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Capítulo 8 – Influência (liderança) e poder Gerir depende da capacidade de influenciar os outros. Os gestores para fazerem o seu trabalho (acrescentar valor aos recursos) têm de conseguir influenciar os outros (superiores, colegas, subordinados e pessoas fora da organização). Assim compreender os vários modelos que explicam o comportamento do líder não só o ajuda a escolher a perspetiva adequada ao contexto mas também permite aos subordinados identificar a perspetiva que está a ser utilizada para poder decidir a resposta a dar. Possíveis respostas à influência (Kelman): - Resistência – trabalhadores não se comprometem com o trabalho, recusando- se a fazer o que lhes é pedido ou fazendo-o sem qualquer tipo de entusiasmo. - Submissão – os trabalhadores aceitam a influência do gestor porque esperam ficar bem vistos aos seus olhos, tentando evitar problemas futuros - Identificação – o trabalhador age da maneira que lhe pedem porque se identificam com a maneira de pensar de quem influencia, acreditando no que está a fazer. - Interiorização – o trabalhador aceita a influencia porque esta é consistente com as suas crenças e valores, concordando com o que está a ser feito para resolver o problema. 1.1 Modelo dos traços Traços – características das pessoas que influenciam o seu comportamento. Cinco grandes traços: - Abertura – explorador (criativo, de mente aberta, intelectual) / conservador; - Consciência – focado (autodisciplinado, orientado para os objetivos) / flexível; - Extroversão – extrovertido (positivo, entusiasta) / introvertido; - Agradabilidade – adaptado (simpático, condescendente) / desafiador; - Neuroticísmo – reativo (ansioso, consciente) / resiliente. Limitações do modelo: - Número de fatores; - Possibilidade de efeitos de outras variáveis; - Possibilidade de efeito do contexto. Líder transacional (James Burns - 1978) – motivam os subordinados para que o seu desempenho seja o esperado (normal), dando recompensas a quem o conseguir quando a organização está em fase negocial e de elaboração de estrutura). Líder transformacional (James Burns - 1978) – motivam os subordinados para que o seu desempenho seja melhor que o esperado, concentrando-se em objetivos e missões elevadas de nível intrínseco e promovendo a autoconfiança nas capacidades dos subordinados para que se consigam atingir, com a ajuda do líder, as missões elevadas (quando a organização está na fase de trabalho coletivo e de formalização). 1.2 Modelos comportamentais Modelo Ohio State University Dimensões do comportamento do líder: - Initiating structure – padrão de comportamento do líder que enfatiza o desempenho no trabalho para conseguir atingir resultados de produção: o Atribuição de tarefas específicas aos trabalhadores; o Definição de padrões de desempenho; o Calendarização do trabalho a fazer pelos subordinados; o Encorajamento da utilização de processos uniformes. - Consideration – padrão do comportamento do líder que evidencia a sensibilidade ao relacionamento e às necessidades sociais dos subordinados: o Apreciação do trabalho bem feito; o Não esperar mais dos trabalhadores do que eles podem dar e ajudá- los; o Premiar os melhores desempenhos. Modelo University of Michigan Líder centrado no trabalho – análogo ao “initiating structure” Líder centrado do trabalhador – análogo ao “consideration” Blake e Mouton Estilo estéril / empobrecido (1,1) – pouca preocupação tanto com a produção quanto com as pessoas. O objetivo dos gestores é manterem-se fora de problemas, passando informações aos subordinados com base no sistema estabelecido, assegurando-se de que ninguém o pode culpar se alguma coisa correr mal. Estilo clube de campo (1,9) – o gestor tenta criar um ambiente familiar seguro e confortável. Os subordinados responderão produtivamente. Estilo produzir ou morrer (9,1) – o gestor não tem em consideração as necessidades dos subordinados, dando importância apenas às necessidades da organização. Usa a sua autoridade formal para persuadir os subordinados a cumprir as metas de produção. Estilo a meio do caminho (5,5) – obtém-se um desempenho adequado através do balanceamento entre a necessidade de ter o trabalho feito e a atenção aos interesses dos trabalhadores. Estilo de equipa (9,9) – perspetiva mais eficaz, visando tanto um desempenho elevado quanto uma satisfação dos trabalhadores. O gestor consegue isto criando relações de confiança e respeito com os trabalhadores. 1.3 Modelos situacionais ou contingenciais Os gestores influenciam os outros através da adaptação do seu estilo às circunstâncias. Estudos de Kurt Lewin O comportamento do líder pode ser: - Autocrático – decide unilateralmente, impondo métodos de trabalho e limitando o conhecimento do objetivo; - Democrático – envolve o grupo na tomada de decisão, deixando-os determinar o modo de trabalho e dando a conhecer os objetivos gerais e apresentando o seu feedback; - Laissez-faire – dá inteira liberdade aos elementos do grupo, fornecendo-lhes os meios necessários e participando apenas para responder a questões, não dando nunca o seu feedback. Modelo de Fiedler Desempenho do grupo depende da situação e do estilo (traços) do líder: Relações entre o líder e os membros – grau de confiança e de respeito que os subordinados têm pelo líder. Estruturação da tarefa – grau em que a definição do trabalho dos elementos do grupo está formalizada. Poder estatutário do líder – grau de poder real que o líder tem A eficácia do líder depende, assim, da combinação entre o seu estilo e as variáveis da situação. Modelo de Tannenbaum e Schmidt (1973) Comportamento reflete 3 forças: Gestor – personalidade, valores, preferenciais, crenças na participação e confiança nos subordinados; Subordinados – independência, tolerância à ambiguidade, conhecimento do problema, expectativas da envolvente. Situação – normas, dimensão e eficácia do grupo, eficácia do trabalho em equipa, natureza do problema. Modelo de Vroom O comportamento do líder deve ajustar-se à estrutura da tarefa. - decide: decide sozinho e comunica ao grupo; - consulta individual: apresenta o problema individualmente aos elementos do grupo, guarda sugestões e decide; - consulta o grupo: apresenta o problema numa reunião aos elementos do grupo, guarda sugestões e decide; - facilitador: age no grupo como facilitador, define o problema e os limites da decisão; - delega: permite ao grupo decidir os limites definidos. Modelo de Path-Goal Tipos de comportamento do líder: - Diretivo: Dá a conhecer o que é esperado do subordinado; Orienta os métodos; Clarifica padrões de avaliação e de recompensas. - Apoio: Trata os subordinados como iguais; Mostra consideração pelo seu bem-estar; Tenta tornar o local de trabalho mais agradável e melhorar as relações; - Participativo: Consulta os subordinados; Encoraja sugestões; Considera as suas opiniões na decisão. - Orientação excelência: Estabelece objetivos desafiantes; Espera níveis de excelência dos subordinados; Desenvolve a autoconfiança. Fontes do poder Poder legítimo – relacionado com a posição hierárquica da pessoa na organização. Poder de atribuir recompensas – capacidade de recompensar outra pessoa se esta cumprir com o que lhe é pedido. Poder coercivo – capacidade de obter submissão dossubordinados através do medio, do castigo ou do dano. Poder referencial ou carismático – características de uma pessoa que são apelativas a outras fazem com que as segundas sigam as instruções dadas pelas primeiras. Competência – reconhecimento do conhecimento técnico ou administrativo de alguém a quem, por isso, obedece. 1.4 Táticas para influenciar Persuasão racional – uso de argumentos lógicos e evidências factuais para persuadir a pessoa de que a sua ideia é a correta. Apelo inspiracional – a pessoa dá uma ideia que trás entusiasmo à outra por apelar aos seus valores, ideias ou aspirações ou fazendo-a acreditar que consegue fazer aquilo. Consulta – pessoa requer a ajuda da outra no planeamento de uma estratégia, atividade ou mudança que desejava que a sua colaboração fosse requerida. Sedução – a pessoa pede a ajuda de outros para convencer a outra. Troca – a pessoa oferece a outra algo em troca se esta fizer o que a outra pediu ou diz que os outcomes serão divididos pelas duas. Apelo pessoal - apelo aos sentimentos ou à amizade antes de pedir alguma coisa. Apelo à legitimidade – tenta dissuadir a pessoa a concordar apelando à autoridade que possui ou mostrando que o que diz é legítimo por ir de acordo com as regras. Pressão – a pessoa ameaça a outra ou persiste na sua ideia. Influenciar através de redes Profissionais – compostas por pessoais com o mesmo interesse profissional, podendo ser formais ou informais. Poder privilegiado – composta por pessoas em posições poderosas. Ideológico – composta por pessoas que pretendem promover objetivos políticos ou valores. Orientado – compostos por pessoas que partilham valores comuns e relações interpessoais. Estratégico – criado para criar laços com pessoas de outras organizações.
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