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Fichamento Hist. Pens. Econ. (Adam Smith, David Ricardo e Jeremy Bentham)

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Fichamento por Anailta M. 
 
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Adam Smith 
O Contexto Histórico das Ideias de Smith – Págs. 34 a 36. (HUNT, E. K. História do 
Pensamento Econômico) 
Modo de produção capitalista → rompimento com os grilhões do feudalismo, período transitório do 
mercantilismo. Características socioeconômicas intrínsecas na Revolução Industrial. 
Mercado externo para os ingleses cresceram muito mais rapidamente do que os mercados internos. 
Entre 1700 e 1750 aumento de 76% da produção das industrias de exportação. 
Inglaterra século XVIII = economia com mercado bem desenvolvido. Naquela época, maiores 
quantidades de produtos industrializados a preços mais baixos significavam lucros sempre 
crescentes. 
No fim da década de 1770 → aproveitamento da energia do vapor. 
Empresários de muitas industrias viram as possibilidades de maiores lucros, se conseguissem 
aumentar a produção e baixar o custo. Houve “verdadeiro surto de atividades inventivas”. 
Desenvolvimento do motor a vapor → Motores a vapor industriais começo do século XVIII, mas 
dificuldade mecânicas tinham limitado seu uso ao bombeamento de água nas minas. 
James Watt em 1769, projetou um motor que o simples movimento de um pistão podia ser 
transformado em movimento giratório. No fim daquele século, o vapor estava substituindo 
rapidamente a água como principal fonte de energia na indústria. 
O uso do vapor não dependia, como o uso da água, da localização geográfica das fábricas e dos 
recursos locais. 
Em 1801, quase 30% da mão de obra inglesa estava empregada na indústria e na mineração. A 
Revolução Industrial transformou a Inglaterra em um país com grandes centros urbanos industriais, 
garantindo sua posição de maior potência econômica e política no século XIX. 
A manufatura era um centro de produção em que um capitalista possuía o prédio, os equipamentos 
de produção e as matérias-primas e contratava operários assalariados para fazer o trabalho. 
Smith foi o primeiro economista importante a fazer a clara distinção entre os lucros que se 
destinavam ao capital industrial, salários, alugueis e lucros do capital comercial. 
Lucros, alugueis e salários correspondiam as três classes sociais mais importantes do sistema 
capitalista: os capitalistas, os proprietários de terras e os operários “livres” (que só podiam viver se 
vendessem sua força de trabalho em troca de um salário). 
 
As teorias de História e Sociologia – Págs. 36 a 41. (HUNT, E. K. História do 
Pensamento Econômico) 
As teorias de História e Sociologia de Smith incluíam uma análise das origens e do desenvolvimento 
do conflito de classes na sociedade e uma análise da maneira pela qual o poder era exercido na 
luta pela classe. 
As “leis da natureza” ou na “divina providência”, o que Smith chamava de “mão invisível”, guiava os 
atos, que aparentemente provocavam conflitos, na direção da harmonia benevolente. 
Fichamento por Anailta M. 
 
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Mão invisível era, portanto, o funcionamento sistemático de leis naturais. 
Duas grandes correntes conflitantes do pensamento econômico do século XIX e XX: uma enfatizava 
a harmonia social do capitalismo e outra enfatizava os conflitos sociais. (Smith e Ricardo) 
Os tipos de relação de propriedade eram de particular importância na determinação da forma de 
governo de qualquer sociedade. Smith acreditava que havia quatro estágios distintos de 
desenvolvimento econômico social: 
i) A Caça – que Smith definiu como o “estado mais baixo e rude da sociedade, tal como 
encontramos entre as tribos nativas da América do Norte”, onde a pobreza e 
precariedade da existência envolviam uma igualdade. Portanto, “nesse estado de coisas, 
não existe, na verdade, soberanos ou bem como.” 
ii) O Pastoreio – um estado mais avançado da sociedade, tal como encontramos entre 
os tártaros e os árabes. Estágio onde a economia permitia maiores agrupamentos 
sociais, a produção baseava-se na domesticação de animais e a criação exigia uma 
existência nômade. Pela primeira vez, uma forma de riqueza que se pode ser acumulada: 
o gado; torna-se, então, a primeira forma de relação de propriedade. 
iii) A Agricultura – era um estágio identificado com a economia medieval, feudal, da 
Europa Ocidental; onde as sociedades se fixavam permanentemente em um local e a 
agricultura torna-se a atividade econômica mais importante. A propriedade de terra, 
assim, passa-se a tornar a relação de propriedade mais importante, tida como fonte de 
poder social e político → Lei da primogenitura. 
iv) O Comercial – esse estágio de desenvolvimento social, dá-se pelo aparecimento 
das cidades europeias. Nas cidades, surgiu um novo ambiente político, no qual 
produtores gozavam de mais liberdade do que tiverem em qualquer estágio anterior. 
Essa maior liberdade e segurança liberou um dos mais poderosos motivos humanos: a 
vontade de acumular riquezas materiais. A natureza aqui, havia criado uma ilusão nas 
pessoas: a de que a felicidade pessoal era fruto, principalmente, da riqueza material. 
A ideia de que as pessoas são conduzidas por uma “mão invisível”, no sentido de promover o bem 
social, sem que essa promoção seja parte de seu intento ou motivo. 
Estágio comercial da sociedade → capitalismo. 
Característica mais progressiva no capitalismo: o aumento da liberdade e da segurança dos 
produtores. 
As diferentes condições de propriedade eram a base das grandes divisões de classes. A 
propriedade determinava a fonte de renda de um indivíduo, e essa fonte de rende era o principal 
determinante do status da classe social. 
Em uma sociedade de mercado em que a terra e capital não eram de classes separadas, toda a 
produção do trabalho pertencia aos trabalhadores. O trabalho era, portanto, o único criador de valor 
ou riquezas. “Não foi com ouro nem com a prata, mas com o trabalho que toda a riqueza do mundo 
foi comprada pela primeira vez”. 
A divisão do produto do trabalho entre salários e lucros foi determinada na luta entre trabalhadores 
e capitalistas para determinar a taxa de salários. Os capitalistas eram a classe mais poderosa e 
dominante nesse conflito. Smith identificava três fontes do poder dos capitalistas para dominar os 
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trabalhadores: i) sua maior riqueza; ii) a possibilidade e capacidade de manipular e controlar a 
opinião pública; e iii) contavam com o apoio do governo. 
 
A Teoria do Valor, de Smith – Págs. 41 a 47. (HUNT, E. K. História do Pensamento 
Econômico) 
Teoria do valor-trabalho – O ponto de partida dessa teoria é o reconhecimento de que, em todas as 
sociedades, o processo de produção pode ser reduzido a uma série de esforços humanos. 
Os seres humanos, em geral, não conseguem sobreviver sem se esforçar para transformar o 
ambiente natural de uma forma que lhes seja mais conveniente. Os progressos da produtividade 
humana têm sido, em geral, associados a extensão ou a elaboração dos processos de trabalho, 
que culminam na criação de determinado produto. Na maioria das vezes essa maior produtividade 
resulta da produção de novos instrumentos. 
Diz-se que tanto o “capital” (quer dizer, os instrumentos ou outros meios de produção), quanto o 
trabalho são produtivos e que ambos contribuem igualmente para a produção subsequente. 
“O trabalho era o primeiro preço, o dinheiro da compra inicial que era pago por todas as coisas. Não 
foi com o outro nem com a prata, mas com o trabalho, que toda a riqueza do mundo foi inicialmente 
comprada.” 
Smith afirmou que o pré-requisito para qualquer mercadoria ter valor era que ela fosse o produto do 
trabalho humano. Entretanto a teoria do valor-trabalho vai além disso: afirma que o valor de troca 
de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho contidonessa mercadoria, mais a 
alocação relativa da mão de obra indireta e da mão de obra direito usadas na produção. 
A proporção entre as quantidades de trabalho necessárias para se adquirir diferentes objetos parece 
ser a única circunstancia capaz de ditar qualquer regra de troca entre elas. 
Todavia, quando os capitalistas assumiram o controle dos meios de produção, Smith achou que o 
valor de troca ou preço passou a ser a soma das três partes componentes: os salários, os lucros e 
os alugueis. 
Preços poderiam continuar proporcionais as quantidades de trabalhos incorporadas a mercadoria, 
apenas no caso de o valor do capital por trabalhador ter sido o mesmo em diferentes linhas de 
produção. 
Se o valor do capital por trabalhador diferisse, nos vários setores da economia, a adição dos lucros 
aos salários seria um total que não seria proporcional ao trabalho incorporado a produção de 
marcados. O valor do capital por trabalhar diferia de uma indústria para outra. 
A teoria dos preços de Smith não visava explicar as flutuações concretas e diárias dos preços no 
mercado. Ele estabeleceu uma distinção entre o preço de mercado e o preço natural. O preço de 
mercado era o verdadeiro preço da mercadoria, em determinado momento e sem determinado 
mercado e tal preço era determinado pelas forças de oferta e de demanda. O preço natural era o 
preço ao qual a receita da venda fosse apenas suficiente para dar alugueis, lucros e salários 
equivalentes aos níveis habituais. 
O preço natural era um preço de equilíbrio determinado pelos custos de produção, mas estabelecido 
no mercado pelas forças de oferta e da demanda; as flutuações de mercado tenderiam a ficar em 
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torno do preço natural. O custo da produção determinaria, por si só, o preço de equilíbrio ou preço 
natural que tenderia a prevalecer em qualquer mercado. 
Dois pontos fracos de sua teoria: 
i) Smith rejeita o valor de uso como possível determinante de preços – o valor de uso 
e o valor de troca não estavam sistematicamente relacionados entre si; 
ii) A teoria levava a conclusões sobre o nível geral de todos os preços e não aos valores 
relativos de diferentes mercadorias. Pela teoria de Smith, se acontecesse algo que 
aumentasse qualquer um dos três componentes do custo de uma mercadoria, o valor 
dessa mercadoria teria de aumentar. 
A teoria de Smith pode ser reduzida à afirmativa de que o valor da prata depende do valor das 
mercadorias amplamente usadas como insumos produtivos. 
Sobre a teoria do valor de Smith – Existem ambiguidades que nos deixam perplexos como, por 
exemplo, quando ele afirma que, quando os capitalistas monopolizavam a propriedade da terra, as 
quantidades de trabalho incorporadas à produção de diferentes mercadorias não mais regulavam o 
valor dessas mercadorias. 
 
David Ricardo 
A Teoria da Renda da Terra e a Primeira Abordagem dos Lucros – Págs. 78 a 82. 
(HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico) 
Definia renda da terra como “a parte do produto da terra que é paga ao seu proprietário pelo uso 
dos poderes originais e indestrutíveis do solo”. A renda baseava-se em duas hipóteses: 
i) A terra era diferente, em sua fertilidade, podiam ser ordenadas a partir da mais fértil 
para a menos fértil; 
ii) A concorrência sempre igualava a taxa de lucro dos fazendeiros capitalistas. 
Produto liquido, Ricardo definiu como a quantidade total produzida, menos todos os custos de 
produção necessários, inclusive a reposição do capital usado na produção e os salários dos 
operários. Era, portanto, todo o valor excedente criado pelo trabalho, que poderia ser destinado aos 
lucros ou a renda da terra. 
Era a concorrência entre os fazendeiros capitalistas que garantia que a renda se comportaria dessa 
forma. Ricardo acredita que, em geral, a concorrência tenderia a igualar a taxa de lucro de todos os 
capitalistas. 
O produto liquido é formado pelo lucro mais a renda da terra, ou seja, é igual ao produto total menos 
os salários e a reposição do capital usado na produção. 
A medida que mais terras foram cultivadas, a quantidade de terra que chamamos de lote se torna 
arbitrária. Portanto, supondo que a terra vá ficando cada vez menos ´ fertil, podemos subdividi-la em 
lotes cada vez menores, cada um dos quais apresentando um produto liquido menos do que o do 
lote anterior. 
Ricardo via o lucro como um excedente. Os lucros seriam explicados pelos determinantes do lucro 
capitalista que cultivasse a terra que não pagasse renda alguma. 
Fichamento por Anailta M. 
 
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O crescimento populacional tenderia a forçar os salários dos trabalhadores a baixar até o nível de 
subsistência. 
O lucro seria, simplesmente, o que restasse após o pagamento dos salario. Ricardo supôs que 
existisse uma economia simples, na qual houvesse proprietários de terras, capitalistas e 
trabalhadores que só produzissem cereais. Nesse modelo, o capital consistia, simplesmente, no 
cereal que o capitalista “adiantava” aos lavradores como salario. Da mesma forma, a taxa de lucro 
era a razão entre o produto liquido na terra que não pagava rende e os salários. → Teoria do Lucro 
como Cereal. 
 
 
A Teoria do Valor-trabalho – Págs. 84 a 88. (HUNT, E. K. História do Pensamento 
Econômico) 
Embora todas as mercadorias que tinham valor tivessem de ter utilizada, a utilidade não estabelecia 
o valor. “Possuindo utilidade, as mercadorias recebem seu valor de troca duas fontes: de sua 
escassez e da quantidade de trabalho necessária para sua obtenção.” A escassez era importante, 
apenas, para as mercadorias que não pudessem ser reproduzidas livremente. 
“As mercadorias podem ser multiplicadas... quase que sem limite, se estivermos dispostos a 
empregar o trabalho necessário para sua obtenção.” 
Ricardo não acreditava que esses poucos produtos de luxo não reprodutíveis tivessem qualquer 
importância para a determinação das leis que afetam a destruição do “produto da terra... entre as 
classes da comunidade”, sendo portanto, sem importância e, sem efeito sobre a acumulação de 
capital, essa, sim, o principal determinante do bem-estar de um país. 
David Ricardo não ficaria impressionado com o fato de a teoria da utilidade poder explicar os poucos 
preços dos produtos de luxo que não podiam ser reproduzidos, ao passo que a teoria do valor-
trabalho só podia explicar os preços das mercadorias que podiam ser produzidas livremente. 
“Se a quantidade de trabalho incorporada às mercadorias estabelecer seu valor de troca, todo 
aumento da quantidade de trabalho terá de aumentar o valor da mercadoria em que ele for 
empregado, e toda diminuição terá de baixar esse valor.” 
 
A Maquinaria como Causa de Desemprego Involuntário – Págs. 98 a 100. (HUNT, E. 
K. História do Pensamento Econômico) 
Ricardo discutiu a possibilidade de a nova maquinaria que deslocava o trabalho do processo de 
produção pode ser prejudicial aos trabalhadores. 
Sua crença de que o público sempre se beneficiaria com a introdução de maquinaria baseava-se 
no pressuposto de que os preços de mercado diminuiriam sem problemas e rapidamente e que o 
trabalho seria realocado sem problemas e rapidamente para aumentar o volume de produção. 
Além disso, Ricardo afirmou que acha que os capitalistas e os proprietários de terra se beneficiariam 
com essa mudança na tecnologia de produção, mas “que a substituição de trabalho humano por 
maquinaria é, frequentemente, muito prejudicial aos interesses da classe operária. 
Fichamento por Anailta M. 
 
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Ricardo concluiu “que a opinião da classe trabalhadora de que o emprego de maquinas era, muitas 
vezes, prejudicial aos seus interesses, não se baseava em preconceito ou erro, mas estavade 
acordo com os princípios corretos de economia política.” Mas Ricardo concordava que o mercado 
poderia não ser muito eficaz na realocação dos recursos, quando houvesse uma mudança nas 
condições de produção, e que o recurso poderia ser uma depressão crônica no mercado de 
trabalho, que reduziria a produção total da economia. 
 
A Teoria das Vantagens Comparativas e Comércio Internacional – Págs. 100 e 101. 
(HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico) 
Ricardo foi o primeiro economista a argumentar coerentemente que o livre-comércio internacional 
poderia beneficiar dois pais, mesmo que um deles produzisse todas as mercadorias comerciadas 
mais eficientemente pelo o outro. Era preciso elaborar uma teoria separada do comercio 
internacional, diferenciado do comercio interno do país. 
Ele argumentava que um país não precisa ter uma vantagem absoluta na produção de qualquer 
mercadoria, para que o comércio internacional entre ele e outro país seja mutuamente benéfico. 
Vantagem absoluta significava maior eficiência de produção ou uso de menos trabalho na produção. 
Dois países poderiam beneficiar-se com o comércio, se cada um tivesse uma vantagem relativa, 
que significava, simplesmente, que a razão entre o trabalho incorporado as duas mercadorias diferia 
entre os dois países, de modo que cada um deles poderia ter, pelo menos, uma mercadoria na qual 
a quantidade relativa de trabalho incorporado seria menor do que a do outro país. 
Ex.: Portugal (vantagem absoluta na produção de vinho e tecidos) e Inglaterra (vantagem relativa 
na produção de tecido). 
Ambos os países poderiam também se beneficiar, se comerciassem a uma razão de preços que 
fosse intermediária entre as razões de preços de cada país. 
A teoria das vantagens comparativas de Ricardo argumenta que o livre-comércio seria benéfico 
para ambos os países. Toda ampliação do comercio “contribuía bastante decididamente para 
aumentar a massa de mercadorias e os benefícios totais”. Toda restrição ao comércio, portanto, 
reduziria o “total de benefícios”. 
 
Jeremy Bentham 
Origens Sociais das Premissas da Teoria da Utilidade – Págs. 107 a 111. (HUNT, E. K. 
História do Pensamento Econômico) 
Produção capitalista de mercadorias envolvia certas instituições socioeconômicas, modos de 
comportamento humano e autopercepção. A busca insaciável de lucro levou a uma divisão cada 
vez maior do trabalho e a especialização da produção; essa especialização significava um aumento 
da interdependência social. 
Essa maior dependência social, individual era, senão, de uma instituição social que não era 
humana: o mercado. Os que dominavam e controlavam os mercados eram motivados pelos lucros, 
o que implica em intensa concorrência. Essa intensa concorrência pelos lucros ela sentida, 
individualmente, pelos capitalistas, como uma força social impessoal sobre a qual eles, de modo 
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geral, tinham pouco ou nenhum controle pessoas; as orças da concorrência do mercado eram vistas 
como leis naturais e imutáveis, inteiramente semelhantes as leis da natureza. 
Existem diversas consequências humanas desse processo de concorrência. Embora tais 
consequências sejam decorrências especificas do modo de produção capitalistas, são vistas como 
condições humanas geais que existem em todos as sociedades. 
Os fundamentos intelectuais da teoria da utilidade: 
i) Consciência das condições humanas especiais, provocadas pelo modo de produção 
capitalista; 
ii) Projeção universal ou generalização de tais condições como características naturais 
e inalteráveis de todos os seres humanos em todas as sociedades. 
 
Cinco características particularmente importantes do capitalismo: 
i) Individualismo atomista 
Especialização do trabalho e isolamento dos produtores levaram os indivíduos 
considerar-se não como parte integrante de um todo socioeconômico interlago e 
independente, mas como unidades isoladas, atomizadas, cada qual preocupada com 
sua própria sobrevivência contra as formas impessoais e imutáveis. Cada pessoa 
passava a ser vista como fundamentalmente egoísta e como um antagonista e 
combatente natural de seu semelhante. 
Hobbes achava que esse egoísmo inato levaria, inevitavelmente, a um “estado de 
natureza” de guerra, no qual a vida de cada pessoa seria “solitária, pobre, feia, brutal e 
curta”. A única escapatória era o estabelecimento de alguma fonte de poder absoluto. A 
ideia de submissão a um monarca absoluto como meio de escapar ao conflito brutal das 
pessoas, fez com que autores posteriores a Hobbes advogasse que “a mão invisível” do 
mercado era o meio de solucionar os conflitos surgidos com a combatividade e 
competividade natural dos homens. 
ii) O utilitarismo egoísta 
Aceitando o caráter competitivo e egoísta da natureza humana, os pensadores 
começaram a achar, cada vez mais, que todos os motivos humanos eram causados pelo 
desejo de obter prazer e de evitar a dor. Essa crença chama-se utilitarismo. 
iii) A dependência dos mercados 
A especialização econômica criava, necessariamente, uma dependência completa, tanto 
individual quanto social, do funcionamento, com êxito, do mercado. Um mercado que 
funcionasse com relativa liberdade era parte necessária do modo de produção 
capitalista. 
A maioria dos economistas que seguem a tradição da teoria da utilidade em economia 
sempre aceitou como certo o modo de produção capitalista. Do mesmo modo, achavam 
que a situação das pessoas era melhor com a existência de um mercado do que seria 
sem ele. O mercado era visto, então, como uma instituição social universalmente 
benéfica. 
Aceitando o capitalismo como eterno, é obvio que não só os capitalistas, mas também 
os trabalhadores e todos os outros cidadãos se beneficiam com um mercado. Essa 
Fichamento por Anailta M. 
 
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dependência universal do mercado sempre foi a base da harmonia social percebida dos 
interesses de todas as pessoas, dentro da tradição da teoria do valor-utilidade. 
iv) O financiamento da industrialização com os lucros 
O pré-requisito mais importante da especialização produtiva era a criação e a 
acumulação de ferramentas, maquinaria e fábricas novas e mais complexas, quer dizer, 
a acumulação de capital. 
A acumulação de capital – ou industrialização – exige que se abra mão de alguns bens 
de consume que, de outra forma, seriam produzidos. No capitalismo, os lucros têm de 
aumentar em relação aos salários. Ou melhor, os salários têm de baixar em relação aos 
lucros, a fim de que os lucros sejam suficientes para financiar a industrialização. E tal 
industrialização capitalistas implica, necessariamente, acumulação de capital financia 
pelos lucros. 
v) Racionalismo Calculista 
À medida que o sistema de mercado capitalista foi se desenvolvendo, foi aumentando a 
concorrência entre os capitalistas. Cada capitalista tinha de enfrentar concorrentes que 
queriam vendes a preços mais baixos que os seus. Auferir lucros, portanto, dependia de 
conseguir certo grau de controle calculado, racional e previsível sobre as matérias-
primas, o trabalho, os gatos de produção e de transporte e as vendas finais no mercado. 
Todo os atos humanos passaram a ser vistos como consequência de decisões 
calculadas, nas quais o indivíduo agia de modo muito parecido com um contador, 
ponderando todos os lucros (prazeres) a serem obtidos com determinado ato, deduzindo 
todos os custos (dor) a serem causados por esse ato e, depois, escolhendo 
racionalmente o ato que maximizasse o excesso de prazer sobre a dor. 
Dessa forma, todo comportamento humano se reduz a tentativas racionais e calculadas 
de máximas os lucros ou a utilidade, e a maximização dos lucros reduz-se a uma formaindireta de maximização da utilidade. 
 
Jeremy Bentham e a Utilidade – Págs. 111 a 113. (HUNT, E. K. História do Pensamento 
Econômico) 
Segundo Bentham: 
 “A natureza colocou a humanidade sob o domínio de dois mestres soberanos, a dor e o 
prazer. [....] O princípio da utilidade reconhece essa sujeição e a aceita como fundamento (de sua 
teoria social)” 
Assim, ele começou por afirmar que toda motivação humana, em todas as épocas e lugares, pode 
ser reduzida a um único princípio: o desejo de maximizar a utilidade. 
Utilidade quer dizer a propriedade de qualquer objeto que tenda a produzir algum benefício, 
vantagem, prazer bem ou felicidade, [...] ou a impedir danos, dor, mal ou infelicidade. 
Todas essas motivações, segundo Bentham, eram as manifestações do desejo de prazer e de evitar 
a dor. O princípio da utilidade poderia ser expresso também como “toda atividade humana é 
derivada do desejo de maximizar prazer”. Bentham achava que tinha encontrado a chave da 
elaboração de uma ciência do bem-estar ou da felicidade humana que pudesse ser expressa 
matematicamente e que pudesse, um dia, ser elaborada com a mesma exatidão numérica que a 
ciência Física. 
Fichamento por Anailta M. 
 
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Bentham não se limitava a conceber os seres humanos como maximizadores calculistas do prazer, 
vendo-os como fundamentalmente individualistas. 
“[...] em todo coração humano o interesse próprio predomina sobre todos os outros interessem em 
conjunto. A preferência por si mesmo tem lugar em toda parte.” 
Ele acreditava que as pessoas também fossem essencialmente preguiçosas. Portanto, o trabalho 
nunca seria feito sem a promessa de grande prazer ou de evitar a dor. 
Bentham rejeitou a noção de Smith de que a utilidade pudesse ser sistematicamente relacionada 
como o valor de troca. Os proponentes posteriores da teoria do valor-utilidade rejeitariam o exemplo 
(da agua e dos diamantes) de Smith, argumentando que não era a utilidade total de uma mercadoria 
que determinava seu valor de troca, mas sua utilidade marginal, isto é, a utilidade adicional 
conseguida com um aumento pequeno, marginal, da mercadoria. 
“Um artigo só entra na composição de uma riqueza se possui algum valor. A riqueza se mede de 
acordo com os graus desse valor. Todo valor se baseia na utilidade. “ 
Quando Bentham afirmou que “a riqueza se mede pelo grau desse valor”, estava falando a partir da 
perspectiva da teoria da utilidade, na qual um aumento da utilidade aumenta o valor de uma 
mercadoria e, consequentemente, aumenta a riqueza de seu dono. 
Por fim, Bentham chegou muito perto de elaborar uma teoria da relação entre utilidade marginal e 
preço. Ele era um porta-voz ardente de uma política de laissez-faire, acreditando que o livre-
mercado alocaria recursos e mercadorias da maneira socialmente mais benéfica possível. 
 
Bentham como Reformador Social – Págs. 113 e 114. (HUNT, E. K. História do 
Pensamento Econômico) 
Nos primeiros escritos de Bentham, ele aceitou o argumento de Smith, de que um mercado livre e 
em concorrência alocaria os recursos produtivos para os setores em que se pudessem ser mais 
produtivos. Portanto, acredita que a interferência do governo no livre-mercado teria grandes 
probabilidades de diminuir o nível de produção. 
Ele também aceitou noção de que a oferta agregada sempre seria igual a demanda agregada, em 
um mercado livre. 
“Quem quer que poupe dinheiro, aumenta proporcionalmente o total do capital em geral” 
 
Sobre a interferência do governo: 
Primeiramente, ele, como Malthus, chegou a ver que a poupança poderia não ser igualada pelo 
novo investimento. Neste caso a produção diminuiria, haveria desemprego e o livro mercado não 
estaria funcionando no interesse público. 
A segunda razão para a interferência do governo no mercado seria diminuir os efeitos socialmente 
prejudiciais de grandes desigualdades de riqueza e de renda. Bentham achava que a capacidade 
de uma pessoa de desfrutar do dinheiro diminuía a medida que ela ganhasse mais dinheiro. 
Portanto, uma medida governamental que redistribuísse o dinheiro dos ricos para os pobres 
aumentaria a utilidade total agregada na sociedade. 
Bentham não era de modo algum, um defensor da completa igualdade. Achava que se fosse feita 
a redistribuição da riqueza e da renda, chegar-se-ia a um ponto em que seus efeitos benéficos 
seriam mais do que superados por seus efeitos prejudiciais. Ele achava que o grau ideal de 
desigualdade era “o que havia nos Estados Unidos anglo-americanos, isto é, sempre naqueles onde 
não houvesse escravidão”. 
Fichamento por Anailta M. 
 
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Se o governo implantasse reformas que aumentassem o bem-estar geral da sociedade, 
redistribuindo riqueza e renda dos ricos para os pobres, teria de ser desprovido de interesse próprios 
estreitos ou pessoais. O governo, porém, não era formado por anjos ou “reis filósofos”, mas por 
pessoas que, de acordo com a “natureza humana geral”, eram egoístas e estavam interessadas na 
maximização de seu próprio prazer.

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