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Abertura da sucessão

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Abertura da sucessão, momento da transmissão da herança e a comoriência, transmissão da posse: o princípio da saisine, espécies de sucessão e de sucessores, e lugar em que se abre a sucessão
Abertura da sucessão
O Código Civil estatui no artigo 1.784: “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”.
Temos como herança um somatório, em que são incluídos os bens e as dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e ações de que o falecido era titular, e as propostas contra ele, desde que transmissíveis. Portanto, compreende o ativo e o passivo (artigos 1.792 e 1.997 do Código Civil).
A sucessão será aberta com a morte real (artigo 6º) da pessoa natural, momento em que a herança se transmite automaticamente aos herdeiros legítimos e testamentários do de cujus, sem solução de continuidade e ainda que estes ignorem o fato.
Ocorrendo a presunção de morte da pessoa ausente (artigos 26 e seguintes do diploma civil), poderá ocorrer a abertura da sucessão provisória a requerimento dos herdeiros do ausente. Passados 10 (dez) anos de sua abertura, se o ausente não tiver retornado, ou confirmado sua morte, também, provando-se que o ausente conta 80 (oitenta) anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele, a sucessão definitiva poderá ser requerida (artigo 38 do Código Civil).
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, são pressupostos da sucessão: “a) que o de cujus tenha falecidos; b) que lhe sobreviva herdeiro. Se o autor da herança estiver vivo, não haverá sucessão (viventis nulla hereditatis). A morte civil (ficta mors), admitida no direito romano, não subsiste no direito moderno. Abre-se a sucessão somente com o óbito, real ou presumido” (p. 33).
A herança será transmitida de acordo com a ordem de vocação hereditária prevista no Código Civil pelo artigo 1.829. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal (artigo 1.844 do mesmo código).
Momento da transmissão da herança e a comoriência
Conforme a lição de Zeno Veloso, “a morte, a abertura da sucessão e transmissão da herança aos herdeiros ocorrem num só momento” (p. 35). Contudo, é necessário que os herdeiros aceitem ou repudiem a herança. Com a aceitação a transmissão torna-se definitiva por força do artigo 1.784 (artigo 1.804). A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança (artigo 1.804, parágrafo único).
Aberta a sucessão, o acervo hereditário é deferido a este ou àquele herdeiro. Essa abertura denomina-se delação ou devolução sucessória, beneficiando, como visto, desde logo os herdeiros. Contudo, importante distinguir as expressões. Com a abertura da sucessão nasce o direito de herdar, não importa para que herdeiro. Já a delação ou deferimento da herança pode não coincidir com a abertura da sucessão. Nesse sentido, acrescenta o doutrinador Lacerda de Almeida, a delação “extingue-se para uns, nasce para outros (Aufhebung der Delation, dizem os alemães), transmite-se, depende; a abertura é imutável, é o ponto de partida de todo o direito à herança” (pp. 35 e 36).
Para o legatário a situação é diversa. A respeito dispõe o artigo 1.923 do Código Civil: “Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo, salvo se o legado estiver sob condição suspensiva. § 1o Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar por autoridade própria. § 2o O legado de coisa certa existente na herança transfere também ao legatário os frutos que produzir, desde a morte do testador, exceto se dependente de condição suspensiva, ou de termo inicial”.
Contudo, pode ocorrer do herdeiro não sobreviver ao hereditando. Quando ambos falecem ao mesmo tempo, impossibilitando precisar qual morte ocorreu primeiro, ocorre o que chamamos de morte simultânea, denominada comoriência. O artigo 8º do estatuto civil estatui: “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”.
Em nosso ordenamento jurídico não há transferência de bens e direitos entre comorientes. A situação será diferente, no entanto, se houver prova de que um faleceu antes do outro, uma vez que o exato momento da morte é de suma importância, sendo certo que um viveu um pouco mais herdaria a meação do outro e, por sua morte, a transmitiria aos seus colaterais.
Transmissão da posse: o princípio da saisine
Segundo o princípio da saisine, o próprio de cujus transmite ao sucessor a propriedade e a posse da herança. Porém, a morte e a transmissão nãos e confundem, por uma ficção, elas coincidem em termos cronológicos, presumindo-se que o falecido investiu seus herdeiros no domínio e na posse indireta de seu patrimônio, porque este não pode restar acéfalo.
Contudo, para que tenha lugar a transmissão é necessário: “a) que o herdeiro exista ao tempo da delação; e b) que a esse tempo não seja incapaz de herdar” (p. 38).
O princípio da saisine é acolhido pelo já citado artigo 1.784, que se harmoniza com os artigos 1.207 e 1.206, sendo os quais, “o sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais” e “a posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres”. Também é compatível com o diploma processual civil (artigos 990 e 991) e com o artigo 1.797 do Código Civil, “mediante a interpretação de que o inventariante administra o espólio, tendo a pose direta dos bens que o compõem, enquanto os herdeiros adquirem a posse indireta. Uma anula a outra, como preceitua o art. 1.197 do Código Civil” (p. 40).
Em decorrência do princípio da saisine, disciplina o artigo 1.787, “regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela”.
Igualmente, a eficácia das disposições testamentárias é regida pela lei do tempo da abertura da sucessão.
Outra consequência do princípio em estudo é o fato do herdeiro que sobrevive ao de cujus herdar, ainda que apenas por um instante, os bens por ele deixados, transmitindo-os aos seus sucessores, se falecer em seguida.
Ademais, cumpre salientar que os valores do acervo hereditário, para determinar o monte partível e o valor do imposto de transmissão causa mortis, deverão ser apurados no momento da morte. Nessa dicção, a Súmula nº 112 do Supremo Tribunal Federal dispõe: “O imposto de transmissão ‘causa mortis’ é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão”.
Espécies de sucessão e de sucessores
- Sucessão legítima e testamentária
O Código Civil determina no artigo 1.786: “A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade”. Assim, a sucessão poderá ser legítima (quando se dá em virtude da lei) e testamentária (quando decorre da manifestação de última vontade, através de testamento ou codicilo).
O aludido diploma, por sua vez, preceitua no artigo 1.788: “Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo”.
Pela dicção da segunda parte do dispositivo nota-se que a sucessão poderá simultaneamente ser legítima e testamentária quando o testamento não compreender todos os bens do falecido, pois os não incluídos passarão a seus herdeiros legítimos.
Ademais, é importante ressaltar o texto do artigo 1.846 do Código Civil, in verbis: “Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima”. Portanto, a sucessão testamentária, havendo herdeiros necessários, divide-se em duas partes iguais e o testador só poderá dispor livremente da metade, que é denominada de parte disponível, uma vez quea outra metade constitui a legítima.
- Liberdade de testar
O artigo 1.789 do estatuto civil estatui: “Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança”. Caso contrário, o testador terá plena liberdade de testar, podendo afastar da sucessão os herdeiros colaterais (artigo 1.850 do Código Civil).
Importante é observar se o testador era casado no regime de comunhão universal de bens, uma vez que nesse caso o patrimônio do casal deve ser dividido em duas meações, podendo dispor em testamento integralmente da sua, na hipótese de não possuir herdeiros necessários.
- Sucessão a título universal e a título singular
Quanto aos seus efeitos, a sucessão poderá ser classificada em sucessão a título universal e a título singular.
A sucessão a título universal se dará quando o herdeiro “é chamado a suceder na totalidade da herança, fração ou parte alíquota (porcentagem) dela. Pode ocorrer tanto na sucessão legítima como na testamentária”. Na sucessão singular, “o testador deixa ao beneficiário um bem certo e determinado, denominado legado, como um veículo ou um terreno, por exemplo” (p. 44).
Portanto, o legatário é aquele sucede ao falecido a título singular, tomando o seu lugar em coisa certa e individualizada, ao contrário do herdeiro, que sucede a título universal.
Sempre sem a título universal a sucessão legítima, uma vez que esta transfere aos herdeiros a totalidade ou fração ideal do patrimônio do falecido. Já a sucessão testamentária pode ser a título universal ou singular (quando envolver coisa determinada e individualizada, conforme a vontade do testador).
- Sucessão contratual
Aduz o artigo 426 do Código Civil: “Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”. Portanto, o nosso direito não admite os pactos sucessórios.
Contudo, como exceção à regra, dispõe o artigo 2.018 do aludido diploma: “É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários”.
Verifica-se, assim, que os pais podem, por ato entre vivos, partilhar o seu patrimônio entre os descendentes.
- Sucessões irregulares
Carlos Roberto Gonçalves nos explica que a sucessão irregular, também denominada de anômala, “é a disciplinada por normas peculiares e próprias, não observando a ordem da vocação hereditária estabelecida no art. 1.829 do Código Civil para a sucessão legítima” (p. 46).
- Espécies de sucessores
O Código Civil estabelece que legítimo é o herdeiro indicado em ordem preferencial pela lei (artigo 1.829).
Por sua vez, será testamentário ou instituído o beneficiado pelo testador em ato de última vontade com uma parte ideal do acervo hereditário, sem que sejam individualizados os bens. Com já dito, o contemplado de forma individualizada será denominado de legatário.
O herdeiro necessário, legitimário ou reservatário é o descendente, o ascendente e o cônjuge (artigo 1.845), portanto, será todo parente em linha reta não excluído por indignidade ou deserdação, e o cônjuge.
O herdeiro único será chamado de universal, eis que recebe a totalidade da herança, mediante auto de adjudicação, não de partilha, lavrado no inventário, em virtude de lei, ou de renúncia dos outros herdeiros ou de testamento.
Lugar em que se abre a sucessão
O Código Civil prevê no artigo 1.785: “A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido”.
Portanto, o foro competente para o processamento do inventário, mesmo tendo o óbito ocorrido em local diverso, e ainda que sejam outros os locais da situação dos bens, a sucessão será aberta no lugar do último domicílio do falecido.
O dispositivo supratranscrito deve ser conjugado ao artigo 96 do Código de Processo Civil, que dispõe: “O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único.  É, porém, competente o foro: I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo; II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em lugares diferentes”.
Quando houver pluralidade domiciliar, o legislador permite que a abertura do inventário ocorra em qualquer foro correspondente a um dos domicílios do falecido, consoante estabelece o artigo 94, parágrafo 1º, do estatuto processual civil.
Ademais, prescrevem os artigos 1.043 e 1.044 do mesmo diploma: “Falecendo o cônjuge meeiro supérstite antes da partilha dos bens do pré-morto, as duas heranças serão cumulativamente inventariadas e partilhadas, se os herdeiros de ambos forem os mesmos. § 1o  Haverá um só inventariante para os dois inventários. § 2o  O segundo inventário será distribuído por dependência, processando-se em apenso ao primeiro”. E, “ocorrendo a morte de algum herdeiro na pendência do inventário em que foi admitido e não possuindo outros bens além do seu quinhão na herança, poderá este ser partilhado juntamente com os bens do monte”. Em tais hipóteses, conforme aduz o artigo 1.045, “prevalecerão as primeiras declarações, assim como o laudo de avaliação, salvo se se alterou o valor dos bens”.
Na esfera da competência internacional, o Código de Processo Civil determina no artigo 89: “Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: (...) II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional”. Sendo assim, se o falecido, brasileiro ou estrangeiro, falecer no exterior, mas deixar bens no Brasil, será competente o foro da Justiça Brasileira. Porém, se os bens estiverem fora do país, o processamento escapará à nossa jurisdição, competindo ao país em que se situem.
Pelo caráter universal da sucessão (artigo 91, CPC), o juízo do inventário atrai todas as ações que lhe sejam relativas (artigo 96, CPC).
Por fim, cumpre ressaltar que a nomeação do inventariante é regulada no artigo 990 do Código de Processo Civil.
Referência bibliográfica
GONÇALVES, Carlos Roberto.Direito Civil Brasileiro. v. 7. Direito das Sucessões. 4.ed.São Paulo: Saraiva, 2010.

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