Buscar

Penal - Crimes contra o patrimônio

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 165 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 165 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 165 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 04
Direito Penal p/ TRT-SC (Analista Judiciário - Área Judiciária e Oficial de Justiça) Com
videoaulas
Professor: Renan Araujo
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 AULA 04: CRIMES CONTRA O PATRIMïNIO: ESTELIONATO, 
APROPRIA‚ÌO INDƒBITA, FURTO, ROUBO, RECEPTA‚ÌO, 
EXTORSÌO E DANO. CRIMES CONTRA A HONRA. CRIMES 
CONTRA A LIBERDADE PESSOAL. 
 
SUMçRIO 
1 DOS CRIMES CONTRA O PATRIMïNIO .................................................................. 3 
1.1 Do furto ......................................................................................................... 3 
1.1.1 Furto ............................................................................................................ 3 
1.1.2 Furto de coisa comum .................................................................................. 11 
1.2 Do roubo e da extors‹o ................................................................................ 12 
1.2.1 Roubo ........................................................................................................ 12 
1.2.2 Extors‹o ..................................................................................................... 16 
1.2.3 Extors‹o mediante sequestro ......................................................................... 18 
1.3 Do dano ....................................................................................................... 20 
1.3.1 Dano .......................................................................................................... 20 
1.3.2 Introdu‹o ou abandono de animais em propriedade alheia ............................... 22 
1.3.3 Altera‹o de local especialmente protegido ...................................................... 22 
1.3.4 A‹o Penal .................................................................................................. 22 
1.4 Da apropria‹o indŽbita ............................................................................... 23 
1.4.1 Apropria‹o indŽbita ..................................................................................... 23 
1.4.2 Apropria‹o indŽbita previdenci‡ria ................................................................ 24 
1.4.3 Extin‹o da punibilidade ............................................................................... 26 
1.4.3.1 Perd‹o judicial e princ’pio da insignific‰ncia .............................................. 27 
1.4.4 Apropria‹o de coisa havida por erro, caso fortuito ou fora maior ...................... 28 
1.5 Do estelionato e outras fraudes ................................................................... 29 
1.5.1 Estelionato .................................................................................................. 29 
1.5.2 Estelionato previdenci‡rio ............................................................................. 31 
1.5.3 Duplicata simulada ....................................................................................... 32 
1.5.4 Abuso de incapazes ...................................................................................... 33 
1.5.5 Induzimento ˆ especula‹o ........................................................................... 34 
1.5.6 Fraude no comŽrcio ...................................................................................... 34 
1.5.7 Outras fraudes ............................................................................................ 35 
1.5.8 Fraudes ou abusos na funda‹o ou administra‹o de de sociedades por a›es ...... 36 
1.5.9 Emiss‹o irregular de conhecimento de dep—sito ou warrant ............................... 37 
1.5.10 Fraude ˆ execu‹o .................................................................................... 38 
1.6 Da recepta‹o .............................................................................................. 38 
1.7 Das disposi›es gerais ................................................................................. 42 
1.8 Crimes patrimoniais e crimes hediondos ...................................................... 44 
2 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA ......................................................................... 44 
2.1 Crimes contra a honra .................................................................................. 44 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 2.1.1 Calœnia ....................................................................................................... 44 
2.1.2 Difama‹o .................................................................................................. 47 
2.1.3 Injœria ........................................................................................................ 48 
2.1.4 Disposi›es comuns ..................................................................................... 50 
2.2 Dos crimes contra a liberdade individual ...................................................... 51 
2.2.1 Constrangimento ilegal ................................................................................. 51 
2.2.2 Ameaa ...................................................................................................... 52 
2.2.3 Sequestro e c‡rcere privado .......................................................................... 53 
2.2.4 Redu‹o ˆ condi‹o an‡loga ˆ de escravo ....................................................... 54 
2.2.5 Tr‡fico de pessoas ....................................................................................... 56 
3 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 58 
4 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 71 
4.1 Sœmulas do STF ............................................................................................ 71 
4.2 Sœmulas do STJ ............................................................................................ 71 
5 JURISPRUDæNCIA CORRELATA ........................................................................... 73 
6 RESUMO .............................................................................................................. 76 
7 EXERCêCIOS PARA PRATICAR ............................................................................. 87 
8 EXERCêCIOS COMENTADOS ............................................................................... 112 
9 GABARITO ........................................................................................................ 161 
 
 
Ol‡, meus amigos! 
 
Hoje vamos estudar os crimes contra o Patrim™nio (exceto a usurpa‹o, 
n‹o exigida pelo edital). 
Trata-se de um tema de extrema import‰ncia, pois s‹o pontos da matŽria 
com algum grau de complexidade e com posicionamentos jurisprudenciais 
importantes, alguns deles BEM recentes. Tem, inclusive, sœmula 
relativamente recente do STJ. 
Nossa aula j‡ est‡ atualizada de acordo com a Lei 13.228/15, que 
incluiu o par‡grafo 4¼ ao art. 171 do CP, e com a Lei 13.330/16, que 
incluiu o ¤6¼ ao art. 155 do CP, bem como criou o art. 180-A. 
Veremos, ainda, os crimes contra a honra e os crimes contra a 
liberdade pessoal. 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 1! DOS CRIMES CONTRA O PATRIMïNIO 
Os crimescontra o patrim™nio est‹o previstos nos arts. 155 a 183 do CP. 
Estes delitos est‹o divididos em sete cap’tulos: 
ü! Do Furto; 
ü! Do Roubo e da Extors‹o; 
ü! Da Usurpa‹o; 
ü! Do Dano; 
ü! Da Apropria‹o IndŽbita; 
ü! Do Estelionato e outras fraudes; 
ü! Da Recepta‹o 
 
Existe ainda o cap’tulo VIII, mas este n‹o prev figuras t’pico-penais, 
apenas estabelece algumas regrinhas gerais aplic‡veis aos crimes contra o 
patrim™nio. 
Vamos estudar os crimes contra o patrim™nio dividindo-os de acordo com os 
cap’tulos do CP, para aperfeioarmos o aprendizado de vocs! N‹o veremos a 
USURPA‚ÌO, pois n‹o foi exigida pelo edital. 
 
1.1!Do furto 
1.1.1!Furto 
O bem jur’dico tutelado no crime de furto Ž APENAS o patrim™nio, ou 
seja, o furto Ž um crime que lesa apenas um bem jur’dico. Entretanto, a Doutrina 
Ž PACêFICA ao entender que n‹o se tutela apenas a propriedade, mas qualquer 
forma de domina‹o sobre a coisa (propriedade, posse e deten‹o leg’timas)1. 
Est‡ previsto no art. 155 do CP: 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia m—vel: 
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa. 
¤ 1¼ - A pena aumenta-se de um tero, se o crime Ž praticado durante o repouso 
noturno. 
¤ 2¼ - Se o criminoso Ž prim‡rio, e Ž de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode 
substituir a pena de reclus‹o pela de deten‹o, diminu’-la de um a dois teros, ou 
aplicar somente a pena de multa. 
¤ 3¼ - Equipara-se ˆ coisa m—vel a energia elŽtrica ou qualquer outra que tenha valor 
econ™mico. 
¤ 4¼ - A pena Ž de reclus‹o de dois a oito anos, e multa, se o crime Ž cometido: 
I - com destrui‹o ou rompimento de obst‡culo ˆ subtra‹o da coisa; 
 
1 PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Volume 2. 5¼ edi‹o. Ed. Revista dos Tribunais. S‹o 
Paulo, 2006, p. 393. CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi‹o. Ed. 
Juspodivm. Salvador, 2015, p. 233 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 II - com abuso de confiana, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
¤ 5¼ - A pena Ž de reclus‹o de 3 (trs) a 8 (oito) anos, se a subtra‹o for de ve’culo 
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.426, de 1996) 
¤ 6o A pena Ž de reclus‹o de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtra‹o for de semovente 
domestic‡vel de produ‹o, ainda que abatido ou dividido em partes no local da 
subtra‹o (Inclu’do pela Lei n¼ 13.330, de 2016) 
 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por 
qualquer pessoa. 
SUJEITO 
PASSIVO 
Aquele que teve a coisa subtra’da. 
TIPO OBJETIVO 
(conduta) 
A conduta prevista Ž a de subtrair, PARA SI OU 
PARA OUTREM, coisa alheia m—vel. O conceito de 
Òm—velÓ aqui Ž Òtudo aquilo que pode ser movido de 
um lugar para outro2 sem perda de suas caracter’sticas 
ou funcionalidadesÓ. A coisa subtra’da n‹o pode ser de 
propriedade do infrator, caso contr‡rio, n‹o h‡ furto, 
podendo haver, se for o caso, EXERCêCIO 
ARBITRçRIO DAS PRîPRIAS RAZÍES (art. 345 do 
CP). Este Ž um crime comum e genŽrico. Nada impede 
que, em determinadas circunst‰ncias, a subtra‹o de 
coisa m—vel alheia configure outro crime, como ocorre, 
por exemplo, quando um funcion‡rio pœblico, no 
exerc’cio de suas fun›es, subtrai bem da 
administra‹o pœblico, hip—tese na qual teremos um 
PECULATO-FURTO (art. 312, ¤1¡ do CP). A maioria 
da Doutrina entende que a coisa n‹o precisa ter valor 
econ™mico significativo (embora a ausncia de valor 
significativo possa gerar a atipicidade da conduta por 
ausncia de lesividade). CUIDADO! O cad‡ver pode 
ser objeto do furto, desde que pertena a alguŽm (ex.: 
Cad‡ver pertencente a uma faculdade de medicina). 
TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. N‹o se admite na forma culposa. O agente 
dever‡ possuir o ‰nimo, a inten‹o de SE APODERAR 
DA COISA furtada. Essa inten‹o Ž chamada de 
animus rem sibi habendi.3 N‹o havendo essa 
inten‹o, sendo a inten‹o somente a de usar a coisa 
e logo ap—s devolv-la, teremos o que se chama de 
 
2 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 396 
3 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 236/237 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 FURTO DE USO, que NÌO ƒ CRIME4. Se o agente 
pratica o crime para saciar a fome (furto famŽlico), a 
Jurisprudncia reconhece a excludente de ilicitude do 
estado de necessidade (art. 24 do CP), podendo, a 
depender das circunst‰ncias, caracterizar atipicidade 
por reconhecimento do princ’pio da insignific‰ncia. 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
O momento da consuma‹o do delito Ž muito discutido 
na Doutrina, havendo quatro correntes. O que vocs 
devem saber Ž que o STF e o STJ adotam a teoria 
segundo a qual o crime se consuma quando o 
agente passa a ter o poder sobre a coisa, ainda 
que por um curto espao de tempo, ainda que n‹o 
tenha tido a posse mansa e pac’fica sobre a coisa 
furtada (teoria da amotio)5. A tentativa Ž 
plenamente poss’vel. 
 
A existncia de sistema de vigil‰ncia ou monitoramento eletr™nico 
caracteriza crime imposs’vel? N‹o. O STF e o STJ possuem entendimento 
pac’fico no sentido de que, neste caso, h‡ possibilidade de consuma‹o do furto, 
logo, n‹o h‡ que se falar em crime imposs’vel. O STJ, inclusive, editou o 
enunciado de sœmula n¼ 567 nesse sentido. 
 
4 Requisitos do furto de uso: a) inten‹o, desde o in’cio, de devolver a coisa; b) a coisa n‹o pode ser 
consum’vel (destrui‹o com o uso); c) restitui‹o ˆ v’tima logo ap—s o uso. 
5 A Doutrina CLçSSICA desenvolveu quatro teorias, basicamente, para tentar explicar a consuma‹o no 
crime de furto: 
a) Concretatio Ð Bastaria tocar a coisa para que o furto se consumasse. 
b) Apprehensio rei Ð Bastaria que o agente segurasse a coisa para que o delito restasse consumado. 
c) Amotio Ð O furto se consumaria com o deslocamento da coisa para outro lugar, ainda que sem a posse 
mansa e pac’fica sobre a coisa. 
d) Ablatio Ð O agente deveria transportar a coisa para outro local, devendo obter a posse mansa e pac’fica 
sobre a coisa. 
 
Contemporaneamente, contudo, a Doutrina e a Jurisprudncia desenvolveram, com base nestes conceitos, 
trs correntes de entendimento sobre a consuma‹o do furto: 
1 Ð Bastaria a mera subtra‹o da coisa, sua retirada do poder da v’tima, ainda que por breve espao de 
tempo e sem transporte para outro local, ainda que a coisa seja retomada rapidamente em virtude 
de persegui‹o policial, sendo desnecess‡rio que a coisa saia da esfera de vigil‰ncia da v’tima. 
2 Ð Bastaria a subtra‹o da coisa, COM A RETIRADA da coisa da esfera de vigil‰ncia da v’tima, ainda que 
n‹o houvesse a posse mansa e pac’fica. 
3 Ð ƒ necess‡rio, para a consuma‹o do furto, que haja a posse mansa e pac’fica sobre a coisa. 
 
Atualmente, prevalece a PRIMEIRA CORRENTE, tanto no STF quanto no STJ. Vale ressaltar que alguns 
Doutrinadores (seguidos pelo STJ) entendem que as teorias da apprehensio e da amotio dizem, ao fim e ao 
cabo, a mesma coisa, e que ela corresponderia, atualmente, ˆ primeira corrente, sendo portanto, a teoria 
atualmente adotada (Ver, por todos, HC 222.888/MG, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA 
TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe 02/02/2015) 
 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 16 
DIREITOPENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 O ¤1¡ prev a majorante no caso de o crime ser praticado durante o 
repouso noturno (aumenta-se de 1/3). H‡ divergncia doutrin‡ria a respeito da 
aplica‹o desta majorante. Uns entendem que se aplica em qualquer caso, desde 
que seja durante o per’odo de repouso noturno. Outros entendem que s— se aplica 
se estivermos diante de furto em residncia habitada. 
O STJ entende que se aplica ainda que se trate de residncia 
desabitada ou estabelecimento comercial!6 
O STJ sempre entendeu, ainda, que a majorante (repouso noturno) s— se 
aplicaria ao furto SIMPLES. Entretanto, o entendimento mais recente Ž no 
sentido de que tal majorante pode ser aplicada tambŽm ao furto 
qualificado: 
 
(...) 2. A causa de aumento prevista no ¤ 1.¡ do art. 155 do C—digo Penal, que se refere 
ˆ pr‡tica do crime durante o repouso noturno - em que h‡ maior possibilidade de xito 
na empreitada criminosa em raz‹o da menor vigil‰ncia do bem, mais vulner‡vel ˆ 
subtra‹o -, Ž aplic‡vel tanto na forma simples como na qualificada do delito de furto. 
Tal entendimento revela, mutatis mutandis, a posi‹o firmada por este Sodal’cio no julgamento 
do Recurso Especial Representativo de ControvŽrsia n.¼ 1.193.194/MG, de minha Relatoria, no 
qual afigurou-se poss’vel o reconhecimento do privilŽgio previsto no ¤ 2.¼ do art. 155 do C—digo 
Penal nos casos de furto qualificado (CP, art. 155, ¤ 4.¼), m‡xime se presentes os requisitos. 
(...) 
(HC 306.450/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 
04/12/2014, DJe 17/12/2014) 
 
O ¤2¡ prev o chamado FURTO PRIVILEGIADO, que Ž aquele no qual o 
rŽu Ž prim‡rio e a coisa Ž de pequeno valor, hip—tese na qual o Juiz pode substituir 
a pena de reclus‹o pela de deten‹o, diminu’-la de 1/3 a 2/3 ou aplicar somente 
a pena de multa. 
A Jurisprudncia vem entendendo como Òcoisa de pequeno valorÓ aquela 
que n‹o ultrapassa um sal‡rio m’nimo vigente (cabendo ao Juiz, porŽm, 
analisar cada caso).7 
 
6 (...) 2. A causa especial de aumento de pena do furto cometido durante o repouso noturno pode 
se configurar mesmo quando o crime Ž cometido em estabelecimento comercial ou residncia 
desabitada, sendo indiferente o fato de a v’tima estar, ou n‹o, efetivamente repousando. 
3. Precedentes do Superior Tribunal de Justia. 
4. Habeas corpus denegado. 
(HC 191.300/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 12/06/2012, DJe 26/06/2012) 
7 (...)"Para a caracteriza‹o do furto privilegiado um dos requisitos necess‡rios Ž o pequeno valor do bem 
subtra’do, podendo o valor do sal‡rio m’nimo ser adotado, em princ’pio, como referncia. Todavia, 
esse critŽrio n‹o Ž de absoluto rigor aritmŽtico, cabendo ao juiz da causa sopesar as 
circunst‰ncias pr—prias ao caso" (AgRg no HC 246.338/RS, Rel. Min. Marco AurŽlio Belizze, Quinta 
Turma, DJe 15/02/2013; AgRg no REsp 1.227.073/RS, Rel. Min. Sebasti‹o Reis Jœnior, Sexta Turma, DJe 
21/03/2012) 03. Habeas corpus n‹o conhecido. Concess‹o da ordem, de of’cio, para reconhecer a ocorrncia 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 ƒ poss’vel, ainda, a aplica‹o do privilŽgio ao furto qualificado, desde que: 
¥! Estejam presentes os requisitos que autorizam o reconhecimento do 
privilŽgio 
¥! A qualificadora seja de ordem objetiva 
 
Mais recentemente, o STJ pacificou a quest‹o e editou o verbete de sœmula 
n¼ 511. Vejamos: 
 
Sœmula 511 - ƒ poss’vel o reconhecimento do privilŽgio previsto no ¤ 2¼ do art. 155 do CP nos 
casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o 
pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. 
 
J‡ o ¤3¡ traz uma CLçUSULA DE EQUIPARA‚ÌO, estabelecendo que se 
equipara a coisa m—vel a ENERGIA ELƒTRICA ou qualquer outra energia que 
possua valor econ™mico.8 
 
de furto privilegiado (CP, Art. 155, ¤ 2¼), e, em consequncia, aplicar t‹o somente a pena de multa, 
reconhecendo-se, em seguida, a extin‹o da punibilidade pela ocorrncia da prescri‹o da pretens‹o punitiva 
do Estado.Ó 
(HC 282.268/RS, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SC), QUINTA 
TURMA, julgado em 04/12/2014, DJe 02/02/2015) 
8 Sobre o furto de sinal de TV a cabo existe controvŽrsia na Doutrina e na Jurisprudncia. 
Na Doutrina, existem os que defendem a tipicidade e os que defendem a atipicidade. N‹o vou me alongar 
aqui, mas os que defendem a TIPICIDADE ora alegam que se trata de furto (art. 155, ¤3¼) ora alegam que 
se trata do crime previsto no art. 35 da Lei 8.977/95, que tem um grande defeito: N‹o possui preceito 
secund‡rio (previs‹o de pena). 
De toda sorte, na jurisprudncia o STF decidiu que seria fato at’pico, pois n‹o poderia ser equiparado a 
energia elŽtrica e o art. 35 da Lei 8.977/95 n‹o poderia ser utilizado. 
O STJ, porŽm, julgava e continua julgando no sentido de que Ž fato t’pico, equiparado ao furto de energia 
elŽtrica: 
"(...) o sinal de TV a cabo pode ser equiparado ˆ energia elŽtrica para fins de incidncia do artigo 155, ¤ 3¼, 
do C—digo Penal. Doutrina. Precedentes. 
4. Recurso improvido. 
(RHC 30.847/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 20/08/2013, DJe 04/09/2013)\" 
H‡, contudo, decis›es no mesmo STJ entendendo que o fato n‹o se enquadraria no art. 155, ¤3¼ do CP: 
(...) 2. A capta‹o clandestina de sinal de televis‹o fechada ou a cabo n‹o configura o crime previsto no art. 
155, ¤ 3¼, do C—digo Penal. 
(...) 
(AgRg no REsp 1185601/RS, Rel. Ministro SEBASTIÌO REIS JòNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 05/09/2013, 
DJe 23/09/2013) 
Podemos definir, ent‹o, que a quest‹o est‡ relativamente pacificada no STF e controvertida no STJ 
(pela atipicidade). 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 ! CUIDADO! O crime de furto de energia elŽtrica s— ocorrer‡ se o agente se 
apodera daquilo que n‹o est‡ em sua posse, daquilo que n‹o Ž seu. Se o 
agente altera o medidor de Luz (fraude), haver‡ o crime de estelionato.9 
O ¤4¡ e seus incisos, bem como o ¤5¡ do art. 155 estabelecem as hip—teses 
em que o furto ser‡ considerado QUALIFICADO, ou seja, mais grave, sendo 
previstas penas m’nimas e m‡ximas mais elevadas. Vejamos as hip—teses: 
! Destrui‹o ou rompimento de obst‡culo ˆ subtra‹o da coisa10 
Ð Aquela conduta do agente que destr—i ou rompe um obst‡culo 
colocado de forma a impedir o furto11: Ex.: Quebra de cadeado. Se a 
violncia for exercida contra o pr—prio bem furtado, n‹o h‡ a 
qualificadora (ex.: Quebrar o vidro do carro para furtar o pr—prio 
carro12). 13 
! Abuso de confiana, fraude, escalada ou destreza Ð No abuso de 
confiana o agente se aproveita da confiana nele depositada, de 
forma que o propriet‡rio n‹o exerce vigil‰ncia sobre o bem, por confiar 
no infrator. Na fraude o infrator emprega algum artif’cio para enganar 
o agente e furt‡-lo. N‹o se deve confundir com o estelionato. No 
estelionato o agente emprega algum ardil, artif’cio para fazer com que 
a v’tima lhe entregue a vantagem. Aqui o agente emprega o artif’cio 
para criar a situa‹o que lhe permita subtrair a coisa (ex.: Camarada 
se veste de instalador da TV a Cabo para, mediante a engana‹o 
realizada, adentrar na casa e furtar alguns pertences). Na escalada o 
agente realiza um esforo fora do comum para superar uma barreira 
f’sica (ex.: Saltar um muro ALTO). Vale ressaltar, contudo, que a 
Doutrina entende que a supera‹o da barreira pode se dar dequalquer 
forma, n‹o apenas pelo alto (ex.: Escava‹o de um tœnel 
subterr‰neo)14, desde que n‹o ocorra a destrui‹o da barreira (Neste 
caso, ter’amos a qualificadora do rompimento de obst‡culo). Na 
destreza o agente se vale de alguma habilidade peculiar (ex.: Batedor 
de carteira, que furta com extrema destreza, sem ser percebido). Vale 
ressaltar que se a v’tima percebe a a‹o, o agente responde por 
 
9 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 155 
10 N‹o se aplica, neste caso, o princ’pio da insignific‰ncia (STJ: AgRg no REsp 1428174/RS, Rel. 
Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/09/2015, DJe 24/09/2015) 
11 H‡ parcela da Doutrina que inclui, no conceito de obst‡culo, os c‹es de guarda. 
12 Este Ž o entendimento doutrin‡rio e jurisprudencial MAJORITçRIO, embora existam decis›es do STF e do 
STJ em sentido contr‡rio. 
13 A jurisprudncia possui alguns julgados no sentido de que a quebra do vidro do carro para furtar objetos 
deixados em seu interior n‹o qualificaria o furto. Contudo, o STJ pacificou a quest‹o em sentido 
contr‡rio, ou seja, entendendo que tal conduta qualifica o furto (ÒA subtra‹o de objetos localizados 
no interior de ve’culo automotor, mediante o rompimento ou destrui‹o do vidro do autom—vel, qualifica o 
furto. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. Ó 
(EREsp 1079847/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SE‚ÌO, julgado em 22/05/2013, DJe 
05/09/2013) 
14 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 248 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 tentativa de furto simples, e n‹o por tentativa de furto qualificado, pois 
o agente n‹o agiu com destreza alguma, j‡ que sua a‹o foi notada.15 
! Chave falsa Ð Aqui o agente pratica o delito mediante o uso de alguma 
chave falsificada. O conceito de Òchave falsaÓ abrange: a) A c—pia da 
chave verdadeira, mas obtida sem autoriza‹o do dono16; b) uma 
chave diversa da verdadeira, mas alterada com a finalidade de abrir 
a fechadura; c) Qualquer objeto capaz de abrir uma fechadura 
sem provocar sua destrui‹o (pode ser um grampo de cabelo, por 
exemplo). A LIGA‚ÌO DIRETA EM VEêCULO NÌO ƒ 
CONSIDERADA CHAVE FALSA! 
! Concurso de pessoas Ð Nessa hip—tese o crime ser‡ qualificado se 
praticado por duas ou mais pessoas em concurso de agentes. SE O 
CRIME ƒ PRATICADO POR ASSOCIA‚ÌO CRIMINOSA (ANTIGA 
QUADRILHA OU BANDO), o STJ entende que todos respondem 
pelo furto qualificado pelo concurso de pessoas + associa‹o 
criminosa em concurso MATERIAL (Entende que n‹o h‡ bis in 
idem).17 
! Furto de ve’culo automotor (¤ 5¡) que venha A SER 
TRANSPORTADO PARA OUTRO ESTADO OU PARA O EXTERIOR Ð 
Aqui se pune, com a qualificadora, aquele que furta ve’culo automotor 
que Ž levado para longe (outro estado ou pa’s). Visa a punir mais 
drasticamente aquelas pessoas ligadas ˆ m‡fia do desmanche de 
ve’culos. CUIDADO! Se o ve’culo n‹o chegar a ser levado para outro 
estado ou pa’s, embora essa tenha sido a inten‹o, NÌO Hç FURTO 
QUALIFICADO TENTADO, mas furto simples CONSUMADO, pois 
a subtra‹o se consumou. 
 
Nos quatro primeiros casos a pena Ž de DOIS A OITO ANOS, e no œltimo 
caso a pena Ž de TRæS A OITO ANOS. 
 
CUIDADO! Muito se discutiu a respeito da possibilidade de aplica‹o, ao furto, 
da majorante prevista para o roubo, no que tange ao concurso de pessoas. 
Isso porque o concurso de pessoas, no roubo, apenas Ž causa de aumento de 
pena. J‡ no furto Ž causa que qualifica o delito (mais grave, portanto). Assim, 
 
15 Parcela da Doutrina entende que se a v’tima somente percebeu a a‹o depois de alertada por terceira 
pessoa, o agente responderia por tentativa de furto qualificado pela destreza, pois o agente teria agido com 
destreza, j‡ que a pr—pria v’tima, sozinha, n‹o percebeu. 
16 O uso da pr—pria chave verdadeira (n‹o uma c—pia) n‹o qualifica o delito. PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 
403 
17 Ver AgRg no REsp 1404832/MS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 25/03/2014, 
DJe 31/03/2014 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 boa parte da doutrina entendia que ao invŽs de aplicar a qualificadora o Juiz 
deveria apenas aumentar a pena, valendo-se, por analogia, da causa de 
aumento de pena do roubo. Isso, contudo, foi rechaado pelo STJ, que editou 
o verbete sumular de n¼ 442. Vejamos: 
Sœmula 442 do STJ 
ƒ inadmiss’vel aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante 
do roubo. 
 
Por fim, a Lei 13.330/16 acrescentou o ¤6¼ ao art. 155 do CP, com a seguinte 
reda‹o: 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia m—vel: 
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa. 
(...) 
¤ 6o A pena Ž de reclus‹o de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtra‹o for de semovente 
domestic‡vel de produ‹o, ainda que abatido ou dividido em partes no local da 
subtra‹o. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.330, de 2016) 
 
O que a nova Lei fez foi estabelecer uma pena mais dura para o furto 
desses animais. As raz›es para tanto? Certamente os elevados ’ndices de 
ocorrncia destes furtos. 
Importante ressaltar que n‹o Ž qualquer furto de semovente (animal) que 
ir‡ se adequar ˆ nova previs‹o legislativa, mas apenas o furto de semovente 
domestic‡vel de produ‹o (ainda que abatido ou dividido em partes no local da 
subtra‹o), ou seja, apenas o furto de animais especificamente destinados ˆ 
produ‹o pecu‡ria. 
Assim, se alguŽm subtrair um cachorro de estima‹o n‹o estar‡ incorrendo 
na previs‹o do aludido par‡grafo. Por outro lado, se subtrair uma vaca leiteira de 
uma Fazenda, estar‡ caracterizada a figura delitiva do art. 155, ¤6¼, desde que 
a vaca seja destinada ˆ produ‹o, naturalmente. Se a vaca for mero animal de 
estima‹o n‹o ser‡ aplic‡vel o ¤6¼. :) 
Vale destacar, ainda, que a conduta passou a constituir forma 
qualificada do delito de furto, ou seja, a Lei estabeleceu novos patamares de 
pena (m’nimo e m‡ximo). Desta forma, n‹o se trata de mera causa de aumento 
de pena, mas verdadeira qualificadora. 
Abaixo, trago algumas disposi›es importantes sobre o crime de furto: 
¥! Furto de folha de cheque em branco Ð H‡ divergncia doutrin‡ria e 
jurisprudencial a respeito. Entretanto, prevalece no STJ o entendimento 
de que a mera subtra‹o da folha de cheque, em branco, n‹o 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 caracteriza furto, por possuir valor insignificante1819. Se o agente, 
entretanto, preenche a folha fraudulentamente e, posteriormente, obtŽm 
vantagem indevida, praticar‡ o delito de estelionato. Neste caso, 
existem duas correntes (somente para aqueles que entendem que h‡ 
caracteriza‹o do furto na subtra‹o): a) O estelionato absorve o furto; 
b) H‡ concurso material entre o furto e o estelionato. Embora haja 
divergncia, prevalece a tese de que o estelionato absorve o furto, neste 
caso. 
¥! Furto de coisas perdidas, abandonadas e que nunca tiveram dono 
Ð a) Furto de coisas perdidas (res desperdicta) Ð Incab’vel, pois o 
agente, neste caso, pratica o crime de apropria‹o de coisa achada, 
prevista no art. 169, ¤ œnico do CP; b) Furto de coisas abandonadas e 
que nunca tiveram dono (res derelicta e res nullius, respectivamente) Ð 
Incab’vel, pois o agente, ao se apossar da coisa, torna-se seu dono, j‡ 
que a coisa n‹o pertence a ninguŽm. 
 
1.1.2!Furto de coisa comum 
O art. 156 trata do FURTODE COISA COMUM, vejamos: 
Art. 156 - Subtrair o cond™mino, co-herdeiro ou s—cio, para si ou para outrem, a quem 
legitimamente a detŽm, a coisa comum: 
Pena - deten‹o, de seis meses a dois anos, ou multa. 
¤ 1¼ - Somente se procede mediante representa‹o. 
¤ 2¼ - N‹o Ž pun’vel a subtra‹o de coisa comum fung’vel, cujo valor n‹o excede a 
quota a que tem direito o agente. 
 
O crime aqui Ž, tambŽm, de furto, motivo pelo qual se aplicam as mesmas 
considera›es relativas ao crime de furto comum. 
No entanto, o crime aqui Ž PRîPRIO (exige qualidade especial do 
infrator), ou seja, somente pode ser cometido pela pessoa que possua uma 
daquelas caracter’sticas (seja s—cio, cond™mino, etc.). O sujeito passivo tambŽm 
s— poder‡ ser alguma daquelas pessoas. 
Vejam que a pena Ž menor que a do furto comum, exatamente porque a 
coisa n‹o Ž de outrem (alheia), mas Ž comum, ou seja, tambŽm Ž do infrator. 
Vejam, ainda, que se a coisa Ž FUNGêVEL, e a subtra‹o n‹o excede a 
quota-parte do infrator, n‹o h‡ crime. 
 
18 (...) 3. De acordo com a jurisprudncia desta Corte Superior de Justia, folhas de cheque e cart›es 
banc‡rios n‹o podem ser objeto material do crime de recepta‹o, uma vez que desprovidos de valor 
econ™mico, indispens‡vel ˆ caracteriza‹o do delito contra o patrim™nio, entendimento tambŽm aplic‡vel 
ao crime de furto, destinado ˆ tutela do mesmo bem jur’dico (...) (HC 118.873/SC, Rel. Ministro 
JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 17/03/2011, DJe 25/04/2011) 
19 Existe posi‹o doutrin‡ria e jurisprudencial pela TIPICIDADE da conduta, j‡ que a folha de cheque, a 
despeito de n‹o possui valor econ™mico enquanto ÒpapelÓ, possui utilidade. 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 Coisa fung’vel Ž aquela que pode ser substitu’da por outra da mesma 
espŽcie, qualidade e quantidade, sem preju’zo algum (exemplo: dinheiro). 
EXEMPLO: Imagine que trs pessoas s‹o cond™minas de uma parcela em 
dinheiro no valor de R$ 90.000,00, possuindo cotas iguais (trinta mil para cada). 
Se um dos cond™minos furtar R$ 30.000,00 n‹o comete crime, pois a coisa Ž 
fung’vel (dinheiro) e o montante n‹o excede ˆ sua cota-parte. 
 A a‹o penal Ž pœblica, MAS DEPENDE DE REPRESENTA‚ÌO DA 
VêTIMA. 
 
1.2!Do roubo e da extors‹o 
Aqui se tutelam, alŽm do patrim™nio, a integridade f’sica, mental e a vida da 
v’tima, pois as condutas n‹o violam somente o patrim™nio destas, mas colocam 
em risco, tambŽm, estes bens jur’dicos. 
Vejamos cada um deles. 
 
1.2.1!Roubo 
Art. 157 - Subtrair coisa m—vel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaa 
ou violncia a pessoa, ou depois de hav-la, por qualquer meio, reduzido ˆ 
impossibilidade de resistncia: 
Pena - reclus‹o, de quatro a dez anos, e multa. 
¤ 1¼ - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtra’da a coisa, emprega 
violncia contra pessoa ou grave ameaa, a fim de assegurar a impunidade do crime 
ou a deten‹o da coisa para si ou para terceiro. 
¤ 2¼ - A pena aumenta-se de um tero atŽ metade: 
I - se a violncia ou ameaa Ž exercida com emprego de arma; 
II - se h‡ o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a v’tima est‡ em servio de transporte de valores e o agente conhece tal 
circunst‰ncia. 
IV - se a subtra‹o for de ve’culo automotor que venha a ser transportado para outro 
Estado ou para o exterior; (Inclu’do pela Lei n¼ 9.426, de 1996) 
V - se o agente mantŽm a v’tima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Inclu’do 
pela Lei n¼ 9.426, de 1996) 
¤ 3¼ Se da violncia resulta les‹o corporal grave, a pena Ž de reclus‹o, de sete a 
quinze anos, alŽm da multa; se resulta morte, a reclus‹o Ž de vinte a trinta anos, sem 
preju’zo da multa. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 9.426, de 1996) Vide Lei n¼ 8.072, de 
25.7.90 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
O patrim™nio e a integridade f’sica e ps’quica da v’tima. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por 
qualquer pessoa. 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 SUJEITO 
PASSIVO 
Aquele que teve a coisa subtra’da mediante violncia 
ou grave ameaa, ou ainda, depois de ter sido reduzida 
ˆ impossibilidade de defesa. 
TIPO OBJETIVO 
(conduta) 
A conduta prevista Ž a de subtrair, PARA SI OU 
PARA OUTREM, coisa alheia m—vel, MEDIANTE 
VIOLæNCIA, GRAVE AMEA‚A, OU APîS REDUZIR 
A VêTIMA A UMA SITUA‚ÌO DE 
IMPOSSIBILIDADE DE DEFESA. Com rela‹o ˆ 
les‹o ao patrim™nio, aplicam-se as mesmas regras 
ditas em rela‹o ao furto. Mas, por se tratar de crime 
complexo, devemos analisar, ainda, sob o aspecto da 
violncia ou grave ameaa ˆ pessoa. A violncia pode 
ser pr—pria, quando o agente aplica fora f’sica sobre a 
v’tima, ou impr—pria, quando aplica alguma medida 
que torna a v’tima indefesa (Boa-noite-cinderela, por 
exemplo). Aqui entende-se que n‹o se aplica o 
privilŽgio previsto para o furto e nem o princ’pio da 
insignific‰ncia.20 
TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. N‹o se admite na forma culposa. O agente 
dever‡ possuir o ‰nimo, a inten‹o de SE APODERAR 
DA COISA furtada, MEDIANTE VIOLæNCIA, 
GRAVE AMEA‚A OU REDU‚ÌO DA VêTIMA Ë 
SITUA‚ÌO DE IMPOSSIBILIDADE DE DEFESA. N‹o 
se admite na forma culposa. O roubo de uso Ž crime! 
Ou seja, o agente que rouba alguma coisa para 
somente us‡-la e devolver, comete crime de roubo. 
Parte da Doutrina entende, entretanto, que nesse, 
caso, haveria apenas constrangimento ilegal (mais a 
pena das les›es corporais), n‹o havendo roubo 
(minorit‡rio).21 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
O STF e o STJ adotam a teoria segundo a qual o crime 
se consuma quando o agente passa a ter o poder sobre 
a coisa, ap—s ter praticado a violncia ou grave 
ameaa22. Se o agente pratica a violncia ou grave 
ameaa, mas n‹o subtrai a coisa, o crime Ž 
TENTADO. No roubo impr—prio o crime se consuma 
 
20 STJ, RHC 56.431/SC, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 
18/06/2015, DJe 30/06/2015 
21 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 156/157 
22 O STJ sumulou entendimento no sentido de que a consuma‹o do roubo ocorre com a mera invers‹o da 
posse sobre o bem, mediante emprego de violncia ou grave ameaa, sendo desnecess‡ria a posse 
mansa e pac’fica ou desvigiada sobre a coisa: 
Sœmula 582 do STJ - Consuma-se o crime de roubo com a invers‹o da posse do bem mediante emprego 
de violncia ou grave ameaa, ainda que por breve tempo e em seguida ˆ persegui‹o imediata ao agente 
e recupera‹o da coisa roubada, sendo prescind’vel a posse mansa e pac’fica ou desvigiada. 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 quando o agente, ap—s subtrair a coisa, emprega a 
violncia ou grave ameaa. 
A tentativa Ž admitida em todas as formas do 
roubo. Doutrina minorit‡ria, contudo, sustenta que 
n‹o cabe no roubo impr—prio23. 
 
CUIDADO! A inexistncia de valores em poder da v’tima configura crime 
imposs’vel? N‹o, pois se trata de mera impropriedade RELATIVA do objeto, 
caracterizando TENTATIVA. 
 
O ¤1¡ traz a figura do roubo IMPRîPRIO. O roubo impr—prio ocorre 
quando a violncia ou ameaa Ž praticada APîS A SUBTRA‚ÌO DA COISA, 
como meio de garantir a impunidade do crime ou assegurar o proveito do crime. 
EXEMPLO: Imagine que o agente subtraia uma TV de uma loja de 
eletroeletr™nicos. AtŽ a’, nada de roubo, apenas furto. No entanto, ao ser 
abordado pelosseguranas, j‡ do lado de fora da loja, tenta fugir e acaba 
agredindo os seguranas, fugindo com a coisa. Nesse caso, diz-se que o 
roubo Ž IMPRîPRIO, pois a grave ameaa ou violncia Ž posterior, e n‹o 
tem como finalidade efetivar a subtra‹o (que j‡ ocorreu), mas garantir a 
impunidade ou a posse tranquila sobre o bem.24 
 
O ¤ 2¡ prev majorantes (causas de aumento de pena), que se aplicam tanto 
ao roubo PRîPRIO (caput) quanto ao roubo IMPRîPRIO. Algumas observa›es 
quanto ˆs majorantes do ¤2¡: 
O termo ÒarmaÓ, no inciso I, Ž considerado, pela Doutrina e Jurisprudncia 
dominantes, QUALQUER INSTRUMENTO QUE POSSA SER USADO COMO 
ARMA, independentemente de ter sido fabricado para esse fim (faca, por 
exemplo).25 
Ainda com rela‹o ˆ arma, a Doutrina e Jurisprudncia entendem que deve 
haver o USO EFETIVO DA ARMA ou, ao menos, o PORTE OSTENSIVO da 
arma. Se o agente est‡ portando a arma, mas a v’tima n‹o chega a ter 
conhecimento deste fato, n‹o incide a causa de aumento de pena.26 
O USO DE ARMA DE BRINQUEDO27 NÌO GERA APLICA‚ÌO DA CAUSA 
DE AUMENTO DE PENA. 
 
23 Para esta parcela da Doutrina, neste caso, ou o agente emprega a violncia ou grave ameaa e o roubo 
impr—prio se consuma ou o agente n‹o emprega e temos um furto consumado 
24 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 419 
25 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 421 
26 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 421. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 259 
27 O mesmo racioc’nio se aplica a qualquer arma INIDïNEA, ou seja, que n‹o tenha potencialidade lesiva 
(arma desmuniciada, por exemplo). No que tange ˆ arma com defeito, ela somente n‹o ir‡ caracterizar a 
majorante se o feito for ÒabsolutoÓ, ou seja, tornar a arma absolutamente ineficaz. 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 ƒ necess‡rio que haja per’cia para apurar a potencialidade lesiva da 
arma? Em regra, sim. Contudo, se n‹o for poss’vel, as demais provas podem ser 
utilizadas para comprovar o fato (Posi‹o do STJ).28 
Com rela‹o ˆ majorante do roubo praticado em concurso de 
pessoas, e se estivermos diante de uma associa‹o criminosa? O STJ 
entende que os agentes respondem tanto pelo roubo com a causa de 
aumento de pena do concurso de pessoas quanto pela associa‹o 
criminosa, em concurso MATERIAL. 
O inciso V traz a hip—tese na qual a v’tima Ž privada de sua liberdade, sendo 
mantida em poder do criminoso. Temos aqui, na verdade, a quest‹o do ÒrefŽmÓ. 
Havendo utiliza‹o de refŽm para garantir sucesso na fuga, por exemplo, haver‡ 
a causa de aumento de pena. 
O ¤3¡, por sua vez, traz o que se chama de ROUBO QUALIFICADO PELO 
RESULTADO (Les‹o corporal grave ou morte). N‹o se exige que o resultado 
tenha sido querido pelo agente, bastando que ele tenha agido pelo menos de 
maneira culposa em rela‹o a eles (pois a reda‹o do ¤ diz: Òse da violncia 
resulta...Ó). AlŽm disso, n‹o incide essa QUALIFICADORA quando o roubo 
Ž realizado mediante GRAVE AMEA‚A.29 
Ao crime de ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO NÌO SE 
APLICAM AS MAJORANTES DO ¤2¡. 
A segunda parte do roubo qualificado pelo resultado trata do LATROCêNIO, 
que Ž o roubo qualificado pelo resultado MORTE. Ele ocorrer‡ sempre que o 
agente, VISANDO A SUBTRA‚ÌO DA COISA, praticar a conduta (empregando 
violncia) e ocorrer (dolosa ou culposamente) a morte de alguŽm. Caso o agente 
deseje a morte da pessoa, e, somente ap—s realizar a conduta homicida, resolva 
furtar seus bens, estaremos diante de um HOMICêDIO em concurso com 
FURTO. 
 
! E se o agente mata o pr—prio comparsa (para ficar com todo o 
dinheiro, por exemplo)? Neste caso, temos roubo em concurso material 
com homic’dio, e n‹o latroc’nio. 
! E se o agente atira para acertar a v’tima, mas acaba atingindo o 
comparsa? Temos erro na execu‹o (aberratio ictus), e o agente responde 
como se tivesse atingido a v’tima. Logo, temos latroc’nio. 
 
 
28 (...)2. A Terceira Se‹o pacificou o entendimento no sentido da desnecessidade de apreens‹o 
e per’cia da arma de fogo para que seja configurada a causa de aumento prevista no art. 157, ¤ 
2¼, I, do C—digo Penal, desde que os demais elementos probat—rios demonstrem sua utiliza‹o 
na pr‡tica do delito. Ressalva de entendimento da relatora. 
(...) 
(HC 284.332/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 22/04/2014, 
DJe 30/04/2014) 
29 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 425. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 263 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 Quanto ˆ consuma‹o do latroc’nio, muitas correntes tambŽm surgiram, mas 
atualmente prevalece no STF o entendimento de que o crime de latroc’nio se 
consuma com a ocorrncia do resultado morte, ainda que a subtra‹o da 
coisa n‹o tenha se consumado. Isso est‡ na sœmula n¡ 610 do STF: 
Sœmula 610 do STF 
Hç CRIME DE LATROCêNIO, QUANDO O HOMICêDIO SE CONSUMA, AINDA QUE NÌO 
REALIZE O AGENTE A SUBTRA‚ÌO DE BENS DA VêTIMA. 
 
Em resumo, o entendimento acerca da consuma‹o do latroc’nio Ž o 
seguinte: 
! SUBTRA‚ÌO CONSUMADA + MORTE CONSUMADA = Latroc’nio 
consumado 
! SUBTRA‚ÌO TENTADA + MORTE TENTADA = Latroc’nio tentado 
! SUBTRA‚ÌO TENTADA + MORTE CONSUAMDA = Latroc’nio 
consumado (sœmula 610 do STF) 
! SUBTRA‚ÌO CONSUMADA + MORTE TENTADA = Latroc’nio 
tentado30 
 
A a‹o penal, neste crime, ƒ PòBLICA INCONDICIONADA. 
 
1.2.2!Extors‹o 
Art. 158 - Constranger alguŽm, mediante violncia ou grave ameaa, e com o intuito 
de obter para si ou para outrem indevida vantagem econ™mica, a fazer, tolerar que 
se faa ou deixar fazer alguma coisa: 
Pena - reclus‹o, de quatro a dez anos, e multa. 
¤ 1¼ - Se o crime Ž cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, 
aumenta-se a pena de um tero atŽ metade. 
¤ 2¼ - Aplica-se ˆ extors‹o praticada mediante violncia o disposto no ¤ 3¼ do artigo 
anterior. Vide Lei n¼ 8.072, de 25.7.90 
¤ 3o Se o crime Ž cometido mediante a restri‹o da liberdade da v’tima, e essa 
condi‹o Ž necess‡ria para a obten‹o da vantagem econ™mica, a pena Ž de reclus‹o, 
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, alŽm da multa; se resulta les‹o corporal grave ou morte, 
aplicam-se as penas previstas no art. 159, ¤¤ 2o e 3o, respectivamente. (Inclu’do pela 
Lei n¼ 11.923, de 2009) 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
O patrim™nio e a liberdade individual da v’tima 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por 
qualquer pessoa. 
 
30 H‡ decis‹o do STF considerando haver, aqui, roubo consumado em concurso com homic’dio tentado. O 
STJ, contudo, j‡ consolidou entendimento no sentido de haver, aqui, latroc’nio tentado (HC 314.203/PR, 
Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 30/06/2015, DJe 04/08/2015). 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 SUJEITO 
PASSIVO 
Aquele que teve a sua liberdade individual ou 
patrim™nio lesados pela conduta do agente. Pode ser 
qualquer pessoa. 
TIPO OBJETIVO 
(conduta) 
Aqui o constrangimento Ž mero ÒmeioÓ para a obten‹o 
da vantagem indevida. O verbo Ž ÒconstrangerÓ, que Ž 
sin™nimo de forar, obrigar alguŽm a fazer o que n‹o 
deseja. N‹o se confunde com o delito de roubo, pois 
naquele o agente se vale da violncia ou grave ameaa 
para subtrair o bem da v’tima. Neste o agente se vale 
destes meios para fazer com que a v’tima LHE 
ENTREGUE A COISA,ESPONTANEAMENTE, ou seja, 
deve haver a colabora‹o da v’tima. 
TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. N‹o se admite na forma culposa. Se a vantagem 
for: 
! Devida Ð Teremos crime de exerc’cio arbitr‡rio 
das pr—prias raz›es (art. 345 do CP). 
! Sexual Ð Teremos estupro. 
! Meramente moral, sem valor econ™mico Ð 
Constrangimento ilegal (art. 146 do CP); 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
O STJ entende que se trata de CRIME FORMAL, que 
se consuma com o mero emprego da violncia ou grave 
ameaa, INDEPENDENTEMENTE DA OBTEN‚ÌO DA 
VANTAGEM VISADA PELO AGENTE (sœmula n¡ 96 
do STJ). 
 
O ¤1¡ traz uma causa de aumento de pena (1/3 atŽ a metade), caso o crime 
seja cometido por duas ou mais pessoas ou mediante o uso de arma. Aplicam-se 
as mesmas observa›es feitas no crime de roubo. 
TambŽm se aplica o disposto no ¤3¡ do art. 157 (roubo qualificado pelo 
resultado), ou seja, ocorrendo les‹o grave ou morte, teremos o crime de 
EXTORSÌO QUALIFICADA PELO RESULTADO, com as mesmas penas 
previstas no ¤3¡ do art. 157 do CP. 
O ¤3¡ do art. 158 representa uma inova‹o legislativa (realizada em 2009) 
que criou a figura do SEQUESTRO RELåMPAGO. 
Na verdade, esse nome Ž dado pela Doutrina. O que ocorreu foi a mera 
inclus‹o do ¤3¼ no art. 158 do CP, criando uma outra forma de extors‹o 
qualificada. Segundo este dispositivo, Ž necess‡rio: 
§! Que o crime seja cometido mediante a restri‹o da liberdade da 
v’tima 
§! Que essa circunst‰ncia seja necess‡ria para a obten‹o da 
vantagem econ™mica Ð Se for desnecess‡ria, o agente responde por 
extors‹o simples em concurso material com sequestro ou c‡rcere 
privado. 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 
A pena Ž mais elevada (seis a doze anos). O crime tambŽm ser‡ considerado 
qualificado (com penas mais severas31) no caso de ocorrncia de les›es graves 
ou morte. 
A a‹o penal no crime de extors‹o, em qualquer hip—tese, Ž PòBLICA 
INCONDICIONADA. 
O art. 160, por sua vez, cria a figura da EXTORSÌO INDIRETA, que ocorre 
quando um credor EXIGE ou RECEBE, do devedor, DOCUMENTO QUE 
POSSA DAR CAUSA Ë INSTAURA‚ÌO DE PROCESSO CRIMINAL CONTRA 
ELE. Vejamos: 
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de d’vida, abusando da situa‹o de alguŽm, 
documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a v’tima ou contra 
terceiro: 
Pena - reclus‹o, de um a trs anos, e multa. 
 
Exige-se, nesse caso, o dolo espec’fico, consistente na inten‹o de exigir ou 
receber o documento COMO GARANTIA DE DêVIDA. Necess‡rio, ainda, que o 
agente SE VALHA DA CONDI‚ÌO DA VêTIMA, que se encontra em situa‹o de 
fragilidade (desesperada, aflita), de forma a exigir dela esta garantia abusiva. 
Assim, deve haver: 
§! O abuso de situa‹o de necessidade (fragilidade) da v’tima 
§! Inten‹o de garantir, futuramente, o pagamento da d’vida (por meio da 
ameaa) 
 
O crime se consuma com a mera realiza‹o da exigncia (nesse caso, crime 
formal) ou com o efetivo recebimento (nesse caso, material) do documento. A 
tentativa Ž poss’vel. 
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada. 
 
1.2.3!Extors‹o mediante sequestro 
Art. 159 - SeqŸestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condi‹o ou preo do resgate: Vide Lei n¼ 8.072, de 25.7.90 
Pena - reclus‹o, de oito a quinze anos. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 8.072, de 25.7.1990) 
¤ 1o Se o seqŸestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqŸestrado Ž menor 
de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime Ž cometido por bando 
ou quadrilha. Vide Lei n¼ 8.072, de 25.7.90 (Reda‹o dada pela Lei n¼ 10.741, de 
2003) 
Pena - reclus‹o, de doze a vinte anos. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 8.072, de 25.7.1990) 
¤ 2¼ - Se do fato resulta les‹o corporal de natureza grave: Vide Lei n¼ 8.072, de 
25.7.90 
 
31 As penas, neste caso, ser‹o as mesmas previstas para o crime de extors‹o mediante sequestro qualificado 
pela morte ou les›es graves (art. 159, ¤¤2¼ e 3¼ do CP). 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 Pena - reclus‹o, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 8.072, 
de 25.7.1990) 
¤ 3¼ - Se resulta a morte: Vide Lei n¼ 8.072, de 25.7.90 
¤ 4¼ - Se o crime Ž cometido em concurso, o concorrente que o denunciar ˆ autoridade, 
facilitando a liberta‹o do seqŸestrado, ter‡ sua pena reduzida de um a dois teros. 
(Reda‹o dada pela Lei n¼ 9.269, de 1996) 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
O patrim™nio e a liberdade individual da v’tima 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por 
qualquer pessoa. 
SUJEITO 
PASSIVO 
Aquele que teve a sua liberdade individual ou 
patrim™nio lesados pela conduta do agente. Pode ser 
qualquer pessoa. 
OBS.: Pessoa jur’dica pode ser sujeito passivo, na 
qualidade de v’tima da les‹o patrimonial (Ex.: 
Sequestra-se o s—cio, para exigir da PJ o pagamento 
do resgate). 
TIPO OBJETIVO 
(conduta) 
O verbo (nœcleo do tipo) Ž sequestrar, ou seja, impedir, 
por qualquer meio, que a pessoa exera seu direito de 
ir e vir. O CRIME OCORRERç AINDA QUE A VêTIMA 
NÌO SEJA TRANSFERIDA PARA OUTRO LOCAL. 
Aqui a priva‹o da liberdade se d‡ como meio para se 
obter um RESGATE, que Ž um pagamento pela 
liberdade de alguŽm. Embora a lei diga Òqualquer 
vantagemÓ, a Doutrina entende que a vantagem deve 
ser PATRIMONIAL e INDEVIDA, pois se for 
DEVIDA, teremos o crime de exerc’cio arbitr‡rio das 
pr—prias raz›es. 
TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. Exige-se a FINALIDADE ESPECIAL DE AGIR, 
consistente na inten‹o de obter uma vantagem 
patrimonial como resgate. 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
O STF entende que se trata de CRIME FORMAL, que 
se consuma com a mera priva‹o da liberdade da 
v’tima, INDEPENDENTEMENTE DA OBTEN‚ÌO DA 
VANTAGEM VISADA PELO AGENTE (informativo 
n¡ 27 do STF). A tentativa Ž plenamente poss’vel. 
Trata-se de crime permanente, que se prolonga no 
tempo, podendo haver pris‹o em flagrante a qualquer 
momento, enquanto durar a atividade criminosa. 
 
Segundo o ¤1¡, a pena ser‡ de DOZE A VINTE ANOS SE: 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 ! O sequestro dura mais de 24 horas 
! Se o sequestrado Ž menor de 18 anos ou maior de 60 anos 
! Se o crime for cometido por quadrilha ou bando Ð Os agentes 
respondem tanto pela extors‹o mediante sequestro qualificada 
quanto pela associa‹o criminosa (art. 288 do CP) 
 
Se do crime resultar les‹o corporal GRAVE ou morte, tambŽm h‡ 
formas QUALIFICADAS, cujas penas, nos termos dos ¤¤ 2¡ e 3¡ do art. 159, ser‹o 
de 16 a 24 anos e de 24 a 30 anos, RESPECTIVAMENTE. 
A Doutrina n‹o Ž un‰nime quanto a quem possa ser a v’tima da les‹o grave 
ou morte. No entanto, a maioria da Doutrina entende que o resultado (les‹o grave 
ou morte) qualifica o crime, QUALQUER QUE SEJA A PESSOA QUE SOFRA A 
LESÌO32, ainda que n‹o seja o pr—prio sequestrado, mas desde que ocorra no 
contexto f‡tico do delito de extors‹o mediante sequestro. 
O ¤4¡ prev a chamada DELA‚ÌO PREMIADA, ou seja, um abatimento na 
pena daquele que delata os demais cœmplices (redu‹o de 1/3 a 2/3). ƒ 
indispens‡vel que dessa dela‹o decorra uma facilita‹o na libera‹o do 
sequestrado (Doutrina majorit‡ria).33 
A a‹o pena ser‡ pœblica incondicionada. 
 
1.3!Do dano 
Os crimes de dano s‹o crimes nos quais n‹o h‡ necessidade de um aumento 
patrimonial do agente,ou seja, n‹o h‡ necessidade que ele se apodere de algo 
pertencente a outrem, bastando que ele provoque um preju’zo ˆ v’tima. Vejamos: 
 
1.3.1!Dano 
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
Pena - deten‹o, de um a seis meses, ou multa. 
Dano qualificado 
Par‡grafo œnico - Se o crime Ž cometido: 
I - com violncia ˆ pessoa ou grave ameaa; 
II - com emprego de subst‰ncia inflam‡vel ou explosiva, se o fato n‹o constitui crime 
mais grave 
III - contra o patrim™nio da Uni‹o, Estado, Munic’pio, empresa concession‡ria de 
servios pœblicos ou sociedade de economia mista; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 5.346, 
de 3.11.1967) 
IV - por motivo ego’stico ou com preju’zo consider‡vel para a v’tima: 
 
32 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 279 
33 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 444 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 Pena - deten‹o, de seis meses a trs anos, e multa, alŽm da pena correspondente ˆ 
violncia. 
 
O crime Ž comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, tendo como 
sujeito passivo o propriet‡rio ou possuidor do bem danificado. O cond™mino 
pode ser sujeito ativo, mas se a coisa Ž fung’vel (substitu’vel, como o 
dinheiro, por exemplo) e o agente deteriora apenas a sua cota-parte, n‹o 
h‡ crime, por analogia ao furto de coisa comum (Posi‹o do STF). 
O tipo objetivo (conduta) pode ser tanto a destrui‹o (danifica‹o total), a 
inutiliza‹o (danifica‹o, ainda que parcial, mas que torna o bem inœtil) ou 
deteriora‹o (danifica‹o parcial do bem) da coisa. 
O crime deve ser praticado na forma comissiva (a‹o). Nada impede, 
contudo, que alguŽm responda pelo delito em raz‹o de uma omiss‹o, desde que 
seja o respons‡vel por evitar o resultado (ex.: Um vigia que v alguŽm destruir 
o patrim™nio que ele deve zelar e nada faz, responder‡ pelo crime de dano, na 
forma do art. 13, ¤2¼ do CP). 
Exige-se o dolo. NÌO Hç CRIME DE DANO CULPOSO (n‹o havendo 
necessidade de qualquer especial fim de agir).34 
CUIDADO! O crime de Òpicha‹oÓ Ž definido como CRIME CONTRA O 
MEIO AMBIENTE (ambiente urbano), nos termos do art. 65 da Lei 
9.605/98. 
 
Ali‡s, este crime de dano Ž bastante genŽrico, ocorrendo apenas quando n‹o 
houver uma hip—tese espec’fica. 
EXEMPLO: Danificar objeto destinado a culto religioso. Esta conduta 
configura o crime do art. 208 do CP, e n‹o o crime de dano. 
 
O crime se consuma com a ocorrncia do dano. N‹o havendo a ocorrncia 
do dano, o crime ser‡ tentado. 
O ¤1¡ do art. 163 traz algumas formas qualificadas do delito, que elevam a 
pena para seis meses a trs anos, patamares bem mais altos que os do caput do 
artigo. 
Se o dano Ž praticado contra OBJETO TOMBADO pela autoridade 
competente, em raz‹o de seu valor hist—rico, art’stico ou arqueol—gico, o crime 
SERIA o do art. 165 do CP: 
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente 
em virtude de valor art’stico, arqueol—gico ou hist—rico: 
Pena - deten‹o, deseis meses a dois anos, e multa. 
 
 
34 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 477 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 No entanto, CUIDADO! Este artigo foi TACITAMENTE REVOGADO pelo art. 
62, I da Lei de Crimes Ambientais.35 
 
1.3.2!Introdu‹o ou abandono de animais em propriedade alheia 
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de 
quem de direito, desde que o fato resulte preju’zo: 
Pena - deten‹o, de quinze dias a seis meses, ou multa. 
 
Percebam que o final da reda‹o do artigo menciona que Ž 
INDISPENSçVEL A OCORRæNCIA DE PREJUêZO. Sim, pois a mera conduta 
do agente, por si s—, n‹o causa dano. Aqui podemos ter o que se chama de 
Òpastagem indevidaÓ, que Ž aquela na qual se levam os animais para outro 
terreno, de propriedade alheia, para pastar. 
O crime Ž comum e pode ser praticado na modalidade ÒintroduzirÓ ou ÒdeixarÓ 
(manter) animais na propriedade alheia. O termo Òsem o consentimento de quem 
de direitoÓ Ž ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO PENAL. Se houver o 
consentimento, n‹o h‡ fato t’pico. 
O crime se consuma, como vimos, com a ocorrncia do efetivo preju’zo. A 
Doutrina n‹o Ž pac’fica quanto ˆ tentativa, mas a maioria entende ser imposs’vel, 
ao argumento de que o tipo exige o dano, de forma que, ou ele ocorre, ou o crime 
sequer Ž tentado (ƒ o que prevalece). 
 
1.3.3!Altera‹o de local especialmente protegido 
Art. 166 - Alterar, sem licena da autoridade competente, o aspecto de local 
especialmente protegido por lei: 
Pena - deten‹o, de um ms a um ano, ou multa. 
 
Aqui temos a conduta daquele que altera os aspectos (internos ou externos) 
de algum local que esteja protegido por lei (um bem tombado, por exemplo). N‹o 
h‡ necessidade de deteriora‹o ou dano, mas Ž necess‡rio que o agente altere o 
aspecto (aparncia) do local. 
No entanto, este artigo tambŽm foi revogado pela Lei de Crimes Ambientais, 
que trouxe, em seu art. 63, normatiza‹o acerca da conduta. 
 
1.3.4!A‹o Penal 
A a‹o penal ser‡, em todos os crimes de dano, PòBLICA 
INCONDICIONADA. No entanto, se o crime Ž o de dano simples (art. 163), ou 
se Ž praticado por motivo ego’stico ou com preju’zo consider‡vel ˆ v’tima (163, 
 
35 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 489. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 300 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 ¤ œnico, IV), ou no caso de introdu‹o ou abandono de animais em propriedade 
alheia, o crime ser‡ de A‚ÌO PENAL PRIVADA: 
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu par‡grafo e do art. 164, somente 
se procede mediante queixa. 
 
1.4!Da apropria‹o indŽbita 
Os crimes de apropria‹o indŽbita diferem dos crimes de furto e roubo, pois 
aqui o agente POSSUI A POSSE SOBRE O BEM, mas se RECUSA A DEVOLVæ-
LO ou REPASSç-LO a quem de direito. Ou seja, aqui o crime se d‡ pela 
INVERSÌO DO ANIMUS DO AGENTE, QUE ANTES ESTAVE DE BOA-Fƒ, e 
passa a estar de m‡-fŽ. 
 
1.4.1!Apropria‹o indŽbita 
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia m—vel, de que tem a posse ou a deten‹o: 
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa. 
Aumento de pena 
¤ 1¼ - A pena Ž aumentada de um tero, quando o agente recebeu a coisa: 
I - em dep—sito necess‡rio; 
II - na qualidade de tutor, curador, s’ndico, liquidat‡rio, inventariante, testamenteiro 
ou deposit‡rio judicial; 
III - em raz‹o de of’cio, emprego ou profiss‹o. 
 
Vejam que a coisa lhe foi entregue espontaneamente, e o agente 
deveria devolv-la, mas n‹o o faz. H‡, portanto, viola‹o ˆ confiana eu lhe 
fora depositada. O crime Ž comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
Trata-se, ainda, de crime genŽrico, podendo ser afastada sua aplica‹o no 
caso de haver norma espec’fica, como ocorre no caso de funcion‡rio pœblico que 
se apropria de bens que lhe foram confiados em raz‹o da fun‹o (crime de 
peculato, art. 312 do CP). 
A posse que o infrator tem sobre a coisa deve ser ÒDESVIGIADAÓ, ou seja, 
sem vigil‰ncia, decorrendo de confiana entre o dono da coisa e o infrator. 
Caso haja mera deten‹o (sem rela‹o de confiana entre dono e 
infrator)36, estaremos diante do crime de furto. 
EXEMPLO: Caixa da loja que aproveita a distra‹o do dono para surrupiar 
alguns reais do caixa. Temos aqui, crime defurto. N‹o h‡ apropria‹o 
indŽbita. 
 
 
36 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 303. 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 A Òdeten‹oÓ apontada no tipo penal Ž aquela cl‡ssica do C—digo Civil, 
ou seja, aquela decorrente de uma rela‹o de confiana entre o dono e o 
detentor. 
O elemento exigido Ž o dolo, n‹o se punindo a forma culposa. 
O crime se consuma com a invers‹o da inten‹o do agente.37 A 
inten‹o, que antes era boa (a de apenas guardar a coisa), agora n‹o Ž t‹o boa 
assim, pois se torna em inten‹o de ter a coisa como sua, se apoderar de algo 
que lhe fora confiado. Trata-se, portanto, de crime unissubsistente, sendo invi‡vel 
a tentativa (embora Doutrina minorit‡ria entenda o contr‡rio). 
O ¤1¡ traz causas de aumento de pena (1/3), quando o agente tiver recebido 
a coisa em determinadas situa›es espec’ficas. 
 
1.4.2!Apropria‹o indŽbita previdenci‡ria 
Art. 168-A. Deixar de repassar ˆ previdncia social as contribui›es recolhidas dos 
contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 
2000) 
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 
2000) 
¤ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
I - recolher, no prazo legal, contribui‹o ou outra import‰ncia destinada ˆ previdncia 
social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou 
arrecadada do pœblico; (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
II - recolher contribui›es devidas ˆ previdncia social que tenham integrado despesas 
cont‡beis ou custos relativos ˆ venda de produtos ou ˆ presta‹o de servios; 
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
III - pagar benef’cio devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores j‡ 
tiverem sido reembolsados ˆ empresa pela previdncia social. (Inclu’do pela Lei n¼ 
9.983, de 2000) 
¤ 2o ƒ extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua 
o pagamento das contribui›es, import‰ncias ou valores e presta as informa›es 
devidas ˆ previdncia social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do in’cio 
da a‹o fiscal. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
¤ 3o ƒ facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o 
agente for prim‡rio e de bons antecedentes, desde que: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, 
de 2000) 
I - tenha promovido, ap—s o in’cio da a‹o fiscal e antes de oferecida a denœncia, o 
pagamento da contribui‹o social previdenci‡ria, inclusive acess—rios; ou (Inclu’do 
pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
II - o valor das contribui›es devidas, inclusive acess—rios, seja igual ou inferior ˆquele 
estabelecido pela previdncia social, administrativamente, como sendo o m’nimo para 
o ajuizamento de suas execu›es fiscais. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
 
 
37 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 503 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 O sujeito ativo aqui Ž o RESPONSçVEL TRIBUTçRIO, aquele que por lei 
est‡ obrigado a reter na fonte a contribui‹o previdenci‡ria ao INSS e repass‡-
la, mas n‹o o faz. O sujeito passivo Ž a UNIÌO. 
A conduta Ž apenas uma: Òdeixar de repassarÓ, ou seja, reter, mas n‹o 
repassar ao —rg‹o respons‡vel, os valores referentes ˆs contribui›es 
previdenci‡rias. 
Trata-se de norma penal em branco, pois deve haver a complementa‹o com 
as normas previdenci‡rias, que estabelecem o prazo para repasse das 
contribui›es retidas pelo respons‡vel tribut‡rio. 
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, n‹o se punindo a conduta culposa, 
daquele que apenas se esqueceu de repassar as contribui›es recolhidas. N‹o se 
exige o dolo espec’fico (Posi‹o do STF e do STJ). 
 
(...) 2. A Terceira Se‹o desta Corte, no julgamento do EREsp 1296631/RN, da 
relatoria da ilustre Ministra Laurita Vaz, acolheu a tese segundo a qual o delito de 
apropria‹o indŽbita previdenci‡ria prescinde do dolo espec’fico (...) 
3. Agravo regimental improvido. 
(AgRg no REsp 1265636/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA 
TURMA, julgado em 04/02/2014, DJe 18/02/2014) 
 
A Doutrina majorit‡ria sustenta que o crime Ž formal, e se consuma no 
momento em que se exaure o prazo para o repasse dos valores. O STF, contudo, 
possui julgados no sentido de que se trata de crime material, ou seja, no sentido 
de que seria necess‡ria a constitui‹o definitiva do tributo (contribui‹o 
previdenci‡ria) para que pudesse ser iniciada a persecu‹o penal.38 O STJ seguiu 
o mesmo entendimento (crime material): 
 
Ó(...) Esta Corte Superior de Justia, na esteira da jurisprudncia do Supremo Tribunal 
Federal, pacificou o entendimento de que os crimes de sonega‹o e apropria‹o 
indŽbita previdenci‡ria, a exemplo dos delitos previstos no artigo 1¼ da Lei 
8.137/1990, tambŽm s‹o materiais. 
2. Por esta raz‹o, os il’citos em quest‹o n‹o se configuram enquanto n‹o lanado 
definitivamente o crŽdito previdenci‡rio, o que tambŽm impede o in’cio da contagem 
do prazo prescricional. Precedente. 
(...) (HC 324.131/SP, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 
17/09/2015, DJe 23/09/2015)Ó 
 
 
38 Inq 2537 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURƒLIO, Tribunal Pleno, julgado em 10/03/2008, DJe-107 
DIVULG 12-06-2008 PUBLIC 13-06-2008 EMENT VOL-02323-01 PP-00113 RET v. 11, n. 64, 2008, p. 113-
122 LEXSTF v. 30, n. 357, 2008, p. 430-441 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 Percebe-se, assim, a aplica‹o da Sœmula Vinculante n¼ 24 a este delito, 
apesar de n‹o constar expressamente no enunciado da sœmula: 
Sœmula Vinculante n¼ 24 
ÒN‹o se tipifica crime material contra a ordem tribut‡ria, previsto no art. 1¼, incisos I 
a IV, da Lei n¼ 8.137/90, antes do lanamento definitivo do tributo.Ó 
 
Tratando-se de CRIME OMISSIVO PURO, n‹o Ž poss’vel o fracionamento 
da conduta, de forma que ƒ INCABêVEL A TENTATIVA. 
O ¤1¡ traz formas equiparadas (assemelhadas), nas quais o agente estar‡ 
sujeito ˆs mesmas penas previstas no caput do artigo. Ou seja, responde pelas 
mesmas penas do caput do artigo quem deixar de: 
§! Recolher, no prazo legal, contribui‹o ou outra import‰ncia destinada 
ˆ previdncia social que tenha sido descontada de pagamento efetuado 
a segurados, a terceiros ou arrecadada do pœblico 
§! Recolher contribui›es devidas ˆ previdncia social que tenham 
integrado despesas cont‡beis ou custos relativos ˆ venda de produtos 
ou ˆ presta‹o de servios 
§! Pagar benef’cio devido a segurado, quando as respectivas cotas ou 
valores j‡ tiverem sido reembolsados ˆ empresa pela previdncia social 
 
1.4.3!Extin‹o da punibilidade 
A extin‹o da punibilidade em rela‹o a tal delito pode ocorrer em 
diversas situa›es espec’ficas (alŽm daquelas previstas para todos os delitos). 
Se o agente se arrepende e resolve a situa‹o, declarando o dŽbito e 
pagando o que for necess‡rio, ANTES DO INêCIO DA A‚ÌO FISCAL (a 
atividade desenvolvida pelo Fisco), estar‡ EXTINTA A PUNIBILIDADE, nos 
termos do ¤2¡ do art. 168-A. 
Entretanto, o STF e o STJ entendem que o pagamento, a qualquer tempo 
(antes do tr‰nsito em julgado) extingue a punibilidade.39 
 
Ø! E se o rŽu adere ao parcelamento do dŽbito? Neste caso,fica 
SUSPENSA a punibilidade (e tambŽm o curso do prazo prescricional). Uma vez 
quitado o parcelamento, extingue-se a punibilidade.40 
 
39 (...) A quita‹o do dŽbito decorrente de apropria‹o indŽbita previdenci‡ria enseja a extin‹o 
da punibilidade (art. 9¼, ¤ 2¼, da Lei n¼ 10.684/03), desde que realizada antes do tr‰nsito em 
julgado da sentena condenat—ria. (...) 
(HC 90.308/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe 12/06/2015) 
40 (...) A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia Ž firme no sentido de que o parcelamento 
do dŽbito tribut‡rio, por meio da ades‹o ao Refis, quando efetivado na vigncia da Lei n. 
9.964/2000, apenas suspende a fluncia da prescri‹o, n‹o extinguindo a punibilidade, 
mesmo que os dŽbitos tribut‡rios sejam anteriores ao referido diploma legal (...) 
(AgRg no REsp 1245008/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 15/03/2016, DJe 
28/03/2016) 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 
1.4.3.1! Perd‹o judicial e princ’pio da insignific‰ncia 
O ¤3¡ traz o chamado Òperd‹o judicialÓ, ao afirmar que o Juiz poder‡ deixar 
de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa (nesse œltimo caso teremos um 
crime privilegiado) quando o rŽu seja prim‡rio e de bons antecedentes, desde 
que: 
! Tenha promovido, ap—s o in’cio da execu‹o fiscal e antes do 
oferecimento da denœncia, o pagamento da contribui‹o social devida 
(inciso I do ¤3¼ do art. 168-A do CP); ou 
! O valor do dŽbito seja igual ou inferior ao estabelecido pela previdncia 
como sendo o m’nimo para ajuizamento das a›es fiscais (inciso II do 
¤3¼ do art. 168-A do CP). 
 
Contudo, esse dispositivo (¤3¼ do art. 168-A) perdeu aplica‹o 
pr‡tica. Explico: 
Com a promulga‹o de Leis relativas ˆ extin‹o da punibilidade pelo 
pagamento (Lei 10.684/03 e outras), cujo alcance foi absurdamente ampliado 
pelo STJ e pelo STF (para alcanar o pagamento realizado a qualquer tempo, 
desde que antes do tr‰nsito em julgado), o inciso I do art. 168-A, ¤3¼ perdeu 
completamente o sentido, j‡ que, atualmente, o mero pagamento do tributo, 
antes do tr‰nsito em julgado, gera extin‹o da punibilidade (n‹o havendo 
necessidade de se tratar de rŽu prim‡rio, etc.). 
AlŽm disso, o inciso II do referido ¤3¼ do art. 168-A tambŽm perdeu o 
sentido. Isto porque, nestes casos (o valor do dŽbito seja igual ou inferior ao 
estabelecido pela previdncia como sendo o m’nimo para ajuizamento das a›es 
fiscais), atualmente se entende que deve ser aplicado o princ’pio da 
insignific‰ncia. Nesse sentido, o posicionamento do STJ41: 
 
Ó(...) A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia Ž un’ssona em 
reconhecer a aplica‹o do princ’pio da insignific‰ncia ao delito de 
apropria‹o indŽbita previdenci‡ria, quando o valor do dŽbito com a 
Previdncia Social n‹o ultrapassar o montante de R$ 10.000,00. 
Precedentes. Ressalva do Relator. 
3. Agravo regimental n‹o provido. 
(AgRg no AREsp 392.108/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, 
julgado em 01/03/2016, DJe 09/03/2016)Ó 
 
 
 
41 Importante ressaltar que h‡ controvŽrsia quanto ao valor. Para o STJ, somente quando o valor do dŽbito 
for inferior a R$ 10.000,00 poderemos falar em princ’pio da insignific‰ncia. J‡ o STF adota o entendimento 
de que este valor pode ser de atŽ R$ 20.000,00. 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 1.4.4!Apropria‹o de coisa havida por erro, caso fortuito ou fora maior 
Art. 169 - Apropriar-se alguŽm de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso 
fortuito ou fora da natureza: 
Pena - deten‹o, de um ms a um ano, ou multa. 
Par‡grafo œnico - Na mesma pena incorre: 
Apropria‹o de tesouro 
I - quem acha tesouro em prŽdio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota 
a que tem direito o propriet‡rio do prŽdio; 
Apropria‹o de coisa achada 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando 
de restitu’-la ao dono ou leg’timo possuidor ou de entreg‡-la ˆ autoridade competente, 
dentro no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
Aqui se pune a conduta daquele que se apodera de algo que n‹o Ž seu, mas 
veio ao seu poder em raz‹o de caso fortuito, fora maior, ou erro, e n‹o em raz‹o 
da confiana depositada nele. 
EXEMPLO: Imagine o caso de alguŽm que entrega uma mercadoria em 
local errado. Se aquele que recebeu a mercadoria por erro dela se 
apropriar, comete este crime. 
 
Aplicam-se a este crime as demais disposi›es j‡ faladas acerca do 
crime de apropria‹o indŽbita. 
O ¤ œnico traz duas hip—teses interessantes de apropria‹o indŽbita. A 
primeira Ž a da apropria‹o de tesouro, que pode ocorrer quando alguŽm se 
apodera da parte relativa ao DONO DO PRƒDIO (TERRENO) NO QUAL FOI 
ACHADO O TESOURO. 
A segunda hip—tese Ž a que muita gente n‹o deve conhecer. TambŽm Ž crime 
se apoderar de algo que foi achado, desde que esta coisa tenha sido perdida por 
alguŽm, caso o infrator n‹o entregue a coisa achada em 15 dias. 
Portanto, a m‡xima de que Òachado n‹o Ž roubadoÓ atŽ que est‡ certa, pois 
n‹o h‡ roubo, mas poder’amos alter‡-la para Òachado Ž indebitamente 
apropriadoÓ. 
O art. 170, por sua vez, estabelece que: 
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Cap’tulo, aplica-se o disposto no art. 155, ¤ 2¼. 
 
Ora, o art. 155, ¤2¡ trata da possibilidade do furto privilegiado, quando 
ocorrerem determinadas circunst‰ncias. Vejamos: 
¤ 2¼ - Se o criminoso Ž prim‡rio, e Ž de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode 
substituir a pena de reclus‹o pela de deten‹o, diminu’-la de um a dois teros, ou 
aplicar somente a pena de multa. 
 
Estas disposi›es se aplicam aos delitos de apropria‹o indŽbita. 
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 16 
DIREITO PENAL P/ TRT-SC (2017) Ð AJAJ E OJA 
Teoria e quest›es 
Aula 04 Ð Prof. Renan Araujo 
 
1.5!Do estelionato e outras fraudes 
Este cap’tulo cuida dos crimes de estelionato e fraudes diversas, que s‹o 
aqueles nos quais h‡ les‹o patrimonial, mas com a peculiaridade de que o infrator 
se vale de algum meio ardiloso para obter a vantagem indevida em preju’zo da 
v’tima. 
Vejamos cada um dos tipos penais: 
 
1.5.1!Estelionato 
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem il’cita, em preju’zo alheio, 
induzindo ou mantendo alguŽm em erro, mediante artif’cio, ardil, ou qualquer outro 
meio fraudulento: 
Pena - reclus‹o, de um a cinco anos, e multa. 
¤ 1¼ - Se o criminoso Ž prim‡rio, e Ž de pequeno valor o preju’zo, o juiz pode aplicar 
a pena conforme o disposto no art. 155, ¤ 2¼. 
¤ 2¼ - Nas mesmas penas incorre quem: 
Disposi‹o de coisa alheia como pr—pria 
I - vende, permuta, d‡ em pagamento, em loca‹o ou em garantia coisa alheia como 
pr—pria; 
Aliena‹o ou onera‹o fraudulenta de coisa pr—pria 
II - vende, permuta, d‡ em pagamento ou em garantia coisa pr—pria inalien‡vel, 
gravada de ™nus ou litigiosa, ou im—vel que prometeu vender a terceiro, mediante 
pagamento em presta›es, silenciando sobre qualquer dessas circunst‰ncias; 
Defrauda‹o de penhor 
III - defrauda, mediante aliena‹o n‹o consentida pelo credor ou por outro modo, a 
garantia pignorat’cia, quando tem a posse do objeto empenhado; 
Fraude na entrega de coisa 
IV - defrauda subst‰ncia, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a 
alguŽm; 
Fraude para recebimento de indeniza‹o ou valor

Outros materiais