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aula 1 organizaçao politica

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UNIDADE 1 - Marcos Conceituais em Saúde Coletiva
UNIDADE 2 - Histórico das Políticas de Saúde no Brasil
UNIDADE 3 - Legislação do SUS
UNIDADE 4 - Programas e Estratégias do SUS
UNIDADE 5 - Dados e Informações em Saúde
ORGANIZAÇÃO DE POLÍTICAS DA SAÚDE - SDE3952
Aula 1 - A evolução histórica do conceito de saúde e doença
1.1. Definições de Saúde ao Longo da História
1.2. Definições de Saúde Coletiva, Saúde Pública e Saúde Comunitária
thais.bazoti@hotmail.com
• Qual a importância da saúde para o indivíduo e para a sociedade?
• Quem é ou deve ser responsável pela saúde dos indivíduos e da sociedade?
• Que direitos e garantias os Estados devem prover a seus cidadãos?
• Os Estados devem atuar na proteção à saúde das comunidades?
• Se entendermos que os Estados têm um papel fundamental na garantia do direito à saúde, 
qual deve ser a extensão desse direito?
• Os Estados devem proteger todos os indivíduos ou apenas aqueles que contribuem 
financeiramente para um sistema de atenção? Ou apenas os mais necessitados?
• Qual deve ser a abrangência da proteção ofertada? O Estado deve prover todos os tipos de 
assistência à saúde ou somente ações coletivas de prevenção e promoção à saúde?
Vamos refletir... 
O que é a saúde? Como meu trabalho pode efetivamente se tornar um meio de promovê-la?
Pré-história Antiguidade Idade média Idade moderna Idade contemporânea
Revolução 
Francesa 1789
Queda de 
Constantinopla 
1453
Queda do Império 
Romano 476 d.C.
Nascimento 
de Jesus4.000 a.C.
Dependem:
• Tipo de conhecimento vigente
• Tipo de organização social
Geram:
• Diferentes modelos explicativos
• Diferentes estratégias de intervenção
Em cada sociedade histórica, os determinantes da saúde
são identificados, valorizados e hierarquizados em:
• Determinantes Naturais
• Determinantes Individuais
• Determinantes Sociais
Determinantes da saúde ao longo da História 
Diferentes dimensões de análise do processo saúde –
doença:
Esses diferentes olhares convivem, complementam-se e
disputam espaços de compreensão e intervenção.
A diversidade das práticas em saúde tem relação com as
formações sociais e econômicas, os significados
atribuídos, o conhecimento disponível e com cada
época.
• Eram nômades e caçadores, viviam em bandos e a sobrevivência estava associada à
disponibilidade de água e alimento.
• As doenças e agravas que não podiam ser entendidos como resultado do cotidiano era vistos
como influência do sobrenatural, deuses, demônios e espíritos malignos.
• Pensamento mágico-religioso – Esse é responsável pelo desenvolvimento inicial da prática
médica.
Pré-História - Paleolítico: descoberta do Fogo 
• Práticas eram feitas pelos iniciados da época: Ia além do
conhecimento farmacobotânico, uma forma de cuidado
integral do indivíduo.
• Hoje em dia diversas linhas de pesquisas e intervenções
práticas de saúde procuram resgatar essa dimensão subjetiva
envolvida nos processos terapêuticos que o pensamento
positivista e mecanicista do modelo biomédico aboliu.
• Fixaram-se próximos a rios e vales férteis, onde originou os
aldeamentos e houve a domesticação dos animais para o
trabalho ou para a alimentação.
• Isso ocasionou novas doenças: variola e tuberculose do gado
para o homem; gripe do porco e aves e resfriado comum do
cavalo.
• Esses pequenos aglomerados de pessoas havia armazenamento
de alimentos e acúmulo de dejetos aproximando os vetores do
ser humano.
• Excedente deu origem ao comércio o que aumentou o contato
entre as pessoas; aumentou a circulação de parasitas e doenças.
• O desenvolvimento e a consolidação das diferentes civilizações
fizeram surgir novas formas de enfrentar os problemas: 4000
a.C. encontrou-se indícios de planejamento urbano,
ordenamento de casas, ruas largas e canais de esgoto; 3000 aC
no Egito, havia descarga para lavatórios e esgotos
Pré-história - Neolítico: agricultura e domesticação dos animais 
Rede de esgoto da civilização Egeia (Creta, 2750 a 1450 a.C.)
Antiguidade 
1ª vertente - Concepção dos assírios, egípcios, caldeus,
hebreus e outros povos
• corpo humano como receptáculo de elemento externo;
penetrando-o irá produzir a doença sem que o homem
participe ativamente do processo; elementos tanto
naturais como sobrenaturais
• sistemas filosóficos de compreensão do mundo: caráter
religioso
• observações empíricas relativas ao aparecimento da
doença e função curativa das plantas e recursos naturais
eram revestidas de caráter religioso
As três principais divindades gregas da saúde nos tempos pré-
hipocráticos: Apolo, o centauro Quironte e Asclépio
• No Brasil ainda hoje encontramos essa visão
mágica / religiosa de enxergar a saúde e a doença.
• Simpatias, benzedeiras, chás, ritos e oferendas
destinadas aos santos e deuses.
• Esse conhecimento é de fundamental importância
para a formação do profissional de saúde que atua
diretamente com o povo; para respeitar suas
crenças e saberes e viabilizar o encontro de
saberes, conferindo maior efetividade nas ações.
2ª vertente - representada pela Medicina hindu e Medicina chinesa
• doença vista como desequilíbrio entre os elementos/humores que compõem o organismo
humano
• causa buscada no ambiente - influência dos astros, clima, insetos e outros animais
• sistema complexo de correspondência entre os cinco elementos(madeira, metal, terra, fogo e
água) e orgãos-sede
• Saúde para os chineses: equilíbrio entre os princípios Yang e Yin. Causas externas, internas e
mistas causam o seu desequilíbrio, para a recuperação da saúde é preciso restabelecer o
equilíbrio de energia
• o homem desempenha papel ativo no processo e as causas perdem o caráter mágico e
religioso, são naturalizadas
Antiguidade 
• A civilização Grega representa o rompimento com a superstição e com as práticas mágicas e
surge as explorações mais racionais.
• Os médicos também eram filósofos: Além de cuidar da saúde procuravam entender as
relações do homem com a natureza e interpretavam a saúde e a doença como resultados de
processos naturais e não sagrados
• Hipócrates defendia que a saúde resultava do bom equilíbrio entre o homem e o meio, e a
doença surgiria a partir de um desequilíbrio dos quatro elementos naturais com os quatro
humores do organismo
Explicações racionais – Medicina Hipocráticas 
Idade média - queda do Império Romano e ascensão da Igreja Católica 
• Na Idade Média, as causas das doenças retornam ao
caráter religioso.
• Catolicismo – Afirmava a existência de uma conexão
entre doença e pecado
• Doença = Pecado / expiação de um mal cometido /
possessão demoníaca / castigo de Deus.
• Curas eram realizadas pelos religiosos ou invés dos
filósofos-médicos. Ao invés de chás, ervas, exercícios,
repouso, banhos e etc, eram prescritas rezas,
penitências, invocações aos Santos, exorcismos e unções
com a função de purificar a alma.
• Para a Igreja os estudos da medicina eram uma
blasfêmia que deveria ser julgada pela inquisição.
Idade média (idade das trevas) - crescentes epidemias
• Período onde as doenças assolavam toda a população: varíola, tuberculose, sarampo, difteria,
influenza, escabiose, erisipela, lepra e peste bubônica.
• Lepra era impureza diante de Deus – Quem a possuísse deveria ser retirado do convívio social
e enviado para os leprosários.
• Peste bubônica deu origem ao nome do período: Idade das Trevas.
• Aglomeração de pessoas convivendo junto com os
animais, deposição de dejetos humanos e de animais
nas ruas, cheiro de matéria em putrefação misturado
a urina e fezes, contaminação e poluição das fontes
de água, ausência de esgoto, péssimas condições de
higiene x conjugação dos astros, envenenamento das
águas pelos leprosos, judeus ou por bruxarias.
Inicio da Renascença - a teoria miasmática
• Os estudos empíricos originam a formação dasciências básicas e com isto surge a necessidade de
descobrir a origem das matérias que causavam os
contágios.
• A teoria miasmática ou teoria miasmática das
doenças foi uma teoria biológica formulada
por Thomas Sydenham e Giovanni Maria
Lancisi durante o século XVII. Segundo a teoria, as
doenças teriam origem nos miasmas: o conjunto de
odores venenosos e cheiros fétidos provenientes
pântanos, de charcos de água estagnada e de matéria
orgânica em decomposição nos solos e lençóis
freáticos contaminados.
• Embora a teoria miasmática estivesse errada, foi responsável pela adoção de medidas 
sanitárias
• Criação dos Códigos Sanitários
• Normatização da localização dos chiqueiros e matadouros
• Normatização para o despejo de restos e dejetos oriundos da população
• Normas para o recolhimento do lixo
• Pavimentação das ruas
• Canalização dos dejetos para poços cobertos. 
• Entretanto: A população mantendo os mesmos hábitos tornou inócuas as medidas
• Foi instituído o período de quarentena com o objetivo de deter o avanço das doenças
Final da Idade Média 
• Na Antiguidade, a hipótese da contagiosidade de certas
enfermidades foi registrada pela primeira vez pelo historiador
grego Tucídides, que mencionou a noção de contágio durante a
Peste de Atenas, em sua obra “A Guerra do Peloponeso” (428 a.C.)
• A Teoria da Contagiosidade: o médico italiano Girolamo Fracastoro
postulou o conceito de contágio 1546, observando epidemias de
sífilis, peste e tifo, que devastaram a Itália no século XVI - um tipo
de infecção, que passava de um indivíduo para outro, por
intermédio de seres vivos que se reproduziam
• Já foi uma vitória do racionalismo, em um período em que o
conceito de contágio era de difícil aceitação. Até meados do século
XIX, as teorias do contágio foram consideradas especulativas,
absurdas e sem fundamentação
A teoria da contagiosidade
• Com o advento do microscópio como poderoso auxiliar na
investigação desta hipótese, diferentes cientistas foram
contribuindo para o estabelecimento de uma importante
ruptura epistemológica: o início da Era Bacteriológica
• A medicina deixa de ser uma ciência empírica para ser uma
ciência experimental: patologia celular, fisiologia,
bacteriologia e o desenvolvimento de pesquisas
• Fortalece a biologia científica, sem influência externa da
filosofia
• A concepção ontológica firmou-se vitoriosa e suas
conquistas levaram ao abandono dos critérios sociais na
formulação e no enfrentamento dos problemas de saúde das
populações
Século XIX - Era Bacteriológica
Atualidade
• Na atualidade, identifica-se o predomínio da multicausalidade, com ênfase nos
condicionantes individuais. Como alternativa para a sua superação, propõe-se a
articulação das dimensões individual e coletiva do processo saúde-doença
• Surge a complexidade na discussão científica na tentativa de explicar a realidade
ou sistemas vivos através de modelos que procuram não apenas integrar as
partes, descrever elementos de objetos, mas, sobretudo, levam em conta as
relações estabelecidas entre os mesmos
• Entretanto, existe mais de um conceito sobre saúde e doença que os estudos
atuais apresentam...
OMS (1948) - Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não
a mera ausência de moléstia ou enfermidade.
VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) - Em um sentido mais abrangente, a
saúde é o resultado das condições de alimentação, educação, renda, meio ambiente,
trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso à posse da terra, acesso aos
serviços de saúde. E assim, acima de tudo, o resultado das formas de organização
social de produção, as quais podem gerar desigualdades nos níveis de vida. Saúde e
doença devem ser entendidas num contexto histórico, tanto nos indivíduos como na
coletividade.
Constituição Federal (1988) - Saúde é direito de todo cidadão e dever do Estado.
Conceituando saúde
Processo saúde-doença
• É uma expressão usada para fazer referencia a todas as variáveis que envolvem a
saúde e a doença de um individuo ou população e considera que ambas estão
interligadas e são consequências dos mesmos fatores.
• Diferente da teoria da unicasualidade, que considera como fator único de surgimento
de doenças um agente etiológico (vírus, bactéria, etc), o conceito de saúde-doença
estuda os fatores biológicos, econômicos, sociais e culturais, ou seja, a determinação
do estado de saúde de uma pessoa é um processo complexo que envolve diversos
fatores, que podem variar de acordo com o momento sócio-histórico-cultural
• Esse conceito de multicasualidade não exclui a presença de agente etiológico como
fator de surgimento de doença, mas vai além ao considerar o psicológico do paciente,
seus conflitos familiares, seus recursos financeiros, nível de instrução, entre outros
fatores.
Bio
SocialPsico
Saúde não é só a ausência de doença!
Deve-se olhar o indivíduo através de uma visão holística.
• Condição psicológica
• Trabalho
• Renda familiar
• Alimentação
• Moradia
• Educação
• Transporte
• Saneamento básico
• Acesso à serviços de saúde
• Lazer
• Acesso à tecnologia
• Hábitos 
• Dependência química
• Uso de medicamentos
• Relações interpessoais
• Religião
• Violência
• Orientação politica
• Fatores genéticos
• Acesso à informação
• Gestação
• Etc
• Saúde pública diz respeito ao diagnóstico e tratamento de doenças, e a tentativa
de assegurar que o indivíduo tenha, dentro da comunidade, um padrão de vida que
lhe assegure a manutenção da saúde.
• O conceito de saúde coletiva surgiu para designar os novos conteúdos e projeções
da disciplina que resultou do movimento sanitarista latino-americano e da corrente
da reforma sanitária no Brasil.
• A saúde comunitária tem como função primordial a manutenção e melhora da
saúde dos componentes de uma comunidade concreta, estudando os fatores sociais
e econômicos que podem incidir na comunidade e, portanto, na saúde de seus
componentes.
• A partir do século XVIII, o poder politico da burguesia emergente consolida-se, cresce o
interesse dos Estados Nacionais na regulamentação das condições de trabalho e de uso do
espaço urbano, a fim de sanear os espaços das cidades, disciplinando a localização de
cemitérios e hospitais, arejando as ruas e as construões públicas e isolando áreas
"miasmáticas", marcando o investimento político da medicina e dimensão social das
enfermidades.
• A Saúde Pública foi uma das responsáveis pela construção de uma nova estrutura urbana, pela
produção de estratégias preventivas e medicalização do corpo.
• Foram criadas leis e foi feito um controle efetivo social, capaz de assegurar melhores condições
de vida aos trabalhadores, ainda que contrariando alguns proprietários, mas no interesse do
capitalismo em seu conjunto.
Saúde Pública
• A saúde pública centra suas ações a partir da ótica do Estado com os interesses que ele
representa nas distintas formas de organização social e politica das populações.
• Na concepção mais tradicional, é a aplicação de conhecimentos inter ou multidisciplinares,
com o objetivo de organizar sistemas e serviços de saúde, atuar em fatores condicionantes e
determinantes do processo saúde-doença, controlando a incidência de doenças nas
populações através de ações de vigilância e intervenções governamentais
• Saúde pública é a ciência e a arte de prevenir doenças, prolongar a vida e promover saúde e
eficiência mental e física, através de esforços organizados na comunidade, para saneamento
do meio, controle de doenças transmissíveis, educação para a higiene pessoal, organização de
serviços médicos e de enfermagem, diagnóstico precoce e tratamento das doenças e
desenvolvimento de um mecanismo social que permita a cada indivíduo um padrão de vida
adequado à manutenção de saúde, organizando esses benefícios, de modo a permitir a cada
cidadão alcançar a saúde elongevidade que lhe cabe direito.
• A saúde coletiva surgiu na década de 70 contestando os atuais paradigmas de saúde existentes
na América Latina buscando uma forma de superar a crise no campo da saúde. Tem origem na
medicina social, medicina preventiva, medicina comunitária e saúde pública - multidisciplinar
(politica, planejamento e epidemiologia)
• A problemática da saúde não se restringe ao registro biológico
• Tem sido definida como um núcleo de saberes e práticas que pressupõe a compreensão de
saúde como um fenômeno eminentemente social, coletivo, determinada historicamente pelas
condições e modos de vida distintos de grupos da população.
• Movimento moral e intelectual - se articula com um conjunto heterogêneo de movimentos
ideológicos de reforma do ensino e das práticas de saúde, redefinindo conceitual e
politicamente algumas propostas e incorporando outras
• Promove praticas de promoção, prevenção, proteção e reabilitação da saúde individual e
coletiva: as medidas tomadas para a proteção da saúde são tanto sociais quanto médicas
Saúde coletiva
A saúde comunitária integra as ações do governo e os conhecimentos de Saúde Pública com a
comunidade, se valendo do sentimento de pertencimento dos membros da comunidade para a
reflexão em comum das necessidades prioritárias, colocando o indivíduo como autor das ações
coletivas que contribuem para elevar o nível de saúde de si próprio e a do grupo ao qual
pertence.
Saúde comunitária
https://www.youtube.com/watch?v=YmUsYSpi-GQ
PARA A PRÓXIMA AULA... 
Assistam o documentário “Políticas de saúde no Brasil: um século de luta pelo direito à
saúde” no link abaixo e tente encontrar ao longo do filme quais foram os principais fatos
históricos que moldaram a evolução das políticas de saúde no Brasil. Reflita sobre a
relevância de cada um desses acontecimentos e sobre sua contribuição para o que temos
hoje como conceito de saúde-doença.
Sugiro também que assistam o curta-metragem “Ilha das flores” no link abaixo. É um vídeo
que desperta uma profunda reflexão do papel da sociedade na contribuição para o acesso à
saúde no seu sentido mais amplo, não só como ausência de doença. O que vocês, futuros
profissionais da saúde, podem fazer como profissionais e cidadãos para garantir a melhora
no cenário da saúde-pública brasileira?
https://www.youtube.com/watch?v=bVjhNaX57iA

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