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PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOJURIDICA Manaus, AM, Brasil, outubro/2018. “TINHA QUE SER MULHER MESMO”: A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO ÂMBITO FAMILIAR NA CIDADE DE MANAUS. Janilce Trindade do Nascimento1 Francinete Macena Costa2 Joao Lucio Santos da Silva3 Tônia Kelly Pereira da Silva 4 RESUMO Este trabalho traz para reflexão um dos temas mais polêmicos que é a violência contra a mulher. É considerada violência contra a mulher qualquer ato de dominação do homem sobre a mulher (SOUTO; BRAGA, 2011). Tendo como objetivo realizar um resgate na literatura sobre violência contra a mulher, como ela revelar-se, sua perpetuação ao longo dos tempos, igualmente fazer uma análise da história de lutas vivenciadas pelas mulheres em busca de seus direitos e espaços na sociedade de Manaus. Trata-se de uma revisão da literatura acerca do tema já referido realizada em bases de dados eletrônicos como Ministério da saúde, Scientific Eletronic Library online (SCIELO), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Periódicos capes, Sistema Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS) no período de 2011 a 2018. A partir desta fundamentação, observou-se que a violência contra mulher estar enraizada por uma sociedade que impôs poderes ao sexo de forma desigual no qual o homem desempenha sua hegemonia através da violência física, sexual, matrimonial, financeira, moral, psicológica gerando danos irreversíveis a saúde da mulher. Chegamos à conclusão que a mulher ainda perpassa os frutos de uma sociedade marcada pela desigualdade entre os sexos influenciando seu processo saúde-doença, ocasionando danos para toda a vida. Palavras-chave: Empoderamento feminino; Violência contra a mulher; Políticas Públicas. ABSTRACT This work brings to reflection one of the most controversial issues that is violence against women. Violence against women is considered to be any act of male domination over women (SOUTO; BRAGA, 2011). Aimed at carrying out a rescue in the literature on violence against women, as it reveals itself, its perpetuation over time, also make an analysis of the history of struggles experienced by women in search of their rights and spaces in the society of Manaus. This is a review of the literature on the subject already mentioned in electronic databases such as the Ministry of Health, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Virtual Health Library (VHL), Periodicals capes, Latin American and Caribbean System of Health Information Sciences (LILACS) in the period from 2011 to 2018. Based on this foundation, it was observed that violence against women is rooted by a society that imposed unequal powers to sex in which man plays his hegemony through of physical, sexual, marital, financial, moral, psychological violence causing irreversible damage to women's health. We come to the conclusion that the woman still traverses the fruits of a society marked by the inequality between the sexes influencing its health-disease process, causing damages for the whole life. Key words: Feminist empowerment; Violence against women; public policy. ___________________________________________ 1 Mestre e Professora em Serviço Social na Área Sociojurídica da UNINORTE. 2 Pós Graduanda em Serviço Social na Área Sociojurídica 3 Pós Graduando em Serviço Social na Área Sociojurídica 4 Pós Graduanda em Serviço Social na Área Sociojurídica 2 1 INTRODUÇÃO Este trabalho traz a discussão da violência doméstica versada no âmbito conjugal dando destaque aos aspectos físico, psicológico, moral, patrimonial e simbólico da agressão sofrida por mulheres por parte de seus companheiros e ex- companheiros. Para que isso aconteça faz-se necessário um resgate histórico a cerca deste assunto para que assim possamos entender como se dá todo este processo. Tendo como objetivo geral objetivo realizar um resgate na literatura sobre violência contra a mulher, como ela revelar-se, sua perpetuação ao longo dos tempos, igualmente fazer uma análise da história de lutas vivenciadas pelas mulheres em busca de seus direitos e espaços na sociedade de Manaus. A pesquisa possui como problema entender a trajetória da mulher na sociedade e na família problematizando a construção social da violência contra a mulher. Trazendo politicas públicas de enfrentamento a violência doméstica no âmbito nacional e municipal referindo-se à cidade de Manaus A justificativa para construção deste artigo ocorre a partir de uma inquietação com a situação de desigualdade de gênero. Mediante pesquisas averiguou-se que a violência doméstica aparece como um dos fatores de interferência na saúde da mulher violentada, dando especial relevo às mulheres atendidas pelo Serviço de Apoio Emergencial à Mulher (SAPEM). Verificamos nesse estudo que há um crescimento da violência doméstica em nossa sociedade, de forma assustadora, constituindo-se num problema social de largo alcance que interfere fortemente no estado psicossocial das mulheres violentadas. A sociedade brasileira compete com vários desafios no seu caminho rumo à democracia e à concretização das ideias republicanas nesta segunda década do século XXI. Um deles é a conquista da tolerância para com as mulheres e outras minorias sociais. Apesar das mulheres terem conquistado importantes espaços na esfera pública em mais de um século de luta, as barreiras da intolerância são ainda enormes a ponto de esbarrar no limite da barbárie. 3 2 TRAJETÓRIA DA MULHER NA SOCIEDADE E NA FAMÍLIA Em supra podemos dizer que a história das mulheres é essencial para se compreender a história geral, uma vez que ela é relacional, e abrange tudo o que envolve o ser humano, suas aspirações e realizações, seus parceiros e contemporâneos, suas construções e derrotas. Segundo Santana(2012) são vários os fatores que colocam a mulher em condição de submissão aos homens ,desde o princípio o destino da mulher era o lar e os afazeres domésticos, no papel de mãe, esposa e mulher que deve satisfazer sexualmente o homem, querendo ou não, em nenhuma hipótese poderiam ter o mesmo acesso que os homens e isso se inclui principalmente à educação; ficavam então a mercê do casamento, do marido e dos filhos, com trabalhos domésticos, cantos e orações, sob o controle de pais e maridos. Assim a mulher era vista como um ser destinado à procriação, ao lar, para agradar o outro. Durante o desenvolvimento das sociedades, a história prescreve a discriminação homem-mulher, principalmente em relação à educação. Ao conferir aos homens a condição de donos do saber e às mulheres o papel feminino, subordinado ideologicamente ao poder masculino, a história vem salientar as desigualdades. Do ponto de vista exposto no século XVII reforçaram a imagem da mulher como um ser sem vontade própria. Segundo (Rousseau apud GASPARI, 2010, p. 29), “detinha um discurso de que a educação feminina deveria ser restrita ao doméstico, pois, segundo ele, elas não deveriam ir em busca do saber, considerado contrário à sua natureza”. Desta forma essa sociedade que lutava tanto por liberdade, passou a exigir que as mulheres fizessem parte dela, mas como mães, guardiãs dos costumes, e como seres dispostos a servir o homem. Essa mesma visão não igualitária entre os sexos, que pregava o masculino com base em preconceitos e esteriótipos, possivelmente foi a responsável pela concretização de uma sociedade machista nos séculos XIX e XX. Ao ponderarmos as idéias dos filósofos mencionados anteriormente, permanece evidente que no “período das luzes”, uma característica marcante foi a de pensar a diferença feminina, acentuada pela inferioridade, baseada no direito natural. Dessa maneiraa partir da visão dos filósofos, não havia necessidade alguma de conferir à mulher um 4 estatuto político, porque para a ideologia do século XVIII, o homem era a causa final da mulher. Conforme (PENA, 2009), todavia no século XIX, ainda no Império, o patriarcalismo sofre seus primeiros enfrentamentos, foi o momento e que as mulheres começaram a lutar por direitos e espaços na sociedade, sendo estes relacionados ao trabalho, a educação, e a política, que até o presente momento só era possível aos homens. Mas somente no século XX, que as mulheres passaram a reclamar publicamente, e começaram a buscar um reconhecimento como cidadãs, reivindicando a liberdade, e a igualdade em relação aos homens. Dessa forma concorda-se que é visível a luta por direitos igualitários, mas, no entanto, essa mulher na procura de seus direitos são vitima de violência e de ameaças frequentes no cotidiano feminino e que ocorre independentemente de cor, classe, raça/etnia, geração e orientação sexual. Entretanto, muitas das mulheres que sofrem de violência, mesmo àquelas que possuem uma classe privilegiada na sociedade, tem dificuldades para romper os laços afetivos por sentirem-se presas a uma rede de convenções sociais. Aspectos estes que serão decorrentes no próximo tópico onde falaremos sobre a desigualdade de gênero imposta de certa forma pela sociedade. 2.1 Desigualdade de gênero Desde o princípio da humanidade alguns homens revelaram-se sempre superiores as mulheres, seja em razão da força física ou da diferença de gênero que existe. Para Saffioti (2004), essa ideologia teria sido utilizada para dar uma abertura para a estrutura de poder que colocariam as mulheres em uma condição muito inferior à dos homens em todas as áreas de convivência humana. A identidade social da mulher, assim como a do homem, é construída através da atribuição de diferentes papeis que a sociedade espera a ser cumpridas pelos distintos sexos. Os papeis de gênero é limitado severamente o campo em que as mulheres devem atuar da mesma forma procede com os homens escolhendo suas áreas para atuar, sempre determinando o papel do feminino, e do masculino, no mercado de trabalho, essa desigualdade é visível, sendo a mesma função e carga 5 horária igual, mas o diferencial está no salário, o homem sempre tem o salário elevado. Uma das maneiras de se explicar o sentido da desigualdade neste contexto é segundo Fernandes (2009) que o corpo da mulher por muito tempo foi considerado inferior ao do homem, a ciência tentou por diversos momentos fundamentar a inferioridade da mulher, construindo que a mesma só teria a função de biológica procriar, sendo mais frágil do ponto de vista físico, intelectual e emocional, tendo uma cognição inferior à do homem, não possuindo uma postura ativa diante as diversidades da vida. No mesmo raciocínio do autor acima o homem era visto como o patriarca, com funções superiores a mulher, sendo concedido a ele o papel intelectual, e o trabalho externo de casa, evidenciando assim o Olhar dicotômico: que ora enxerga a mulher como frágil, ora como forte; vítima ou culpada, santa ou pecadora. Assim mediante os discursos acima e outros nas sociedades antigas, a mulher tinha pouca expressão, não tinha autonomia dependia totalmente do poder masculino, eram totalmente controladas em seus desejos e opiniões, perdiam sua liberdade de ir de vir, era vista como uma sombra do homem, e tida como objeto, a sua disposição sexual para o seu senhor. Também na ótica, como instrumento de procriação. Enfim, era a mulher a fêmea, sendo por muitas das vezes, comparada mais a um animal do que a um ser humano. Colocando esse período como ponto de partida a autora destaca que a: mulher foi obrigada a restringir sua vida às necessidades exclusiva da família. Ressalta que Rousseau, um dos ideólogos da Revolução Francesa (1789), considera a família a mais antiga forma de organização social, onde a ordem é dada pela própria natureza: “idosos naturalmente têm procedência sobre os jovens e homens têm naturalmente autoridade sobre as mulheres” Teles e Melo (2012, p.34 Dessa maneira observamos que persuadir anteriormente sobre o arcabouço dos papéis de gênero e suas implicações na construção das identidades masculina e feminina que determinam uma dinâmica de relação e de poder, sempre favoráveis ao homem. Observa-se ainda que isso tem sérias implicações no exercício dos direitos sexuais e reprodutivos e da própria sexualidade por parte das mulheres com graves consequências para o exercício pleno da cidadania, onde esses direitos sexuais incluem o direito a ter controle e decidir livre e responsavelmente nos assuntos 6 relacionados com a sua sexualidade, incluindo a saúde sexual reprodutiva, livre de coerção, discriminação e violência. Embora os avanços femininos na conquista dos espaços públicos e de uma divisão de papéis mais igualitária no espaço doméstico, a mulher ainda é a principal responsável pelos cuidados com o lar e com a educação dos filhos. Como destaca (Saffioti, 2004) apesar dos progressos femininos na busca por emancipação, a base material do patriarcado não foi destruída: O que fica evidente no discurso de Santana (2012) a desigualdade salarial vem desde a colonização do Brasil, quando uma lei estabelece igualdade de salários entre professores e professoras, e os homens acabam recendo mais. No Brasil, a chamada “feminização” da profissão ocorre no momento em que o Estado conseguiu tomar a si a organização e o controle do ensino, através de uma legislação a princípio provincial e posteriormente estadual, e através da organização da rede escolar pública em estabelecimentos próprios em forma dos grupos escolares. Entretanto, apesar de todo um contexto que demonstra desde os primórdios a mulher como sendo uma figura inferior ao sexo masculino, o sexo feminino passa por transformações que contribuem para a modificação das relações entre homens e mulheres que as colocam atualmente num patamar diferenciado da condição masculina na sociedade. Por conta do advento do neoliberalismo e o processo de produção e reprodução que invadem o mundo do trabalho e impulsionam o crescimento da miséria e da pobreza, o acaba exigindo a inserção dos membros da família nesse mercado. Portanto, a lógica do capital obrigando a busca por uma colocação profissional em tempos de modernidade contribui para uma competição de todos contra todos na família modificando a visão do homem como sendo esse provedor do lar e colocando a mulher nessa condição, o que acaba despertando muita das vezes a competição e a angústia do homem em não ocupar mais um lugar de chefe na família. Nesta direção (JUNQUEIRA, 2009, 2013), problematiza a temática gênero é discutir sobre direitos humanos, observando o sujeito como autônomo, na sua singularidade e identidade, uma postura oposta a essa é um descaso em relação ao direito do outro. Assim entende-se que não oportunizar a livre expressão de gênero, e a igualdade social, mostra que o outro deve ter acesso aos mesmo direitos, buscando a equidade social nessa construção. Entretanto propõem-se pensar nos 7 aspectos subjetivos de como esta mulher se sente diante as situações de violência e desrespeito ao ser humano. Todavia, vários fatores estão interligados diante deste olhar que vem gerar toda uma problematização deste gênero mulher, ao qual será citado no próximo tópico. 2.2 A subjetividade feminina diante a uma situação de violência São vários os fatores que colocam as mulheres em posições de submissão aos homens, especialmente no que diz respeito aos principais desencadeadoresda violência. De acordo com Silveira (2012), a estrutura familiar patriarcal proporcionou que meninos e meninas tivessem uma educação diferenciada. As meninas eram atribuídas, a afetividade, a delicadeza, a intuição, os comportamentos dóceis, as emoções, dentre outros. Aos homens restavam ter a racionalidade, a competitividade, a arrogância, a agressividade, a superioridade, o pensamento lógico, a razão e etc. Como revela Saffioti, a mulher geralmente é tida como símbolo de fragilidade e por isso que: A naturalização do feminino como pertencente a uma suposta fragilidade do corpo da mulher e a naturalização da masculinidade como estando inscrita no corpo forte do homem fazem parte da tecnologia de gênero que normatizam condutas de homens e mulheres. (SAFFIOTI, 2004, p.77). Nesta ótica, diferentemente das mulheres, os homens, desde cedo, por meio desse tipo de ideologia, os faz supostamente “fortes”, sendo educados para responder às expectativas sociais para serem competitivos, agressivos, assumindo posturas superiores em relação à mulher, são socializados para reprimir suas emoções, sendo a raiva, e inclusive a violência física. Dessa forma é importante compreender o conceito de pessoa que para a fenomenologia é visto dentro de um enfoque diverso, inserido no mundo dotado de sentido particular, aberto a possibilidades, consciente de sua finitude e de suas responsabilidades diante as escolhas, capaz de inventar e cuidar de suas próprias escolhas e ações, logo a mulher violentada dar um sentido e significado único para a situação de violência vivenciada, dando um significado único para o autor deste ato também, é a relação construída nesta convivência, podendo ser de dependência, vinculo, medo ou repulsa (HOLANDA, 1997 apud TENÓRIO, 2008). 8 A partir dessas colocações dos autores acima,o entendimento da complexidade da vida humana ocorre-se de forma mais junta, reconheceríamos que em algum momento, será altamente improvável que possamos reorganizar a estrutura da vida de um indivíduo. Se pudermos reconhecer este limite e nos abstivermos de desempenhar o papel de Deus, poderíamos oferecer um tipo muito precioso de ajuda, de esclarecimento, mesmo num curto espaço de tempo. Permitindo que o sujeito exprima seus problemas e sentimentos de forma livre, deixando-o com o reconhecimento das questões que enfrenta (ROGERS, 1987 p. 207-208 apud MORAES, LIMA, GOMES, FRANCA e OLIVEIRA, 2013). Fica claro que as mulheres em situação de violência materializam, em suas relações e em suas condições de vida, um modo de construção subjetiva marcada por uma passividade, na qual as condições psíquicas que permitem o domínio de suas forças, ficam em alto acontecimentos traumáticos que não lhes possibilitaram a construção de seu nome próprio. Heidegger citado por Feijoo (2011), fala sobre o caráter do poder ser do ser- aí: o ser-para-a-morte onde a morte é o fenômeno do qual temos que nos desviar, esquecer, afastar. Quando o indivíduo observa sua finitude o evento morrer revela- se o caráter próprio do ser-aí enquanto cuidado, ou seja, com a experiência da morte se recobra o cuidado individual do sujeito consigo mesmo. Para o autor acime observa -se três tonalidades afetivas existentes no sujeito o tédio que ocorre quando o homem se torna totalmente desinteressante para si mesmo, a angustia que antecede qualquer escolha, apontando para o caráter da indeterminação da existência e o temor é sempre algo que se anuncia, sendo ameaçador, faz com que se perca compostura o prumo e ocorre a busca pela crença, quando o autor fala do ser-aí (dasein) a experiência com uma estrutura oncológica existencial da angustia e indeterminação. Desta forma, a cada vivência com seu companheiro em que um ato de violência ganha destaque, colocando-se diante da repetição, de uma forma de relação, marcada pelo não reconhecimento de sua condição de sujeito. A experiência de violência depois que a mulher conquista a emancipação, faz com que a mulher retome o cuidado, pois visualizou a possibilidade de cuidado, que antes lhe trouxe angustia, ou sentimento de finitude. Desta forma observa-se a importância de dialogar-se sobre a violência referente ao município de Manaus. 9 Assim, será abordado no próximo tópico como se dá esta violência ao qual as mulheres passam. 3. Conceito de violencia domestica. Para o autor (PAULINO-PEREIRA; SANTOS e MENDES, 2017), a violência contra a mulher é observada como qualquer conduta baseada no gênero que cause danos, sofrimento físico, sexual ou psicológico tanto no ambiente público como privado, podendo ou não levar à morte. Compreende-se como um fenômeno complexo e diversos, sendo fruto de uma construção cultural, política e religiosa, que se baseou nas diferenças entre os sexos, ou seja, esta construção patriarcal naturalizou o poder do homem sobre a mulher, evidenciando ainda a desigualdade existente entre o papel masculino e feminino. Nos termos (ALMEIDA 2007, p. 27 apud CARMO e MOURA, 2010), ocorrendo principalmente no contexto intrafamiliar, entretanto, observa-se um fato curioso pois é nesse local, onde a relação deve ser de cumplicidade, porém é o mesmo onde cresce expressivamente a violência doméstica, e a opressão. Dessa forma a violência de gênero refere-se a um contexto de desigualdades sociais e econômicas que se estabelece por meio da demonstração de força e de poder, que efetiva a supremacia corporal do homem, Manifestando-se no corpo (devido a tapas a aranhões) e no psicológico da mulher (dominar, humilhar e controlar seus atos), tendo graves resultados para sua saúde física e psicológica. Para Saffioti (2004), o conceito sobre violência vem de muito tempo, e ainda hoje é tido como verídico e único, ou seja, manifesta a realidade de muitas mulheres. Ainda segundo a autora a violência é: “[...] como ruptura de qualquer forma de integridade da vítima: integridade física, psíquica, sexual, moral”. (SAFFIOTI, 2004, p. 60). Nesta mesma direção, Chauí (1998) explica que violência significa toda força contra a natureza de algum ser; contra a espontaneidade; a vontade e a liberdade de alguém ou de alguma coisa valorizada positivamente por uma sociedade, são transgressão contra aquelas coisas e ações que determinada sociedade define como justa e como um direito. Assim, a violência é entendida como uma forma de maltratar, machucar, inferiorizar e até mesmo levar a morte de um indivíduo. 10 Acrescentando o conceito de violência para o autor Heise (1994) citado por Leocádio, (2009) a violência é um fenômeno extremamente complexo, com raízes profundas nas relações de poder baseadas no gênero, na sexualidade, na auto identidade e nas instituições sociais e que em muitas sociedades, o “direito” (masculino) a dominar a mulher é considerado a essência da masculinidade. Assim, esses conceitos levam a entender a violência praticada contra a mulher como um fenômeno social de desigualdades de gênero, e não como uma consequência de pobreza ou de alcoolismo, como algumas pessoas julgam até hoje, a violência acontece em qualquer nível, seja rica ou seja pobre. Independente de posição social, as mulheres sempre sofreram esse processo de desigualdade, sendo determinados os papéis sociais, que foram construídos historicamente, tanto pela sociedade quanto pela sua própria cultura, criando um paradigma de dominação e submissão. Estas mulheres muitas vezes sentem uma dependência afetiva, ou financeira destes opressores, precisa-se problematizar o papel da mulher hoje na sociedade, as novas construções, mostrando um posicionamento ativo das mesmas na luta nas políticaspúblicas, e nas construções de rede de apoio a vítimas de violência. No tópico a seguir será demonstrado como ocorre este tipo de violência. 3.1 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER NO AMBITO NACIONAL De acordo com uma pesquisa feita pelo Banco Mundial, divulgada pela Organização das Nações Unidas do Brasil revela, que cresceu cerca de 75% o número de violência contra a mulher entre os anos de 2003-2013 na região Norte e Nordeste do país, alertando para a marginalização da mulher indígena e afrodescendente do Brasil. Especificadamente na região Norte, o índice passou de 3,5 para 6,1 assassinatos a cada 100 mil mulheres (ONU, 2017). De acordo com os dados do IBGE (2013), mostram que o Brasil tem no total, 67.131 domicílios particulares, a região Norte possui 4.953 domicílios particulares e especificamente o Estado do Amazonas possui 1.041. Assim como nos referimos à renda per capita até ¼ do salário mínimo, temos 10,7 percentuais; mais de 1 a 2 temos 20,5 percentuais; mais de 3 a 4 temos 4,2 percentuais; mais de 5 salários mínimos temos 3,5 percentuais; e sem rendimentos tem-se 0,2 percentuais. Todavia, independente do domicílio, sendo este particular ou não, independente da renda per 11 capita, seja esta nos mais altos ou baixos níveis percentuais, a violência doméstica perpassa todas essas condições. Percebe-se que “a violência de gênero não aparece num determinado país ou famílias pobres como às vezes podemos imaginar” (STREY, 2013, p.16). Vale percebermos nesta discussão o fato de que “a violência de gênero também tem sido avaliada quanto aos impactos econômicos e sociais para os países” (NEGRÃO, 2004, p. 222). Para esta autora, Na medida em que o desenvolvimento de um país deve pressupor a criação de meios para a superação dos entraves sociais e que o sofrimento das pessoas que vivem em situação de extrema violência não podem ser medidos em custos sociais, mas na previsão de investimentos a serem feitos para que saiam desta condição e se tornem pessoas na sua integridade (NEGRÃO, 2004, p.223). De acordo com os dados referentes ao Amazonas, a pesquisa realizada pelo IBGE (2013) constatou, a partir dos domicílios particulares, que o total de pessoas por domicílio é de 3.874. Quanto a renda per capita nos deteremos na de 5 ou mais salários mínimos, que possui aproximadamente 2,3 percentuais. Logo, “a violência contra a mulher integra, assim, de forma íntima, a organização social de gênero vigente na sociedade brasileira” (SAFFIOTI, 1994, p.153). Conforme O Serviço de Apoio Emergencial à Mulher (SAPEM), que proporciona acolhida, acompanhamento psicológico, social e orientação jurídica às mulheres em situação de violência, incluindo os vários tipos de violência: sexual, patrimonial, moral, física, psicológica; tráfico de mulheres, assédio sexual; assédio moral. O SAPEM integra a Rede de Atenção em Defesa dos Direitos da Mulher, em conjunto com a Casa Abrigo “Antônia Nascimento Priante”, o Centro Estadual de Referência de Apoio à Mulher (CREAM), a Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher, o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim), e a Vara da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, mas também conta a presença de organizações da sociedade civil que reforçam o atendimento por meio do Disk Denúncia 181. A Rede de Atenção em Defesa dos Direitos da Mulher constitui-se numa conquista atual, agindo no processo de luta das mulheres pela ocupação de espaços públicos, tendo como suporte o desenvolvimento de uma consciência crítica no que diz respeito as relações de gênero. “Ao nível estadual, a partir das eleições de 1982 [...], vários órgãos públicos foram criados voltados para a configuração de uma 12 política social relativa às mulheres” (BARTSTED, 2004, p.245), mas, além disso, a autora chama a atenção para um importante fato histórico que diz respeito “a contemplação do processo de redemocratização, em 1985 [...]. O Governo Federal se comprometeu com as políticas voltadas para as mulheres” (BARTSTED, 2004, p.245). Conforme esta autora, Durante o processo Constituinte, o movimento de mulheres, com o apoio do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), por todo o Brasil, se mobilizou para definir uma pauta de demandas a serem incluídas como direitos na nova Constituição, abrangendo diversas áreas temáticas e tendo como objetivo a plena cidadania formal das mulheres (BARTSTED, 1994, p.245-246). Isto é, “a violência contra as mulheres que antes era circunspecta unicamente no seio familiar patriarcal, tão somente pelo poder masculino, no final do século, passa a ser regulamentada e controlada pelo poder de Polícia na Delegacia da Mulher” (SANTOS, 2008, p. 99) e demais órgãos de assistência à mulher. O trabalho em rede realizado junto ao SAPEM foi criado em 2010 com o propósito de contribuir com a Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher. Onde as demandas das instituições encontram-se registradas no banco de dados Sistema de Atendimento à Mulher (SAM), desenvolvido pela empresa Processamento de Dados Amazonas S.A (PRODAM). Adota o propósito de registrar o atendimento à vítima de violência de forma detalhada, de modo a viabilizar a execução de um conjunto de ações e serviços públicos especializados de diferentes setores, principalmente, da assistência social, da justiça, da segurança pública e da saúde. De acordo com Negrão (2004, p.239), As experiências desenvolvidas em vários estados e municípios brasileiros desde a segunda metade dos anos 80, quando as primeiras políticas públicas em resposta à violência nas relações de gênero foram dadas empiricamente. [...]. Tornou-se necessária a articulação de todos os esforços, públicos, privados e comunitários para enfrentar um fenômeno social e cultural. Entretanto a respeito ao gênero e grau de escolaridade de pessoas que sofreram alguma violência ou agressão de pessoas desconhecidas. Ao totalizar os dados de todas as regiões do país obtemos a proporção de pessoas de 18 anos ou mais que sofreram alguma violência ou agressão, nos últimos 12 meses anteriores à data da entrevista da Pesquisa Nacional de saúde 20135, foi de 3,1 no Brasil e 2,5 sofreram violência ou agressão de pessoas conhecidas. A seguir veremos como a 13 violência na cidade de Manaus ocorre, bem como quais instituições amparam este gênero. 3.2 No ambito de Manaus. Em Manaus, com base nos dados do SAM, constatamos que no ano de 2016 foram registrados 3.349 atendimentos às vítimas, número bastante expressivo se comparado ao ano de 2017 em que o número de casos decaiu para 2.528. Estes dados revelam resultados positivos, visto que os casos de violência doméstica têm diminuído. Conforme a Pesquisa de Opinião Pública sobre Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Públicos e Privados, realizada pela Fundação Perseu Abramo e SESC, 43% das mulheres entrevistadas em 2001, sofreram algum tipo de violência doméstica, já em 2012 a pesquisa mostra que este índice caiu para 34%. Este último dado revela que, de alguma forma, a Lei Maria da Penha criada em 2006, vem contribuindo para a diminuição da violência doméstica, cujo dispositivo legal conforme Torres (2014), serviu para dar amparo mínimo às mulheres no âmbito legal. É preciso ter claro, contudo, que não se pode ignorar a gravidade dos danos perversos causados as mulheres vítimas de violência doméstica. Segundo Saffioti (1994), com base nos dados da FIBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sobre práticas violentas: Participação Político-Social 1988-Justiça e Vitimização, Conforme (Barroso, 2012, p. 63) aborda na sua pesquisaas percepções das mulheres indígenas da etnia satere-mawé sobre a violência contra as mulheres, os Sateré-Mawé habitam hoje uma área de 788.528 hectares, na terra indígena Andirá- Marau. São conhecidos regionalmente como Maués, localizado no Amazonas, as mulheres são as responsais pela renda familiar, com a venda de farinha, ao longo da história a violência contra a mulher nesta tribo era dada como natural, é claro no relato das moradoras da aldeia a violência física, psicológica e moral, desenvolvida por seus companheiros, a falta de voz e autonomia das mulheres é evidente nos relatos, deixando claro a necessidade de políticas públicas especificas para este contexto social. A violência contra a mulher no período gestacional é um grande agravante, sendo um período que pode propiciar a fragilidade da mulher, que muitas vezes se vê tanto fragilizada quanto dependente financeira e afetivamente do parceiro, o que 14 permite uma maior vulnerabilidade e as expõe a possíveis situações extremas, como a violência, que nos extremos, podem levar a homicídios e suicídios (ALVES, ALVES, ANTUNES E SANTOS, 2013 apud BARDASSI, 2015). Segundo o autor Bardassi, (2015) essa violência durante a gestação configurou-se como risco aumentado ao aborto induzido, pois possui uma menor adesão ao cuidado pré e pós-natal, podendo trazer riscos de morbimortalidade materna, do feto e do recém-nascido. Existindo ainda uma subnotificação dos registros de óbito, e se existisse uma nova forma de classificação auxiliaria a visão sobre morte materna decorrente de violência, evidenciando que os dados hoje sobre o tema podem estar fora da realidade. Observando o cenário nacional com o histórico de 4,5 homicídios para cada 100 mil mulheres, em um ano, e nos últimos 30 anos, foram assassinadas cerca de 92 mil mulheres, tendo sido 43,7 mil apenas na última década, o que mostra um aumento considerável deste tipo de violência a partir dos anos 90. Quando se observa o percentual de vítimas de agressão física na própria residência em relação ao total de pessoas que sofreram violência por sexo 44% são mulheres, enquanto 11% são homens. Mulheres essas que são agredidas e violentadas no âmbito de suas relações domésticas, afetivas ou familiares, que o sujeito ativo da agressão foi o cônjuge, o ex-cônjuge ou parente, representam em todo o Brasil 41,61%, e no Amazonas 33, 26 %. No ano 2012 o Amazonas, só apresentou uma Vara responsável, sendo que está possuía 1.730.806, de população feminina, apresentou-se na escola dos estados com o menor número de servidores para atender a população, sendo que a cada 100 mil mulheres, 755 possuem procedimentos, totalizando no estado 3.796 inquéritos (CNJ, 2013). De acordo com Cavalcanti et al. (2017) as bases de dados do Sistema de atendimento à Mulher-SAM da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania-SEJUSC, em Manaus-AM no ano de 2015 foram registrados 3.349 atendimentos às vítimas, número expressivo se comparado ao ano de 2016 em que o número de casos decaiu para 2.528. Revelando resultado positivos, em relação a violência na cidade. De acordo com a Pesquisa de Opinião Pública sobre Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Públicos e Privados, realizada pela Fundação Perseu Abramo e SESC, 43% das mulheres entrevistadas em 2001, sofreram algum tipo de violência doméstica, já em 2010 a pesquisa mostra que este índice caiu para 34%. Revelando que a Lei Maria da Penha criada em 2006, tem sido eficaz no 15 combate e na responsabilização a violência contra a mulher. Todavia observa-se a possibilidade de discutir políticas públicas de enfrentamento ou proteção a mulher. 4 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ENFRENTAMENTO A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO ÂMBITO NACIONAL E MUNICIPAL O Plano Nacional de Políticas para as Mulheres-PNPM, tem como objetivo contribuir para a consolidação da cidadania, da igualdade e da equidade de gênero. Partindo da afirmação de igualdade e o enfrentamento das desigualdades de gênero pode transformar as relações desiguais de poder. O discurso das políticas públicas apresenta as mulheres como "sujeitos políticos e de direitos" e recomenda a articulação entre Estado e movimentos sociais como forma de consolidar essa condição por meio da participação popular e do controle social. O PNPM instituiu o princípio da equidade: que propõe tratar desigualmente os desiguais como forma de garantir a justiça social e a autonomia das mulheres para poder decidir sobre suas vidas e seus corpos (FERREIRA, 2013). A luta feminina é uma luta política e social, a respeito do binarismo existente na cultura brasileira, a violência doméstica é o reflexo das desigualdades entre os gêneros, trata-se de uma ideologia política alojada no patriarcado que estruturou essa desigualdade em sua construção histórica. Portanto é, uma visão cultural hierárquica, machista, preconceituosa de que a mulher deve ser submissa ao homem, e como tal, deve ser oprimida e violentada. Para Saffioti (1994) apud Cavalcanti, et al. (2017) o patriarcado se imbrica com o capitalismo e com o racismo, constituindo um único sistema de dominação-exploração. Todavia a revolução sexual e a emancipação feminina tiveram um papel fundamental nas mudanças que vêm ocorrendo no casamento, no amor e na sexualidade ao longo da modernidade, resultando em transformações radicais na vida e intimidade das pessoas (SILVA et al. 2005). Com o propósito de defender os direitos da mulher as delegacias da mulher no Brasil foram criadas na década de 80 como fruto do movimento feminista e se constituíram numa importante forma de reconhecimento e enfrentamento da problemática da violência contra a mulher pela sociedade. Quando não existia as delegacias a mulher vítima de violência não podia contar com nenhum espaço social em que pudesse efetivamente ser ouvida e protegida, entretanto no Brasil, a 16 violência contra a mulher é vista como um crime, tendo uma lei especifica, a Lei Maria da Penha que tem como finalidade de proteção da vítima e punição do agressor (GUTIERREZ; DEWET, 2010 apud GOMES, et al. 2014). A Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, foi importante documento contra a discriminação e violência contra as mulheres, no processo contra ao preconceito, e opressão (ALMEIDA 2007, p. 27 apud CARMO e MOURA, 2010), a partir disso pensa-se a violência no âmbito nacional, e após no âmbito municipal referindo-se a cidade de Manaus. 4.1 Âmbito Nacional O enfrentamento começou ao longo da história, com a demanda de violência que a mulher vinha sofrendo, foi elaborando-se uma política social de enfrentamento da violência com a criação e a consolidação de movimentos sociais como o feminismo, na luta da efetivação dos direitos femininos. De acordo com o autor Moraes (2007) as inovações culturais e tecnológicas, ao longo da história fizeram a mulher entrar em outros espaços, dentre essas inovações está a construção da estrada de ferro, a chegada do barco a vapor e do telégrafo estimularam o crescimento das cidades, este crescimento estimou no sudeste do Brasil um grande desenvolvimento, com números crescentes de trabalhadores assalariados, e com o aumento da imigração europeia, fortalecendo desta forma as lavouras de café. Já no Rio de Janeiro e São Paulo levantaram o cenário nacional com a produção cafeeira, e exportação do produto. Sendo o Rio de Janeiro a sede do poder econômico, político, intelectual e cultural. A mesma autora (2007) esclarece que este cenário econômico serviu como centro das primeiras manifestações feministas entre algumas mulheres cultasdas classes médias e superiores, que tinham como propósito romper com as tradições sociais que desvalorizavam e impediam sua autonomia, estes movimentos foram emancipatórios, na luta por ideias revolucionárias que demonstravam a sua insatisfação quanto ao conservadorismo em relação à mulher, a situação de invisibilidade existente, esses foram os primeiro passo para o feminismo, incentivadas pelo movimento das Sufragistas, sendo o feminismo a forma como se percebe a mulher. Em 1852 ocorreu a publicação do jornal denominado “O Jornal 17 das Senhoras”, foi editado pela argentina Joana Paula Manso de Noronha, teve como proposta colaborar com a emancipação moral da mulher que por meio da comunicação a mulher teria conhecimento aos seus direitos e deveres. Anos depois foram surgindo outros jornais com a mesma proposta, dando mais voz as mulheres, incentivando a educação que ainda era negada a mulheres, neste período histórico. Após esse momento histórico, o país vivencia uma ditadura, onde em 1988 após a consolidação de um Estado de direito Democrático, cria-se a Constituição Federal, vindo a redemocratização do Estado, dando lugar à criação de novas instituições e leis, para o acesso a cidadania plena para todos, significando a criação de oportunidades políticas para a participação de alguns setores dos movimentos feministas e de mulheres nas novas instituições do Estado. Por volta do ano 1970, o tema da violência doméstica contra mulheres, tornou-se uma das principais bandeiras de luta do movimento de mulheres e feministas, que solicitavam a criação de políticas públicas para suprir as necessidades básicas das mulheres (SANTOS, 2016). Para Santos (2016) os movimentos feministas tinham uma boa relação com o governo Montoro, que apoiou a criação, em 1983, do Conselho Estadual da Condição Feminina do Estado de São Paulo (CECF), o primeiro conselho do gênero no país. E em 1985, criou-se o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), o primeiro órgão nacional do país, foi uma grande revolução para época embora não tivessem uma política nacional de enfrentamento a violência, com o governo de Fernando H. Collor de Mello, foi desfeito, após reconstruído, mas não com a mesma força. Em 1985, cria-se a primeira delegacia da mulher do Brasil, pelo Decreto 23.769. A partir de então, as delegacias especializadas passaram a registrar e apurar denúncias de crimes contra a mulher, representando, assim, o início da desnaturalização e do controle dessa ação violenta, que passou, então, a ser considerada como um problema de interesse público, mas os policiais não tratavam as mulheres com respeito, então em 1990 ocorreu a desvalorização das feministas pelas delegacias. Em 2001, foi publicado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) o relatório de mérito que responsabilizou o governo brasileiro no caso da senhora Maria da Penha, que denunciava seu marido por violência, mas não tinha auxilio das delegacias e do Estado, então o Brasil foi condenado e obrigado a adequar seu sistema a elaboração de uma legislação especial e adequada para o 18 enfrentamento de situações como aquela vivida por Penha e outras milhares de mulheres. Em 2003, inaugura-se uma nova fase na proteção da mulher, criando-se no Governo Lula a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) e recebendo nome de ministério podendo atuar em políticas públicas, pois agora tinha verba para esta ação, lançando a Política Nacional de Prevenção, Enfrentamento e Erradicação da Violência contra a Mulher, onde faz parte as delegacias especializadas, e posteriormente a criação da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha), prevê ações de medidas protetivas às mulheres vítimas de violência (SANTOS, 2016). As redes sociais permitem o exercício da solidariedade em situações diversas, principalmente em casos específicos de violência doméstica. Cada usuária é o centro de sua própria rede, que, além dela, passa a ser constituída pelos familiares, vizinhos, pessoas amigas, conhecidas, colegas de trabalho, entre outras, esta rede primaria encontra-se fragilizada, mas é de extrema importância principalmente por causa do contexto nuclear em que esta mulher está inserida. As redes sociais intermediárias, que seriam constituídas por pessoas que receberam capacitação especializada - denominadas promotoras - que podem vir do setor saúde, da educação, igreja, ou da própria comunidade. Suas funções são a prevenção e apoio. Já as redes sociais secundárias seriam aquelas formadas por profissionais e funcionários de instituições públicas ou privadas; organizações sociais, organizações não governamentais, grupos organizados de mulheres, associações comunitárias e comunidade (GROSSI, TAVARES e OLIVEIRA, 2008). Um estudo da OMS sobre saúde da mulher publicado em 2005, considera que a violência contra as mulheres é tanto causa como consequência da desigualdade de gêneros, o que produz um círculo vicioso que afeta tanto elas quanto os parentes que estão sob os cuidados delas. Por isso é essencial que sejam feitos tantos programas de prevenção primária que levem em conta a desigualdade de gênero e abordem as múltiplas causas dessa violência quanto mudanças na legislação e nos serviços que deem assistência a mulheres que sofrem violência (MONTEIRO, 2012). O Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher-CAISM de São Paulo é um hospital terciário que visa o atendimento às mulheres nas áreas de Ginecologia, Obstetrícia, Neonatologia e Oncologia (ginecológica e mamária), atendendo mulheres vítimas de violência sexual desde a sua criação. No início do projeto o 19 atendimento ocorria de forma não sistematizada. Um número pequeno de mulheres procurava assistência quando havia necessidade de internação em virtude de lesões ginecológicas graves, ou em busca de informações para interrupção da gestação, por causa de estrupo. Outra causa de não comunicação destes crimes é a desinformação. Faltam informações às mulheres sobre medidas preventivas que podem ser feitas, como a anticoncepção de emergência e a prevenção contra DST/AIDS e hepatite B. Muitas mulheres também desconhecem a lei e os demais aspectos que envolvem esta questão, inclusive o aborto legal, evidenciando mais uma vez a importância de discussões (BEDONE, FAÚNDES, 2006). 4.2 No Âmbito Municipal Segundo Santos, (2016) a criação da Delegacia Especializada de Crimes Contra a Mulher, na cidade de Manaus, ocorreu em 1987, sendo oficializada pelo Decreto Estadual 10.347. A Delegacia Especializada de Crimes Contra a Mulher, o atendimento é exclusivo às mulheres que sofrem violência doméstica, com idade acima de 18 anos. Em Manaus existem 29 (vinte e nove) Distrito Policiais em todas as zonas da cidade, além da Delegacia Especializada, sendo que esta não é mais plantonista desde o ano de 2012. As pesquisadoras Costa e Gomes, (2015) relatam que na cidade de Manaus a Vara Especializada em Violência contra a mulher registrou, no ano de 2007, um número crescente de homens agressores que relataram em juízo problemas com uso de drogas licitas e ilícitas e problemas de desemprego. Quando se referia ao consumo de bebida alcoólica, 46% dos entrevistados alegaram não ingerir, e 28% deles alegaram ingerir somente nos fins de semana, 13% deles disseram ingerir diariamente, 6% deles disseram que estão em tratamento, 4% bebe esporadicamente e 3% alegam ter parado de beber. A gritante desigualdade e discriminação sofrida pelas mulheres fizeram emergir a organização de grupos mulheres com uma identidade feminista. No Amazonas, o Fórum Permanente das Mulheres de Manaus – FPMM, teve seu início comoum espaço de reflexão, organização e articulação de um coletivo baseado nos princípios feministas, cujo objetivo geral é fortalecer a auto-organização das mulheres e seus movimentos e grupos como promotoras da transformação social. Tendo como objetivo geral articular, fortalecer e fomentar a luta pela efetivação dos 20 direitos das mulheres e a implementação de políticas públicas específica para mulheres, onde seus objetivos específicos são: fomentar a luta pela efetivação dos direitos das mulheres e a implementação de políticas públicas para mulheres; contribuir para formação informação sobre gênero, direitos sexuais e reprodutivos; apoiar o Conselho Municipal e Estadual dos Direitos da Mulher, fortalecendo a luta por direitos; potencializar ações para o enfrentamento a violência de gênero e racial, contribuindo para o empoderamento das mulheres, grupos e movimentos (PINHEIRO, 2013). Em Manaus havia uma pressão do movimento municipal de mulheres e uma determinação do Ministério da Saúde para que o então prefeito municipal, Serafim Correia, implantasse um serviço especializado para o atendimento de vítimas de violência sexual na Maternidade Moura Tapajóz, em dezembro de 2005. Mas só foi efetivado em 03 janeiro de 2006, o Serviço de Atendimento a Vítimas de Violência Sexual-SAVVIS inicializando seus atendimentos, realizando atendimento de crianças, adolescente e adultos, atuando em outras maternidades em Manaus (MACIEL, ROSA, 2015). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a presente pesquisa foi possível dialogar e problematizar a construção social e histórica da submissão da mulher, e a inferioridade em relação ao homem, em toda a sua construção histórica, evidenciando que a mulher vem lutando desde o período da colonização por mais direitos, igualdade ou melhor na luta por equidade social. A história mostra o quanto direitos básicos da mulher foram negados, e que a mesma teve que buscar, voz, voto, posicionando-se, ou até mesmo morrendo para ser ouvida. Mostra-se a importância do feminismo nesta luta social, e o quanto as políticas públicas devem ser melhor pensadas e dialogadas, para garantir a efetivação de direitos sociais. Em Manaus a Vara Especializada em atendimento da mulher que sofreu violência encontra-se sobrecarregada de processos. As delegacias hoje possuem uma melhor estrutura, e um espaço de escuta, porém, nem sempre foi assim outrora as delegacias eram um ambiente de opressão onde a mulher relatava um abuso e não era ouvida e seus direitos eram negligenciados, após o caso da senhora Maria da Penha, houve uma obrigação de efetivar um atendimento integral a vítimas de 21 violência doméstica, de forma que realmente efetivasse a rede de proteção. Pensa- se que precisa colocar em Manaus mais profissionais concursados para atender na Vara especializada, para que os processos sejam melhor acompanhados, de forma que os profissionais que trabalham na proteção não se sintam sobrecarregados e consigam efetivar o processo de forma eficaz. Entre as dificuldades ressaltou-se ausência ou mínimas as pesquisas relacionadas a temática na cidade de Manaus, mostrando desta forma a importância de mais investigações de campo na busca da compreensão da realidade social atual da população feminina, na região norte do país e no município destacado. O cenário político, ainda é muito precário, mesmo com a Lei Maria da Penha, que ajudou, porém, não resolveu, precisa-se repensar a visibilidade da mulher, a rede de proteção e o enfrentamento a violência contra a mulher. Sendo mais eficaz empoderando meninas desde de a infância, na busca de nenhum direito a menos, e na valorização da mulher, onde todos tenham condições favoráveis para o seu desenvolvimento biológico, social e psicológico do sujeito. 6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BARROSO, M. F. Experiências de Violência Doméstica no Contexto Indígena: percepções das mulheres sateré-mawé. Gênero na Amazônia. Belém, n. 2, jul./dez., 2012. BARDASSI, T. Discutindo sobre a violência perpetrada por parceiro íntimo na gestação: desfechos relacionados à saúde materno-infantil. São Carlos: UFSCar, 2016. BARSTED, Leila de A. Linhares. Mulheres, direitos humanos e legislação: onde está a nossa cidadania?. In: SAFFIOTI Heleieth. Iara Bongivani; VARGAS, Mônica Muñoz-. Mulher brasileira é assim. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2004. BEDONE, A. J.; FAÚNDES, A. Atendimento integral às mulheres vítimas de violência sexual: Centro de Assistência Integral à Saúde da Mulher. 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