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1 CENTRO UNIV. ESTÁCIO UNIRADIAL DE SP GRADUAÇÃO CURSO DE DIREITO – 3º SEMESTRE ANDREA CRISINA S. MENDES JONAS FLORA SALVIANO JOHN RAWLS E A TEORIA DA JUSTIÇA “EQUIDADE E DIFERENÇA” “O político visa à próxima eleição, o estadista, à próxima geração. É papel do estudante de filosofia visar às condições permanentes e aos reais interesses de uma sociedade democrática justa e boa”, John Rawls Artigo avaliativo complementar da matéria de Filosofia Jurídica do Curso de Direito da Centro Universitário UniRadial de São Paulo, sob a solicitação do Prof. Dr. Jorge Perez. São Paulo – Brooklin 2015 2 JOHN RAWLS E A TEORIA DA JUSTIÇA RESUMO: o artigo aborda períodos diferentes da história sobre o tema justiça, cujo o foco é o filosofo americano John Rawls, que é considerado um dos o principais expoentes do final do século XX, com base no contratualismo, e na concepção da sociedade democrática contemporânea, que propõem entre outros aspectos em seu Livro a “Teoria de Justiça 1971” a adoção de princípios norteadores sociais que são os princípios: igualdade e liberdade que passa a ser apreciados como uma teoria de justiça. PALAVRAS CHAVES: direito; teoria; justiça; cidadania; filosofia; contratualismo; utilitarismo; perfeccionismo; liberalismo. ABSTRACT: The article discusses different periods of history on the justice, whose focus is the American philosopher John Rawls, who is considered one of the leading exponents of the late twentieth century, based on contractualism, in the design of contemporary democratic society, which propose inter alia in his book the "Theory of Justice in 1971" the adoption of social guiding principles are the principles: equality and freedom which is now appreciated as a theory of justice.. KEYWORDS: law; theory; justice; citizenship; philosophy; contractualism; utilitarianism; perfectionism; liberalism. 1 INTRODUÇÃO O mais conhecido e celebre filósofo político norte-americano é John Bordley Rawls, para os íntimos “JACK”, falecido aos 81 anos (1921-2002) em Baltimore, no Estado de Maryland - Estados Unidos, cuja influência de sua obra é notória nos dias atuais, diante das diversidades políticas e econômicas que os governos enfrentam e a sociedade cada vez mais politizada, compreende de forma salutar que a educação e o senso de justiça é o caminho para alcançar a tão desejada igualdade e liberdade social, a sua obra “UMA TEORIA DE JUSTIÇA 1971” é a mais expressiva tradução do que podemos denominar Pacto Social Contemporâneo, porque propõem desígnios sistemáticos do que venha ser justiça, com base na medida em que se refere a “discussões de outras correntes filosóficas: política, economia e sociologia”. Contudo o sistema econômico para J. Rawls está interligado ao conceito de justiça, o homem deve guiar-se na medida em que o sistema é melhor para ele, *Jonas Flora Salviano & Andrea Cristina S. Mendes graduandos em Direito pelo Centro Univ. Estácio UniRadial de São Paulo. 3 não podemos separar à justiça, da moral ou da política ou do sistema econômico. O conceito de justiça dar-se por meio de dois pontos, um deles é a 1equidade que está condicionado na reflexão introduzida por J. Rawls, no segundo ponto, concebe o seu 2conceito de justiça é na forma do 3contratualismo, mesmo não sendo o único Neo Contratualista contemporâneo, mas esta é uma das suas características mais marcantes. Desta forma, pensar em justiça é pensar acerca do justo e do injusto de cada instituição, a melhor forma de administrar a justiça seria por meio das instituições sociais, não caracterizando cada indivíduo a sua necessidade de ética, mas sim uma ação humana, com pluralidade, com consequências relevantes, concepções 4plúrimas que possam produzir sobre justiça. A teoria da Justiça de Rawls visava combater principalmente dois tipos de visões filosóficas: o 5utilitarismo (nas variantes total e média do princípio da utilidade) e o 6perfeccionismo (nas variantes “fraca” e “forte”). 1 Equidade: Disposição para reconhecer a imparcialidade do direito de cada um; equivalência ou igualdade. Característica de algo ou alguém que revela senso de justiça, imparcialidade, isenção, neutralidade. Correção no modo de agir ou de opinar; lisura, honestidade e integridade. 2Conceito de Justiça: significa respeito à igualdade de todos os cidadãos, e é um termo que vem do latim. É o princípio básico de um que tem o objetivo de manter a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal. É um termo abstrato que designa o respeito pelo direito de terceiros, a aplicação ou do seu direito por ser maior em virtude moral ou material. A Justiça pode ser reconhecida por mecanismos automáticos ou intuitivos nas relações sociais, ou por mediação através dos tribunais. Em Roma, a justiça é representada por uma estátua, com olhos vendados, que significa que "todos são iguais perante a lei" e "todos têm iguais garantias legais", ou ainda, "todos têm iguais direitos". A justiça deve buscar a igualdade entre todos. Segundo Aristóteles, o termo justiça denota, ao mesmo tempo, legalidade e igualdade. Assim, justo é tanto aquele que cumpre a lei (justiça em sentido estrito) quanto aquele que realiza a igualdade (justiça em sentido universal). Justiça também é uma das quatro virtudes cardinais, e, segundo a doutrina da Igreja Católica, consiste "na constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido" 3Contrato social ou Contratualismo: indica uma classe abrangente de teorias que tentam explicar os caminhos que levam as pessoas a formarem Estados e/ou manterem a ordem social. Essa noção de contrato traz implícito que as pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou outra autoridade a fim de obter as vantagens da ordem social. Nesse prisma, o contrato social seria um acordo entre os membros da sociedade, pelo qual reconhecem a autoridade, igualmente sobre todos, de um conjunto de regras, de um regime político ou de um governante. O ponto inicial da maior parte dessas teorias é o exame da condição humana na ausência de qualquer ordem social estruturada, normalmente chamada de "estado de natureza". Nesse estado, as ações dos indivíduos estariam limitadas apenas por seu poder e sua consciência. Desse ponto em comum, os proponentes das teorias do contrato social tentam explicar, cada um a seu modo, como foi do interesse racional do indivíduo abdicar da liberdade que possuiria no estado de natureza para obter os benefícios da ordem política. As teorias sobre o contrato social se difundiram entre os séculos XVI e XVIII como forma de explicar ou postular a origem legítima dos governos e, portanto, das obrigações políticas dos governados ou súditos. Thomas Hobbes (1651), John Locke (1689) e Jean-Jacques Rousseau (1762) são os mais famosos filósofos do contratualismo. 4Plúrimas: quando se quer fazer menção a uma pluralidade ou multiplicidade de situações ou coisas, tem-se usado o termo latino PLÚRIMO em vez de múltiplo, ou seja, aquilo que comporta mais de um elemento. 5Utilitarismo: Sistema teórico que estabelece como primeiro princípio a “utilidade”: O bem humano é identificado com a felicidade (definida como uma vida repleta de prazer e pobre em dor). Se este é o bem supremo humano, cabe ao Estado medir e maximizar a felicidade na sociedade. É possível fazer isto duas formas: a) Maximizando a utilidade total: Mede-se a felicidade de cada indivíduo e soma-se, visando a maximizar esta soma cada vez mais. b) Maximizando a utilidade média: Variante mais aceita do utilitarismo, defende que a utilidade tem de ser medida entretodos os indivíduos e então feita uma média aritmética da utilidade total. É esta utilidade média que tem de ser medida. Com isto, escapa-se às dificuldades iniciais do sistema e foca-se como prioridade a evolução da sociedade como um todo, mas outras surgem. A principal é que se o que interessa é tornar o total mais feliz, é possível a aplicação de medidas que reduzam (mesmo drasticamente) a felicidade de uma parte da população para que se aumente a da outra, a média for maior ao termino do processo. Se tal postura permite políticas de transferência de renda para as classes mais baixas, também poderia permitir sistemas escravistas ou de castas para uma minoria a fim de maximizar a utilidade da maioria. Mesmo uma política que reduzisse muito pouco a utilidade da grande maioria da população em favor de uma grande utilidade da minoria poderia ser aceita, desde que passasse no teste da utilidade média. As duas variantes, portanto, não garantem os direitos fundamentais do cidadão, já que estes podem ser suspensos se se considerar que tal ato aumenta as utilidades total ou média. 4 2 DO CONCEITO DE JUSTIÇA E OS CONTRATUALISTAS O conceito apresentado por J. Rawls, a respeito de justiça é uma concepção de justiça, como equidade e com leve teor do contratualismo do século XVII, tal conceito trata-se de uma posição original de igualdade que corresponde ao “estado de natureza na teoria tradicional do contrato social”. Esses são os princípios que pessoas livres e racionais preocupadas em promover seus próprios interesses, aceitariam uma posição inicial de igualdade como definidores dos termos fundamentais de sua associação. No entanto estes princípios devem regular todos os acordos subsequentes, especificando o tipo de cooperação social que se pode assumir. São as formas de governo que se podem estabelecer, aqueles que se comprometem na cooperação social escolhem juntos em uma ação conjunta, os princípios que se devem atribuir os direitos e deveres básicos e determinar a visão de benefícios sociais, no momento do pacto inicial não há nada a mais a escolher a não ser as estruturas fundamentais de uma sociedade e seus alicerces. Os princípios da justiça são escolhidos sob um “7véu de ignorância”, isso garantia que nenhuma pessoa, ou melhor, nenhum pactuante, seja favorecido ou desfavorecido na escolhas dos princípios pelo resultado do acaso natural ou pela contingência de circunstâncias sociais, de tal modo, uma vez que todos estão numa esfera semelhante e ninguém pode denominar princípios para favorecer sua condição particular, os princípios da justiça são resultado de um consenso ou ajuste equitativo. 6Perfeccionismo: estabelece como o bem da humanidade (ou das pessoas) a maximização das perfeições humanas (arte, filosofia, ciências, virtudes...). Se este é o bem maior, cabe ao Estado medi-lo e maximizá-lo. Pode-se fazer isto de duas formas: a) Pefeccionismo “forte”: Diz que uma sociedade tem seu mérito avaliado pelo número e nível das pessoas que alcançaram sua perfeição em seu seio. Uma sociedade com grandes filósofos e artistas seria, portanto seria o ideal de sociedade, estando todos os outros fins subordinados a isto. Porém, obviamente, gera-se a mesma dificuldade do utilitarismo médio, já que (assim como na Grécia), uma sociedade de grandes intelectuais, artistas, políticos e cientistas pode ser sustentada pela escravidão. b) Pefeccionismo “fraco”: Não tão radical quanto a variante forte, sustenta que, por ser a perfeição dos indivíduos o bem maior da sociedade, deve-se buscar acima de tudo implementar políticas que incentivem os cidadãos a alcançar sua plenitude, seja ela na área que for. Assim, poderiam ser criados bibliotecas, cineclubes, ginásios, e universidades públicos que elevem as perfeições dos indivíduos. O problema é que a além da dificuldade óbvia sobre o que conta como uma perfeição, uma sociedade poderia escolher privar-se de necessidades essenciais para patrocinar as perfeições. Fora isto, esta variante apresenta as mesmas dificuldades de sua irmã forte e do utilitarismo, já que não garante as liberdades e direitos fundamentais. Note-se que ambas teorias apresentam o mesmo problema (a falta de garantia de direitos) pela mesma razão. Isto porque escolhem um bem (a utilidade ou a perfeição) como supremo e em seguida o colocam como o fim, o télos da sociedade. Mas ao fazerem isto, permitem que qualquer coisa seja feita em nome deste télos. Por elegerem primeiro um fim para depois gerar um sistema jurídico-político que o satisfaça, tais teorias são chamadas teleológicas, e pecam justamente por porem o bem antes do direito. Para J. Rawls, a única saída para garantirem-se os direitos fundamentais é pôr o direito antes do bem, ajustando o primeiro de maneira a gerar uma sociedade onde a justiça (déon, em grego) impera antes dos objetivos. Por pôr o direito e a justiça antes do bem, trata-se de uma teoria deontológica. 5 Todavia uma das características marcantes da justiça como equidade é a de gerar as partes na situação inicial como racionais e mutuamente 8abnegado, no entanto isso não significa que as partes sejam egoístas, isto é, indivíduos com apenas certo tipos de interesses, mas estas são concebidas como pessoas que não tem interesses nos interesses dos outras, no sentido que as pessoas na situação inicial escolheriam no momento do pacto inicial dois princípios bastantes diferentes: o primeiro exige igualdade na atribuição de deveres e direito básicos; enquanto o segundo afirma que desigualdade econômica e sociais, por exemplo: desigualdade de riqueza e autoridade, são justas apenas se resultam em benefícios compensatórios para cada um, e particularmente para os membros menos favorecidos da sociedade. Não há injustiça nos benefícios maiores conseguidos por uns poucos desde que, a situação dos menos afortunados seja com isso melhorada. Deste modo vale a pena ressaltar que o início da justiça como equidade como outra visão contratualista, consiste em duas partes, a primeira uma interpretação de uma situação inicial e do problema da escolha colocado naquele momento, e a segunda se procura demonstrar seriam aceitos consensualmente. Numa sociedade existem situações de cooperação mas também de conflito, os conflitos resolvem-se por meio dos princípios de justiça social. À justiça compete especificar os direitos e deveres básicos de cada um e determinar a forma apropriada de os distribuir. Tem assim como principal papel contribuir para a existência de uma sociedade ordenada. Pertence-lhe também tudo que tem a ver com a estrutura básica da sociedade distribuindo os direitos e deveres básicos fundamentais pelas várias instituições sociais: constituição política e estruturas básicas e sociais, distinguia o surgimento das gerações do direito em três grandes grupos: 1° civil - Primeira Geração 2° político - Segunda Geração 3° social - Terceira Geração 7O princípio do “véu de ignorância”: parte de uma ficção ou de uma simulação de situação (a chamada “lógica de situação”, segundo Karl Popper, em que nos colocamos no lugar do outro) que consiste em imaginar que cada indivíduo não sabe, à partida, qual a porção de “bens primários” que lhe caberá em sorte; ele não sabe, à partida, se vai ser inteligente ou burro, se vai ter vontade de trabalhar ou se vai ser preguiçoso, se vai ser poupado ou se vai ser gastador, se vai nascer rico ou pobre, etc.. A esse desconhecimento a priori acerca da sua porção de “bens primários”, John Rawls chamou de “véu de ignorância”. Cada um desconheceria, à partida, a sua posição no pacto social, quais seriam as suas aptidões físicas e psicológicas, e até desconheceria qual será a concepção de “vida boa” (ética) que irá ser a sua. 8Abnegado: é aqueleque faz desprendido de outros interesses. 6 No Brasil o que se pode observar é que a sequência para o surgimento dessas gerações se dá diferentemente: surge em primeiro lugar o grupo político, em seguida o grupo social e por último o grupo civil, a partir disso o que se pode obter é uma dentre tantas respostas para o motivo de ser a sociedade brasileira tão defasada. Continuando o processo de formação da sociedade, J. Rawls imagina um processo de quatro estágios. O primeiro estágio, descrito anteriormente, explicita o momento de total ignorância, no qual são escolhidos os dois princípios. A seguir vem o segundo estágio, no qual, orientados pelos princípios, os membros da sociedade criam uma constituição, para isto, levanta-se parcialmente o véu da ignorância, de maneira que os legisladores têm acesso aos princípios da teoria social e sobre as condições políticas, econômicas e civilizatórias de sua sociedade. Gerarão, então uma constituição de acordo com os princípios e que se encaixe com estas contingências. Como cada sociedade está exposta a contingências diferentes, cada uma terá uma constituição justa, ainda que diferentes uma da outra (o que já não ocorre com os princípios). O terceiro estágio refere-se à criação do restante do sistema legislativo, que visa manter os dois princípios sempre intactos, para isto, levanta-se mais um pouco o véu da ignorância, de maneira que os legisladores já tem acesso aos plenos fatos sociais e econômicos, ainda que desconheçam suas identidades. Assim, geram um sistema que vise a eficiente e mútua cooperação social. Por fim, no quarto estágio, levanta-se totalmente o véu, de maneira que as regras passam a ser aplicadas aos casos particulares pelo judiciário, obviamente, o sistema legislativo não estaria completo apenas com os princípios para as instituições, sem princípios também para os indivíduos. Destas considerações, segue-se que três normas de conduta são apropriadas aos indivíduos: os deveres naturais (princípios que já são inerentes à natureza humana, como não lesar, manter a justiça, não condenar injustamente, manter a justiça), as obrigações (princípios que nascem do relacionamento com as 9 O conceito de super-rogação (ou melhor supra-rogação) não dispõe de definição única ou geralmente aceite. Mas pode dizer-se que uma ação ou omissão é super-rogatória (ou supra-rogatória) se, e só se, for voluntária, boa e praticada para o bem alheio, se implicar sacrifício do agente e se não for moralmente obrigatória nem moralmente proibida. A abstenção de agir de modo super-rogatório (ou supra-rogatório) nunca é censurável. Agir de modo super-rogatório (ou supra-rogatório) é sempre louvável 7 instituições, com a fidelidade aos contratos, a equidade, etc..) por fim, as permissões, em especial as 9super-rogatórias, que não são obrigatórias, mas são desejáveis no ser humano, como piedade, a coragem e a beneficência. 8 HOBBES LOCKE ROSSEAU Perfil do homem natural Dominado por paixões, egoísta e autocentrado livre e igual, insociável Livre e igual, racional O homem é bom por natureza, é a sociedade que o corrompe Razão Conceito de razão (calculo); razão é obtida, não nasce conosco nem é adquirida (crianças e loucos estão fora do contrato por incapacidade de entender o Estado. Liberdade é dada pela lei natural; a razão é quem dá a lei natural. A razão é regra comum e medida que Deus deu a todos os homens. A razão é o modo de cooperação entre os homens. O homem é livre somente quando obedece a lei que ele mesmo se deu. A lei deve se justificar diante da razão (é racional para o homem “emancipado” ser livre e igual). Estado de Natureza Estado de natureza como Estado de guerra (fruto do confronto dos desejos). Todos tem o poder executivo da lei de natureza (doutrina da virtude natural). Devido a este fato surgem vários inconvenientes no Estado de Natureza. Estado de Natureza é diferente do Estado de guerra. No Estado de Natureza o homem tem liberdade natural não a verdadeira liberdade (convencional), não obedece a lei mais aos próprios instintos. Contrato e Estado Politico Paixões e razão levam o homem ao contrato. A razão leva o homem a entender a reciprocidade do contrato. Soberano deve ser razoável. Crença na eficácia da razão, na possibilidade de instituir relações racionais entre os homens. Cria um Estado “todo poderoso”, interventor, pois os homens abrem mão da sua liberdade e da vontade em favor do Estado. O pacto surge da necessidade de proteger a propriedade (vida, liberdade e bens). Somente na sociedade civil os homens podem ter a esperança de viver segundo as leis da razão. Cria um Estado que age apenas para corrigir os inconvenientes do Estado de Natureza. Ao contrário de Hobbes, concebe a sociedade como industriosa e coo polo ativo na relação com o Estado. Na sociedade civil o homem não é livre porque certamente obedece as leis, mas as leis postas não por ele e sim por outros que estão acima dele. O único modo pelo qual o homem pode tornar-se livre é que ele atue segundo as leis e que essas leis sejam postas por ele mesmo. O grande problema da política: encontrar uma forma de governo que coloque a lei acima do homem. O contrato visa a criar uma associação na qual os associados e seus bens estarem protegidos por toda força comum, e sendo cada um unido a todos só obedecerá no entanto a si mesmo, e será tão livre quanto o era no estado de Natureza. 9 KANT RAWLS Perfil do homem natural Entende o homem como um ser sensível (ou homem natural) e inteligível (sujeito puro da liberdade) concomitantemente, sendo o sensível o que justifica a heteronímia e o inteligível o que funda a autonomia (já que a racionalidade exige reflexão) Entende o homem ideal é aquele que reconhece que o valor de suas reivindicações não se mede pela intensidade de seus desejos; pelo contrário, o valor está em nos concebermos como “pessoas envolvidas na cooperação social Razão A liberdade prática é, a independência da vontade em relação a toda lei que não seja a lei moral. O homem não é determinado pela natureza, e, pelo livre- arbítrio, pode escolher agir por dever, e nisso consiste sua autonomia. A sociedade com a estrutura política liberal, o capital político compreende uma série de virtudes (cívicas), como: tolerância, razoabilidade, senso de justiça, disposição de fazer concessões, entre outros. Estado de Natureza O homem deveria sair do estado de natureza, no qual cada um segue os caprichos da própria fantasia, e unir-se a todos os outros, submetendo-se a uma coação externa publicamente legal; é um verdadeiro dever para o homem, a constituição do estado civil, tal dever não é um capricho, mas uma “exigência moral”. A ideia de estado da natureza da situação imaginária, do ser humano vivendo em estado puro, pré-social, bem como o conceito do pacto ou do contrato (de que, para escapar à barbárie, a humanidade teve que estabelecer um acordo político-social) são contratualistas. Contrato e Estado Politico Estado tem de ser republicano e se constituir em princípios “a priori” como a liberdade de cada membro da sociedade como homem; igualdade deste com todos os outros, como súditos, e independência de cada membro como cidadão, o contrato é de origem moral, pois a fundação da sociedade tem aspiração moral (o progresso humano, portanto) sópode ser justa quando se estabelecer um contrato baseado nos indivíduos morais. É um paradigma hipotético e dedutivo que tinha em vista fornecer uma resposta racional sobre a origem e o fundamento legitimador do Estado e seu poder, que por si era decorrente da necessidade intrinsecamente humana de organização política. 10 3 DOS PRINCIPIOS E AS SUAS APLICABILIDADES Os princípios, vem no início do pacto original, como igualdade e liberdade para deliberar sobre, direito, deveres, obrigações, benefícios e ônus a serem regidos. Condições necessárias e suficientes para uma sociedade justa, de acordo com J. Rawls, no qual o contrato é estruturado tomando por base dois princípios basilares de seu sistema acerca de justiça, que são: 1º Princípio da liberdade igual: A sociedade deve assegurar a máxima liberdade para cada pessoa compatível com uma liberdade igual para todos os outros (cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema de liberdades básicas iguais que seja compatível com um sistema semelhante de liberdades para as outras). “Todas as pessoas têm igual direito a um projeto inteiramente satisfatório de direitos e liberdades básicas iguais para todos, projeto este compatível como todos os demais; e, nesse projeto, as liberdades políticas, e somente estas, deverão ter seu valor equitativo garantido” As desigualdades sociais e econômicas devem ser ordenadas de tal modo que seja ao mesmo tempo: 2aº Princípio da diferença: A sociedade deve promover a distribuição igual da riqueza, exceto se a existência de desigualdades económicas e sociais gerar o maior benefício para os menos favorecidos (consideradas como vantajosas para todos dentro dos limites do razoável). “Representar o maior benefício possível aos membros menos privilegiados da sociedade” 2bº Princípio da oportunidade justa: As desigualdades económicas e sociais devem estar ligadas a postos e posições acessíveis a todos em condições de igualdade de oportunidades (vinculadas a posição e cargos acessíveis a todos). “Deve estar aberto a todos, em condição de igualdade equitativa de oportunidades”. O primeiro princípio determina as liberdades, enquanto o segundo princípio regula a aplicabilidade do primeiro, corrigindo assim as desigualdades que possam ocorrem, é certo que não há como erradicar as desigualdades econômicas e sociais entre as pessoas, ou melhor, entre os pactuantes, as associações devem prever organismos suficientes para o equilíbrio das deficiências e desigualdades, de forma que estes se voltem em benefícios da própria sociedade. Com base nestes princípios a nossa 10Constituição Federal 1988, reconheceu e utilizou parte da teoria de justiça na sua concepção com foco na efetivação da democracia, a instituição da Assembleia Constituinte. 11 Neste sentido, o art. 3º (construir uma sociedade livre, justa e igualitária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação), o art. 60, § 4º, inciso IV (consolidando os direitos e garantias individuais) e o art. 5º (que garante a livre manifestação de pensamento) exprimem a essência da Constituição de 1988, assim, pode-se afirmar que a Constituição tenta reconstruir o Estado e a sociedade brasileira sobre bases mais justas e equitativas. Por este motivo, nela, as cláusulas pétreas apontam para as liberdades civis e políticas; estas devem encontrar-se protegidas, e as instituições devem promover a igualdade socioeconômica. 4 DAS CARACTERISTICAS E IMPORTANCIA São esses os princípios regularizadores de toda atividade institucional que vise distribuir direitos e deveres, enquanto o primeiro princípio determina as liberdades, o segundo princípio regula a aplicabilidade do primeiro, corrigindo assim as desigualdades que possam ocorrem, após a escolha destes princípios, as partes contratantes vinculam-se a ponto de escolherem uma Constituição, uma forma de governo de legalidade, fazendo as leis e normas a serem seguidas dando-lhe publicidade a tudo. Isso leva as instituições à ideia de estabilidade, de algo estável a sociedade. As características da teoria de justiça de J. Rawls são elas: O contrato inicial, (surge como base / pilar de toda teoria) a visão de justiça como equidade; e A equidade de forma de igualdade, (direito de cada um), os princípios (esses fortaleceram o contrato e buscam concretizar os direitos e deveres de cada um, e reparar as desigualdades que possam ocorrer), a Constituição (surge como forma de impor as leis e uma forma de escolha de governo, assegurando o cumprimento do contrato e seus princípios com base na equidade, igualdade e liberdade). 10 Constituição Federal (CF) é um conjunto de normas do governo, que pode ser ou não codificada como um documento escrito, que enumera e limita os poderes e funções de uma entidade política, a constituição define a política fundamental, princípios políticos, e estabelece a estrutura, procedimentos, poderes e direitos, de um governo. Ao limitar o alcance do próprio governo, a maioria das constituições garantem certos direitos para as pessoas. 12 5 CONCLUSÕES A forma de justiça como equidade, e com fortes traços do contratualismo, norteados pelos princípios dos filósofos Hobbes e Locke, referência ao estado de natureza do homem, quando da elaboração da teoria do contrato social, propunham que tal estado original não haveria nenhuma autoridade política e argumentavam que era do interesse de cada indivíduo entrar em acordo com os demais para estabelecer um governo comum, os termos desse acordo é que determinariam a forma e alcance do governo estabelecido, absoluto, segundo Hobbes, limitado constitucionalmente, segundo Locke. O pacto inicial base para construir instituições estáveis, visa demonstrar que a justiça como equidade reside como igualitarismo da posição original, ou seja, no estado do contrato inicial, momento esse hipotético, para J. Rawls, o filosofo procura por meio das instituições e por meio de sua objetividade a justiça que é racionalmente compartilhada no convívio social. Por fim, o fato de igualar a justiça como prática de virtude, ou igualar a justiça como a procura do justo meio, não faz com que o filosofo, seja um teórico antagônico a qualquer tipo de investigação, busca a igualdade, a equidade, o véu do contratualismo, a construção humana que beneficia a todos. Essa teoria, trata-se de um modelo de governo, baseado em dois grandes princípios, regidos por instituições, que garanta a liberdade, e a igual distribuição de direitos e deveres à todos. 13 Referências bibliográficas RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2002. http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/Rawls_TeoriaJ.pdf _____________, O Liberalismo Político, 2ª edição. São Paulo: Editora Ática, 2000. http://www.libertarianismo.org/joomla/index.php/biblioteca/188-liberalismo-social/836- o-liberalismo-politico ____________, Justiça e democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2002. http://www.libertarianismo.org/livros/jrjed.pdf 1GONDIM, Elnora Maria & 2RODRIGUES, Osvaldino Marra. John Rawls e a Constituição Brasileira: Uma Análise. 1Professora de Filosofia/UFPi, doutoranda em Filosofia/ PUCRS e 2Mestrando em Filosofia/UFPI. 2009. http://revistas.unipar.br/akropolis/article/viewFile/2851/2116 COELHO, Karina Cavalcanti. Um conceito de Justiça através da perspectiva de John Rawls. Internet. http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/5509/Um-conceito-de-Justica-atraves-da-perspectiva-de-John-Rawls
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