemplo, especialmente quando a sociedade ainda era ágrafa (não se expressava através de sinais gráficos), os homens estabeleceram diversos cultos aos deuses, reverenciando-os sem qualquerquestionamento ou crítica, pois os fenômenos da natureza, comandados pela vontade divina, independeriam dos indivíduos do grupo, simples e impotentes mortais.
Aos poucos, porém, as explicações míticas sobre a origem do universo, relacionadas à cosmogonia – gênese do cosmos – passam a ser insatisfatórias. Daí o surgimento da cosmologia – descrição racional do cosmos –, pela qual se procura esclarecer o princípio originário (a arché) do universo.
Desse modo, diferentemente das narrativas míticas, de aceitação passiva, os primeiros pensadores gregos buscam a compreensão do princípio fundante do universo, por intermédio de investigações cosmológicas. Para eles, tal origem resultaria dos quatro elementos da natureza – água, terra, fogo e ar –, que, juntos ou isolados, teriam dado início à formação do mundo.
Conhecidos como Filósofos da Natureza, ou Pré-socráticos, poucos textos destes pensadores chegaram até nossos dias, mas seus fragmentos (pequenos trechos do que escreveram) servem sempre de motivo para reflexão. 
Exemplo de Pré-socráticos
1) Tales de Mileto
2) Anaxímenes
3) Xenófanes
4) Heráclito
5) Pitágoras
6) Parmênides
7) Empédocles
8) Leucipo e Demócrito
Gradativamente, então, a reflexão filosófica se volta, de modo mais específico, para a condição humana, analisando antropologicamente o papel do homem no mundo. Pouco a pouco, como já destacamos no início desta aula, a indagação sobre “O que é o homem?” passa a constituir a base do conhecimento filosófico. Veja o que pensavam os principais filósofos da época:
Protágoras e Górgias
Os pensadores sofistas, tais como Protágoras e Górgias vinculam o conhecimento à contextualidade, enfatizando o ensino da retórica – instrumento político da época –, das matemáticas e da cultura geral. Estes filósofos ressaltavam, também, a primazia do homem com relação aos saberes. Segundo Protágoras, o homem é a medida de todas as coisas.
Sócrates
Sócrates não deixou nada escrito, mas suas ideias, transmitidas por discípulos, apresentam a força e o rigor da reflexão filosófica. O método maiêutico – de construção do saber por meio de perguntas e respostas –, por ele criado, é utilizado contemporaneamente no processo de aprendizagem. Além disso, sua expressão “só sei que nada sei” sintetiza a infinitude do conhecimento e a busca sem fim da filosofia.
Platão
Platão, discípulo de Sócrates, louva o mestre em várias de suas obras, colocando-o como interlocutor principal em seus famosos Diálogos. Seu pensamento repousa na Teoria das Ideias, ou Teoria das Formas, na qual destaca o dualismo entre o intelecto e o sensível. Para ele, a busca do conhecimento consiste na superação do sensível para alcançar as essências perfeitas e imutáveis.
Aristóteles
Aristóteles, discípulo de Platão, acredita que o processo do conhecimento deveria chegar à essência universal do objeto. Mas, ao contrário de seu mestre, ele não despreza o mundo sensível, da empeiria (experiência), nem tampouco a mutabilidade dos seres. Segundo Aristóteles, é impossível considerar verdadeiramente o ser concreto e individual como fundamento da investigação científica.
Dentre as teorias filosóficas clássicas que se destacam em sua forma de buscar a compreensão do que é o homem, aconcepção metafísica da natureza humana é uma das mais representativas, pois surgiu na Antiguidade grega – especialmente com Sócrates, Platão e Aristóteles –, atravessou séculos, e até hoje continua válida quando se pensa a natureza humana em seu sentido amplo, igualando todos os homens, sem distinção de classe ou riqueza.
A concepção metafísica valoriza, em especial, a essência humana, eterna, única e imutável; não atrelada, portanto, à dinâmica social. O homem, no sentido amplo, é compreendido de modo abrangente, independentemente de suas particularidades, do tempo e do espaço em que se encontra. Para a visão metafísica, não importam as características específicas de cada indivíduo (quanto ao sexo ou idade, por exemplo), pois o que conta é a essência comum a todos eles. Desse modo, a essência é única e idêntica em todos os seres humanos.
Podemos também pensar, de modo metafísico, os conceitos. Por exemplo: a ideia de cadeira é abstrata, logo metafísica, pois não estamos nos referindo a um objeto específico, mas a um conceito amplo, que abarca qualquer modelo de cadeira.
Mas, ao considerar apenas um modelo abstrato e universal, os problemas concretos do homem em suas relações sociais e históricas não são levados em conta, provocando muitas críticas de pensadores que se dedicaram a conceber a existência humana de modo mais concreto e específico.
Dentre os pensadores mais críticos a tal corrente abstrata e universal podemos destacar Friedrich Nietzsche e, posteriormente, Jean-Paul Sartre, que constituem exemplos clássicos de oposição à corrente metafísica.
O pensamento de Nietzsche revoluciona os modelos clássicos da filosofia, desde sua exacerbada crítica à metafísica e a Sócrates até a tentativa de “implosão” aos valores vigentes de sua época. Para ele, existiriam dois elementos distintos: o espírito apolíneo (da forma, da ordem da razão) e o espírito dionisíaco (do deus Dioniso, representando a paixão, o delírio, a emoção), os quais deveriam se manifestar igualitariamente, mas que a sociedade procurava sufocar no que tange aos apelos dionisíacos
Outra crítica à metafísica, das mais representativas, é a corrente existencialista, característica da época contemporânea, que desenvolve uma oposição contundente ao modelo único de uma essência abstrata. Um dos principais pensadores do existencialismo é o francês Jean-Paul Sartre, que defende o valor autônomo da consciência e da liberdade humana. De acordo com ele, a liberdade é a característica primordial do ser humano (“nós somos aquilo que fazemos do que fazem de nós”), que, dotado de consciência, é responsável por seu próprio destino e por suas escolhas (“a não escolha também é uma escolha”). Portanto, e seguindo o pensamento de Sartre, o homem é um ser condenado à liberdade, que constrói seu próprio destino e é responsável por ele.
Com relação ao que o homem representa e deseja em determinado espaço temporal, muitos são os modelos ideais forjados, mas existem entre eles, como pudemos observar, concepções bem contraditórias. Assim, as duas correntes já mencionadas apresentam possibilidades divergentes de como pensar o homem no mundo.
Na elaboração de suas teses, os filósofos que brevemente examinamos buscaram desenvolver seus sistemas e ideias de modo claro e preciso, a fim de que seus argumentos fossem bem compreendidos e não dessem margem a contradições ou dubiedades. Isso porque, em Filosofia, não temos a garantia antecipada própria das ciências exatas e naturais. Ou seja, não se pode dizer que um sistema filosófico é superior a outro, assim como não podemos afirmar que Aristóteles suplantava Platão, ou vice-versa.
Por isso, sempre foi e será necessário que as ideias expostas pelos filósofos tenham por base uma organização lógica e coerente que possibilite o pleno entendimento dos raciocínios expostos.
1. Atividade
Defina a diferença existente entre cosmogonia e cosmologia. Digite sua resposta no espaço abaixo, em cinco linhas, no máximo. Quando terminar, clique em Conferir e veja se acertou.
(i) A cosmogonia se refere à gênese do cosmos, baseada nas narrativas míticas, portanto, de aceitação passiva. (ii) A cosmologia, ao contrário, investiga racionalmente os elementos que deram origem a nosso cosmos.
UNIDADE 1 – AULA 1 (ORGANIZAÇÃO FORMAL DO PENSAMENTO)
 AULA 2 (O RACIOCÍNIO LÓGICO)
 AULA 3 (CONDIÇÕES DE CONHECIMENTO)
Aula 1 – Organização formal do pensamento
O desenvolvimento das ciências e do conhecimento visa à organização correta do pensamento, possibilitando a construção de raciocínios claros e rigorosos em sua fundamentação. Isso significa que toda disciplina requer um princípio, uma introdução que explicite o rumo a ser seguido na elaboração de seus conceitos.
Esse processoé considerado uma propedêutica: um estudo introdutório que possibilita a compreensão inicial de uma ciência; um estudo preliminar que antecede o ensino mais amplo de um conhecimento.
É nesse sentido que Aristóteles sustenta que as investigações da Lógica sejam a propedêutica da Filosofia, já que devem ser a base dos discursos filosóficos, os quais não podem prescindir de uma ordenação rigorosa, especialmente por não possuírem a garantia comprobatória das ciências exatas e naturais. E, embora seja apenas um dos ramos da filosofia, a Lógica tem um papel muito amplo, sendo aplicada às mais diversas áreas do conhecimento, quando se torna necessário o uso de argumentos ou provas demonstrativas.
Por conseguinte, o objetivo da Lógica é promover a organização correta do pensamento, distribuindo convenientemente as proposições, a fim de bem ordenar o raciocínio. A Lógica, portanto, é um instrumento de auxílio na construção formal do raciocínio, que independe de conteúdos específicos e examina os princípios gerais que fundamentam as regras do pensamento válido. Podemos dizer, ainda, que a Lógica é a reflexão sobre o ato formal de pensar, estando ligada à razão, ao discurso.
A principal função da Lógica é, assim, auxiliar a ordenação dos pensamentos, proporcionando correção e clareza na elaboração do raciocínio, pois o pensamento é uma atividade intelectual, um processo de cognição da realidade, no qual se formam os conceitos e juízos que possibilitam o raciocínio e a comunicação entre os homens.
Historicamente, não se pode precisar a origem dos estudos lógicos; no entanto, muito embora não tenha sido o iniciador dessas investigações, Aristóteles foi quem primeiro sistematizou a Lógica, elevando-a ao grau de disciplina científica; por isso ele é considerado o fundador da Lógica, o “pai” da Lógica Clássica.
A lógica aristotélica é definida como a ciência demonstrativa das formas de pensamento correto. Isso significa que a Lógica se ocupa da demonstração normativa e das leis formais do pensamento, considerado em si mesmo, independentemente de conteúdos específicos.
Aristóteles percebeu a necessidade da observação de certos parâmetros para a ratificação de um conhecimento rigoroso, chamado de princípios da demonstração (também conhecidos como princípios lógicos, verdades lógicas, princípios básicos da razão).
Princípio da Identidade
Cada coisa é idêntica a si mesma. Exemplos: “A = A”. / “O triângulo tem três ângulos.”.
Princípio da não contradição
Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto. Não é correto afirmar que “Sócrates é filósofo e não filósofo.” As duas afirmações não podem ser ambas verdadeiras, já que os dois atributos são conflitantes.
Princípio de terço-excluso
Uma coisa ou um objeto é ou não é, não havendo uma terceira possibilidade: dada uma determinada proposição, dela se pode dizer que é ou que não é, pois ela não pode ser simultaneamente verdadeira e falsa.
Para Aristóteles, o princípio fundamental da demonstração é o princípio da não contradição, que contém os demais; por sua natureza, ele é o princípio de todos os axiomas. Um axioma é uma verdade que não precisa ser demonstrada, é uma proposição evidente por si mesma. 
Ex.: “Todo homem é mortal.”
Outro ponto de interesse das investigações aristotélicas vem a ser o estudo estrutural do pensamento, o modo pelo qual o pensamento é formado, estabelecendo regras e condições que tornam possível a clareza do discurso. Na formulação do pensamento são utilizadas palavras, que formam frases, expressando o que se pretende demonstrar. Com efeito, Aristóteles procede a uma espécie de “dissecação” do ato de pensar, explicitando as operações intelectuais da mente: o conceito, o juízo e o raciocínio (também chamados respectivamente: termo, proposição e argumento).
CONCEITO:
É a ideia mental que nos faz reconhecer o objeto; é a representação intelectual de algo. O pensamento é inseparável da linguagem e será sempre constituído por palavras, por signos linguísticos. Dessa forma, o conceito não deve se remeter à imagem, a qual capta apenas os aspectos particulares e concretos de um determinado objeto. Por exemplo: o conceito de cadeira é abrangente e se refere a qualquer cadeira, de um modo amplo e geral, não importando seu modelo.
JUIZO:
É o ato pelo qual se faz um julgamento a respeito de alguma coisa, tendo por característica básica a afirmação ou negação acerca de algo. Exemplos: “Sócrates é mortal.” / “Pedro é alto.” / “João não é estudante.” / “O mercúrio é um metal.”.
RACIOCÍNIO:
Também chamado de inferência, é o encadeamento lógico de juízos a partir dos quais se chega a uma conclusão – constituindo a síntese das operações anteriores (conceito e juízo), conforme examinaremos, em detalhes, na próxima aula.
RACIOCÍNIO DEDUTIVO – Parte de proposições Universais para chegar a uma conclusão singular
RACIOCÍNIO INDUTIVO – Observam-se casos particulares para se chegar a uma conclusão geral
Os juízos podem ser afirmativos ou negativos, apresentando-se também sob a forma de necessidade (quando algo é, necessariamente) ou de contingência (quando um dado pode ser ou não ser). 
O juízo é a forma completa mais simples do pensamento, pois se apresenta a partir de uma determinada conexão, que lhe empresta unidade; e é uma reunião de conceitos, os quais constituem suas partes elementares.
Ainda sobre os juízos: eles podem também ser simples (atômicos) ou compostos (moleculares). São simples, ou atômicos, quando o juízo (ou proposição) é formado com um só atributo para o sujeito. Exemplo: “Sócrates é grego.” A proposição será composta, ou molecular, se o sujeito tiver mais de um atributo, isto é, mais de um predicado a ser incorporado a ele.
Exemplos: “Sócrates é grego e filósofo.” / “João é um aluno inteligente.”
Devemos ressaltar que embora para a construção do juízo geralmente sejam necessários dois termos – o sujeito e o predicado – unidos por um verbo, existem casos especiais. Por exemplo: “Chove.” / “Anoitece.” / “Faz frio.”
De modo bem sucinto, pode-se dizer que de acordo com a quantidade os juízos podem ser universais ou singulares. Dessa maneira, um juízo universal refere-se a sua amplitude, quando são usados os ‘quantificadores’ todo, nenhum... Exemplos: “Todo homem é mortal.” / “Nenhum metal dilata sem calor.” Já o juízo singular está relacionado com algo específico, próprio de um só objeto. Exemplos: “Esta aluna é inteligente.” / “Joaquim é advogado.”

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