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A Evolução da Constituição Económica Europeia

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Relatório de Direito Económico
Tema: A evolução da Constituição Económica 
Licenciatura em Economia Ano lectivo 2014/2015
 
Docente: Prof. Dr. Pedro Quartin Graça
Trabalho realizado por: 
Daniel Adriano nº 65936
Fábio Silva nº 62342 
Pedro Diogo nº 66012 
 
1 
Relatório de Direito Económico
Tema: A evolução da Constituição Económica 
portuguesa 
Licenciatura em Economia Ano lectivo 2014/2015
Dr. Pedro Quartin Graça 
Trabalho realizado por: 
Daniel Adriano nº 65936 
 
Relatório de Direito Económico 
Tema: A evolução da Constituição Económica 
Licenciatura em Economia Ano lectivo 2014/2015 
 
 
[Escrever texto] 
 
2 
 
Índice 
 
1. Introdução 
 
2. Constituição de 1822 
 
3. Carta constitucional de 1826 
 
4. Constituição de 1838 
 
5. Constituição de 1911 
 
6. Constituição de 1933 
 
7. Constituição de 1976 
 
8. Conclusão 
 
 
Introdução 
De acordo com o Governo de Portugal, a Constituição é “a lei suprema do país. 
Consagra os direitos fundamentais dos cidadãos, os princípios essenciais por que se rege 
o Estado português e as grandes orientações políticas a que os seus órgãos devem 
obedecer, estabelecendo também as regras de organização do poder político”. Com cada 
geração surgem novas ideologias, correntes de pensamento e políticas. A Constituição, 
“lei fundamental”, vai sendo adaptada de acordo com as circunstâncias vividas, o 
quotidiano e a visão do povo português para o seu país. Torna-se importante analisar a 
evolução destes importantes princípios ao longo do tempo. 
No âmbito da cadeira de Direito Económico, foi-nos proposta a realização de um 
trabalho de grupo focado num tema de pertinência para a disciplina. Ao considerarmos 
os desenvolvimentos actuais na política e economia, fomos levados a estudar sobre a 
Constituição de Portugal, desde a sua origem à actualidade. Pretendemos com este 
relatório demonstrar a evolução no pensamento, nas medidas e nos objectivos das 
Constituições, evidenciar as semelhanças entre versões, e focar especificamente no 
impacto económico de cada reforma. 
 
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3 
 
Constituição de 1822 
Contextualização histórica 
 A Constituição de 1822 foi a primeira constituição portuguesa dando assim início ao 
período da monarquia constitucional. Entrando em vigor em 1822, a Constituição tem a 
sua origem na Revolução Liberal do Porto de 1820. Após as Invasões Francesas, o país 
ficou sobre a administração dos ingleses, já que a Corte tinha fugido para o Brasil em 
1807. Contudo os ingleses instalaram um regime ditatorial que reprimia toda e qualquer 
oposição ao seu poder, sobretudo a oposição vinda do liberalismo. Apesar disso 
rapidamente surgiram grupos que procuravam libertar o país dos ingleses e instaurar no 
país uma monarquia constitucional inspirada nas ideias da Revolução Francesa. A 
maior parte desses opositores eram burgueses, oficiais do exército e maçons. Em 1817, 
um grupo de conspiradores liderados pelo General Gomes Freire de Andrade, foram 
presos e seguidamente mortos às ordens do governo militar britânico de William 
Beresford. Contudo estas mortes não significaram o fim da luta já que no Porto se 
formou um grupo chamado Sinédrio, fundado por Manuel Fernandes Tomás, que 
procurou expulsar os ingleses e instalar o liberalismo conseguindo concretizar isso na 
Revolução Liberal do Porto em Agosto de 1820 tendo se espalhado rapidamente para o 
resto do país. 
Constituição 
 A Constituição de 1822 era bastante avançada para a época e tinha como objectivo 
tornar Portugal um país liberal e democrático. Inspirava-se nas ideias da Revolução 
Francesa e também na Constituição de Cádis de 1812. O principio fundamental desta 
Constituição era o da separação de poderes (legislativo, executivo e judicial). O poder 
legislativo pertencia às Cortes, assembleia unicameral que elaborava as leis e cujos 
representantes eram eleitos de 2 em 2 anos. O poder executivo pertencia ao Rei que 
chefiava o Governo e era o responsável pela nomeação e suspensão de funcionários 
públicos. Não lhe era concedido o poder de dissolver as Cortes. O poder judicial 
pertencia por sua vez aos tribunais sendo aplicados pelos juízes. A Constituição 
introduziu também um sufrágio universal, ou seja podiam votar todos os varões que 
tivessem mais de 25 anos e que soubessem ler e escrever, sendo excluídos as mulheres, 
os analfabetos e os frades. A liberdade de expressão era garantida e existia uma 
igualdade dos cidadãos perante a lei sem distinção no acesso a cargos públicos. A 
Constituição exigia também o regresso da Corte a Portugal. 
TÍTULO I 
ARTIGO I 
 'A Constituição política da Nação Portuguesa tem por objecto manter a liberdade, 
segurança, e propriedade de todos os Portugueses.' 
[Escrever texto] 
 
4 
 
 Este artigo sumariza os objectivos básicos que a Constituição assegurava garantir de 
modo a tornar Portugal um país liberal e democrático. 
Artigo 9 
 ' A lei é igual para todos. Não se devem portanto tolerar privilégios do foro nas 
causas cíveis ou crimes, nem comissões especiais. Esta disposição não compreende as 
causas, que pela sua natureza pertencerem a juízos particulares, na conformidade das 
leis.' 
 Este artigo revela que a Constituição pretendia uma igualdade perante a lei não sendo 
concedidos privilégios a quaisquer indivíduos. 
Constituição Económica 
 Em termos económicos a Constituição não se apresentava desenvolvida. Contudo 
estava subjacente à mesma uma ideia de liberalismo económico coincidindo com o 
liberalismo político que foi a base da Constituição. Assim o direito à propriedade 
privada era uma das principais ideias que emanava desta Constituição. Também era 
garantida a livre circulação de bens do domínio privado. Não estava subjacente qualquer 
ideia de planeamento económico já que não era suposto o Estado ter uma intervenção 
activa na economia. São também definidas as contribuições directas que teriam de ser 
pagas por todos os indivíduos e corporações. O governo devia vigiar a cobrança das 
contribuições de acordo com a lei. As contribuições deviam ser proporcionais às 
despesas públicas tal como deveria acontecer com os actuais impostos. 
Artigo 236 
 'A Constituição reconhece a dívida pública. As Cortes designarão os fundos 
necessários para o seu pagamento ao passo que ela se for liquidando. Estes fundos serão 
administrados separadamente de quaisquer outros rendimentos públicos.' 
 Este artigo explica que deveriam ser as Cortes a designar os fundos necessários para 
o pagamento da dívida pública à medida que ela se fosse liquidando. 
 Apesar da grande importância que esta Constituição teve história e democracia 
portuguesa o seu período de vigência foi bastante curto devido à oposição dos mais 
conservadores, tanto outros liberais como absolutistas. A Constituição esteve apenas em 
vigência durante dois curtos períodos o primeiro de 1822 até à Vilafrancada em 1823 e 
de 1836 por ocasião da Revolução Setembrista até 1838 quando foi aprovada a nova 
Constituição de 1838. 
Carta Constitucional de 1826 
Contextualização histórica 
 Após a Revolução Liberal de 1820 e a instauração da Constituição de 1822 o país 
viveu um período bastante conturbado em termos políticos. A Constituição tinha um 
[Escrever texto] 
 
5 
 
cariz bastante radical, inspirado nas ideias da Revolução Francesa, e isso desiludiu 
alguns liberais mais moderados e provocou uma grande oposição sobretudo dos 
Absolutistas que eram liderados pela rainha Dª. Carlota Joaquina e pelo seu segundo 
filho o Infante D. Miguel.Em 1823, os absolutistas iniciaram uma insurreição que tinha 
como objectivo reinstaurar o regime absolutista. Tal ocasião ficou conhecida como 
Vilafrancada e iniciada por D. Miguel e a rainha acabou por ser mais tarde liderada pelo 
rei D. João VI que obrigou o Infante a submeter-se. A Constituição de 1822 foi 
revogada. Um ano mais tarde aquando da Abrilada, Dª Carlota Joaquina e D. Miguel 
conspiraram novamente pela reinstauração do absolutismo e com o objectivo de acabar 
com 'a pestilenta cáfila de pedreiros-livres', numa referência clara à Maçonaria liberal e 
constitucional . Após um período conturbado, o rei D. João IV apoiado por potências 
europeias, demitiu D. Miguel do seu cargo no exército e ordenou o seu exílio bem como 
o internamento de Dona Carlota Joaquina e a libertação de presos políticos. Após a 
morte de D. João VI em 1826, D. Pedro IV de Portugal e Imperador do Brasil, no seu 
curto reinado de 8 dias, outorgou uma nova Constituição, a Carta Constitucional de 
1826, e nomeou a sua filha D. Maria da Glória como sua sucessora. 
A Constituição 
 Este documento régio é designado de Carta Constitucional e não de Constituição já 
que foi outorgada pelo Rei e não imposta ao rei pelas Cortes. Este documento tinha um 
cariz muito mais moderado que a Constituição de 1822 tendo sido objectivo de D. Pedro 
unir liberais e absolutistas para que acabasse o período de instabilidade política e 
Portugal se pudesse finalmente desenvolver. 
Artigo 11 
'Os Poderes Políticos reconhecidos pela Constituição do Reino de Portugal são quatro: o 
Poder Legislativo, o Poder Moderador, o Poder Executivo e o Poder Judicial. ' 
 O poder executivo pertencia ao rei sendo exercido em conjunto com os ministros do 
Reino. O Conselho de Estado era agora de nomeação régia. 
 O poder judicial não sofria alterações face à Constituição de 1822 mantendo-se na 
posse de juízes e jurados. 
 O poder legislativo sofreu profundas transformações. Continuava a pertencer às 
Cortes, que eram agora bicamerais sendo compostas por uma Câmara dos Deputados, 
que eram eleitos por sufrágio censitário, e a Câmara dos Pares que era nomeada pelo rei 
e na qual se encontravam membros do Clero, da Nobreza e da própria família real. O 
Rei tinha o poder de convocar, adiar ou suspender as Cortes e podia vetar decisões lá 
tomadas. 
 O poder moderador foi a principal inovação da Carta. Era detido exclusivamente 
pelo rei o qual podia com este poder, convocar as Cortes, nomear os Pares do Reino, 
[Escrever texto] 
 
6 
 
dissolver a câmara dos deputados, nomear e demitir os deputados, demitir magistrados, 
conceder amnistias e perdões e vetar decisões vindas das Cortes. 
 A Carta enumerava ainda os direitos dos cidadãos, de que os mais importantes são o 
direito de liberdade de expressão, o direito de segurança pelo qual ninguém pode ser 
preso sem culpa formada, e o direito de propriedade. 
Constituição Económica 
TÍTULO VII 
CAPÍTULO III - DA FAZENDA PÚBLICA. 
Artigo 136 
 ' A Receita e Despesa da Fazenda Pública será encarregada a um Tribunal debaixo 
do nome de – Tesouro Público – onde em diversas Estações devidamente estabelecidas 
por Lei se regulará a sua administração, arrecadação e contabilidade.' 
Artigo 137 
 'Todas as Contribuições directas, à excepção daquelas que estiverem aplicadas aos 
juros, e amortizações da Dívida pública, serão anualmente estabelecidas pelas Cortes 
Gerais; mas continuarão até que se publique a sua derrogação, ou sejam substituídas por 
outras.' 
Artigo 138 
 'Ministro de Estado da Fazenda, havendo recebido dos outros Ministros os 
orçamentos relativos às despesas das suas Repartições, apresentará na Câmara dos 
Deputados anualmente, logo que as Cortes estiverem reunidas, um Balanço geral da 
receita e despesa do Tesouro no ano antecedente, e igualmente o orçamento geral de 
todas as despesas públicas do ano futuro, e da importância de todas as Contribuições, e 
Rendas públicas.' 
 Em termos económicos tal como a Constituição de 1822, a Carta de 1826 
apresentava-se pouco desenvolvida apresentando apenas estes três artigos em relação 
directa com a temática. Estes três artigos dizem sobretudo respeito as contribuições 
(impostos) e às despesas públicas que deveram ser iguais e estabelecidas pelas Cortes, 
excepto aquelas que digam respeito ao pagamento de juros e amortizações. Contudo 
aparece já aqui a ideia de Orçamento de Estado que deverá ser definido no ano anterior 
bem como a existência de um Balanço geral das receitas e despesas no ano anterior. A 
Carta tinha também um pendor economicamente liberal sendo garantido o direito à 
propriedade privada. 
 
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7 
 
Evolução 
 A Carta Constitucional de 1826 não teve no entanto o efeito desejado já que em vez 
de unir liberais e absolutistas sobre o mesmo desígnio apenas contribuiu para o aumento 
da tensão entre estas duas partes que culminou na Guerra Civil Portuguesa (1828-1834). 
Após a vitória dos liberais a Carta foi revogada e substituída pela nova Constituição de 
1838 mas com o governo de Costa Cabral a Carta foi retomada em 1842. Após o 
afastamento deste e as revoltas populares da Maria da Fonte e da Patuleia deu-se o 
movimento da Regeneração que procurou finalmente o desenvolvimento do país e a 
consolidação do liberalismo económico no qual se destacou Fontes Pereira de Melo. A 
Carta Constitucional sofreu quatro Actos Adicionais, 1852, 1885, 1895-1896 e 1907, 
semelhantes às actuais revisões constitucionais, que liberalizaram um pouco mais a 
Carta e a adaptaram às novas circunstâncias do país, como por exemplo a introdução do 
sufrágio directo ou a abolição da Pena de Morte por crimes políticos no Acto Adicional 
de 1852. Isso melhorou a estabilidade política do país apaziguando as diferenças entre 
setembristas e cartistas. A Carta Constitucional foi o documento constitucional que mais 
tempo esteve em vigor em Portugal (1826-1828), (1834-1836) e (1842-1910) tendo sido 
definitivamente afastada aquando da instauração da República em 1910. 
Constituição de 1838 
 Dos ideais liberais, fomentados pelo Jacobinismo na Revolução Francesa e 
propagados pela Europa no Ciclo Revolucionário de 1820, que influenciaram e 
moldaram a Constituição Vintista, personificada pelo Soberano Congresso que detinha, 
no fundo, todo o poder legislativo; e passando pela reafirmação da autoridade régia 
através da Carta Constitucional de 1826, observamos que a situação em termos de 
matéria constitucional caminha, indubitavelmente, de mãos dadas com a condição 
política e social de um país. A Constituição de 1838, terceiro documento constitucional 
do país e parte da história da monarquia constitucional, respeita tal como os seus 
predecessores e sucessores a mesma exacta condição. 
Enquadramento histórico 
 
 A Constituição de 1838 encontra os seus alicerces na Revolução Setembrista de 
1836, sendo, contudo, incauto apenas a referência à mesma sem uma prévia 
compreensão dos acontecimentos que a antecederam. 
 A morte de D. João VI, em 1826, levantou a problemática questão de sucessão, 
culminando na Guerra Civil Portuguesa que se travou entre 1828 e 1834, que opôs D. 
Pedro IV- defensor das pretensões de sua filha, D.ª Maria II, à Coroa Portuguesa e D. 
Miguel I, que viu as suas aspirações tornarem-se realidade após o seu reconhecimento 
no mínimo, discutível como Rei de Portugal, em 1828, pelas Cortes Gerais 
(acontecimento, esse, que pôs termo à Carta Constitucional de 1826 e se traduziu na 
retoma do absolutismo). 
[Escrever texto] 
 
8 
 
 O conflito terminou na derrota das forças miguelistas após intervençãodas 
principais potências europeias que apoiavam a causa de D. Pedro IV e o partido de sua 
filha, que advogava o constitucionalismo monárquico e consequente exílio de D. 
Miguel I. 
 O fim da era Miguelista significou, simultaneamente, a retoma da Carta 
Constitucional de 1826, mas não exclusivamente. Resultou, igualmente, no 
agravamento geral das condições de vida da população em função da guerra civil. Esta 
condição de pobreza na sociedade portuguesa, aliada ao crescente descontentamento em 
relação às políticas do novo Governo Cartista que beneficiavam a classe burguesa, não 
esquecendo que Portugal se encontrava altamente dependente de relações comerciais 
com a Inglaterra, negligenciando apesar do claro atraso nacional em relação aos seus 
pares europeus a sua indústria, fizeram nascer um novo movimento que clamava pela 
Soberania da Nação acima do régio e a retoma dos princípios democráticos da 
Constituição de 1822, o “Setembrismo”. A Revolta Setembrista de 1836, com o apoio 
da Guarda Nacional, obrigou à concessão do poder por parte de D.ª Maria II aos 
setembristas e à substituição da Carta Constitucional. 
 
 Apesar dos conflitos e instabilidade que se seguiram, este novo Governo aplicou 
medidas interessantes, abrangentes não apenas ao nível de desenvolvimento social, 
reformando a instrução primária, secundária e superior, como, igualmente, no panorama 
económico, impondo pautas proteccionistas a produtos estrangeiros manufacturados 
com vista a um verdadeiro arranque industrial português. 
 
Enquadramento económico da Constituição Portuguesa de 1838 
 
 A principal preocupação no nosso trabalho presente em todos os elementos do grupo 
uma vez que a Economia consiste, de facto, no nosso campo de estudo, interesse e 
competência (e tendo, naturalmente, em conta que a unidade curricular é Direito 
Económico) - foi proceder a uma análise dos diferentes documentos constitucionais, 
contextualizando-os em termos históricos, obviamente, sem nunca perder o foco no 
enquadramento económico característico de cada um. 
 A principal dificuldade em fazê-lo, contudo, reside no facto dos textos 
constitucionais pré Estado Novo, ou seja, prévios a 1933, não possuírem um verdadeiro 
enquadramento económico na real acepção da palavra. 
 
Título IV 
Artigo 34: 
“1º- O Poder Legislativo compete às Cortes com a Sanção do Rei” 
 
Título IV 
Artigo 37 
“Compete às Cortes: 
XII- Votar anualmente os impostos, e fixar a receita e despesa do Estado; 
[Escrever texto] 
 
9 
 
XIII- Autorizar o Governo para contrair empréstimos, estabelecendo ou 
aprovando previamente, excepto nos casos de urgência, as condições com que 
devem ser feitos; 
XIV- Estabelecer meios convenientes para o pagamento da dívida pública; 
XV- Regular a administração dos Bens Nacionais e decretar a sua alienação; 
XVI- Criar ou suprimir empregos e estabelecer-lhes ordenados;” 
 
Título IX 
Artigo 135 
“ Haverá um Tribunal de Contas, cujos membros serão eleitos pela Câmara de 
Deputados. 
1º - Pertence ao Tribunal de Contas verificar e liquidar as contas da receita e do 
Estado, e as de todos os responsáveis para com o Tesouro Público. 
2º - Uma lei especial regulará a sua organização e mais atribuições” 
 
 Os assuntos económicos da Nação (ou a “Fazenda Nacional”), tal como fixar 
impostos e controlar a dívida pública, eram tradicionalmente deixados à 
responsabilidade do poder legislativo, das Cortes. Assim, uma análise de forma a aferir 
a capacidade do jugo legislador de tomar decisões, com uma certa autonomia e 
independência face ao poder Executivo, torna-se pertinente e fundamentalmente uma 
questão de cariz económico. 
 A Carta Constitucional outorgada por D. Pedro IV, em 1826, apresentou uma 
diferença, em termos do poder Legislativo, significativa e expressiva do rompimento 
com os ideais que serviram de base ao primeiro documento constitucional português. 
Procedeu-se à divisão das Cortes em duas Câmaras: a Câmara dos Pares (Câmara Alta) 
e de Deputados (Câmara Baixa). Este sistema bicameral ainda vigora, a título de 
exemplo, em países como o Brasil ou os Estados Unidos da América. A nomeação de 
determinados membros das Cortes todos os membros da Câmara de Pares e, igualmente, 
o Presidente e Vice-Presidente da Câmara dos Deputados cabia ao Regente da Nação, 
sendo o Príncipe e Infantes do Reino “Pares” por direito de nascença. Este carácter de 
hereditariedade e influência régia nos assuntos das Cortes apresenta-se em directa 
oposição às normas estipuladas e valores presentes na Constituição de 1822, na qual 
todos os membros das Cortes Constituintes eram elegidos de forma directa pelo Povo, 
pelos eleitores “aptos” a exercer o seu direito de voto. 
 A Constituição de 1838 surge, essencialmente, como um meio-termo entre os 
valores radicais e mais tradicionais, representativos, respectivamente, da Constituição 
de 1822 e da Carta Constitucional de 1826. 
 O poder Legislativo do Estado manteve-se dividido em duas Câmaras: a Câmara dos 
Senadores e a Câmara dos Deputados. Não obstante, o processo de eleição não mais 
dependia da nomeação Real ou hereditariedade (à excepção do Príncipe Real, Senador 
de direito aos 18 anos com direito de voto aos 25, tal como se encontra consagrado no 
artigo 60) e aproximava-se do processo eleitoral estabelecido na primeira Constituição, 
o que conferia uma imagem renovada de respeito aos mais fulcrais e indispensáveis 
valores democráticos. Imagem, essa, completamente irreconhecível na Carta 
[Escrever texto] 
 
10 
 
Constitucional. Apesar de tudo, a Constituição de 1838 não assumia o tom de 
liberalismo puro da primeira Constituição, na medida em que o poder Legislativo, que 
competia às Cortes Constituintes, se encontrava sujeito a Sanção Real, ou por outras 
palavras, o Rei detinha o poder de veto absoluto. 
 Apesar do seu merecido lugar na História Constitucional Portuguesa, num dos mais 
instáveis e conturbados períodos a nível social e político, nomeadamente devido aos 
incessáveis e constantes conflitos entre Setembristas e Cartistas e, inclusivamente, entre 
as próprias facções setembristas, do centro à extrema esquerda, o carácter híbrido e a 
própria Constituição de 1838 é vista, por muitos historiadores contemporâneos, citando 
o autor Júlio Silva, como “uma mera transição entre dois tempos fortes: a Revolução de 
Setembro de 1836 e a restauração da Carta Constitucional de 1826 a 10 de Fevereiro de 
1842”. (2012). 
 
Constituição de 1911 
“A Assembleia Nacional Constituinte, tendo sancionado, por unanimidade, na 
sessão de 19 de Junho de 1911, a Revolução de 5 de Outubro de 1910, e afirmando 
a sua confiança inquebrantável nos superiores destinos da Pátria, dentro de um 
regime de liberdade e justiça, estatui, decreta e promulga, em nome da Nação, a 
seguinte Constituição Política da República Portuguesa.” 
 
Título I 
Artigo 1 
“A Nação Portuguesa, organizada em Estado Unitário, adopta como forma de 
governo a República, nos termos desta Constituição.” 
 
Título III 
Artigo 5 
“A soberania reside essencialmente na Nação.” 
 
Enquadramento histórico 
 
 A Revolução de 5 de Outubro, a partir da qual nasceu a Constituição de 1911, ficará, 
para sempre, perpetuada como um dos mais importantes marcos da História democrática 
portuguesa. O dia em que aqueles que sonhavam e lutavam por uma sociedade 
igualitária, que promovesse a liberdade e a democracia, transcenderam-se e cortaram as 
amarras que, tradicionalmente, os mantinham cativos, parte de um sistema de 
governação que cada vez menos fazia sentido na sociedade contemporânea. O dia em amonarquia foi suplantada. O dia em que foi instaurado, em Portugal, um regime 
republicano a Primeira República Portuguesa. 
 
 Neste trabalho é sublinhada a instabilidade política criada pelo confronto de facções, 
ideologicamente distintas, como tradicionalistas e constitucionalistas, setembristas e 
cartistas e, com maior relevância para a Revolução de 5 de Outubro, entre progressistas 
[Escrever texto] 
 
11 
 
e regeneradores (liderados por João Franco que chegou, inclusive, a implantar um 
estado antipartidário, que configurava uma imagem ditatorial). O rotativismo entre estes 
últimos partidos fundamentalmente defensores do liberalismo criou uma confusão e 
divisão profunda nos Portugueses, sendo que a sua influência, inegável à época, e que a 
par com o Partido Republicano e Carbonária, terá estado na base da dissidência que 
resultou, ultimamente, no regicídio de 1908. 
 
 A Constituição de 1911 resultou das considerações e deliberações da Assembleia 
Nacional Constituinte, composta maioritariamente por elementos do Partido 
Republicano, e vigorou até ser dissolvida na sequência dos acontecimentos da 
Revolução Nacional, em 1926, que conduziram ao término da Primeira República 
Portuguesa e a implementação do que ficou conhecido como a Ditadura Militar, 
precursora do Estado Novo de 1933. 
 
Enquadramento económico 
 
 Apesar do carácter e relevância, inalienáveis, da Constituição de 1911, o primeiro 
documento constitucional republicano, a verdade é que se constitui como uma fraca 
base em termos de conteúdo respeitante à economia nacional. Aliás, apenas como 
curiosidade, os termos “economia” ou “económicos” não aparecem uma única vez 
discriminados em toda a Constituição de 1911 que, por sinal, foi o menor dos textos 
constitucionais, com apenas 87 artigos, e poder-se-ia caracterizar como um verdadeiro 
diploma estipulador das regras e normas que deveriam reger a vida política nacional. 
 
Título 
Artigo 26 
“Compete privativamente ao Congresso da República: 
3º - Orçar a receita e fixar a despesa da República, anualmente, tomar as contas da 
receita e despesa de cada exercício financeiro e votar anualmente os impostos; 
4º - Autorizar o Poder Executivo a realizar empréstimos e outras operações de 
crédito, que não sejam de dívida flutuante, estabelecendo ou aprovando 
previamente as condições gerais em que devem ser feitos; 
5º - Regular o pagamento da dívida interna e externa; 
8º Criar e suprimir alfândegas;” 
 
 O direito proprietário, direito e garantia tipicamente liberal continuava consagrado 
nas suas páginas, como tinha acontecido em Constituições anteriores; manteve-se o 
poder tripartido e a estrutura bicameral do poder Legislativo (concentrado no Congresso 
da República, por sua vez dividido em Câmara dos Deputados e Câmara dos Senadores, 
que detinha, além das usuais responsabilidades de gerir os assuntos económicos do país, 
como se encontra acima transcrito, o controlo sobre o Poder Executivo o Presidente da 
República não era nomeado segundo sufrágio directo, mas sim escolhido pelos 
membros do Congresso). Na realidade, apesar da mudança no Poder Executivo, do Rei 
para Presidente da República e Ministros, apresentada pela nova Constituição 
[Escrever texto] 
 
12 
 
Republicana, não existe, em toda a sua extensão, uma referência verdadeiramente 
significativa para o domínio deste trabalho. É importante notar, no entanto, que as 
noções de planeamento e de um Estado forte, interventivo na economia, seriam 
completamente incompatíveis e incongruentes com os ideais que dominavam a 
sociedade no momento da sua redacção. 
 
Constituição de 1933 
Contextualização 
 A Constituição de 1933 foi a constituição que vigorou em Portugal durante o 
período do Estado Novo (1933-1974) tendo sido antecedido pela 1ª república e pela 
ditadura militar que permitiu a sua criação. Durante a 1ª República o país não se 
desenvolveu na medida em que prometiam os seus fundadores. Outros factores como a 
grande instabilidade política e social e a participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial 
levaram a que surgisse entre os conservadores um desejo para ordem que faltava 
durante o período da 1ª República. Assim com a Revolução de 28 de Maio de 1926 
surgiu a ditadura militar sendo em 1933 foi fundado o Estado Novo bem como o seu 
documento orientador, a Constituição de 1933. Este período caracterizou-se pela 
existência de uma ditadura centrada na figura de um líder, António de Oliveira Salazar e 
de um partido, a União Nacional, único partido autorizado. Ideologicamente este regime 
encontrava-se próximo do fascismo italiano sobretudo até ao fim da Segunda Guerra 
Mundial, partilhando algumas das suas ideias principais como o corporativismo, a 
centralização do poder no poder executivo e a intervenção forte do Estado na economia, 
o proteccionismo, a censura e repressão dos opositores, o anti-comunismo e anti-
liberalismo que são opostos por uma forte ideia de nacionalismo. Contudo apresentou 
também algumas características próprias como o tradicionalismo, o forte papel da Igreja 
Católica no Estado, e o isolacionismo. Após 1945 o regime aproximou-se das 
democracias ocidentais, deixou cair o corporativismo fascista mas manteve os seus 
outros princípios intactos. 
Constituição 
 A Constituição portuguesa de 1933 foi criada após a subida ao cargo de presidente 
do Conselho de António de Oliveira Salazar, que granjeou enorme crédito após o seu 
mandato como ministro das Finanças no qual conseguiu controlar a inflação. Esta 
Constituição tinha um teor ideológico bem patente, com a defesa dos princípios base do 
regime, corporativismo, tradicionalismo, colonialismo e nacionalismo. O papel do 
Presidente da República era negligenciado já que o próprio tinha de responder perante o 
Conselho de Ministros, o Presidente foi eleito até 1959. O poder executivo foi ampliado 
como em qualquer regime autoritário com a centralização de poderes no Governo e 
particularmente no Presidente do Conselho de Ministros, Salazar, que era nomeado. O 
parlamento era bicameral, composto pela Assembleia Nacional, no qual só existiam 
[Escrever texto] 
 
13 
 
deputados da União Nacional escolhidos por um processo eleitoral limitado e 
controlado pelo Governo, e uma Câmara Corporativa com um carácter consultivo. 
"Não discutimos Deus e a Virtude. Não 
discutimos a Pátria e a sua História. Não 
discutimos a Autoridade e o seu Prestígio. 
Não discutimos a Família e a sua Moral. 
Não discutimos a Glória do Trabalho e o 
seu Dever." 
-António de Oliveira Salazar 
 Esta famosa frase de António de Oliveira Salazar revela precisamente alguns dos 
principais pontos do regime do Estado Novo e da Constituição de 1933, tradicionalismo 
e forte influência da religião, nacionalismo, autoritarismo e conservadorismo. 
Artigo 5º 
'O Estado português é uma república unitária e corporativa, baseada na igualdade dos 
cidadãos perante a lei, no livre acesso de todas as classes aos benefícios da civilização e 
na interferência de todos os elementos estruturais da Nação na vida administrativa e na 
feitura das leis. 
único - A igualdade perante a lei envolve o direito de ser provido nos cargos públicos, 
conforme a capacidade ou serviços prestados e a negação de qualquer privilégio de 
nascimento, nobreza, título nobiliárquico, sexo ou condição social, salvas quanto à 
mulher, as diferenças resultantes da sua natureza e do bem da família, e, quanto aos 
encargos ou vantagens dos cidadãos, as impostas pelas diversidade das circunstâncias 
ou pela natureza das coisas.' 
Título VIII 
Da ordem económica e social 
Artigo 34º 
'O Estadopromoverá a formação e o desenvolvimento da economia nacional 
corporativa, visando a que os seus elementos não tendam a estabelecer concorrência 
desregrada e contrária aos justos objectivos da sociedade e deles próprios, mas a 
colaborar mutuamente como membros da mesma colectividade.' 
Artigo 39º 
'Nas relações económicas entre o capital e o trabalho não é permitida a suspensão de 
actividades por qualquer das partes com o fim de fazer vingar os respectivos interesses' 
Constituição Económica 
 Em termos de comércio internacional o regime do Estado Novo a partir da 
Constituição de 1933 estabeleceu políticas proteccionistas bem espelhada na Lei do 
[Escrever texto] 
 
14 
 
Condicionamento Industrial de 1931, ainda anterior à própria constituição, que 
dificultassem ao máximo as importações e substituindo as mesmas importações. Isto 
contribuiu para o atraso tecnológico e de desenvolvimento do país e levou a uma fraca 
qualidade dos bens e serviços comercializados. Mesmo após a entrada do país na EFTA 
em 1961 a política proteccionista continuou embora suavizada. O regime favoreceu 
também a exploração dos recursos naturais das colónias construindo indústrias 
directamente ligadas aos mesmos. Em termos empresariais existia uma quase oligarquia 
com os grandes empresários com ligações ao regime a controlarem grande parte das 
principais empresas. A concorrência não era bem vista nem incentivada sobretudo nos 
sectores mais importantes. Os trabalhadores tiveram os seus direitos limitados como 
vêm expresso nas disposições do Estatuto do Trabalho Nacional (1933). Inspirada pela 
Carta del Lavoro da Itália fascista este documento lançou as bases do corporativismo 
em Portugal. Tal foi descrita por Marcello Caetano, um dos seus redactores, em 1938 da 
seguinte forma: "Corresponde exactamente, pela sua natureza, estrutura e fins, à Carta 
del Lavoro italiana, da qual até traduz algumas fórmulas de doutrina e organização". Os 
sindicatos livres foram abolidos, o direito à greve negado, tal como está expresso no 
artigo 39º, e foram criadas várias corporações. Contudo a ETN não explicitava a 
proibição de associações livres, deixava sim implícita por falta de espaço para elas. 
Apesar de este ter sido o documento fundador do corporativismo português autoritário 
para que este se precisasse e definisse, foi necessário esperar por posteriores decretos-lei 
e pelas praticas que se foram sedimentando ao longo do tempo por vezes em 
divergência com os textos e proclamações originais. Após a Segunda Guerra Mundial 
este documento tornou-se totalmente ultrapassado e tornou-se um 'fóssil' mas no qual 
ninguém ousou tocar para actualizar ou revogar. 
 Em 1945 a Lei do Fomento e da Reorganização Industrial foi a primeira indicação da 
futura viragem do país para a indústria. Essa industrialização do país arrancou nos anos 
1950 devido à existência de grandes divisas de ouro nos cofres do Banco de Portugal, 
um regime autárquico, fontes de financiamento públicas e o recebimento de fundos 
americanos associados ao Plano Marshall. 
 No I Plano de Fomento (1953-1958) a aposta centrou-se na criação de infra-
estruturas de modo a facilitar a circulação de bens, pessoas e capitais para favorecer o 
crescimento da indústria. Contudo também existiram investimentos no sector agrícola. 
 No II Plano de Fomento (1959-1964) o enfoque foi dado à indústria transformadora 
de base (siderurgia, químicos, refinação de petróleo, celulose) verificando-se um 
desinvestimento na agricultura. 
 Entre 1965 a 1967 esteve em vigor o Plano Intercalar de Fomento. Após a entrada do 
país em organismos internacionais como a EFTA, o FMI ou o GATT, Salazar sentiu 
necessidade de rever o objectivo da autarcia e adaptar o país à concorrência externa 
apostando nas exportações de produtos intensivos em trabalho. 
 O III Plano de Fomento foi posto em prática no período (1968-1973), já por 
Marcello Caetano, foi o mais capitalista centrando-se na captação de investimento 
[Escrever texto] 
 
15 
 
estrangeiro, liberalização da concorrência e do mercado e na continuação da política de 
exportações vinda do Plano Intercalar de Fomento. 
 Um IV Plano de Fomento (1974-1979) não chegou a ser aplicado devido à 
Revolução do 25 de Abril. Neste período de industrialização, Portugal teve um forte 
crescimento económico conseguindo aumentar bastante as suas exportações mas à custa 
de uma perda de importância da agricultura já que não existiu a mecanização necessária 
deste sector. 
Conclusão: 
 A Constituição de 1933 foi a primeira constituição portuguesa com um modelo 
económico subjacente, corporativismo, proteccionismo e intervenção do Estado na 
economia, tendo sido aplicada numa lógica autoritária. Globalmente a constituição não 
sofreu grande alterações ao longo do tempo já que serviu convenientemente os 
interesses económicos do regime. Com a mudança de regime após o 25 de Abril de 
1974 a Constituição foi naturalmente substituída por uma nova Constituição de cariz 
democrático, a Constituição de 1976. 
Constituição de 1976 
“A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa 
resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou 
o regime fascista. 
 
Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma 
transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade 
portuguesa. 
 
A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No 
exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se 
para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do País.” 
 
-Preâmbulo da Constituição Portuguesa de 1976 (Itálico adicionado) 
 
 O final do último século é marcado como um palco de transformações que definiram 
grande parte do nosso quotidiano. No espaço de poucas décadas surgem novas 
ideologias, novas tecnologias, descobrimentos e inovações que marcaram o mundo, 
mudaram a história e definiram o futuro global. Portugal não ficou ausente do “espírito 
de mudança”. A “pacífica” revolução de 1974, a queda do regime ditatorial, assinalou 
uma “viragem histórica” em Portugal levando como estandarte as três palavras-lema do 
Movimento das Forças Armadas, “Democratizar, Descolonizar, Desenvolver.” 
 
 A emergência de uma nova ideologia política e visão para Portugal levou a uma 
profunda reforma na Constituição. A 25 de Abril de 1975, no 1º aniversário da 
[Escrever texto] 
 
 
Revolução dos Cravos, foi eleita a Assembleia cujos deputados se encarregariam de 
desenvolver e apresentar a que seria a mais extensa Constituição Portuguesa. Com uma 
forte base socialista, a Constituição de 1976 faz frequentes menções aos objectivos de 
conseguir uma “sociedade sem classes”, “abolir a exploração e a opressão do homem 
pelo homem” e faz referência às nacionalizações como “conquistas irreversíveis da 
classe operária”. Em relação ao último ponto, é relevante observar o facto de Portugal se 
ter transformado, no espaço de poucos anos, de um país governado 
iniciativas privadas a um país com o maior “Sector Empresarial do Estado” na OCDE.
 
“A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a 
independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de 
estabelecer os princípios basilares
de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito 
da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais 
 
-Preâmbulo 
 
 Com a passagem do tempo, o fundamento socialista da original Constituição de1976 foi sendo reformado e adaptado segundo o contexto político. Duas grandes 
reformas se destacam. Em primeir
alterações linguísticas que ocorreu em 1982, e em segundo lugar a revisão de 1989. No 
âmbito Económico, a reformulação de 1989 teve especial importância ao permitir a 
privatização de empresas e propriedade previ
algumas hoje consideradas “restrições” ao funcionamento da economia. 
 
 
Seguem-se alguns artigos exemplares retirados da Constituição original de 1976:
16 
Revolução dos Cravos, foi eleita a Assembleia cujos deputados se encarregariam de 
esentar a que seria a mais extensa Constituição Portuguesa. Com uma 
forte base socialista, a Constituição de 1976 faz frequentes menções aos objectivos de 
conseguir uma “sociedade sem classes”, “abolir a exploração e a opressão do homem 
eferência às nacionalizações como “conquistas irreversíveis da 
classe operária”. Em relação ao último ponto, é relevante observar o facto de Portugal se 
ter transformado, no espaço de poucos anos, de um país governado maioritariamente 
das a um país com o maior “Sector Empresarial do Estado” na OCDE.
“A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a 
independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de 
estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado 
de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito 
da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais 
justo e mais fraterno.” 
Preâmbulo da Constituição Portuguesa de 1976 (Itálico adicionado)
Com a passagem do tempo, o fundamento socialista da original Constituição de 
1976 foi sendo reformado e adaptado segundo o contexto político. Duas grandes 
reformas se destacam. Em primeiro lugar, a revisão com foco administrativo e 
alterações linguísticas que ocorreu em 1982, e em segundo lugar a revisão de 1989. No 
âmbito Económico, a reformulação de 1989 teve especial importância ao permitir a 
privatização de empresas e propriedade previamente nacionalizada em 1976 e ao retirar 
algumas hoje consideradas “restrições” ao funcionamento da economia. 
se alguns artigos exemplares retirados da Constituição original de 1976:
 
Revolução dos Cravos, foi eleita a Assembleia cujos deputados se encarregariam de 
esentar a que seria a mais extensa Constituição Portuguesa. Com uma 
forte base socialista, a Constituição de 1976 faz frequentes menções aos objectivos de 
conseguir uma “sociedade sem classes”, “abolir a exploração e a opressão do homem 
eferência às nacionalizações como “conquistas irreversíveis da 
classe operária”. Em relação ao último ponto, é relevante observar o facto de Portugal se 
maioritariamente por 
das a um país com o maior “Sector Empresarial do Estado” na OCDE. 
“A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a 
independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de 
da democracia, de assegurar o primado do Estado 
de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito 
da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais 
da Constituição Portuguesa de 1976 (Itálico adicionado) 
Com a passagem do tempo, o fundamento socialista da original Constituição de 
1976 foi sendo reformado e adaptado segundo o contexto político. Duas grandes 
o lugar, a revisão com foco administrativo e 
alterações linguísticas que ocorreu em 1982, e em segundo lugar a revisão de 1989. No 
âmbito Económico, a reformulação de 1989 teve especial importância ao permitir a 
amente nacionalizada em 1976 e ao retirar 
algumas hoje consideradas “restrições” ao funcionamento da economia. 
se alguns artigos exemplares retirados da Constituição original de 1976: 
[Escrever texto] 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARTIGO 54.º 
(Obrigações do Estado quanto aos direitos dos trabalhadores) 
“Incumbe ao Estado assegurar as condições de trabalho, retribuição e repouso a que 
os trabalhadores têm direito, nomeadamente: 
a) O estabelecimento e a actualização do salário mínimo nacional, bem como do 
salário máximo, tendo em conta, entre outros factores, as necessidades dos 
trabalhadores, o aumento do custo de vida, o nível de desenvolvimento das forças 
produtivas, as exigências da estabilidade económica e financeira e a acumulação para 
o desenvolvimento; (...)” 
ARTIGO 80.º 
(Fundamento da organização económico-social) 
“A organização económico-social da República Portuguesa assenta no 
desenvolvimento das relações de produção socialistas, mediante a apropriação 
colectiva dos principais meios de produção e solos, bem como dos recursos naturais, e 
o exercício do poder democrático das classes trabalhadoras.” 
 Podemos observar aqui o foco por parte da administração original na nacionalização 
das empresas, propriedades e meios produtivos importantes para a satisfação das 
necessidades do povo português. Para além disto, são determinadas as responsabilidades 
do estado perante trabalhadores e condições de trabalho. Tópicos que até hoje são 
frequentemente debatidos. 
 Em seguida podemos observar as diferenças na Constituição de 1976 e numa 
revisão mais recente (2005) no que se refere à posição adoptada face à iniciativa 
privada. É notável a diferença no aspecto da gestão e autonomia. 
ARTIGO 85.º - Constituição em 1976 
[Escrever texto] 
 
18 
 
(Iniciativa privada) 
“1. Nos quadros definidos pela Constituição, pela lei e pelo Plano pode exercer-se 
livremente a iniciativa económica privada enquanto instrumento do progresso 
colectivo. 
2. A lei definirá os sectores básicos nos quais é vedada a actividade às empresas 
privadas e a outras entidades da mesma natureza. 
3. O Estado fiscalizará o respeito da Constituição, da lei e do Plano pelas empresas 
privadas, podendo intervir na sua gestão para assegurar o interesse geral e os direitos 
dos trabalhadores, em termos a definir pela lei.” 
 
ARTIGO 61.º - Constituição em 2005 
(Iniciativa privada, cooperativa e autogestionária) 
“1. A iniciativa económica privada exerce-se livremente nos quadros definidos pela 
Constituição e pela lei e tendo em conta o interesse geral. 
2. A todos é reconhecido o direito à livre constituição de cooperativas, desde que 
observados os princípios cooperativos. 
3. As cooperativas desenvolvem livremente as suas actividades no quadro da lei e 
podem agrupar-se em uniões, federações e confederações e em outras formas de 
organização legalmente previstas. 
5. É reconhecido o direito de autogestão, nos termos da lei.” 
 As medidas e ideologias da Constituição de 1976, e mesmo as suas reformas, 
continuam a ser debatidas na actualidade. Por exemplo, a 5 de Novembro, Paulo Portas 
discursou focando as revisões da constituição de 1976 defendendo que cada reforma 
leva a um melhoramento. “Nós continuamos a pensar que era preferível que a 
Constituição não tivesse um preâmbulo que faz de cada um de nós um socialista”, disse, 
na sua crítica a “um documento ideológico que quer condicionar o que somos”. Por 
outro lado, no 36º Aniversário da Constituição, a CGTP publicamente a defendeu 
afirmando que “permanece como instrumento fundamental da defesa dos nossos 
direitos, liberdades e garantias”, e que “é uma das nossas grandes defesas contra os 
ataques de que o povo e os trabalhadores portugueses estão a ser vítimas neste momento 
difícil.”. 
 Como lei fundamental do Estado, a Constituição Portuguesa continuará certamente a 
ser alvo de adaptações e reformulações enquanto existirem diferentes opiniões e pontos 
de vista políticos, económicos ou sociais. Apesar detudo isto, a Constituição será 
sempre baseada nos mesmos princípios que a fundamentaram, isto é, o desejo de 
proteger a liberdade, a autonomia dos portugueses e garantir o desenvolvimento do país. 
[Escrever texto] 
 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclusão 
 Com este trabalho propusemo-nos a analisar os seis documentos constitucionais 
que fizeram parte da história portuguesa. Verificamos que os diferentes documentos 
tiveram subjacentes diferentes ideologias e também foram influenciados pelos 
diferentes momentos históricos em que os mesmos foram redigidos. Não podemos 
concluir este trabalho sem fazer uma análise à evolução que existiu desde a Constituição 
de 1822 até à actualidade sobretudo em matéria económica. A Constituição de 1822 foi 
à data da sua criação uma das mais liberais de todo o mundo algo que caiu como um 
choque num país que tinha até dois anos antes um regime absolutista. Em parte devido a 
esse mesmo choque em 1826 foi outorgada uma Carta Constitucional de pendor bem 
mais moderado mas que manteve o liberalismo económico que seria a norma até à 
Revolução Republicana de 1910. Também a Constituição de 1838 manteve os mesmos 
princípios liberais. A Constituição de 1911 foi muito importante na história de Portugal 
mas tal como as anteriores não apresentou uma verdadeira Constituição Económica 
mantendo no entanto os princípios liberais das constituições monárquicas. Apenas com 
a Constituição de 1933 tivemos uma verdadeira Constituição Económica, assente nos 
princípios do corporativismo fascista, de um dirigismo económico por parte do Estado, 
de uma supressão dos direitos dos trabalhadores e proteccionismo assente num regime 
ditatorial. Com a Constituição de 1976 deu-se uma viragem à esquerda com o objectivo 
da criação de uma sociedade socialista. Nesta constituição a intervenção do Estado tinha 
originalmente um grande peso com os sectores estratégicos a pertencerem ao Estado e 
uma grande concessão de direitos aos trabalhadores. Contudo a iniciativa privada estava 
assegurada nos restantes sectores da economia tal como a cooperativa e autogestionária. 
No entanto à medida que o país foi evoluindo para a direita em matéria económica 
também as sucessivas revisões constitucionais forem neste sentido, particularmente 
visível no caso das nacionalizações/privatizações. O futuro é incerto mas espera-se que 
a Constituição de 1976 se continue a reformar de modo a se adequar melhor às políticas 
económicas que estejam a ser aplicadas. 
 
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20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia 
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21 
 
 
 
	 Em seguida podemos observar as diferenças na Constituição de 1976 e numa revisão mais recente (2005) no que se refere à posição adoptada face à iniciativa privada. É notável a diferença no aspecto da gestão e autonomia.

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